Será que este vinho está bom?

Esta é uma dúvida bastante frequente, seja na hora de uma compra ou naquele momento em que redescobrimos uma garrafa perdida no fundo da adega.

Os mais aventureiros partem, logo, para o teste “São Tomé”: simplesmente abrem a garrafa, provam e tiram conclusões.

Os engajados no mundo do vinho conhecem algumas pistas que permitem uma análise bastante confiável, evitando ter que sacar a rolha.

Vamos a elas:

1 – Examinar a garrafa contra um fundo bem claro e iluminado. Pode ser uma luminária, desde que não esquente o vinho. Vale para tintos e brancos. Mas não agitem a garrafa antes desta etapa.

Se encontrarmos alguma turbidez ou pouca transparência, é um primeiro sinal de alerta. Depósitos no fundo podem ajudar a esclarecer mais um pouco. Muito comum nos tintos que não foram filtrados antes do envase, há uma quantidade de sedimentos se depositam no fundo da garrafa.

Não são defeitos e o mesmo raciocínio vale para os cristais de tartarato. Deixe a garrafa em repouso, na vertical, por um par de horas e faça nova inspeção em busca de um conteúdo mais límpido.

Inspecionem, também, o nível do líquido no gargalo. Se estiver muito baixo, é sinal de que houve evaporação pela rolha. Isto é comum em vinhos muito velhos, mas se a garrafa tiver menos de 10 anos …

Outro ponto a ser observado é a rolha. Se ela estiver meio levantada, mofada ou esfarelando, até deixando pedacinhos boiando no vinho, ligue o sinal de alerta.

Uma rolha que não esteja nivelada com o gargalo indica que a garrafa foi exposta a altas temperaturas. Grandes chances de o vinho estar passado.

Se estiver só mofada, pode ser apenas consequências da adega. Já uma rolha quebradiça é sinal que chegou no fim de sua vida útil. O vinho pode estar oxidado.

2 – Se a nossa garrafa sob suspeita passar nestes testes iniciais, chegou a hora de sacar a rolha, que deve sair inteira. Novos sinais devem ser observados:

– Aromas de papelão molhado ou de pano mofado – indica o vinho “bouchonné”, um defeito que ocorre pela presença de tricloroanisol (TCA). Pode ser passageiro. Experimentem decantar o vinho e aguardar algum tempo. Se não desaparecer, lixo;

– Aromas de enxofre, borracha queimada ou similares – indica que o vinho não teve um processo de elaboração com todos os cuidados necessários. Pode, ainda, ter origem no campo, com uvas que não foram cultivadas da melhor forma. Há quem tente salvar estes vinhos colocando moedas de cobre, impecavelmente limpas, em contato com o líquido por algumas horas. O melhor é descartar esta garrafa;

O último e definitivo teste é provar. Qualquer sabor estranho ao nosso universo é suficiente para interromper o teste e tentar alguma ação corretiva. A mais comum é decantar e aguardar, algumas vezes, por mais de 24 horas.

Será que vale à pena?

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS: Imagem de Racool studio no Freepik

5 Comments

  1. Júlio Cardoso

    Texto maravilhoso com Ótimas dicas !

    • Tuty

      Julio
      Agradeço seu comentário.
      Abs

  2. Berti

    Parabéns por mais essa aula elucidativa!

    • Tuty

      Berti
      Agradeço seu comentário.
      Abs

  3. Roberto

    Olá, Tuty!
    Parabéns pela autoria de um texto tão elucidativo.
    Demonstra o quanto é importante, no mundo dos vinhos, a observação.
    Santé!

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