Categoria: Castas (Page 1 of 9)

Estamos em busca de inovações?

Um grande amigo e eventual colaborador deste blog, P.A.S., nos propôs uma interessante questão:

Ainda seria possível degustar algum vinho obtido de vinhas pre-filoxera, para comparar com os atuais?”

A resposta óbvia seria um retumbante “não”.

Pensando bem, ainda existem muitos vinhedos em “pé franco” com vinhos sendo elaborados com seus frutos. Alguns países se destacam neste cenário, como Portugal com seus Vinhos do Porto ou com os Vinhos de Colares, e o Chile, um país onde praticamente a filoxera não chegou. Existem outros.

O grande problema é obter o efeito comparativo: seriam estes vinhos elaborados da mesma forma como eram antes da praga?

E com os grandes vinhos, como os Bordaleses: ainda seria possível estabelecer esta comparação?

A resposta que o amigo busca é saber se estes vinhos de antigamente seriam superiores aos atuais ou, em outras palavras, se a parreira enxertada é tão boa quanto a original, sem enxertos?

Podemos simplificar mais um pouco esta dúvida: o vinho moderno é melhor, pior ou igual ao vinho antigo?

Ah! Voltamos ao eterno embate entre tradição e modernidade que marcou o Século XX, com todas as manifestações culturais, ditas “modernistas” e amplamente criticadas por diversos segmentos mais conservadores da sociedade. O vinho também é cultura e foi incluído neste balaio.

Curiosamente, neste Século XXI, continuam as discussões entre os grupos que preferem uma vida mais moderna e os que ainda vivem à moda antiga. Ambos consomem vinho, ainda bem!

A evolução da ciência e seus métodos viraram o grande vilão. “Tudo deveria acontecer de modo natural”, dizem uns. “A tecnologia explica tudo”, retruca o outro grupo.

Ninguém questiona que, ao fermentar um mosto de uvas, vamos obter um vinho, em algum momento. Isto não mudou. Mas a tecnologia nos permite fazer bebidas mais seguras atualmente.

Aumentaram os controles sobre os diversos processos. Existem recipientes adequados para cada etapa, inclusive para distribuição e venda: garrafas são consideradas “modernas”!

O debate sobre os recipientes para elaboração e guarda dos vinhos é muito antigo e, de certa forma, desconcertante.

Um simples exemplo: as barricas de madeira foram criadas para transportar o vinho e não para melhorá-lo, como é atualmente.

Em um texto anterior a este, afirmamos que as tradições seriam um dos grandes trunfos do vinho. Mas são tradições revestidas de modernidade. Há muita ciência e tecnologia embutida na elaboração dos vinhos atualmente, inclusive no campo. A enxertia é uma delas …

Então, podemos levantar nova dúvida: O que é verdadeiramente tradicional no mundo do vinho?

Alguns fatos são muito famosos e se destacam neste nicho dos grandes vinhos. Um deles fala dos tradicionalíssimos vinhos de Bordeaux, uma referência para todos: o corte Bordalês é reproduzido por vinícolas em todo o planeta.

Além disto, reza outra “tradição” que, na margem esquerda do rio Garona predomina a casta Cabernet Sauvignon e na margem direita é o território da Merlot.

Só que não é bem assim. Se formos pesquisar direitinho, fazendo uma linha do tempo, vamos descobrir algumas surpresas.

Voltemos aos tempos napoleônicos e sua classificação das regiões bordalesas, em 1855. A Filoxera ainda não tinha chegado a Europa e não havia nenhuma predominância de castas, em qualquer das margens. Esta segmentação só ocorreu após o replantio por conta da praga que dizimou os vinhedos.

Bela “tradição”…

Neste complexo cenário vínico, cheio de histórias que se assemelham a lendas e outros encantos, ainda há muito a ser estudado e compreendido. Tradição e modernidade se fundem, em diversos momentos, como uma simbiose. Desde muito tempo atrás é difícil separar uma da outra.

Para não deixar a primeira pergunta de P.A.S. sem resposta, acreditamos que não conseguiríamos degustar um vinho daquele tempo. Segundo relatos confiáveis, sejam obtidos na literatura mundial ou nos registros históricos de produtores centenários, aqueles vinhos se assemelhavam a um vinagre. Eram ácidos, com pouca estrutura e corpo, quase ralos. Sabores fortemente herbáceos, na maioria das vezes.

Deveriam ser consumidos logo após sua elaboração. Não existiam conservantes para que durassem um par de dias, pelo menos.

Da mesma forma que manifestações culturais evoluiriam e se mantiveram atuais, como artes plásticas, música, teatro, cinema e literatura, o vinho trilhou este mesmo caminho, bebendo em diversas fontes de sabedoria para chegar aonde está hoje.

Pensem nisto tudo e tirem suas próprias conclusões.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Capoani – Riesling Renano 2022

Vinícola construída por imigrantes italianos, os Capoani plantam uvas no Vale dos Vinhedos desde a década de 70.  Esse Riesling Renano é produzido pelo método de crioextração (também conhecido por icewine ou eiswein), onde as uvas são congeladas para se obter maior concentração de dulçor e sabor no vinho pronto. A intensidade do aroma é notável, destacando-se por notas florais, casca de limão, pêssego, damasco e a delicada nota de geleia de marmelo, acentuada pelo processo de congelamento. Com o envelhecimento, evolui para aromas químicos e minerais.

Para adquirir este vinho, clique no nome ou na foto.

A Cave Nacionalenvia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de hcdeharder por Pixabay

7/11 – Dia Internacional da uva Merlot

Algumas castas viníferas são consideradas tão importantes que acabam sendo celebradas numa data especial do nosso calendário.

Se fôssemos comemorar todas elas não haveria datas suficientes. Ter um dia só para lembrar que esta uva existe e produz ótimos vinhos é muito especial.

Mais conhecida por ser uma das famosas castas de Bordeaux, tem uma história bem interessante. Um dos primeiros registros sobre sua existência data de 1783, na região de Libourne, França: “Merlau … fait un vin noir et excellent, et il abonde dans un bon terrein”.

Traduzindo para o nosso idioma: “Merlau … faz um vinho escuro e excelente, e ela abunda em um terreno fértil”. Reparem na denominação desta casta, então: “Merlau”.

Teve a grafia de seu nome alterada para “Merlot” após 1824, se tornando homônima a de um pássaro, o Melro, que é um grande apreciador das bagas desta uva.

Com os avanços das pesquisas por DNA, um grupo de cientistas conseguiu traçar um perfil genético desta varietal em 1990, que demonstrou ser filha da Cabernet Franc e mãe desconhecida. Somente em 2009 conseguiram identificar, num grupo de uvas pouco conhecidas, que eram cultivadas desde a idade média em diversas regiões francesas, um perfil que se encaixava com o da Merlot.

Eram castas de maturação precoce que recebiam um nome genérico de “Magdeleine” (madrugadoras). Por ser a mãe da Merlot, foi denominada como “Magdeleine Noire des Charentes”.

A Merlot é meia irmã da Cabernet Sauvignon, da Carménère e da Malbec, pelo menos. Uma família importante para o mundo do vinho e muito significativa para os produtores sul-americanos.

Está plantada nos quatro cantos do mundo. Sua área cultivada no país de origem é maior que a da Cabernet Sauvignon.

Embora seja considerada, por alguns elitistas, como uma casta coadjuvante no corte bordalês, a realidade pode ser bem diferente. Por ter uma característica mais frutada e taninos bem suaves, seus vinhos podem ser consumidos ainda bem jovens. Brilha, também nos cortes agregando um pouco mais de açúcares ao mosto, o que permite teores alcoólicos mais elevados. Funciona como um revestimento para a estrutura vínica de um Cabernet, por exemplo, acrescentando uma boa suavidade.

Na eterna e simpática rixa entre a margem esquerda e a margem direta, em Bordeaux, ela sai “ganhando de lavada” como diríamos por aqui. Um dos vinhos mais famosos, espetaculares e caros, o Château Pétrus, elaborado em Pomerol, é um Merlot, muitas vezes 100%, dependendo da safra.

Esta casta se adaptou perfeitamente às incomuns condições climáticas da nossa região sul, tendo sido o esteio de nossa produção vinícola. Não se enganem, há grandes vinhos com esta casta por aqui.

Se hoje já temos uma produção digna de prêmios internacionais e um considerável aumento no consumo interno, é porque devemos muito a esta versátil uva.

Palmas para a Merlot!

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Iribarrem – Reserva Touriga Nacional 2022

A Bodega Iribarrem nasceu em 2020 quando colheu sua primeira safra de Chardonnay. Localizada no Vale dos Vinhedos, a vinícola está aberta para visitações desde 2024 e atua na produção de vinhos de alta gama. O Iribarrem Reserva Touriga Nacional 2022 permaneceu por 18 meses em barricas de carvalho francês. Possui cor intensa, dono de um tom vermelho púrpura. No nariz é desafiante e rico em sensações de café, chocolate, uvas passas, ameixas secas e alcaçuz. No paladar marcante, taninos firmes e uma rusticidade natural. Para comprar este vinho clique no nome ou na foto.

A Cave Nacional envia para odo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de abertura por Vinícola Costers del Sió – Espanha

Degustamos 6 Pinot Noir brasileiros

A Cave Nacional, uma empresa especializada em vinhos brasileiros aqui no Rio de Janeiro, promove regularmente degustações comparativas muito interessantes.

Nesta oportunidade, prepararam um “flight” com vinhos elaborados com a Pinot Noir, contemplando seis “terroirs” diferentes: cinco do Rio Grande do Sul e um de Santa Catarina. Além das diferentes regiões, cada produtor optou por um método de elaboração.

Chama a atenção a escolha desta casta, tida por todos como a mais importante e temperamental varietal tinta. Com ela são produzidos os famosos vinhos da Borgonha, entre eles o icônico Romanée-Conti, bem como os melhores Champagnes do mundo, quando é vinificada em branco.

Para os menos atentos, pode parecer exótico que esta uva seja produzida no nosso país. Mas é fácil entender as razões: também produzimos ótimos espumantes!

Implantada, aqui, nos anos 70, esta casta é de difícil manejo e adaptação ao nosso clima mais úmido. Mesmo assim, mestres da vinificação conseguiram dominá-la, elaborando produtos de alta qualidade.

Apresentamos os vinhos degustados e nossos comentários, na ordem em que foram servidos.

1 – Peruzzo 2022 (Campanha Gaúcha)

Ficha técnica resumida: “Um Pinot de boa complexidade. Traz no nariz os aromas de frutas vermelhas como morango e cereja seguindo com especiarias como pimenta preta e cravo além de notas terrosas. Na boca acidez marcante e taninos bem macios trazendo um final de eucalipto.”

Este vinho não passa por madeira. As notas frutadas sobressaem no olfato e no paladar. Perfeito para uma degustação informal.

2 – Pericó Basaltino 2021 (SC)

Ficha técnica resumida: “Elegante, com notas expressivas de amora, ameixa, mirtilo e cereja e notas discretas de pimenta rosa e baunilha, que se entrelaçam com os taninos macios devido à permanência em barricas francesas, tornando-o um vinho envolvente e harmônico.”

Um dos vinhos que mais agradou aos participantes deste evento. Os descritores mencionados são percebidos com facilidade. Muita mineralidade devido ao solo basáltico, que dá nome ao vinho.

3 – Antônio Dias Crespim 2022 (Alto Uruguai)

Ficha técnica resumida: “Aromas de frutas secas, chocolate e especiarias. Na boca, apresenta-se leve, com taninos macios. Amadureceu por 4 meses em barris de carvalho francês de primeiro uso.”

Escolhido ao final da degustação como o melhor de todos. Muito bem vinificado, com excelente tradução do terroir onde é produzido.

4 – Casa Eva 2023 (Flores da Cunha)

Ficha técnica resumida: “Apresenta complexo aroma de frutas vermelhas, como cereja e ameixa passa, com leves notas de damasco e especiarias como o cravo. Em boca tem bom volume, com taninos macios e acidez sutil, retrogosto longo e marcante. 6 meses em barricas de carvalho francês e americano (50%/50%).”

Uma verdadeira bomba de frutas no olfato e no paladar. Foi o vinho mais criticado, com observações como ‘bala tutti-frutti’ ou ‘gelatina de framboesa’. Apesar das críticas, é um vinho bem elaborado. Talvez sua juventude tenha influído no resultado. Alguns anos em garrafa lhe farão muito bem.

5 – Torcello 2022 (Vale dos Vinhedos)

Ficha técnica resumida: “Aroma de frutas vermelhas como cereja, framboesa e morango mescladas com um leve toque de caramelo e chocolate. Em boca apresenta-se em harmonia, com acidez equilibrada e taninos elegantes.”

Um vinho bastante atípico para as características tradicionais desta casta. A coloração mais fechada já era um primeiro sinal. Esta vinícola tem como método de trabalho usar barricas de carvalho americano. A presença de madeira era evidente, mascarando outras notas típicas da Pinot.

6 – Manus 2023 (Encruzilhada do Sul)

Ficha técnica resumida: “Notas terrosas, frutas vermelhas como cereja, framboesa, também chocolate amargo, notas de baunilha e especiarias. Em boca é persistente, equilibrado, com taninos macios e excelente acidez.”

Este foi o vinho que mais nos impressionou. Apesar da safra recente, suas notas aromáticas eram muito difíceis de serem percebidas. Demorou muito para “abrir”. A grande surpresa estava no palato, um delicioso leque de sabores que surpreendeu a todos. Um belo investimento para quem aprecia este estilo.

Foi uma grande oportunidade para aprender mais um pouco sobre a Pinot Noir, os diferentes “terroir” e métodos de elaboração em uso no Brasil. Não havia dois vinhos iguais ou parecidos. Cada um tinha sua personalidade, dividindo as opiniões dos presentes. Todos com muita qualidade.

Entre os melhores o Antônio Dias teve o maior número de votos, seguido pelo Torcello. A única unanimidade foi o Casa Eva.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Antônio Dias Crespim – Pinot Noir 2022

ANTÔNIO DIAS CRESPIM, é uma homenagem ao patriarca da família, que inspirou o nome da Vinícola. Este vinho vem para enaltecer a história da família e a expressão do terroir do Alto Uruguai.

De coloração rubi de média intensidade, característico desta uva. Aromas de frutas secas, chocolate e especiarias. Na boca, apresenta-se leve, com taninos macios.

Amadureceu por 4 meses em barris de carvalho francês de primeiro uso.

Produção: Foram elaboradas 1.332 unidades.

Para comprar este vinho, clique no nome ou na foto. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

Tipo e tamanho da taça fazem diferença?

Uma das primeiras lições sobre vinhos nos explica que existem taças, bem diferentes, para vinhos brancos e para vinhos tintos.

As taças para tintos são maiores e mais bojudas, permitindo um melhor contato com o ar, o que libera rapidamente aromas, além de permitir uma boa percepção das tonalidades. Para os brancos, as taças são mais esbeltas e menores. Estes vinhos não são tão dependentes da interação com o ar para mostrar seu potencial.

A ilustração, acima, passa uma boa ideia sobre esta diferença de tamanho. São taças de um mesmo fabricante, a Zalto. A maior é denominada “taça tipo Bordeaux”. Esta é a que encontramos, habitualmente, nos restaurantes, nos mercados e em nossas casas.

Cada fabricante tem seu próprio design, havendo ligeiras variações de formato e tamanho das hastes. A grande dúvida, que originou este texto, é que apesar desta simplicidade de propósitos, existem outros formatos de taças para tintos e para brancos. A mais famosa delas é a “taça tipo Bourgogne”.

Reparem que é bem mais bojuda que a anterior, permitindo um contato ainda maior com o ar.

Bordéus e Borgonha são as regiões francesas mais famosas na elaboração de tintos. São vinhos bem diferentes.

O corte bordalês é mais encorpado, com coloração mais densa e taninos marcantes. Na Borgonha são elaborados os não menos famosos Pinot Noir, vinhos de uma coloração muito pálida, pouco tânicos, mas com aromas e sabores únicos.

Teoricamente, cada um destes vinhos precisa ser tratado, na taça, de uma forma singular. Foi pensando nisto que, em 1958, um fabricante começou a desenvolver formatos específicos para cada tipo de casta vinificada. São diversas variações que envolvem volumetria, tamanho da boca, altura da haste e até pequenos detalhes como o formato da borda.

Será que um simples mortal, degustador de bons vinhos, será capaz de perceber estas “vantagens” de apreciar cada vinho em uma taça dedicada?

A taça Bordeaux, padrão, é usada para diversos outros vinhos: Brunello di Montalcino, Chianti, Riojanos (Tempranillo), Merlot, Syrah e Cabernet Franc, são alguns deles. A taça para Pinot é mais exclusiva, mas pode ser usada para qualquer vinho.

Para os vinhos brancos também existem taças para as castas mais tradicionais como Chardonnay e Riesling. E o que falar sobre espumantes? Pelo menos três formatos continuam disputando preferências até hoje: a coupe, a flute e a tulipa.

Para sair deste verdadeiro imbróglio, o melhor caminho é experimentar. E sejam mente aberta nesta hora.

Aqui vai uma boa sugestão para começar: pegue uma garrafa do seu vinho predileto e deguste-o em diferentes taças. Pode usar as de vinho branco, as de espumante e até mesmo o velho e manjado “copo americano”.

Encontrando diferenças significativas, já sabem como proceder. Se não mudou nada, que fique como está.

Se for o caso, contem para a gente.

Saúde e bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Vivi Rose 2023 – Cave Nacional

Hoje apresentamos o Vivi Rosé, mais um vinho exclusivamente vinificado para a Cave Nacional. Feito tem parceria com André Larentis, enólogo da Vinhos Larentis, é a terceira edição, lançada em 2023. De coloração salmão límpido e brilhante. Apresenta intensas notas de frutas vermelhas silvestres, e finas notas florais com um toque mineral. No paladar possui bom volume, equilibrado, aveludado e refrescante.

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CRÉDITOS:

Imagem de abertura por macrovector no Freepik.

Taças – obtidas no site da Zalto

Por que “Uvas Nobres”?

É quase surreal que num Brasil, onde impera uma horda de políticos absolutamente incorretos que adoram legislar sobre o politicamente correto, alguém se atreva a escrever sobre “uvas nobres”, sugerindo que existe algum tipo de discriminação até no mundo dos vinhos.

O mais curioso é que num universo de 15.000 uvas viníferas, apenas seis receberam o apelido de nobres: as brancas Chardonnay, Riesling e Sauvignon Blanc e as tintas Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir.

Honestamente, esta “Corte”, em outros cenários, não seria nem digna de atenção. Mas, entre os apreciadores do vinho, é muito difícil encontrar alguém que ainda não tenha provado qualquer uma delas. É um conhecimento básico.

Entretanto, esta não é a razão pela qual receberam algum título de nobreza.

Aqui estão mais alguns fatos sobre este grupo: cinco são francesas e uma alemã, que tem um pezinho na França desde a anexação da Alsácia.

Todos sabemos que havia casamentos entre as diversas famílias reais da Europa, principalmente para “manter tudo sob controle” ou, numa linguagem mais diplomática, “para formar alianças estratégicas”. Não é o caso das nossas viníferas.

Algumas destas castas estão plantadas nos quatro cantos do mundo, o que poderia explicar esta improvável nobreza. Afinal, nobres eram grandes conquistadores de territórios e, se não o fizeram pessoalmente, pelo menos financiaram tais conquistas.

Uma destas nobre castas, a Pinot Noir, desmente esta possibilidade. Mesmo em seu país de origem é uma uva de difícil cultura, exigindo um terroir muito específico e complicado de reproduzir em outros países.

Para encontrar a origem deste apelido para este grupo de videiras, temos que olhar justamente para o país que mostrou as virtudes do vinho como uma bebida de nobres, luxuosa e desejada, para o resto do mundo: a França.

A imagem da monarquia francesa sempre foi de uma vida opulenta, magníficos castelos, festas intermináveis, alta gastronomia e tudo regado por bons vinhos. Até 14 de julho de 1789…

Mas, degustar vinhos de qualidade nunca deixou de ser um ato nobre e, não se pode negar: os elaborados com qualquer destas seis castas são os mais fáceis de beber. Talvez tenham sido os primeiros a serem provados e acabaram fisgando cada um de nós.

Se, atualmente, encontramos estas uvas e seus vinhos espalhados em todos os continentes, devemos isto a vinhateiros franceses que se dedicaram a levar mudas destas videiras originais e não só replantá-las em outros países como ensinar a elaborar vinho com elas.

Isto é a verdadeira nobreza.

Foram os primeiros grandes marqueteiros, exportando a cultura do luxo, gastronomia, ciência, moda e tudo mais que admirávamos na monarquia francesa.

Nobres sim, pelas razões corretas.

Se gostamos de vinhos hoje, devemos à França.

Vive la France!

Dica da Karina – Cave Nacional

Máximo Boschi – BIOGRAFIA EXTRA BRUT 2017

Espumante elaborado pelo Método Tradicional. De coloração amarelo levemente dourado, límpido brilhante e com borbulhas finas e persistentes.

Aroma elegante, frutas extremamente maduras, amêndoas e nozes, com equilibrada manteiga e chocolate branco.

Persistência longa, perfeitamente harmônico, com a acidez equilibrada. Retrogosto complexo e equilibrado. Maturou sobre as leveduras após a segunda fermentação (sur lie) por 40 meses.

Para adquirir este espumante, clique no nome ou na foto.
A Cave Nacional envia para todo o Brasil

CRÉDITOS:

Imagem de abertura por pvproductions no Freepik

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