Autor: Tuty (Page 14 of 150)

O serviço do vinho e a igualdade de gêneros

Vida de Sommelier não é nada fácil, principalmente nestes tempos em que impera a igualdade de gêneros. Explico:

Internacionalmente, o serviço do vinho sempre seguiu um protocolo que começou a ser adotado nos tempos dos Cruzados: as damas devem ser as primeiras a receber vinho em suas taças. Excetua-se quem vai provar o vinho.

Este gesto, extremamente cortês, tem origem no que se convencionou chamar de “etiqueta à mesa”. Uma das primeiras referencias a isto está num documento do Egito antigo, denominado “Instruções de Ptahhotep”, redigida lá pelo ano 2.500 a.c.

– Ao comer com outras pessoas à mesa, respeite os mais velhos;

– Manifeste sua alegria junto com os demais;

– Evite impor seus pontos de vista, tenha uma visão mais aberta sobre o que é discutido.

Foi somente a partir dos séculos XI e XII, que os Cruzados agregaram novos princípios a estas instruções básicas.

Eram nobres e tinham como missão defender o nome de Deus e recuperar a Cidade Santa. Sempre muito rígidos em seus princípios, as boas maneiras, cortesia e etiqueta eram valores extremamente importantes.

Dentro deste espírito, defender as mulheres era a regra básica. Decorre, deste fato, o famoso “Ladies First”…

Não podemos negar que havia, como pano de fundo, a ideia de que o sexo feminino seria mais frágil e necessitava que algum cavalheiro sacasse sua espada para protegê-la de qualquer ameaça. Romântico, elegante e quase ficcional, mas vale até os dias de hoje.

Será?

A generalizada preocupação com a igualdade de gêneros trouxe, para o ambiente profissional do vinho, novas preocupações sobre como lidar com este novo fator.

O serviço do vinho começou a ficar muito complexo e, agora, o “servir as mulheres primeiro” poderia se transformar num aborrecimento desnecessário, desagradando outras pessoas presentes.

Numa situação apenas didática, um Sommelier, de repente, se vê obrigado a identificar os diversos gêneros presentes à mesa e decidir como vai completar o serviço do vinho após a prova.

Difícil!

Uma das instituições mais respeitadas na formação destes profissionais, a Court of Master Sommeliers (CMS) – América, decidiu em 2021 abolir o serviço por gênero, contrariando as diretrizes de sua matriz, a CMS – Londres, que introduziu o atual protocolo de servir as mulheres primeiro e os homens depois.

O novo protocolo, muito simples e objetivo, visa agilizar o serviço:

– Após a prova, sirva a pessoa sentada à esquerda, seguindo o movimento dos ponteiros de um relógio.

Não foi uma decisão fácil. Houve muita agitação, trocas de comando, renúncias, acusações e tudo mais que caberia num folhetim. Ao final, a CMS América se tornou mais humana e igualitária.

Já na conservadora Inglaterra e, por tabela, boa parte da Europa, tudo continua como antes: “Ladies first is a must” (mulheres primeiro é obrigatório).

Como devemos proceder?

O mais importante é respeitar, em linhas gerais, as “Instruções de Ptahhotep”, principalmente se estivermos em um local público: não critiquem quem ou como o serviço foi realizado.

Caso sejamos os anfitriões, ditemos as regras de acordo com nossas crenças. Podemos ser Cruzados ou Modernos, não importa.

O que não pode é faltar vinho em todas as taças. Elas que o digam.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Pizzato Vertigo – Espumante NATURE – 2021

Foram elaboradas apenas 500 garrafas, produzidas pelo método tradicional (também conhecido como champenoise). Pelo menos 30 meses de contato com as borras antes de sair da vinícola. Nascido do Pizzato Brut Tradicional, o Pizzato Vertigo foi um pequeno lote da colheita 2012, amadurecido sobre as borras por mais de 30 meses. A vinícola decidiu apresentar um espumante na forma “bruta”, sem a retirada das borras e sem dosagem pós-dégorgement. Para amantes de vinhos sobre as borras (sur lie) que pode decidir quanto tempo o vinho ainda vai passar amadurecendo em tal estado, tomando a decisão de finalizá-lo segundo sua programação particular. Seria algo como levar para casa o processo de amadurecimento e a decisão de dégorgement.

Premiações:

93 PONTOS – Melhor Espumante Descorchado 2016;
92 PONTOS – Guia ADEGA Vinhos do Brasil 2016/2017;
92 PONTOS – Guia Descorchados 2015;
92 PONTOS – Guia ADEGA Vinhos do Brasil 2015/2016;
91 PONTOS – Guia ADEGA Vinhos do Brasil 2015/2016 com a safra 2012;
ESPUMANTE REVELAÇÃO – Guia Descorchados 2015;
MELHOR ESPUMANTE – Guia ADEGA Vinhos do Brasil 2015/2016.

CRÉDITOS: Imagem de Freepik

Por que “Uvas Nobres”?

É quase surreal que num Brasil, onde impera uma horda de políticos absolutamente incorretos que adoram legislar sobre o politicamente correto, alguém se atreva a escrever sobre “uvas nobres”, sugerindo que existe algum tipo de discriminação até no mundo dos vinhos.

O mais curioso é que num universo de 15.000 uvas viníferas, apenas seis receberam o apelido de nobres: as brancas Chardonnay, Riesling e Sauvignon Blanc e as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir.

Honestamente, esta “Corte”, em outros cenários, não seria nem digna de atenção. Mas, entre os apreciadores do vinho, é muito difícil encontrar alguém que ainda não tenha provado qualquer uma delas. É um conhecimento básico.

Entretanto, esta não é a razão pela qual receberam algum título de nobreza.

Aqui estão mais alguns fatos sobre este grupo: cinco são francesas e uma alemã, que tem um pezinho na França desde a anexação da Alsácia.

Todos sabemos que havia casamentos entre as diversas famílias reais da Europa, principalmente para “manter tudo sob controle” ou, numa linguagem mais diplomática, “para formar alianças estratégicas”. Não é o caso das nossas viníferas.

Algumas destas castas estão plantadas nos quatro cantos do mundo, o que poderia explicar esta improvável nobreza. Afinal, nobres eram grandes conquistadores de territórios e, se não o fizeram pessoalmente, pelo menos financiaram tais conquistas.

Uma destas nobre castas, a Pinot Noir, desmente esta possibilidade. Mesmo em seu país de origem é uma uva de difícil cultura, exigindo um terroir muito específico e complicado de reproduzir em outros países.

Para encontrar a origem deste apelido para este grupo de videiras, temos que olhar justamente para o país que mostrou as virtudes do vinho como uma bebida de nobres, luxuosa e desejada, para o resto do mundo: a França.

A imagem da monarquia francesa sempre foi de uma vida opulenta, magníficos castelos, festas intermináveis, alta gastronomia e tudo regado por bons vinhos. Até 14 de julho de 1789…

Mas, degustar vinhos de qualidade nunca deixou de ser um ato nobre e, não se pode negar: os elaborados com qualquer destas seis castas são os mais fáceis de beber. Talvez tenham sido os primeiros a serem provados e acabaram fisgando cada um de nós.

Se, atualmente, encontramos estas uvas e seus vinhos espalhados em todos os continentes, devemos isto a vinhateiros franceses que se dedicaram a levar mudas destas videiras originais e não só replantá-las em outros países como ensinar a elaborar vinho com elas.

Isto é a verdadeira nobreza.

Foram os primeiros grandes marqueteiros, exportando a cultura do luxo, gastronomia, ciência, moda e tudo mais que admirávamos na monarquia francesa.

Nobres sim, pelas razões corretas.

Se gostamos de vinhos hoje, devemos à França.

Vive la France!

Dica da Karina – Cave Nacional

Máximo Boschi – BIOGRAFIA EXTRA BRUT 2017

Espumante elaborado pelo Método Tradicional. De coloração amarelo levemente dourado, límpido brilhante e com borbulhas finas e persistentes.

Aroma elegante, frutas extremamente maduras, amêndoas e nozes, com equilibrada manteiga e chocolate branco.

Persistência longa, perfeitamente harmônico, com a acidez equilibrada. Retrogosto complexo e equilibrado. Maturou sobre as leveduras após a segunda fermentação (sur lie) por 40 meses.

Para adquirir este espumante, clique no nome ou na foto.
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CRÉDITOS:

Imagem de abertura por pvproductions no Freepik

Em boca fechada não entra mosca

Aprender a gostar de vinhos é muito fácil. Os primeiros passos são sempre orientados por alguém mais experiente que “abre” algumas portas deste pequeno mundo que, para alguns, é cheio de mistérios.

Mordida a isca, ou se preferirem, picados pela mosca, os enófilos iniciantes começam a caminhar com as próprias pernas. Se andarem na direção certa, vão desfrutar de ótimos momentos e vinhos deliciosos.

O próximo passo é estudar o assunto. São muitos caminhos que podemos seguir abrangendo desde o plantio das uvas até modernas e estranhas formas de vinificação.

Naturalmente, acabamos nos empolgando e além do desejo de oferecer bons vinhos, aliamos uma boa dose de informação, onde vamos demonstrar os nossos conhecimentos.

É aí que mora o perigo!

Quase sempre vamos falar mais do que deveríamos. Algumas bobagens, para ouvidos mais treinados, podem escapar e o resultado desta aula improvisada pode ser desapontador.

Há certas coisas que não devemos mencionar…

Aqui estão algumas delas:

1 – “Este vinho custou tantos reais”

A menos que vocês sejam ganhadores de aposta lotérica e estão mais interessados em demonstrar sua recém adquirida fortuna, declarar o preço de um vinho é o mesmo que afirmar que “quanto mais caro, melhor”, o que é uma grande bobagem.

Obviamente, existem vinhos caros de ótima qualidade e vinhos baratos que são péssimos. Para um bom enófilo, a arte está em garimpar vinhos a um preço justo. Nada é mais prazeroso que servir um vinho, todos gostarem e se perguntarem “onde você comprou?”, a resposta seria, no “supermercado da esquina”. Ponto para vocês.

2 – “Olha o peso desta garrafa! Só pode ser vinho bom”

Este é um truque de marketing muito usado para empurrar vinhos medianos goela abaixo. Têm uma origem muito conhecida: as garrafas de Champagne. Estas, para serem capazes de resistir à pressão interna, muito maior que as do vinho tranquilo, tem paredes mais grossas e são mais pesadas.

Algum marqueteiro, muito esperto, resolve transportar estas pesadas garrafas para os vinhos comuns. Evidentemente, não entendia nada sobre vinhos. Os grandes vinhos estão embalados em garrafas finas, de boa qualidade, com rótulos elegantes e bem desenhados.

Ainda dentro deste tema, temos mais um detalhe a ser observado e jamais comentado: aquela concavidade acentuada no fundo da garrafa. O fato de ser mais ou menos profunda não está relacionada à qualidade do vinho. Serve, apenas, para manter a garrafa equilibrada na posição vertical, facilitando o transporte.

Então já sabem: nada de tecer loas a estes detalhes.

3 – “Sirvo meus vinhos na temperatura ambiente”

Esta dá vontade de perguntar: “ambiente de onde, cara pálida?”

Temperatura de serviço é um tema muito debatido por todos. Há prós e contras para diversas teorias e, claro, múltiplas tabelas de temperaturas adequadas, algumas chegando ao extremo de detalhar por casta utilizada no vinho. Uma maluquice.

Dois pontos são aceitos universalmente: brancos são servidos mais gelados que os tintos e a temperatura de referência, para servir um tinto, seria em torno de 18º Celsius.

Há uma enorme lista de exceções aqui, desde tintos leves que devem ser gelados até brancos que ficariam melhor menos frios. (atenção ao tempo dos verbos)

Se a sua cidade tem temperatura média nesta faixa citada, não há nenhum problema em fazer a afirmação, em questão. Mas o que falar quando estamos numa cidade como o Rio de Janeiro, com médias acima de 30ºC, ou cidades do sul brasileiro com temperaturas muito baixas?

Para quem não sabe ou não se lembra, se o local estiver muito frio, os brancos não precisam ser gelados e os tintos devem ser “aquecidos”, uma manobra que se chama “chambrar”.

Prefiram dizer “sirvo meus vinhos na temperatura adequada”.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Casa Eva Viognier 2023

Vinificado pela Vinícola Casa Eva, projeto de vinhos finos inaugurado em 2023 pela família Muraro, produtores de vinhos de mesa em Flores da Cunha a mais de 50 anos. Vinificado 100% com a uva Viognier, passa 3 meses em barricas de carvalho francês e americano (50%/50%).

Apresenta leve coloração amarelo palha com reflexos esverdeados e delicado aroma de frutas, como pera, lima e maçã verde, com leves toques de erva cidreira, flor de laranjeira e manteiga. Em boca tem bom corpo e acidez refrescante, com retrogosto persistente, deixando notas cítricas e taninos suaves.

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CRÉDITOS:

Imagem por Adobe Stock

Drama ou Comédia?

Existem diversos tipos de enófilos. Alguns têm atitudes muito exigentes, limitando seu campo de opções, outros são tão abertos que acabam degustando qualquer zurrapa que lhes é servida.

Entre estes extremos, encontramos diversas outras “cepas” de apreciadores, algumas risíveis, como os enochatos, ou grupos de pessoas que por opções de vida adotam filosofias como vegetarianismos, veganismo, naturalismo, minimalismo e assemelhados.

Estes consumidores, a cada dia, se tornam mais importantes para os produtores de vinho. Buscam vender seus produtos até para os que nem consomem bebidas alcoólicas. Neste caso, criaram o vinho sem álcool…

Como tudo que é produzido numa sociedade civilizada, a elaboração de vinhos é controlada por normas de produção diversas. Cada país ou região produtora dita suas regras. Acreditem, diferem bastante.

Há limites para tudo: tipos de castas, uso de fertilizantes, métodos de manejo do vinhedo, leveduras etc. Estas informações, que seriam de grande ajuda para a turma da vida natural, nem sempre constam da rotulagem dos vinhos ou mesmo das fichas técnicas.

Já existe um movimento, principalmente dentro da União Europeia, para que rótulos e contrarrótulos sejam mais explícitos, informando sobre presença de glúten, alertando que consumir álcool faz mal à saúde, cálculo de calorias consumidas e outros dados alimentícios. Mas nada dizem sobre produtos de origem animal usados na produção, por exemplo.

Para um leigo, pode parecer estranho que uma bebida elaborada a partir de uma fruta, não seja vegetariana e/ou vegana. Mas é perfeitamente possível.

Em vez de rirmos, deveríamos nos preocupar com este micro drama: como saber se um vinho se enquadra nesta ou naquela filosofia de vida?

Sem fazer qualquer julgamento sobre o estilo de vida adotado por alguém, ou mesmo sugerir que é melhor nem pensar em degustar vinhos, vamos destacar alguns pontos “por trás da cortina”, que mesmo gente tarimbada nem se dá conta.

Tudo começa no vinhedo: fertilização com resíduos animais já é um impeditivo para alguns. Defensivos agrícolas é um capítulo à parte: aqui entraria o conhecido manejo biodinâmico, uma filosofia desenvolvida por Rudolf Steiner em 1920, que está bem aceita e difundida atualmente. Se consta no rótulo, é porque foi certificado por um instituto competente.

Em algumas legislações, é aceita a “Calda Bordalesa” (sulfato de cobre + cal) como produto orgânico. Mas nem sempre o grupo de consumidores mais exigente concorda com isto. Este uso nunca é especificado nos rótulos.

Por mais estranho que pareça, a forma de colher as uvas também pode refletir, negativamente, na vida deste grupo.

Colheitas mecânicas não são seletivas. Podem trazer, junto com as uvas, diversos insetos e pequenos animais. Estes serão removidos numa fase posterior e jamais cairão num tanque de fermentação, a não ser por acidente. Mas o simples contato com o material colhido já vai causar problemas…

Mesmo na fase de elaboração, existem processos que empregam produtos de origem animal. A fase de filtração e clarificação é típica.

Produtos como clara de ovos, caseína, gelatina e cola de peixe vão causar arrepios na turma vegetariana. Por esta razão, a maioria dos vinhos naturais não passa por esta etapa.

Já existem alternativas não animais: lama bentonita, carvão ativado, proteínas 100% vegetais e até mesmo leveduras mortas.

Mas…

Segundo alguns profissionais, há uma mudança sensível em relação ao paladar do vinho. Citam o clássico exemplo da clara de ovo, daí a expressão “clarificação”:

A “clara” além de remover sedimentos quase invisíveis, deixando nosso vinho muito transparente, também age, através de suas cargas iônicas e compostos fenólicos, amaciando taninos muito ásperos.

Só nos resta rir ou chorar.

A escolha é individual.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina: Cave Nacional Marcelão 2023

Em celebração aos 50 anos do Marcelo, fundador da Cave Nacional, a casa lançou o Marcelão 2023 feito em parceria com a Cave Antiga.

Vinho 80% Marselan safra 2023 e 20% Tannat safra 2022 com 6 e 17 meses de guarda em carvalho francês, respectivamente.

Vinho elegante, de coloração intensa, aroma típico de frutas maduras, especiarias destacando notas de baunilha de intensidade média e toques de tostado pela passagem por carvalho francês. De excelente estrutura e taninos de média intensidade devido ao caráter do corte do Marselan com o Tannat, bem adaptado às condições de solo e clima da Serra Gaúcha.

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Antes só do que mal acompanhado, ou não?

Tem gente que prefere provar um vinho num momento “solo”. Tem gente que precisa degustar assim para corretamente avaliar um vinho e escrever sua resenha. Tem gente que não abre mão de uma boa refeição para acompanhar um vinho.

Existem diversos subgrupos dentro destas linhas gerais descritas acima. Um dos mais curiosos é o da turma que sempre degustam vinhos com os mesmos acompanhamentos: “porque mudar se o time está ganhando”?

De certa forma, preferem não sair de sua zona de conforto, talvez influenciados por dois mitos muito arraigados, que fazem as cabeças de enófilos menos tarimbados: “vinhos devem sempre ser harmonizados” e “existem alimentos que nunca harmonizam com o vinho”.

Honestamente, estas duas regrinhas estão mais para “fake news” do que para “fato confirmado”.

Harmonizar vinho e alimentos não é uma ciência. Tudo se baseia e experimentações na linha do “erro e acerto”. São tantas combinações possíveis que é humanamente inviável provar todas elas. Algumas já estão consagradas, o que ajuda muito na hora de tomar uma decisão, mas há um longo caminho a percorrer, ainda.

Quem já passou por um bom Curso de Vinhos, em algum momento ouviu falar que certos alimentos são impossíveis de harmonizar ou de outros, que só combinam com um determinado vinho, por exemplo, chocolates com Vinho do Porto.

Aspargos, alcachofras e couve de Bruxelas são alguns vilões habituais. Apesar da negativa dos “especialistas” estes itens são perfeitamente passíveis de combinarem corretamente com vinhos, basta “sair da caixa” que limita, eternamente, nossas escolhas.

Um bom Grüner Veltliner, vinho clássico da Áustria, é perfeito com alcachofras.

Aspargos na manteiga? Combinem com um Chardonnay ao estilo californiano e suas notas láticas bem marcantes.

Vinhos brancos elaborados com a Viognier, uva típica do Vale do rio Ródano, é perfeita com a temida couve de Bruxelas, com repolho, couve-flor e outras verduras com tonalidades verde escuro.

Nada é impossível.

A ideia de combinar vinho e comida tem uma base muito forte: as tradições.

A mesa familiar nos principais países produtores como França, Itália, Portugal, Espanha e Alemanha, para citar alguns, sempre teve o vinho como mais um alimento presente. Decorre, deste fato, a mais simples regra de harmonização, aquela que liga o vinho à origem do alimento: culinária italiana, vinhos italianos; culinária francesa, vinhos franceses, e assim por diante.

O viés cultural é muito importante.

Por outro lado, até que ponto, nestes casos, estamos realmente apreciando o vinho?

Críticos ou Sommeliers, que dependem de uma correta avaliação de um vinho preferem fazer degustações “solo”. Alguns especialistas adotam uma prova em dois tempos: com e sem alimentos. Afirmam que conseguem fazer uma análise mais abrangente.

Há um outro lado nesta forma de apreciar um vinho que pode ser muito positiva para o enófilo do dia a dia: a praticidade.

Não há nada mais simples do que tirar a rolha de um belo vinho e apreciá-lo, no momento que bateu aquela vontade. Nada de pratos requintados, harmonizações complicadas e outros parâmetros desnecessários.

Apenas uma boa taça e um ambiente confortável que será ditado pela sua conveniência. Se tiver uma boa companhia, talvez seja a hora transformar este voo solitário em algo mais gregário.

Pensem nisto.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Cherry Bomb Pinot Noir – 2022

Um vinho clarete da Garbo Enologia Criativa, um projeto de 3 enólogos brasileiros que buscam produzir vinhos fora do padrão convencional, como este aqui.

As uvas vêm de Monte Belo do Sul e dão origem a esse vinho que, como nome diz, é uma bomba de frutas silvestres, acidez marcante e uma linda cor cereja brilhante. Um vinho que acompanha pratos frescos e leves como ceviche, carpaccio, frutos do mar, mas pode também tranquilamente ser bebido gelado sozinho.

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