Uma das situações mais comuns entre enófilos, seja depois de uma reunião ou mesmo degustando em voo solo, é sobrar vinho numa garrafa aberta. No nosso país, onde a cultura do vinho ainda engatinha, as ofertas de meias garrafas é parca e nem sempre de bons vinhos.
Para felicidade geral da nação, existem algumas formas bem interessantes e práticas para lidar com este probleminha. Algumas são simples e óbvias, outras, sofisticadas e caras. Existem, ainda, as soluções “fora da caixa”. Vamos abordar algumas delas.
A coisa mais simples que se pode fazer é recolocar a rolha original, se ela estiver em bom estado. Atenção para um pequeno e importante detalhe: não invertam a rolha, mesmo que seja mais fácil de inserir. Recoloque na mesma posição que estava antes de ser aberta. Isto vai evitar uma série de outros problemas, inclusive contaminações indesejadas.
Uma ótima alternativa são as rolhas de silicone. Boas, baratas e fáceis de encontrar. Um bom enófilo tem, pelo menos, um par delas em sua caixa de acessórios.
O grande inimigo da sobra de vinho é o oxigênio que está no ar que respiramos. Diminuir a área de contato é outro caminho, preferido por um grande grupo de entusiastas. O mais conhecido acessório para este fim é o “Vacu Vin”, uma bombinha de vácuo acompanhada de rolhas que funcionam em conjunto. Há vários modelos similares, igualmente bons.
Com relação à durabilidade do vinho devemos levar em conta algumas variáveis. Uma regra segura são dois dias, se guardado em local fresco e com pouca luz solar, outro inimigo. Em locais muito quentes, a geladeira é uma boa opção.
Alguns vinhos se prestam mais a isto: os mais encorpados tendem a durar mais que os leves, principalmente os tintos. Espumantes também podem ser rearrolhados, existindo tampões específicos para eles.
Já vinhos envelhecidos e que foram decantados antes de servir nem sempre vão resistir serem novamente “engarrafados”. O melhor, neste caso, é fazer um esforço e consumir tudo. Há poucas alternativas nesta situação. Uma, óbvia, seria não decantar toda a garrafa, somente o que seria degustado.
Seguindo nesta linha, há uma solução pouco usada por aqui, talvez por ser meio assustadora: congelar a sobra do vinho. Novamente, alguns cuidados são necessários. O primeiro é verter o que não foi consumido em recipientes menores, de plástico, que possam ir ao refrigerador. Garrafinhas de água mineral, devidamente limpas e sanitizadas são perfeitas. Não encham até o topo. Para consumir, procedam como qualquer outro produto congelado.
A solução sofisticada e cara é o famoso Coravin. Um aparelho que retira a quantidade necessária de vinho sem sacar a rolha. Em seguida, injeta um gás inerte, o Argônio, para não dar chance ao oxigênio. A eficácia está mais que comprovada, mas é para poucos, seu preço é abusivo, sem falar nas recargas do gás…
Se nada disso for satisfatório, existem algumas soluções criativas. Obviamente, vamos utilizar o vinho que sobrou para fazer outras preparações. A primeira opção é na cozinha, onde pode ser usado para fazer desde marinadas, (vinha d’alhos vem disso), até sofisticados pratos como um Coq au Vin, ou um Beef Bourguignon e outros molhos. A pegadinha fica por conta do próximo conselho, que veio de um renomado Chef: “vinho bom para cozinhar tem que ser bom para beber”. Logo, não esperem muito tempo para vestir o avental e pilotar o fogão.
A última sugestão é para a turma que gosta do “faça você mesmo”: Que tal elaborar o seu próprio vinagre gourmet?
Sobras de vinho são a matéria prima ideal. Tudo que será necessário são um pote de vidro ou cerâmica, um pano fino que possa cobrir o pote e, o mais difícil, a “madre” ou cultura para vinagre, que pode ser comprada em sites como o Mercado Livre ou preparada em casa.
Uma pesquisa na Internet vai fornecer uma série de sites e vídeos com todas as técnicas e truques necessários. Este link, a seguir, mostra um deles:
Para dar um toque de sofisticação, podemos envelhecer uma parte de nossa produção em um barrilete de carvalho para tentar obter um saboroso vinagre balsâmico.
A Tanoaria Mesacaza tem uma boa seleção de pequenos barris que servirão perfeitamente para esta aventura.
Saúde e bons vinhos!
(você pode envelhecer uma boa pinga também, mas em outra barriquinha, OK?)
Abertura: Foto de Grape Things no Pexels
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