Melquior, Baltasar e Gaspar ofereceram o que simbolizava a riqueza, a fé e a imortalidade. Deste gesto nasceu a tradição de trocar presentes no Natal. O vinho não foi um deles e os três Reis não poderiam, naquele momento, imaginar a importância deste néctar na vida adulta de Jesus.
Presentar uma bela garrafa no Natal é muito mais que cumprir um rito. Tem um forte simbolismo que nos remete a uma das histórias mais importantes da humanidade. Logo, acertar este presente não é uma tarefa simples e corriqueira.
Vamos ajudar!
Primeiro respondam esta pergunta: vocês conhecem as preferências gastronômicas de quem vão presentear?
Esta é uma pista importante. Tem gente que não consome determinados alimentos, outros preferem vinhos tintos aos brancos e tem, ainda, uma turma mais exigente, muito preocupada com as origens de alimentos e bebidas. Para cada um deles, há um vinho ideal.
Os “carnívoros” ficarão muito felizes ao receber bons tintos que combinem com seus assados. O mais clássico de todos é o Cabernet Sauvignon. Aqui no Cone Sul, Chile e Argentina elaboram verdadeiras joias com esta casta. Não podemos nos esquecer dos poderosos Malbec e nem dos Tannat elaborados no Uruguai. Uma outra opção, menos comum, seria um Tempranillo Crianza, espanhol.
Para a turma dos peixes e frutos do mar os brancos são o presente desejado. Há diversas boas opções começando pelos clássicos Sauvignon Blanc e Chardonnay. Brasil, Argentina, Chile, Austrália e Nova Zelândia são todos campeões nestas uvas. Brancos portugueses são perfeitos, não só, com o tradicional bacalhau, mas com diversas outras receitas com pescados: Alvarinho, Loureiro, Maria Gomes, Arinto e muitas outras varietais.
Os apreciadores de carnes brancas vão gostar destes mesmos vinhos, assim como o grupo da dieta vegetariana.
Se o alvo do presente é um apaixonado por vinhos, então é o momento de quebrar as regras e presentear com rótulos incomuns. Será preciso garimpar um pouco. Uma boa sugestão são os excelentes vinhos eslovenos e croatas.
No nosso país, pequenas vinícolas boutiques estão produzindo vinhos que nada devem aos dos nossos vizinhos. Já existem diversas lojas especializadas neste segmento. Uma busca na Internet indicará bons resultados.
Não podemos deixar de lado os produtores dos vinhos naturais. Duas estrelas se destacam: os vinhos laranja – brancos que foram vinificados em contato com as cascas das uvas – e os Pét-Nat, deliciosos espumantes obtidos por uma técnica ancestral. Este é o caminho trilhado por aquele grupo preocupado com as origens de tudo que consomem.
Um presente interessante para colocar na roda do “amigo oculto ou secreto” é um “bag-in-box”, também conhecido como vinho em caixa. Com excelente relação custo/benefício, pode se tornar a grande farra da noite se o ganhador for generoso e abrir a torneirinha. Há ótimas opções à venda, nacionais e importadas.
Alguns conselhos finais.
Não gastem mais com um bom vinho do que o seu limite pessoal. Um rótulo muito caro poderá deixar o presenteado numa situação pouco confortável. Optem por uma linha que vocês degustariam sem problemas.
Não esperem que o presente seja aberto e oferecido a todos. Vinho é visto como algo pessoal. Em grandes reuniões como as comemorações de fim de ano, com muitos convidados, a garrafa mal daria para todos, resultando numa insatisfação geral. Excetuam-se os “bag-in-box”.
Se nenhuma das recomendações acima lhes ajudou efetivamente, não desanimem, existem vinhos coringas, como um bom rosado ou um espumante. Além destes, outras castas clássicas são sempre apreciadas por quem gosta de vinho: Merlot, Riesling e Pinot Gris.
Não é ouro, incenso ou mirra, apenas um vinho, que sempre traz boas lembranças.
Boas festas e feliz ano novo!
Esta coluna semanal entra em recesso até janeiro.
Créditos:
Imagem de KamranAydinov no Freepik
Parabéns como sempre ótima coluna. O vídeo é um momo!
Feliz Natal e Prospero Ano Novo.