Aprender a gostar de vinhos é muito fácil. Os primeiros passos são sempre orientados por alguém mais experiente que “abre” algumas portas deste pequeno mundo que, para alguns, é cheio de mistérios.

Mordida a isca, ou se preferirem, picados pela mosca, os enófilos iniciantes começam a caminhar com as próprias pernas. Se andarem na direção certa, vão desfrutar de ótimos momentos e vinhos deliciosos.

O próximo passo é estudar o assunto. São muitos caminhos que podemos seguir abrangendo desde o plantio das uvas até modernas e estranhas formas de vinificação.

Naturalmente, acabamos nos empolgando e além do desejo de oferecer bons vinhos, aliamos uma boa dose de informação, onde vamos demonstrar os nossos conhecimentos.

É aí que mora o perigo!

Quase sempre vamos falar mais do que deveríamos. Algumas bobagens, para ouvidos mais treinados, podem escapar e o resultado desta aula improvisada pode ser desapontador.

Há certas coisas que não devemos mencionar…

Aqui estão algumas delas:

1 – “Este vinho custou tantos reais”

A menos que vocês sejam ganhadores de aposta lotérica e estão mais interessados em demonstrar sua recém adquirida fortuna, declarar o preço de um vinho é o mesmo que afirmar que “quanto mais caro, melhor”, o que é uma grande bobagem.

Obviamente, existem vinhos caros de ótima qualidade e vinhos baratos que são péssimos. Para um bom enófilo, a arte está em garimpar vinhos a um preço justo. Nada é mais prazeroso que servir um vinho, todos gostarem e se perguntarem “onde você comprou?”, a resposta seria, no “supermercado da esquina”. Ponto para vocês.

2 – “Olha o peso desta garrafa! Só pode ser vinho bom”

Este é um truque de marketing muito usado para empurrar vinhos medianos goela abaixo. Têm uma origem muito conhecida: as garrafas de Champagne. Estas, para serem capazes de resistir à pressão interna, muito maior que as do vinho tranquilo, tem paredes mais grossas e são mais pesadas.

Algum marqueteiro, muito esperto, resolve transportar estas pesadas garrafas para os vinhos comuns. Evidentemente, não entendia nada sobre vinhos. Os grandes vinhos estão embalados em garrafas finas, de boa qualidade, com rótulos elegantes e bem desenhados.

Ainda dentro deste tema, temos mais um detalhe a ser observado e jamais comentado: aquela concavidade acentuada no fundo da garrafa. O fato de ser mais ou menos profunda não está relacionada à qualidade do vinho. Serve, apenas, para manter a garrafa equilibrada na posição vertical, facilitando o transporte.

Então já sabem: nada de tecer loas a estes detalhes.

3 – “Sirvo meus vinhos na temperatura ambiente”

Esta dá vontade de perguntar: “ambiente de onde, cara pálida?”

Temperatura de serviço é um tema muito debatido por todos. Há prós e contras para diversas teorias e, claro, múltiplas tabelas de temperaturas adequadas, algumas chegando ao extremo de detalhar por casta utilizada no vinho. Uma maluquice.

Dois pontos são aceitos universalmente: brancos são servidos mais gelados que os tintos e a temperatura de referência, para servir um tinto, seria em torno de 18º Celsius.

Há uma enorme lista de exceções aqui, desde tintos leves que devem ser gelados até brancos que ficariam melhor menos frios. (atenção ao tempo dos verbos)

Se a sua cidade tem temperatura média nesta faixa citada, não há nenhum problema em fazer a afirmação, em questão. Mas o que falar quando estamos numa cidade como o Rio de Janeiro, com médias acima de 30ºC, ou cidades do sul brasileiro com temperaturas muito baixas?

Para quem não sabe ou não se lembra, se o local estiver muito frio, os brancos não precisam ser gelados e os tintos devem ser “aquecidos”, uma manobra que se chama “chambrar”.

Prefiram dizer “sirvo meus vinhos na temperatura adequada”.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Casa Eva Viognier 2023

Vinificado pela Vinícola Casa Eva, projeto de vinhos finos inaugurado em 2023 pela família Muraro, produtores de vinhos de mesa em Flores da Cunha a mais de 50 anos. Vinificado 100% com a uva Viognier, passa 3 meses em barricas de carvalho francês e americano (50%/50%).

Apresenta leve coloração amarelo palha com reflexos esverdeados e delicado aroma de frutas, como pera, lima e maçã verde, com leves toques de erva cidreira, flor de laranjeira e manteiga. Em boca tem bom corpo e acidez refrescante, com retrogosto persistente, deixando notas cítricas e taninos suaves.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil

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Imagem por Adobe Stock