Sonho, possível, de muitos enófilos. Pode parecer um luxo, mas ter algumas garrafas, bem selecionadas, ao alcance da mão, a qualquer hora, é muito prático.
O primeiro ponto a ser observado é o local escolhido para armazenar as garrafas: deve ser ventilado, fresco, de fácil acesso e protegido de luz solar direta. O ideal é que se possa colocar as garrafas na horizontal. Uma boa opção é investir numa adega climatizada.
Para facilitar o manuseio, é interessante que a adega tenha uma regra de organização. Existem várias técnicas, a mais básica é separar tintos, brancos, rosados, espumantes e “outros”. Dentro de cada um destes grupos, podemos ir sofisticando, por exemplo, arrumando por preço, casta, safra, região ou produtor. Cada um vai achar uma maneira que melhor se adapte à sua forma de escolher um vinho.
A parte mais difícil será escolher os vinhos que vão compor o nosso acervo. Duas opções são bem claras: vinhos de consumo rápido, que devem estar mais à mão e vinhos de guarda, que serão armazenados “lá no fundo da adega”.
Agora entre em cena a questão financeira. Um bom estoque inicial gira em torno de 30 garrafas. Devemos fixar um preço médio previamente, para podermos nos divertir sem “furar o teto de gastos”. O ideal é estocar 3 garrafas de cada tipo. Se isto for inviável, tenham pelo menos duas iguais.
Alguma excentricidade sempre será permitida, mas nada de comprar vinhos icônicos e caros …
ESPUMANTES:
Duas garrafas no mínimo. Os produzidos no Brasil são excelentes. Vale a pena investir em marcas consagradas como Chandon, Geisse, Valduga e outras.
A excentricidade seria um Champagne. Se assim decidirem, escolham um ótimo produtor, com garantia que envelhecerá corretamente.
BRANCOS:
Algumas uvas são clássicas e devem estar em qualquer adega que se preze: Sauvignon Blanc, Chardonnay e Riesling. O gosto pessoal deve ser levado em conta e, se algumas destas sugestões não for do seu agrado, simplesmente não inclua na sua lista.
Existem inúmeras alternativas: Alvarinho e Loureiro, clássicas do Vinho Verde português; Pinot Gris/Grigio, seja da Itália ou da Alsácia; Verdejo espanhol etc …
Selecionem vinhos do Cone sul. Os Sauvignon Blanc do Chile são deliciosos e fáceis de encontrar. Chardonnay da Argentina ou do Brasil estão com um ótimo nível de qualidade. Já o Riesling, prefiram os alemães, austríacos ou da Alsácia.
TINTOS
Assim como nos brancos, as uvas clássicas, Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir e Syrah são as nossas apostas. Mas não podemos deixar de fora da nossa lista a Malbec, vinificada de forma magistral na Argentina, a Tempranillo, casta icônica da Espanha e alguns vinhos de corte, como o Bordalês ou os GSM do vale do rio Ródano.
Tudo vai depender do gosto pessoal e do “bolso” de cada um.
Seguindo a trilha do Cone Sul, vamos encontrar excelentes Cabernet no Chile. Estão cotados entre os melhores do mundo, rivalizando com os famosos norte-americanos.
Em nosso país o Merlot já ganhou fama. Diversos produtores oferecem rótulos de alta qualidade: Valduga, Dal Pizzol, Pizzato, etc …
Temos, também, bons Syrah. Mas se o orçamento permitir, optem por vinhos australianos elaborados com esta casta.
Pinot Noir é uma casta famosa, difícil de vinificar e seus vinhos são necessariamente caros. Os da Borgonha são impraticáveis. Um bom garimpo pode encontrar joias do Oregon (EUA), Chile, Nova Zelândia e Brasil.
Há muitas opções se esta lista básica não agradar. Os cortes bordaleses são cartão de visita de qualquer vinícola do mundo. Muito fáceis de encontrar, mas, também, com qualidade discutível às vezes. Os vinhos tintos portugueses, cortes com uvas nativas, preenchem esta lacuna perfeitamente, com custos bem palatáveis.
Os GSM (Grenache/Syrah/Mourvèdre) franceses são excelentes vinhos, não necessariamente caros. Procurem por um Cotês du Rhône, sempre com boa relação de preço.
OUTROS VINHOS
Uma adega não estaria completa sem alguns vinhos de sobremesa e fortificados. Aqui estão algumas sugestões:
Vinho do Porto – um clássico. Tenha uma garrafa pelo menos;
Colheita tardia – vinhos doces que foram elaborados com uvas muito maduras. Argentina e Chile produzem pequenas joias. Curiosamente, a casta Riesling brilha por aqui.
A extravagância seria investir num Sauternes, o mais clássico dos vinhos doces ou em um Tokaji, o mais famoso vinho húngaro: são caríssimos!
Agora é só tomar coragem e começar.
Saúde e bons vinhos!
CRÉDITOS:
Foto de Hermes Rivera na Unsplash
Como sempre brilhante artigo. Faltou acrescentar Pinot Noir da Nova Zelândia.
Saudades. Abraços
Bem lembrado, Já acrescentei.
Obrigado
Abs