No dia 24 de maio de 1976, há 48 anos atrás, aconteceu o famoso Julgamento de Paris, cujo inesperado resultado mudou, significativamente, a indústria de vinhos no mundo.

Steven Spurrier, um dos nomes icônicos do mundo do vinho, encantado com o que havia havia provado na Califórnia, organizou uma degustação comparativa com grandes vinhos franceses. Convidou importantes nomes para serem os juízes.

Ao final, os vinhos norte-americanos foram os vencedores, apesar dos protestos de alguns dos jurados, sob diversas alegações. Pelo menos dois vinhos ficaram muito famosos, Cabernet Sauvignon Stag’s Leap e o Chardonnay Château Montelena, ambos safra 1973.

Julgamento de Paris foi o apelido dado pelo único jornalista presente no evento, George Taber, que publicou uma notinha na poderosa revista Time.

Não poderia imaginar o impacto disto tudo no mundo do vinho. Para quem se interessar em conhecer esta fascinante história, Taber publicou um livro homônimo. O filme Bottle Shock (O Julgamento de Paris, no Brasil, ou O Duelo de Castas, em Portugal), apresenta uma versão romanceada desta degustação.

Na London Wine Fair deste ano, resolveram reviver este evento, com uma roupagem diferente: vinhos europeus versus vinhos do resto do mundo.

A degustação aconteceu no dia 21 de maio. Foram 32 vinhos, provados em pares, por 21 julgadores criteriosamente escolhidos entre “Master of Wines”,  “Master Sommeliers” e nomes renomados dentro deste universo.

A Curadoria foi feita por Sarah Abbott MW e Ronan Sayburn MS. Escolheram, sem dúvida, vinhos formidáveis. Só cabe uma pequena crítica: foi um evento muito dirigido para o consumidor inglês.

Adotaram uma dupla contagem do resultado, para evitar distorções. Escolheram um sistema simples, de 10 pontos. A nota final de cada vinho, seria a soma do que foi atribuído por cada avaliador. Em paralelo, foi feita uma “Contagem de Borda”, uma contagem ranqueada, procurando fugir de decisões fora da curva.

O resultado, obtido somando-se todas as notas, não foi uma surpresa como o do Julgamento de Paris: os vinhos europeus obtiveram 2.621,5 pontos e o resto do mundo somou 2.604,5 pontos. Em termos gerais, houve um empate técnico.

Aqui estão os vinhos, apresentados na ordem em que foram degustados. A título de ilustração, acrescentamos, entre parêntesis, a nota “Vivino” de cada um. Algumas provas foram feitas em dois flights.

Curiosamente, o melhor vinho do certame foi o Pegasus Bay Riesling, Bel Canto 2011, da Nova Zelândia.

Riesling
Mundo: Polish Hill Riesling, Grosset, Clare Valley, Australia 2012 (3,9)
Europa: Trimbach, Riesling Clos St Hune, Alsace, France 2008 (4,3)
Chardonnay 1
Europa: Cervaro Della Sala, Marchese Antinori, Umbria, Italy 2018 (4,4)
Mundo: Kistler Chardonnay, Les Noisetiers, Sonoma, USA 2018 (4,4)
Chardonnay 2
Europa: Corton Charlemagne Grand Cru, Maison Louis Jadot, Burgundy, France 2017 (4,1)
Mundo: Felton Road Chardonnay Block 6, Central Otago, New Zealand 2017 (4,1)
Corte branco
Mundo: Au Bon Climat Hildegard, Santa Maria Valley, USA 2020 (4,3)
Europa: Terre Alte, Livio Felluga, Friuli, Italy 2020 (4,3)
Sauvignon Blanc
Europa: Château Smith Haut Lafitte, Grand Cru Classé, Pessac Léognan, Bordeaux, France 2017 (4,3)
Mundo: Peter Michael Winery Sauvignon Blanc, L’Apres Midi, Sonoma, USA 2014 (4,4)
Texturados brancos 1 (grande impacto no palato)
Mundo: Pegasus Bay Riesling, Bel Canto, Waipara, North Canterbury, New Zealand 2011 (3,9)
Europa: Franz Hitzberger, Grüner-Veltiner Singerriedel, Wachau, Austria 2019 (4,1)
Texturados brancos 2
Europa: Quinta dos Roques Encruzado, Dão, Portugal 2014 (3,8)
Mundo: David & Nadia Chenin Blanc, Skaliekop, Swartland, South Africa 2019 (4,2)
Vale do Ródano
Mundo: Viognier, Tahbilk, Nagambie Lakes, Australia 2011 (3,6)
Europa: St Joseph Blanc Les Oliviers, Pierre Gonon, Rhône, France 2020 (4,4)
Pinot Noir 1
Mundo: Storm Pinot Noir, Ridge, Hemel-en-Aarde, South Africa 2019 (4,2)
Europa: Bonnes Mares Grand Cru, Domaine Dujac, Côtes de Nuits, France 2017 (4,6)
Pinot Noir 2
Europa: Spätburgunder, Weingut Mayer-Näckel, Ahr Valley, Germany 2019 (3,8)
Mundo: Hirsch Vineyards Pinot Noir, San Andreas, Sonoma, USA 2019 (4,4)
Cabernet Sauvignon 1
Mundo: Promontory, Harlan Estate, Napa Valley, USA 2019 (4,7)
Europa: Château Mouton Rothschild, Pauillac, Bordeaux, France 2009 (4,7)
Cabernet Sauvignon 2
Europa: Château Léoville Las Cases, St Julien, Bordeaux, France 2009 (4,5)
Mundo: Viñedo Chadwick, Maipo Valley, Chile 2015 (4,6)
Syrah
Mundo: Homage Syrah, Trinity Hill, Hawkes Bay, New Zealand 2018 (4,1)
Europa: Hermitage Rouge, Jean Louis Chave, Rhône, France, 2012 (4,6)
Texturado tinto
Europa: Saperavi Qvevri, Quevri Wine Cellar, Kakheti, Georgia 2019 (4,1)
Mundo:  Clonakilla Syrah, Canberra, New South Wales, Australia 2015 (4,5)
Grenache/Garnacha
Mundo: Torbreck Hillside Vineyard Grenache, Barossa Valley, Australia 2016 (4,1)
Europa: Clos Magador, Priorat, Spain 2019 (4,5)
Cabernet Franc
Europa: Saumur Champigny, Clos Rougeard, Loire, France 2018 (4,5)
Mundo: Gran Enemigo, Cabernet Franc, Gualtallary, Argentina 2018 (4,6)

Saúde, bons vinhos!

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CRÉDITOS:

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Fonte: London Wine Fair (em inglês)