As escolhas podem começar com uma simples decisão sobre a cor do vinho: tinto, branco, rosado ou laranja. Talvez a decisão tenha que recair sobre o tipo de vinho: tranquilo, espumante, generoso. Podemos acrescentar, seco, meio seco e doce. No caso dos espumantes, Brut, Demi-sec etc.

Pensam que parou por aí?

Nada disto. Temos um grupo de enófilos que decide pelo tipo de uva ou uvas, já escolhendo entre um corte ou um varietal. Não podemos nos esquecer das regiões produtoras e das vinícolas.

Não terminou, ainda…

Para fechar o quadro, temos os métodos de vinificação que vão do clássico aos naturais, orgânicos, biodinâmicos e veganos. Só para dar mais uma enfeitada, podemos escolher os tipos de leveduras, as técnicas de maceração, o uso de barricas e muito mais.

Honestamente, conhecemos enófilos que chegam a mínimos detalhes sobre o vinho que vão degustar. São perfeccionistas e, talvez, o seu grande prazer seja escolher o vinho. Tudo bem, faz parte do jogo.

Para os apreciadores comuns, existe um arsenal de informações que, se bem usadas, vão resolver o problema da escolha perfeitamente. Temos à nossa disposição livros e revistas especializadas, a avaliação dos críticos de vinhos, resultados de concursos e aplicativos para o celular ou computador.

O fator mais importante para podermos lidar com toda esta informação é conhecer bem o nosso paladar. Um pouco de observação e experimentação vai nos ensinar que o nosso gosto não é estável: ele muda ao longo da vida. Tão pouco é uniforme, no sentido que um determinado sabor que nos é importante, pode não agradar a outras pessoas. Simplificando: cada indivíduo tem um paladar único.

Para navegarmos em águas tranquilas, precisamos estar seguros do que nos agrada. Quanto mais vinhos experimentarmos, maior o nosso leque de opções. Para não esquecermos delas, devemos anotar tudo que passou no nosso crivo. Nestes tempos modernos, fotografamos os rótulos dos vinhos que nos emocionaram, ou usamos aplicativos como o Vivino ou o Cellar Tracker.

Imaginemos uma situação bem rotineira: entramos em uma loja de vinho e encontramos uma garrafa com um selo de pontuação bem elevado, segundo um renomado crítico de vinhos. É um vinho que ainda não provamos.

Podemos comprar com a certeza que vai nos agradar?

Isso é o mesmo que perguntar se o nosso paladar tem similaridades com o do expert que o avaliou. Pode não ter…

Uma das opções para resolver este dilema é conversar com o Sommelier da loja. Devemos expor nossas preferências para ele: “prefiro um vinho maduro, pouco tânico, para consumo imediato.” Ou então, “prefiro os vinhos italianos da Toscana.”

Toda informação que pudermos passar será útil, inclusive se pretendemos fazer algum tipo de harmonização e, muito importante, qual o nosso orçamento de compra.

Para fazermos um voo solo temos que estar mais preparados e saber como são elaborados os guias de vinho, as normas que regem alguns concursos e como os críticos trabalham.

Os mais sérios procuram ser os mais imparciais: compram os vinhos que vão provar em lugar de pedir amostras dos produtores. Esta foi a característica que tornou Robert Parker Jr. famoso. A publicação que ele fundou, “Wine Advocate” ainda é considerada como a referência quando o assunto é criticar vinhos. Parker já não está mais à frente da revista, aposentou-se. Talvez a sua maior contribuição tenha sido popularizar o sistema de 100 pontos.

Quase que corroborando o assunto do paladar, há quem não goste dos vinhos “Parker”. Dizem que o seu gosto é voltado para o consumidor norte-americano.

Concursos e guias são fontes de informações bem interessantes, também. Há uma infinidade deles e cada um tem suas regras. Há concursos em que o produtor paga para participar. Há guias que só avaliam o que for enviado, graciosamente.

Não existe, portanto, um caráter universal nestas formas de pontuar vinhos. São fotografias de um momento específico, de uma região ou de uma safra. Uma característica da maioria dos concursos, inclusive presente nos mais famosos, é a presença de novos produtores. Os rótulos já consagrados raramente aparecem. Há uma lógica: estes resultados, quando amplamente divulgados, são a melhor vitrine para quem precisa ser conhecido.

Para os enófilos mais ousados é uma ótima oportunidade de conhecer e experimentar novos aromas e sabores e, quem sabe, redefinir o paladar.

Nada impede que passemos o resto da vida degustando os mesmos vinhos de sempre. A cada safra haverá pequenas diferenças para nos surpreender, ou não. Mas a verdadeira experiência de viver o mundo dos vinhos não pode ser limitada. Temos que nos aculturar da melhor forma possível e passar a apreciar não só aromas e sabores, mas toda uma história que existe por trás de cada rótulo. Tudo fica muito melhor.

Para ajudar os nossos leitores, elaboramos uma pequena lista onde podemos obter preciosas informações sobre nossos vinhos:

Revistas: Adega; Gula; Wine Spectator e Decanter;

Guias: Descorchados (América do Sul); Peñin (Espanha); Gambero Rosso (Itália);

Livros: Guia de bolso de Hugh Johnson; Anuário de vinhos do Brasil;

Na lateral direita da nossa página (O Boletim do Vinho) há uma série de links para sites sobre vinhos.

Saúde e bons vinhos!

Foto de Czapp Árpád no Pexels