
A Merlot foi um dos personagens do texto anterior a este, que pegou uma carona no enredo do filme norte-americano, “Sideways”.
Logo após o lançamento desta comédia, que fez um grande sucesso em 2004, as vendas dos vinhos desta uva despencaram. Foi preciso algum tempo para se recuperarem.
Nunca foi intenção dos roteiristas criar uma situação como esta, era apenas uma forma de caracterizar bem um dos personagens. A ideia foi inspirada num dos preconceitos sobre esta casta: seus vinhos seriam para os iniciantes e não para Enófilos sérios. Uma grande bobagem.
O que poucos reconhecem é que a Merlot é uma casta muito importante e seus vinhos extremamente versáteis.
Vamos conhecer alguns fatos e curiosidades.
É a casta mais plantada na França. A região de St. Emilion é considerada como seu berço de origem.
Esta varietal é cultivada em larga escala em outros países da Europa, Américas, África e Oceania. No Brasil, é uma das castas tintas de maior sucesso.
Alguns vinhos franceses, elaborados com esta uva, se tornaram icônicos, como o citado Cheval Blanc ou o Petrus, um raro e espetacular 100% Merlot, elaborado na região de Pomerol.
Junto com sua meia-irmã, a Cabernet Sauvignon, formam a base do respeitado Corte Bordalês, imitado em todo o mundo.
Sua região de origem é cheia de boas e interessantes histórias. Embora não seja possível fixar uma época, é aceito que no quarto século do Império Romano (anos de 301 a 400 d.C), o poeta, vinhateiro e Cônsul do Império, Decimus Magnus Ausonius, ali residia e já produzia vinhos.
Tão importante quanto ele foi o monge Beneditino, Aemilianus, que habitava uma caverna na floresta de Cumbis no século VIII. Pouco a pouco, conseguiu erguer uma capela, que hoje está no centro desta cidade, a Igreja Monolítica. A cidade foi batizada em sua homenagem.
St. Emilion, considerada patrimônio da humanidade, é a mais antiga denominação produtora e exportadora de Bordeaux.
O Château Cheval Blanc se destaca por ser uma das propriedades pioneiras desta região, tendo sido estabelecida em meados do século XIV. Está sob o mesmo comando há mais de 150 anos. Seus vinhos são considerados entre os melhores do mundo. Tradicionalmente um corte de Merlot e Cabernet Franc, que é ajustado a cada safra.
O nome Merlot, aparentemente, deriva de Melro, um pássaro de penugem muito escura e semelhante à coloração da pele desta uva. Dizem os agricultores que as cultivam, que esta ave é uma grande apreciadora da frutinha.
Mas nem sempre foi chamada assim. Lá pelo século XIV era conhecida como “Crabatut Noir”. O novo apelido teria surgido no século XVIII.
Um bom Merlot é um vinho delicioso. Suas características organolépticas, muito mais suaves que a de um Cabernet Sauvignon, tornam seus vinhos muito agradáveis e fáceis de beber. Alguns detratores, como o personagem do filme, afirmam que é um vinho para as damas.
Outra característica destes vinhos é sua versatilidade para harmonizar com diversos tipos de alimentos. A lista é grande. Os de corpo mais leve podem ser acompanhados por aves, suínos, massas, pizzas e até hambúrgueres. Já os mais encorpados e alcoólicos, vão bem com carnes vermelhas e pratos mais robustos e bem condimentados.
Os melhores queijos para acompanhar este vinho são o Gouda, o Brie e os queijos de mofo azul.
Dependendo da forma de cocção, um St. Emilion pode acompanhar peixes e frutos do mar.
Um velho mito afirma: “Na dúvida sobre o que servir, escolha um Merlot”. Melhor, ainda, prefiram um Saint Emilion.
Além do vinho já citado, são igualmente famosos os seguintes Châteaux: Ausone, Angelus, Pavie, Canon, Troplong Mondot, Le Tertre-Roteboeuf, Valandraud e o Clos Figeac,
Façam suas escolhas.
Saúde, bons vinhos!
Dica da Karina – Cave Nacional

Uma das mais icônicas vinícolas do Brasil, a história do Miolo Wine Group se inicia com a chegada de Giuseppe no Brasil em 1897. Uma das fundadoras do projeto Wines of Brasil, a Miolo é a maior exportadora de vinhos do Brasil e a mais reconhecida no mercado internacional. A produção dentre as 4 vinícolas do grupo soma, em média, 10 milhões de litros por ano numa área cultivada de vinhedos próprios com aproximadamente 1.000 hectares.
O Sesmarias é seu vinho mais icônico (e talvez um dos principais grandes vinhos brasileiros), produzido com uvas cuidadosamente desengaçadas não sofrendo esmagamento e a remontagem é feita com o rolamento da própria barrica. O vinho não sofre qualquer tratamento de colagem ou filtração.
É o primeiro tinto elaborado no Brasil com fermentação integral em barricas de carvalho, conferindo elegância e sabor ímpar ao vinho. Elaborado com as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Tannat, Tempranillo e Touriga Nacional. Um vinho de elevada intensidade cromática, vermelho escuro profundo mesclado com importante matiz de tom violáceo. Aroma intenso e com várias camadas que vão do floral de violeta, passando pelas frutas negras maduras, até as notas de especiarias e balsâmicas. Apresenta-se denso, untuoso, altamente estruturado com taninos sedosos e acidez refrescante, proporcionando um retrogosto bastante prolongado.
Preço unitário em 07/08/2025 – R$ 1.134,00
A Cave Nacional envia para todo o Brasil.
CRÉDITOS: Foto de abertura obtida no site da vinícola Château Cheval Blanc