
A questão que nos foi proposta era um pouco mais sofisticada: “O que é um Prosecco Satèn?”.
Para não deixar nenhuma dúvida, vários esclarecimentos são necessários, o primeiro é uma resposta direta: isto não é um Prosecco, é um Franciacorta.
Ambos são vinhos espumantes, cada um deles de uma diferente região produtora, com regras bem específicas sobre como devem ser elaborados, castas permitidas e, até mesmo, o que deve ou não constar dos rótulos.
Os Proseccos, da região do Veneto, são vinificados preferencialmente pelo método Charmat, com a casta Gelera (mínimo de 85%). As outras variedades aceitas são a Pinot Bianco, a Pinot Grigio e a Chardonnay. Para o rosado, usam a Pinot Nero.
A região de Franciacorta, na Lombardia, próxima à cidade de Brescia, tem uma tradição vinícola muito antiga. As primeiras referências datam de 1277. Naqueles idos, os vinhos não se chamavam “Franciacorta” e nem eram espumantes. Historiadores admitem que este nome derivaria de “francae curtes”, algo como cidades sem impostos, “zonas francas”.
O primeiro espumante ali produzido foi em 1961, por insistência de um jovem Enólogo, Franco Ziliani, que trabalhava para a Casa Berlucchi. O sucesso foi total. Em pouco tempo, mais de 10 produtores lançaram suas versões deste vinho borbulhante.
As regras de produção são bem diferentes das usadas no Veneto. Aqui, as castas permitidas são a Chardonnay (85%), a Pinot Nero (10%) e a Pinot Bianco (5%). Somente para a elaboração do Rosé, usam a Pinot Nero (15%), vinificada separadamente.
O método, obrigatório, é o tradicional, com a segunda fermentação em garrafa. O mesmo utilizado em Champagne.
São vários estilos permitidos, com diferentes graus de doçura: Dosagem zero, Nature, Extra Brut, Brut, Extra Dry, Sec e Demi-sec.
O estilo denominado Satèn tem uma regra particular. Esta palavra, que em italiano, significa “Seda” ou “Sedoso”, tem tudo a ver com o resultado. O que se busca é um vinho mais cremoso, com um perlage bem suave e um teor alcoólico mais baixo.
Será, sempre, um “Blanc des Blancs”, Brut, elaborado a partir de Chardonnay e Pinot Bianco. A pressão atmosférica, dentro da garrafa, deve ficar em torno de 4,5 atm. Os Franciacorta normais, bem como os Champagne e outros espumantes, chegam a 6 atm.
Estas características, que o colocam numa categoria muito especial, abre um interessante leque de harmonizações: risoto de aspargos e radicchio, sushi, pratos de arroz com frutos do mar, frituras leves de vegetais ou carnes brancas, presuntos curados ou crus, além de queijos não maturados.
Pode ser servidos como um aperitivo, preparando as papilas gustativas para outras delícias.
Sua coloração tende para o amarelo palha, com reflexos esverdeados. O perlage é muito fino e delicado, trazendo uma sensação sedosa no palato. Aromas de frutas maduras, flores brancas, amêndoas e avelãs. Muito equilibrado com boa acidez.
Tuty, quando nos encontrarmos, me lembre de lhe contar da degustação de bebidas no saudoso Antonio’s por idéia do também saudoso Cyro Kurtz. Eu como TODOS os participantes erramos a resposta. E éramos um grupo dos mais notórios bêbados daquela época, menos eu, claro.
Um grande abraço,
L.A.
Prezado Dr.Tuty,
Realmente aprendendo a cada leitura de seu otimo boletim.
Cada dia menos ignorante e ciente de que nada sei.
Obrigado por diminuir meu desconhecimento sobre uva, processo e regioes etc….sobre esta criação de sua divindade Baco(Bacchus) , segundo a mitologia romana.
Abraços do amigo ,Caique