A uva Nebbiolo é a verdadeira rainha do Piemonte. Está plantada por todos os lados, até onde a vista alcança. A visão destes intermináveis vinhedos é impactante.
As vinícolas são vizinhas, literalmente: onde termina um vinhedo de uma, começa o vinhedo de outra. Difícil foi escolher qual visitar, são múltiplas opões e cada empresa tem seu programa de enoturismo.
Um fator foi decisivo: o preço.
Um Barolo, de alta gama, nunca foi um vinho barato. Para muitos, é chamado de “o rei dos vinhos” e não faltam motivos para isto. A Nebbiolo, única casta utilizada, é uma daquelas uvas encrenqueiras, difíceis de trabalhar. Faz parte de um nobre time que inclui a francesa Pinot Noir e a portuguesa Baga.
Por esta razão, justificam-se os altos preços cobrados nas visitas. Para se ter um exemplo, um produtor icônico sugere que seja feita uma doação, mínima, de 300 Euros, por pessoa, para uma instituição de caridade por eles indicada. Num grupo de 4, como o nosso …
Mas existem alternativas mais palatáveis, entre elas a reconhecida Prunotto, em Monforte d’Alba, com um ótimo leque de opções para adequar a vista, dentro de um orçamento viável.
Fomos recebidos pela simpática Mirella que nos conduziu. A origem desta empresa remonta a 1904, quando foi criada a “Cantina Sociale ‘Ai Vini delle Langhe’”, uma cooperativa dirigida pelo Notário da cidade de Alba, Sr. Giacomo Oddero. O jovem Alfredo Prunotto assina o documento de fundação como uma testemunha.
Alguns dos grandes produtores de uva forneciam matéria-prima para a cooperativa. Em 1922, já com graves dificuldades financeiras devido, sobretudo, aos efeitos da 1ª Grande Guerra, alguns agricultores deixam de fornecer uvas e a empresa entrou em liquidação.
Prunotto e sua esposa Luigina assumiram o espólio e, com uma nova denominação, o seu sobrenome, muita dedicação e trabalho, elaboraram grandes vinhos e os exportam para as Américas. Um sucesso!
A Prunotto já passou por duas importantes tocas de comando, uma em 1956 e outra em 1994, quando a família Antinori assumiu a vinícola, dando nova vida ao empreendimento.
O principal patrimônio são seus excelentes vinhedos, alguns dos “grand cru” de Barolo, como o Bussia, onde estávamos.
Nesta sede que visitamos não há elaboração do vinho, apenas a fase de amadurecimento nos tradicionais “Botti”. Adotam o método tradicional, deixando a modernidade das pequenas barricas para outros produtores.
Findo o pequeno tour, passamos para a degustação. Escolhemos a opção de provar os três “DOCG”, Bussia, Cerretta e Mosconi, considerados como vinhedos históricos. O custo foi de 25 Euros por pessoa, bem razoável. Havia a possibilidade de provar o vinho top, de vinhedo único, o “Vigna Colonnello Barolo DOCG Riserva Bussia”, por 10 Euros/pax, adicionais.
Eram vinhos com um enorme diferencial entre eles, para nossa surpresa. Todos muito elegantes e com grande potencial de guarda, uma característica dos Barolo. Não são vinhos para consumo imediato, há que ter muita paciência, esperando, algumas vezes, mais de 10 anos na garrafa para ficarem “prontos” (*). Tudo vai depender da safra.
O grande destaque foi para o Bussia 2020, um vinho que ficou 18 meses maturando no Botti e depois engarrafado. Segundo Mirella, esta já estava no ponto para ser degustado.
Pura verdade.
Um vinho sedoso, equilibrado, cheio de aromas de laranja de sangue, pimenta rosa e frutas do bosque. No paladar é muito frutado e refrescante, com um final de boca interminável.
Rei dos vinhos, sem dúvidas!
Além do Barolo, a linha de produtos desta empresa inclui Barbera, Dolcetto, Barbaresco, Arneis, Moscato, Grappas e outras castas menos conhecidas.
Para saber mais, visitem o site da Prunotto (em inglês)
Saúde e bons vinhos!
(*) A definição de um vinho “pronto” é bastante subjetiva. Existem sites que trazem indicações baseadas no paladar de críticos e Sommeliers renomados que ajudam de decidir. No link, a seguir, uma tabela dos vinhos italianos publicada pela revista Wine Enthusiast. ( clicar em Italy – em inglês, de fácil compreensão)
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