Acreditem, o inverno chegou neste atípico ano de 2024. Para os enófilos de países de clima tropical, como o Brasil, é sempre um motivo de grandes expectativas. Será que finalmente vai ter um friozinho para a gente poder degustar um vinho mais sério e encorpado?
Não podemos perder a esperança. Está na hora de fazer o inventário do que está em estoque e descobrir quais garrafas devem ser consumidas, sob pena de virarem um bom vinagre.
Devemos olhar, também, para os vinhos generosos que estão no nosso acervo. Certamente existe uma garrafa de Porto meio esquecida lá fundo da adega. Embora sejam vinhos longevos, que tal aproveitar um dia com temperaturas mais baixas e, finalmente, abrir esta preciosidade?
Para que esta experiência seja completa, precisamos, antes de tudo, conhecer um pouquinho sobre este famoso vinho. Depois, dependendo do que estiver em nossa mão, alguns ritos se fazem necessários.
Nas boas lojas do ramo vamos encontrar alguns tipos de Porto, o que pode causar dúvidas. O tradicional é o tinto, que pode ser vendido em quatro estilos. Há o branco, que pode ser seco ou suave e para fechar o quadro, existe um raro Porto rosado.
Cada um tem o seu momento, temperatura adequada, forma de servir e harmonização. Comecemos pelos tintos:
Porto Ruby – o mais jovem de todos. Um vinho mais frutado e bem alegre. Não é tão longevo quanto os demais;
Porto Tawny – sempre envelhecido em carvalho. O tempo de amadurecimento deve sempre aparecer no rótulo, 10, 20, 30 anos ou mais. Quanto mais velho, mais caro. Sabores característicos dos vinhos que passaram por madeira, como nozes, castanhas, e notas de caramelo;
Porto LBV – são vinhos de uma mesma safra que foram “deixados para trás” e engarrafados mais tarde. Muito tempo de amadurecimento. Geralmente são ótimas opções de compra dentro do critério “custo x benefício”;
Porto Vintage (safrados) – estes seriam os topos da gama, só elaborados nas grandes safras, que devem constar nos rótulos. Os melhores Portos sempre. Muito longevos, podem durar mais de 100 anos. São muito caros, ou seja, para poucos. Quem já provou um destes os descrevem como oníricos.
O Porto branco, que pode ser seco ou doce, funciona muito bem como aperitivo, podendo ser usado em coquetelaria.
O Porto rosado, uma novidade introduzida pela Croft em 2008, tem sabores muito frutados e delicados. Foi criado para atender um público mais jovem. Funciona muito bem como alternativa ao branco, na coquetelaria.
Estes vinhos devem ser servidos mais frescos. Aqui está uma tabelinha para facilitar a vida de todos. Podem gelar o Vinho do Porto se for necessário:
Brancos e rosados – entre 6º e 10º
Ruby, Tawny e LBV– entre 12º até 15º
Vintage – entre 16º e 18º
Existem taças específicas para o Porto, mas não são obrigatórias. São semelhantes às taças de degustação ISO, que lembram uma pequena tulipa. Uma boa taça, que seja bojuda e tenha a boca mais estreita, é perfeita para estes vinhos. Apreciar seus aromas únicos é um dos grandes prazeres.
Eventualmente podemos decantá-los, principalmente os Vintage, ou qualquer outro que já apresente borras no fundo da garrafa. Preferencialmente, decantem para uma bonita garrafa de cristal com boa tampa. Mesmo depois de abertos, os bons Portos ainda duram um bom tempo em condições e consumo. Mas não exagerem.
Na hora de harmonizar, há um amplo leque de opções. Os brancos vão muito bem com queijos de cabra, azeitonas, castanhas e assemelhados.
O Ruby é o famoso vinho que acompanha chocolates. Se forem com morangos, melhor!
O Tawny pode ser servido com pratos de carne de caça ou sobremesas pouco doces ou carameladas. Bem versátil.
O Vintage é um bom vinho de meditação. Pode ser acompanhado por queijos de sabor marcante.
O ritual de degustação é o padrão:
Observem as diferentes nuances das cores. Sintam os aromas que só este tipo de vinho pode proporcionar. No palato, goles pequenos, deixando o líquido passear por toda a boca. Vamos notar, de uma forma quase exclusiva, taninos, doçura, acidez e o corpo do vinho.
Um espetáculo!
Mas não exagerem. Vinhos do Porto são muito alcoólicos, na faixa de 18º até 25º. Qualquer exagero pode ser fatal…
Saúde e bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional:
Torcello Personalita Merlot, safra de 2020
Torcello, uma vinícola excepcional localizada no Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves que produz varietais e cortes de uvas típicas da Serra Gaúcha, assim como espumantes. Vinícola inaugurada em 2000 e cujos primeiros vinhos produzidos foram na safra de 2005. Recomendo não apenas os seus vinhos, mas também a visita para aqueles que estiverem no Vale dos Vinhedos.
Rápida passagem por barril de carvalho americano. Após amadurecido na garrafa, permanece armazenado em caves de envelhecimento.
Apresenta coloração violácea, vinoso no aroma lembra amora vermelha, baunilha e notas de frutas escuras.
Na boca mostra-se encorpado, taninos jovens maduros e boa persistência gustativa. Vinho encorpado, intensamente frutado, complexo e equilibrado. Seu paladar é rico, sedoso e de grande classe.
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CRÉDITOS – Imagem de abertura:
“Color of port wine” por Topi Pigula está licenciada sob CC BY-SA 4.0.
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