A foto é bem sugestiva, um rosado bem geladinho, na beira da praia, duas taças, sugerindo uma ótima companhia. Entretanto, cabe uma questão, uma daquelas do tipo “que não quer calar”: você trocaria por uma cerveja?
Dúvida cruel para alguns, mas não para enófilos empedernidos que não abrem mão de sua taça predileta, mesmo sob uma “lua” de 40º. Alternativas não faltam. Ocorre é que nem sempre nos lembramos delas e corremos, o mais rápido possível, atrás das famosas “cervas”.
A primeira e mais simples opção são os espumantes, que já são oferecidos até em práticas latinhas. Podem ser brancos, rosados ou tintos. Champagne, Vin Mousseux, Blanquet, Cremant, Cava, Sekt, Lambrusco, Pétillant Naturel ou qualquer outra denominação que borbulhe.
Vinhos tranquilos, brancos ou rosados são as próximas escolhas. Prefiram vinificações mais leves e jovens. Nada muito encorpado e maduro. Algumas castas são ideais para climas mais quentes: Pinot Grigio, Chardonnay, Riesling, Torrontés, Alvarinho/Alabriño e Encruzado, entre as brancas. Nos rosados, optem por aqueles elaborados a partir da Merlot, Malbec, Garnacha ou simplesmente alguns dos ótimos vinhos da Provence.
A última categoria, tintos, pode parecer estranha, mas existem vinhos, aqui, que devem ser consumidos bem gelados. O famoso Beaujolais Noveau é um dos mais conhecidos, mas não é o único.
Lembrando que, no caso dos tintos, as temperaturas mais baixas tendem a acentuar os taninos, vamos apresentar uma pequena lista que os leitores podem explorar, dentro de certos limites. Quem sabe não descobrem novas delícias?
O nobre Pinot Noir é uma grande pedida para ser consumido no verão. Os produzidos no Chile, Nova Zelândia, EUA e Austrália são os ideais. Mas nada de vinhos caros e maduros.
Algumas castas que andam meio esquecidas são outras opções: a deliciosa Dolcetto e a Barbera, vindas da Itália. De Portugal, a Bastardo, que tem origens na região do Jura, França, onde é chamada de Trousseau.
Para degustar qualquer uma dessas delícias neste escaldante verão é preciso gelar todas elas. Brancos, rosados, espumantes ou não, devem ser mantidos frios. Os tintos devem ficar na geladeira antes de serem abertos. Depois, devem ser gerenciados para que não fiquem extremamente frios e sem graça.
Quanto ao ritual de serviço, simplesmente esqueçam tudo que sabem. Usem copos comuns, prefiram meias garrafas e/ou latas e bebam direto do recipiente. Não fazemos isso com as cervejas? Por que não com os vinhos?
Divirtam-se e desencanem, são as palavras de ordem.
– Mais um pouco sobre Aromas e Sabores.
Meio frustrado pela baixa receptividade do tema da semana passada, já que ninguém se interessou pelas respostas que ligariam os aromas sugeridos a alguns vinhos, resolvi publicá-las de qualquer maneira.
Fui mais longe. Creio ter sido um pouco limitado nas opções de exercícios dedicados a reestimular o olfato e paladar, limitando as escolhas ao mundo do vinho. Busquei ajuda entre profissionais de gastronomia e recebi formidáveis sugestões que repasso para os leitores.
1 – Os vinhos que ninguém perguntou…
Amora – Zinfandel
Framboesa – Garnacha
Ameixa – Syrah
Cereja madura/seca – Sangiovese (Chianti)
Maçã Verde – Chardonnay
Damasco – Riesling
Melão – Chenin Blanc
Lchia – Gewürtztraminer
Estas são sugestões tiradas de referências clássicas e compêndios consagrados. Outras castas/vinhos podem ter notas similares.
2 – Mais exercícios para a recuperação da Anosmia, desta vez baseados em alimentos do dia a dia. Contei com a sempre excelente colaboração de Vanessa Nakamura (@vanessatnakamura) da Agência Sibaris Produções Gastronômicas:
Um passeio pelos nossos 5 sentidos, usando estes produtos sempre presentes em nossas casas, de forma análoga aos sugeridos anteriormente:
Doce – uma colher de mel
Sal – uma azeitona
Pimenta – um pedacinho de dedo de moça
Amargor – rúcula ou radicchio
Acidez – uma rodela de limão
Uamami – tomate seco
3 – Para os casos mais graves existe um tratamento fisioterápico, chamado “Terapia de cheiro”, que trabalha com óleos essenciais.
Apresento um link de uma escola de medicina, apenas como referência. Caso desejem seguir por este caminho, procurem um profissional habilitado.
https://www.cmmg.edu.br/wp-content/uploads/2021/09/5-Tratamento-para-anosmia.pdf
Saúde e bons vinhos
Foto de abertura por Schlappohr no Pixabay
Ótimo boletim. Creio que ajudará muito, não apenas para a escolha do vinho mas também para aclarar a questão do olfato, algo muito caro para quem já o perdeu.