Autor: Tuty (Page 2 of 150)

Texturas

Uma das boas práticas que um bom Enófilo deve seguir, antes de degustar um vinho, é examinar a cor, sentir os aromas e, se tudo estiver ok, degustar um pequeno gole para começar a perceber todas as nuances que o seu paladar pode proporcionar: frutas, flores, tabaco, madeira etc.

Mas, o que poucos se importam é com uma outra sensação, aquela que preenche a boca. Podemos descrevê-las como vinhos macios, opulentos, cremosos, firmes, rudes ou mesmo um termo quase pejorativo, o brasileiríssimo “rascantes”.

No jargão dos profissionais, estamos falando de “texturas”.

Para um apreciador não treinado, é mais fácil percebê-las ou diferenciá-las nos vinhos tintos, afinal, os taninos são um dos fatores que mais impactam as texturas. Elas estão presentes, também, nos brancos e rosados, sejam tranquilos ou espumantes.

Durante muito tempo, foram vistas como uma consequência da vinificação. Modernamente, produtores mais atentos já manipulam, com extrema maestria, esta gama de sensações que se somam ao binômio aromas/sabores, para apresentar uma experiência mais completa.

Além do tanino, alguns outros fatores alteram as texturas, tais como: açúcar residual, acidez, teor alcoólico, ácidos málico e lático, além do método de vinificação.

Taninos são os mais fáceis de compreender. Em excesso, tornam o vinho adstringente. Poucos taninos deixam esta bebida quase insossa.

A presença das cascas da uvas e dos racimos, em contato com o mosto, é quem vai regular a intensidade deste fator. Isto vale, inclusive, para os brancos que são vinificados assim. A presença da madeira também agrega taninos.

Uma maneira de aprender sobre esta textura seria comparando um Cabernet Sauvignon com um Pinot Noir. São dois extremos.

A acidez é outra característica importante. Traz aquelas sensações de refrescância, de paladares limpos e precisos. Muito comum nos brancos e nos espumantes. O que os produtores buscam é um equilíbrio. Muita acidez torna o vinho desagradável. Pouca acidez passa a sensação de que o vinho não é vibrante.

Para compreender bem, compare um Sauvignon Blanc com um Chardonnay, que não passaram por madeira.

O teor alcoólico de um vinho decorre da fase de fermentação, onde os açúcares da uva são convertidos em álcool. Cada vinhateiro tem sua forma de controlar esta etapa do processo, deixando um resíduo maior ou menor de açúcar não convertido e restos das leveduras. Esta decisão vai refletir no que chamamos de corpo, cremosidade e suntuosidade.

O melhor exemplo seria provar um vinho normal e um colheita tardia.

Conversão malolática é uma expressão que se tornou comum entre os aficionados do vinho. Durante a elaboração, um dos subprodutos é o indesejável ácido málico. Sua presença se assemelha à do tanino. O vinho fica áspero, duro, difícil de degustar.

Converte-lo em ácido lático é o caminho certo. Um processo quase natural e muito usado por todos. Este novo composto trás aquelas sensações “amanteigadas”, presentes em bons vinhos brancos.

Experimentem um Chardonnay ao estilo californiano ou um Meursault da Borgonha.

Uma das maneiras que as vinícolas conseguem obter boas texturas para os seus vinhos é utilizando diferentes métodos de elaboração. Mais especificamente, utilizando diferentes materiais nos recipientes para fermentação e/ou amadurecimento, bem como o tipo de leveduras selecionadas.

Desta forma, um vinho elaborado em lagares de concreto terá texturas muito diferentes de outro, elaborado em tanques de aço inox ou de madeira.

Leveduras naturais ou as selecionadas, obviamente, produzirão resultados distintos.

Por fim, amadurecer em barricas de carvalho pode elevar um vinho outros níveis, mas tudo vai depender o tamanho do recipiente e do tempo.

Quais texturas mais lhes agradam?

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Sotterrani – Laranja Riesling Itálico 2021

A Sotterrani é uma vinícola urbana que nasceu em um típico porão de uma casa de descendentes italianos na Serra Gaúcha. Sua primeira produção foi de 20L de Merlot na histórica safra de 2005. O hobby virou negócio, e atualmente a vinícola produz vinhos em sua própria sede, em micro lotes que variam de 300l a 600l de vinho.

O Sotterrani Laranja Riesling Itálico safra 2021 passa por processo de maceração prolongada de 30 dias e uma maturação de 30 meses em barricas de carvalho francês conferem ao vinho sua coloração laranja profunda, além de maior estrutura, complexidade e uma textura aveludada e elegante. Um vinho límpido e brilhante, com coloração laranja profundo e reflexos vivos.

No nariz apresenta notas de frutas cítricas e florais delicados complementadas por nuances de mel e amêndoas. Possui corpo médio e equilibrado com uma acidez vibrante bem como taninos bem integrados, criando uma textura complexa e envolvente. Final persistente, com notas de amêndoas, côco e maçã seca.

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Quais são as castas internacionais?

O berço da maioria das castas usadas na vinificação é o Velho Continente. Muitas se espalharam por todos os lados, transcendendo suas origens.

Alguns nomes são bem conhecidos, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Merlot, Pinot Noir, Malbec, Riesling e mais um punhado delas. Basta consultar a Carta de Vinhos de um restaurante em qualquer outro país, que elas vão estar lá.

Não é difícil entender as múltiplas razões pelas quais estas uvas resolveram se tornar “globe-trotters”. Destacam-se a constante busca por inovação e por terroirs mais adequados, além das tentativas de “copiar o original”, feitas por vinhateiros ao redor do mundo.

Um dos melhores exemplos, atualmente, é o sucesso da Malbec, cultivada na Argentina. Seus vinhos conquistaram o paladar dos consumidores de qualquer Continente, ao contrário dos produtos da sua região de origem, Cahors, na França. São dois vinhos bem distintos, numa comparação direta.

Outra boa história pode ser contada através da Sauvignon Blanc. Originária da região de Bordeaux, se espalhou pelo mundo produzindo, em cada nova região, vinhos tão ou mais espetaculares que os “originais” (há controvérsias). Mas não se pode falar desta casta sem mencionar os néctares que são elaborados na Nova Zelândia. Para os brasileiros, outro país que produz Sauvignon Blanc, que acerta com o nosso paladar, é o Chile.

A Syrah, uma casta que está levando a nossa produção de vinhos para um outro patamar, tem suas raízes no Vale do Rio Ródano, França. Um dos primeiros terroir, fora de seu país de origem, ao qual se adaptou de forma maravilhosa, foi na Austrália.

Por conta de uma criteriosa pesquisa, um cientista brasileiro, Murillo de Albuquerque Regina, desenvolveu um método que permitiu que esta e algumas outras castas, pudessem ser cultivadas em climas mais tropicais, como no nosso país. Ficou conhecido como “dupla poda”. Esta técnica faz com que a videira inverta seu ciclo, permitindo a colheita no inverno. No ciclo normal a colheita seria no verão.

Outras duas varietais que tiveram sucesso fora de suas origens são a Pinot Noir e a Chardonnay, ambas da Borgonha.

A Pinot é considerada como uma casta de difícil cultivo, enquanto a Chardonnay sempre foi muito versátil. Os vinhos desta casta branca elaborados na Califórnia, EUA, rivalizam diretamente com os melhores Crus da Borgonha.

Um fato bastante interessante é que o nosso país é um bom produtor de Pinot Noir, principalmente na região de Garibaldi, RS, onde é vinificada em branco, para a elaboração dos nosso espumantes, junto com a Chardonnay.

Vinho e ritos religiosos sempre tiveram uma ligação muito estreita. Muito antes destas famosas castas se disseminarem, houve uma que foi a pioneira, trazida pelos missionários que vieram para o Novo Mundo. O objetivo era elaborar o vinho de missa.

Esta quase esquecida uva, recebeu diversas denominações, conforme o lugar onde foi plantada. Originalmente, é uma casta denominada Listan Prietro, originária das ilhas Canárias.

Na América do Sul é conhecida como País (Chile) ou Criolla Chica (Argentina). Na América do Norte é chamada de Mission.

Ficou muito tempo desprezada, até que as mudanças climáticas fizeram com que a atenção de alguns produtores se voltasse para aqueles vinhedos sem importância. Eles estavam firmes e fortes apesar de tudo.

Nossos vizinhos estão produzindo excelentes vinhos com esta pioneira das viagens internacionais. Na Califórnia foi uma das castas mais plantadas até o início do século XIX, quando outras cepas europeias foram introduzidas.

Infelizmente, está quase extinta na sua região de origem.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Luiz Argenta – Ripiano 2024

Em 1999, os irmãos Deunir e Itacir Neco Argenta adquiriram a histórica propriedade que pertencia à antiga Granja União, local pioneiro na produção de vinhos finos no Brasil.  Em 2009, ficou pronta a Vinícola Luiz Argenta, em homenagem ao patriarca da família.

A Luiz Argenta cultiva atualmente 55 hectares de videiras e é uma das mais belas e modernas vinícolas brasileiras. Localizada em Flores da Cunha, a cerca de 60 km de Bento Gonçalves, produz vinhos e espumantes de altíssima qualidade. O Luiz Argenta LA Jovem Ripiano leva esse nome por ser um corte de 25% Riesling (RI), 50% Pinot Noir (PI) e 25% Trebbiano (ANO) e conta com Indicação de Procedência (IP) de Altos Montes. Um vinho de coloração amarela com reflexos esverdeados, aromas intensos de flores brancas, com leve toque frutado de pêssego, pera e anis.

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Que vinho está nesta garrafa?

Não é exatamente uma regra, mas tem alguns vinhos que podem ser facilmente identificados pelo estilo de suas garrafas. Aqui estão dois exemplos muito fáceis e bem conhecidos de todos:

A primeira foto é do tradicional “fiasco”, dos Chianti, hoje em dia bem pouco usado. A segunda, uma conhecidíssima garrafa de Champagne, cujo modelo é usado por produtores de espumantes nos quatro cantos do globo.

Nem todas os demais formatos de garrafa, usados no produção de vinhos, podem ser tão simples assim de identificar. Mas, para os aficionados, são uma bela forma de marketing, permitindo até algumas brincadeiras e apostas.

A garrafa mais comum é o modelo “Bordalês”.

Seu nome já diz quase tudo. O vinho que vamos encontrar seria, basicamente, um corte elaborado com as clássicas 6 castas permitidas naquela região: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot, Malbec e Carménère.

Por extensão, qualquer vinho varietal destas castas, produzido em outras regiões, adota este formato. Isto se aplica, também, para a varietais brancas: Sauvignon Blanc, Sémillon, e Muscadelle.

O próximo par de garrafas representam os vinhos de duas regiões francesas bem distintas.

A primeira é conhecida como formato da Borgonha. O vinho, um Pinot Noir ou um Chardonnay. Neste caso, a cor da garrafa é esverdeada.

A segunda, muito parecida, vem da região do Rio Ródano. Reparem que o “pescoço” de uma é mais curto que o da outra. Os produtores mais famosos do Rhone costumam ter uma marca, em relevo, nas suas garrafas. São vinhos elaborados com as castas Syrah, Grenache, Cinsault e outras.

Ainda na França, vamos encontrar outros dois formatos bem característicos, na região do Jura.

A primeira é um Cotes du Jura, quase sempre um Pinot Noir. Talvez, por isso, o diferente formato para não confundir com os vinhos da Borgonha.

A segunda garrafa é um vinho muito especial, o “Vin Jaunne”, um vinho branco que é elaborado como se fosse um tinto. Um clássico daquela região.

Na Alemanha e na Alsácia, vamos encontrar outro formato de garrafa muito popular:

São as garrafas “flute”. Uma representa a região do Reno é a outra os vinhos da Alsácia. Poderíamos incluir mais uma, a da região do Mosela. São todas muito semelhantes e só um olhar bem detalhista vai diferenciar uma da outra. O tom do vidro é uma das grandes diferenças. As castas mais comuns de serem engarrafadas são: Riesling, Pinot Gris e Gewürztraminer.

Na região da Francônia vamos encontrar esta outra garrafa, a “Bocksbeutel”:

Dentro dela, quase sempre, um vinho da casta Silvaner.

Para encerrar, sem pretender esgotar o assunto, mas duas garrafinhas: uma portuguesa e outra francesa.

O Vinho do Porto tem uma garrafa que, de certa forma, seguiu as linhas da clássica bordalesa, menos no gargalo. Reparem que há um pequeno bulbo, que se destina a fazer uma leve decantação na hora de servir. A outra garrafa, é um rosado da Provence. O sinuoso formato sugere uma delicada sensualidade que remete à cor e ao estilo deste tipo de vinho.

Mais uma tradição do que uma regra, não podemos garantir que sempre vamos encontrar o que foi descrito aqui. Outros fatores podem influenciar na hora de escolher o melhor envase, muitas vezes de ordem prática ou econômica.

Mas podem apostar com os amigos e alegrar uma reunião.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Monte Castelo – Albhus – Gran Reserva Cab Sauvignon – 2021

A Vinícola Monte Castelo foi fundada em 2016 em Jaraguá, Goiás pelos amigos Milton e Carolina Santana, Marco e Luciana Cano. De enófilos, passaram a ter o seu próprio negócio do vinho. A primeira safra foi em 2020, com colheita manual e seleção dos cachos para que somente bagas sãs sejam vinificadas. A Sauvignon Blanc resultou em 11 garrafas e a Syrah resultou em cerca de 100 garrafas e mostraram todo o potencial do terroir no Cerrado Goiano. A safra de 2021 foi a primeira safra comercial com cerca de 6.000 garrafas entre branco, rosé e tinto.

O Monte Castelo Albhus Gran Reserva Cabernet Sauvignon safra 2021 é feito de 80% Cabernet Sauvignon e 20% Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot. Maturado por 8 meses em contato com as lias finas. 100% do vinho estagiou em barricas de carvalho francês novas por 12 meses e mais 12 meses em garrafa. Possui cor rubi, límpido, brilhante e com lágrimas intensas e aromas de frutas negras e frutas em compota, toque de tostado. De média acidez, taninos presentes e persistentes, frutas negras, cacau, coco tostado e especiarias, final persistente.

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Rótulos: informação e marketing

Registros arqueológicos nos mostraram que vinho já era produzido há mais de 6.000 anos antes de Cristo.

Mas, e os rótulos?

Não são tão antigos assim. Os primeiros registros, que mostram uma etiqueta de identificação em uma ânfora contendo vinho, outra descoberta arqueológica, foram encontrados na tumba do Faraó Tutancâmon, que morreu por volta do ano 1325 antes de Cristo.

Outro marco importante na história dos rótulos só vai acontecer lá pelo século XVII, quando o conhecido Monge Dom Perignon, amarra uma etiqueta manuscrita no gargalo de uma garrafa.

O rótulo, como conhecemos hoje, só começou a ser desenvolvido nos anos 1700, a partir do momento que as garrafas de vidro se tornaram mais comuns e foram amplamente adotadas pelos vinhateiros. A necessidade de identificar o conteúdo destes vasilhames tornou-se imperativa.

A primeira forma de impressão destas etiquetas foi a Litografia. Uma matriz era entalhada na pedra. Depois, aplicava-se tinta e o papel. Totalmente manual. Os rótulos eram monocromáticos

Novos rumos só surgiriam com a criação da impressora mecânica, o que permitiu a produção em grandes volumes, aumentar a quantidade de informações impressas e a utilização de cores, imagens e outros recursos.

Basicamente, estes rótulos indicavam as uvas vinificadas, o nome do produtor e seus brasões ou medalhas. A ideia era diferenciar cada vinho dos seus concorrentes. Um marketing embrionário.

As informações, que hoje são obrigatórias, decorrentes das diversas legislações, só começariam a surgir nos anos 50. Deveriam deixar registrado onde foi engarrafado e por quem, safra, teor alcoólico, volume etc.

Atualmente os rótulos modernos são muito tecnológicos, com códigos “QR” e selos gravados a laser, buscando uma maior segurança contra fraudes e boa rastreabilidade.

Paralelamente, aquela primeira forma de marketing evoluiu muito. Os produtores perceberam que poderiam criar rótulos mais eficientes na arte de atrair os olhares dos clientes, resultando num aumento nas vendas.

As principais vinícolas do mundo começaram a contratar ou desenvolver internamente, designers capazes de criar os mais espetaculares rótulos. Nesta área, a criatividade é quase sem limites.

Um dos exemplos mais famosos são as etiquetas desenvolvidas para o Château Mouton Rothschild

A primeira experiência foi na safra de 1924, quando o artista Jean Carlu foi encarregado de desenhar o rótulo.

Passaram alguns anos até que o Barão Philippe Rothschild decidiu estabelecer uma tradição. A partir de 1945, um renomado artista foi chamado para ilustrar cada rótulo de safra produzida. Isto se tornaria a verdadeira identidade visual deste Château.

Entre os ilustres convidados vamos encontrar: Miró, Chagall, Picasso, Salvador Dali, Francis Bacon e muitos outros.

Uma das garrafas que ficou icônica foi a da safra de 2000. Em vez de ter um rótulo colado, ele foi esmaltado na garrafa. A imagem, era a de um carneiro, “mouton” em francês, reproduzindo uma pequena obra de arte, o “Carneiro de Augsburg”, criada em 1590 pelo ourives alemão Jakob Schenauer.

Para conhecer todos estes rótulos, acessem este link: Château Muton Rothschild (em inglês)

No Brasil já temos excelentes exemplos destes rótulos que atraem todos os olhares. Vanessa Medin e Vinha Unna (Instagram) são dois destaques.

A dica da Cave Nacional, de hoje, também traz uma interessante etiqueta.

Atire a primeira pedra quem nunca comprou um vinho pelo rótulo.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

SOZO – SOBREVIVENTE Montepulciano 2024

Já falamos aqui no blog sobre a Sozo, um projeto familiar que possui vinhedos próprios na região de Campos de Cima da Serra, RS. Recém-lançado, o Sozo Sobrevivente Montepulciano 2024 é uma referência a maior catástrofe climática do Rio Grande do Sul. Uva selecionada e colhida manualmente dia 07 de maio de 2024, após o evento, recebe este nome pois a despeito dos proprietários não acharem que as uvas sobreviveriam a chuva, a Montepulciano surpreendeu e rendeu vinhos!

Elaborado pelo método de baixa intervenção, sem aditivos enológicos, é um vinho não estabilizado e não filtrado, para preservar ao máximo os aromas e sabores da fruta. Possui coloração vermelha de intensidade média e aromas intensos e complexos, selvagens, de frutas vermelhas (framboesa, amora), especiarias, rosas. No paladar apresenta acidez média, taninos macios, frescor, sendo bastante equilibrado e harmônico, com uma longa persistência aromática.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de MV-Fotos por Pixabay

O que precisamos saber para beber um vinho?

Uma resposta, cheia de ironias, poderia ser algo como “manusear bem um sacarrolhas”.

Com o advento das tampas de rosca, a brincadeira fica meio sem graça.

O famoso crítico inglês, Hugh Johnson, num dos seus ótimos textos, afirmou que “o importante é apreciar o vinho”. Seu objetivo era chamar a atenção sobre o acachapante volume de informações que recebemos, diariamente, sobre vinhos e suas múltiplas facetas.

Os verdadeiros “influencers” nesta área são os críticos e jornalistas especializados, Sommeliers, vinhateiros que se tornaram celebridades e outros agregados.

E tome safra, castas, métodos de elaboração, tamanho de barricas e tipo de madeiras usadas, país, região, formato da garrafa e do seu fechamento, além da “pontuação”. Isto sem falar em aspectos mais técnicos, onde chegaríamos a discutir leveduras e tostas das barricas.

Ficou totalmente “over”. Um exagero de informações que nem o mais experimentado enófilo é capaz de lidar com tudo isto e produzir um resultado útil.

Perdemos muito tempo com todos estes aspectos e esquecemos o principal deles: o sabor, que vai estar diretamente ligado ao paladar de cada um, permitindo apreciar mais ou menos um bom vinho.

Treinar o paladar não é uma coisa difícil ou impossível de se fazer.

Um primeiro conselho é experimentar diferentes vinhos. Simplesmente se preocupem em gostar ou não do que estão provando. Não tentem identificar os aromas e sabores que estão descritos nas fichas técnicas ou contrarrótulos.

Pode ser uma tarefa muito complexa e vai tirar a nossa atenção para o que realmente importa: apreciar ou não o que estamos degustando.

Deixem que a capacidade de perceber aromas e sabores se desenvolva naturalmente. Existem vinhos que “gritam” algumas características assim que desarrolhamos a garrafa. Por exemplo, um Sauvignon Blanc. Se for chileno, vamos sentir o maracujá ou abacaxi, na hora. Aprendam desta maneira antes de se aventurarem em águas mais profundas.

Aqui vai um segundo conselho: não somos capazes de perceber, aromas ou sabores, que não conhecemos.

O valor das elaboradas descrições que acompanham algumas garrafas podem se tornar peças de ficção: se nunca provamos Alcaçuz, como vamos ser capazes de sentir sua presença?

Para apreciar um bom vinho basta a nossa vontade de abrir uma garrafa e servir, em voo solo ou em boa companhia.

O resto são detalhes.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Maria Maria Isabela Syrah 2023

Em 2006, Eduardo Junqueira Nogueira Junior, quinta geração de uma tradicional família de cafeicultores do Sul de Minas Gerais, sofreu um ataque cardíaco e precisou repensar seus hábitos alimentares. Seu médico receitou uma taça de vinho por dia e na sequência nasce a ideia de produzir seu próprio vinho. Murillo Albuquerque Regina, o grande pioneiro e desenvolvedor da atividade na região, o apresenta a técnica da dupla poda, que possibilita a produção de grandes vinhos em Minas Gerais.​

As primeiras mudas de Syrah, Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc foram encomendadas e no final de 2009 plantadas na Fazenda Capetinga. A ideia do nome Maria Maria veio através da amizade de Eduardo com Milton Nascimento, seu conterrâneo. Milton brincou com Eduardo, ”Eduardinho do céu, você é doido. Nunca ouvi falar em plantar uvas aqui no Sul de Minas”.

O Maria Maria Isabela Syrah safra de 2023 é um tinto com uma ótima coloração vermelho rubi de média intensidade, boa limpidez e brilho. Possui ótimo aroma de frutas vermelhas, especialmente amora, toque de cereja e goiabada. Em boca, mostra boa acidez, taninos marcantes em um corpo médio, com toque salino ao final. Vinho fácil de beber e pronto. Ele acaba de receber a maior pontuação de um vinho nacional pela Revista Decanter, 96 pontos.

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CRÉDITOS: Foto de abertura por Freepik

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