
Todos conhecemos as “uvas nobres”. Para quem não se lembra, é um pequeno grupo, composto atualmente por sete castas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Syrah, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Riesling.
Receberam este apelido por múltiplas razões. Para os especialistas, são as castas que melhor traduzem o “terroir” onde foram plantadas, quando transformadas em vinho.
Por analogia, castas “exóticas” seriam aquelas que não se enquadram neste conceito de “nobre”.
Certo? Não, não é bem assim.
Existem milhares de uvas dentro da espécie “Vitis Vinifera”, que são as mais adequadas para a elaboração dos vinhos. Neste amplo grupo, vamos encontrar algumas varietais que, por cruzamentos naturais, deram origem a outras viníferas. Existem, também, castas que foram criadas pela mão humana.
A fabulosa Cabernet Sauvignon é um ótimo exemplo de um cruzamento natural e a sul-africana, Pinotage, o melhor exemplo de uma varietal criada pelo homem.
As castas chamadas exóticas têm uma outra definição: é um grupo de uvas que nunca ficou popular, como as nobres ou levaram muito tempo a serem reconhecidas como excelentes.
Sem pretender esgotar o assunto, aqui está uma pequena relação delas.
1 – Tannat
Esta casta, nascida no País Basco, quase não poderia ser considerada neste grupo, por conta do seu sucesso no Uruguai, onde se tornou uma uva icônica. Seus vinhos são robustos, muito tânicos. Foi preciso muita pesquisa para domá-la e produzir vinhos que se tornaram um sucesso. Par perfeito para um cordeiro na brasa.
2 – Carménère
Uma casta que se tornou uma referência, no Chile. Considerada extinta em sua região de origem, Bordeaux, durante a epidemia da Filoxera, ficou escondida em vinhedos chilenos de Merlot, até ser redescoberta, em 1994, pelo Ampelógrafo, francês, Jean-Michel Boursiquot. Seus vinhos de coloração escura, trazem notas bem características, como as pirazinas (pimentão), exigindo cuidados adicionais para que não se sobreponham.
3 – Malbec
Pode parecer estranho, esta casta já deveria fazer parte das nobres. Qualquer especialista sabe: nenhuma outra uva traduz tão bem o terroir onde está plantada. Seus vinhos, principalmente os elaborados na Argentina, confirmam isto. Na França é conhecida por outros nomes: Cot, Auxerrois, Pressac e Noir de Pressac. Dizem que o apelido Malbec teria origem na expressão francesa “mal bec”, ou “ruim de bico” numa tradução quase literal.
4 – Alvarinho/Albarinho
A grande casta branca do norte de Portugal e da Galícia, nunca foi muito respeitada. Isto só mudou quando os métodos de plantio e de vinificação foram modernizados. Hoje, os brancos desta castas, sejam portugueses ou galegos, rivalizam com os famosos brancos alemães. Vinhos perfeitos para acompanhar peixes e outras delícias do mar.
5 – Vermentino
Uma rara casta que transita entre Itália e França, onde é conhecida como Rolle. Vinhos com boa acidez, aromas florais e paladares que vão das frutas brancas com caroço até as cítricas.
6 – Grüner Veltliner
A clássica casta austríaca, capaz de produzir vinhos memoráveis. A combinação de aromas e sabores, que equilibram maçãs verdes e pimenta branca é particularmente marcante.
Podemos incluir, ainda, as seguintes castas tintas: Nero d’Avola e Aglianico, da Itália, a grega Xinomavro, a Saperavi, da Georgia, além da espanhola Mencia, que anda na moda. Seus tintos são de muita personalidade, com aromas florais e paladares de frutas vermelhas. Muito minerais. Prefiram os da região de Bierzo.
Para não deixar o ponto sem nó, a dica de hoje traz mais uma “exótica”, a casta Palava, de origem tcheca.
Saúde e bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional

Em 2021 três amigos, de famílias com mais de 140 anos de tradição no cultivo de uvas, decidiram apostar no cultivo de uvas exóticas para uma produção de vinhos únicos. A propriedade da família está localizada na Linha 130 da Leopoldina, no interior do município de Santa Teresa e possui nove hectares de parreirais com cerca de 20 tipos de variedade de uva. A produção é toda artesanal e tem garrafas limitadas, são produzidas cerca de 200 garrafas por variedade por safra. No portfolio vinhos varietais como Montepulciano, Saperavi e a Palava.
O Berra & Corbelini Palava é um varietal feito desta uva de origem tcheca, que nasce de um cruzamento de outras uvas brancas da Europa Central (possivelmente da Traminer com a Muller Thurgau). Um vinho de visual amarelo palha com reflexos dourados e aroma de frutas em calda, mel, própolis e toque floral. Excelente volume de boca e equilíbrio entre acidez e estrutura. Perfeito para harmonizar com pratos leves, peixes e aves.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: Foto de Suzy Hazelwood no Pexels
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