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Semana dos Vinhos do Tejo 2016

A Grande Prova Anual dos Vinhos do Tejo (2016) acontece neste mês de fevereiro nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Participamos do evento no Rio, ocorrido no dia 23/02, num dos salões do elegante Iate Clube, na Av. Pasteur. Organização impecável a cargo da Wine Senses – Caravana dos vinhos do Tejo, Comissão Vitivinícola da Região do Tejo e Wines of Portugal.

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Mais de 100 rótulos, entre espumantes, brancos, rosés e tintos estavam à disposição do público convidado, além de uma Master Class, sempre um atrativo à parte. Pena que os lugares se esgotaram rapidamente, mesmo antes da divulgação do convite oficial (que nem a mencionou), tudo por conta das redes sociais (Facebook) onde a simples menção da aula fez os convites se acabarem num clique do mouse, com 1 ano de antecedência. Uma lástima…

Quinze vinícolas participaram desta edição:

Adega Cooperativa do Cartaxo – fundada em 1954, produz cerca de 7 milhões de litros por ano;

Agro Batoreu – vinícola familiar, operando desde 1860, produz 200.000 litros de vinhos tintos e 50.000 litros de vinhos brancos por ano;

Casa Cadaval – fundada em 1648, sempre produziu vinhos a granel. Somente a partir de 1994 passou a engarrafar seus produtos;

Casal da Coelheira – uma das mais premiadas de Portugal, alia tradição e modernidade;

Companhia das Lezírias – fundada em 1836, está localizada dentro de uma floresta e mantém um extremo cuidado com meio ambiente e diversidade;

Encostas do Sobral – empresa recente (1999), explora um ótimo terroir obtendo vinhos que foram muito premiados em concursos internacionais;

Enoport – formado por diversas adegas tradicionais é hoje um dos maiores grupos produtores do país, com reconhecimento internacional;

Fiuza & Brigth – nascida em 1985 é uma parceria entre a família Fiuza e o enólogo australiano Peter Bright;

Quinta da Alorna – estabelecida em 1723 por D. Pedro Almeida, vice-rei da Índia e Marquês da Alorna. Exporta para 28 países;

Quinta da Badula – empresa familiar que busca caminhos bem tradicionais na elaboração de seus vinhos como o “pisa a pé”, mas em tanques de inox;

Quinta do Casal Branco – desde 1775, sempre uma pioneira em inovação. Foi a 1ª vinícola da região a usar vapor como forma de energia (1817);

Quinta Casal do Conde – uma das maiores produtoras da região com processos sempre atualizados; Quinta do Casal Monteiro – desde 1928 transformando amor e arte em grandes vinhos;

Quinta da Lapa – estabelecida em 1733, são 300 anos de tradição. Uma das Quintas mais bonitas desta região;

Pinhal da Torre – utiliza métodos biodinâmicos e apenas castas portuguesas. Vinhos muito elegantes.

As principais castas desta região, antigamente denominada Ribatejo, são as tintas Touriga Nacional; Trincadeira; Castelão; Aragonez; Cabernet Sauvignon e Syrah. Entre as brancas destacam-se: Fernão Pires; Arinto; Alvarinho; Chardonnay e Sauvignon Blanc.

O terreno está divido em 3 regiões distintas, cada um produzindo vinhos de características marcantes:

Campo – corresponde a solos mais férteis junto a ambas as margens do Tejo. Clima moderado e úmido;

Bairro – situado na margem direita do Tejo, imediatamente depois da “Campo”. Os solos podem ser argilo-calcáreos ou xistosos;

Charneca – situa-se na margem esquerda do Tejo, imediatamente após o “Campo”. Solos arenosos e secos.

A qualidade dos vinhos provados nos encantou, mas era impossível experimentar todos.

Eis os nossos destaques: Enoport Quinta de S. João Batista Seleção Especial – 100% Touriga Nacional;

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Quinta do Badula Branco – Fernão Pires e Moscatel Graúdo;

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Casa Cadaval – ótimo espumante Tuisca, 100% Pinot Noir;

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Bons vinhos e Saúde!

Vinho da Semana: outro ótimo branco provado na degustação.     

Vinho

Casal da Coelheira Branco 

Interessante corte de 80% Fernão Pires e 20% Chardonnay.

Boa intensidade aromática, com fruta tropical expressiva, mas sem esconder os aromas mais quentes do Chardonnay.

Na boca sente-se a fruta e uma boa acidez, dando frescura e vivacidade, num estilo muito aromático e persistente.

Harmoniza com peixes e mariscos.

Festivais do Vinho em 2016

Mesmo em tempo de vacas macérrimas, sonhar não custa nada. O tema vínico de hoje é uma pedida antiga de alguns leitores que, como eu, sonham em viajar o mundo em rotas de enoturismo.
Selecionamos alguns roteiros com os melhores festivais do vinho, sem esgotar o assunto. São festas bem conhecidas. Em qualquer delas, diversão garantida.

FEVEREIRO/MARÇO – Festa da Uva, Caxias do Sul
Tradicionalíssimo evento brasileiro, cheio de atrações. Celebra a pujança e o êxito do imigrante italiano naquela região: sem eles não existiria o vinho brasileiro.
Neste ano o evento acontece entre os dias 18/02 e 06/03.
Bom programa!

MARÇO – Festa da Vindímia em Mendoza
Tendo como ponto central o espetacular evento que ocorre no Teatro Grego (sábado 5 de março), esta festa começa realmente no mês de fevereiro onde se pode participar de uma colheita ou do início de uma vinificação.
O enoturismo na Argentina é muito bem desenvolvido e a maioria das vinícolas têm orgulho em receber visitantes e fazê-los se sentir em casa.
Degustações em todos os lugares, difícil não passar da conta…
A celebração principal é um espetáculo gigantesco que acontece num teatro ao ar livre especialmente projetado para isto: são 22 mil lugares.
Imperdível!
Reservem com muita antecedência, a cidade fica lotada.

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MARÇO/ABRIL – Festas da Vindímia no Chile
São divididas pelos diversos vales produtores. Quase todas as vinícolas participam de eventos que incluem atividades populares, demonstrações gastronômicas e grandes degustações de vinho.
O portal turístico oficial do Chile apresentou a seguinte programação:

Festa da Vindima do Vale de Colchagua (7-9 de março)
A festa se realiza na Praça de Armas de Santa Cruz, o epicentro de todas as atividades vitivinícolas que se realizam durante o ano no Vale de Colchagua.

Festa da Vindima do Vale de Curicó (27-30 de março)
É a mais antiga festa do Chile com estas características que se celebra na cidade de Curicó, localizada a 190 km ao sul de Santiago.
Um dos pontos altos desse encontro é a pesagem da rainha da festa, colocando-a num lado da balança, e do outro lado garrafas de vinho. Além disto há uma fonte em que a água é substituída por vinho.

Festa do Vinho em Pirque (4-6 de abril)
A pequena cidade de Pirque (a 45 minutos do centro de Santiago) faz parte do Vale de Maipo, de onde provêm os mais clássicos Cabernet Sauvignon do Chile. Participam vinícolas como Cousiño Macul, Concha e Toro, Haras de Pirque e Pérez Cruz, entre outras.

Festa da Vindima Casablanca (12-13 de abril)
Casablanca fica localizada a 40 km a oeste de Santiago. Este ano participarão mais de 10 vinícolas e, no evento, poderão ser degustados seus Sauvignon Blanc, Pinot Noir, Syrah e outras variedades de tintos. Cada vinícola terá um ponto de degustação e venda de seus vinhos, além de um balcão exclusivo para os espumantes do Vale.
(Existe uma divergência entre as datas sugeridas no portal de turismo e os sites de algumas operadoras de enoturismo. Confirmem antes de decidir viajar)

ABRIL – Adegas Abertas na cidade de AHR, Alemanha
Evento de um único dia. Neste ano será no sábado 16/04. 15 produtores abrirão suas portas para receber os visitantes.
Cursos, degustações, entre outras atividades, estarão disponíveis para os que apreciam os famosos Spätburgunder (Pinot Noir) da região.

JUNHO – Festival do Vinho de Bordeaux
São 4 (quatro) dias de festas entre os dias 23/06 e 26/06. O evento mais interessante é a feira a céu aberto. São 2 Km ao longo do rio Gironde, uma verdadeira rota do vinho, com diversos expositores.

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JUNHO – Batalha do Vinho – Haro, Espanha
Este evento é para quem gosta de se lambuzar de vinho. Vale tudo para encharcar quem está ao alcance de garrafas, jarros, galões e até pistolas de água carregadas com vinho.
Festa tradicionalíssima que é conhecida nos quatro cantos do planeta.
Celebra-se no dia 29/06.

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JULHO – Festa do Vinho Californiano em Santa Bárbara
Comemora seu 13º ano entre os dias 13/07 e 16/07. Em 2014, esta festa ganhou um prêmio da revista Trip Advisor. São mais de 70 vinícolas apresentando seus produtos na orla da praia, num cenário de tirar o fôlego. Os ingressos para os jantares oficiais, cursos e degustações dirigidas, são disputadíssimos.
Aliás, os EUA são pródigos neste tipo de festivais. Há para todos os gostos, inclusive alguns no inverno.

Boa viagem e ótimos vinhos!


 

Vinho da Semana: a dica foi rebatizada! Para celebrar isto, uma boa escolha.

Armador Sauvignon Blanc 2014 – $ – COMPRE AQUI
Notas herbáceas e cítricas dominam os aromas.
Em boca é fresco e mineral, com concentração dos sabores cítricos.
Harmoniza com saladas verdes, peixes leves e crustáceos grelhados, e queijos de cabra.

Istituto del Vino Italiano di Qualità – Grandi Marchi

Este evento, uma degustação de grandes rótulos italianos, ocorreu no dia 18/07/2013 nos salões do tradicional Hotel Copacabana Palace. A equipe do Boletim estava presente.
 
 
Este Instituto é composto por importantes famílias produtoras e tem por objetivo promover e desenvolver o vinho italiano de qualidade. Na versão carioca desta degustação estavam presentes 11 produtores conhecidos internacionalmente:
 
Ambrogio e Giovanni Folonari Tenute (Toscana);
Antinori (Toscana);
Carpené Malvolti (Vêneto);
Donnafugata (Sicilia);
Masi (Vêneto);
Mastroberardino (Campania);
Michele Chiario(Piemonte);
Pio Cesar (Piemonte);
Rivera (Puglia);
Tasca d’Almerita (Sicilia);
Umani Ronchi (Marchi).
 
Para os menos avisados, alguns desses produtores são considerados os ‘Reis’ de suas especialidades. Por exemplo, Pio Cesar é o Rei do Barolo; Masi o Rei do Amarone; Mastroberardino o Rei do Taurasi. Antinori é considerado como o mais importante produtor de vinhos da Itália, junto com Gaja.
 
Diante desta proposta as nossas expectativas eram grandes. Chegamos logo no primeiro horário e iniciamos os trabalhos com um bom Prosecco da Carpené Malvloti. O próximo passo era decidir para que lado seguir. Algumas mesas, como as de Masi e Antinori eram quase impossíveis, gente demais num tamanho assédio que chegamos a ficar com pena dos demonstradores que se desdobravam para atender a todos. Partimos em busca das mesas vazias de produtores menos conhecidos por estas bandas, mas com excelentes vinhos. Uma delas foi a Rivera com seus deliciosos Primitivos, ainda sem representação no Brasil.
 
Conseguimos, com algum esforço, degustar vinhos de Antinori, Masi, Mastroberardino e Pio Cesare. Eis um resumo:
 
– Bramito del Cervo Chardonnay 2011 e Pian Delle Vigne 2007 Brunello di Montalcino (Antinori);
 
– Campofiorin Ripasso 2008 e Costasera Amarone (Masi);
 
– Fiano di Avelino DOCG 2011, Greco di Tufo DOCG 2011, Lacryma Christy del Vesuvio Ross DOC 2001 e o Radici Taurasi DOCG 2007 (Mastroberardino);
 
– Barolo Ornato 2007 e 2008, Barbaresco 2007.
 
Estes vinhos têm preços acima de R$ 150,00, chegando a R$ 500,00 em alguns casos.
 
Foi espetacular, apesar do excesso de convidados.
 
Dica da Semana: um bom italiano da Sicília
 
Sherazade IGP 2011
Produtor: Donnafugata
Casta: Nero d’Avola
A Família Rallo criou o projeto Donnafugata em busca da qualidade máxima. Com muita competência, os Rallo elaboram vinhos modernos e sofisticados com as uvas autóctones como a Ansonica e Nero D’Avola, a uva tinta mais representativa da Sicília.
Harmoniza bem com entradas, saladas verdes, pratos à base de peixes e crustáceos, massas com molho de tomate e queijos de média maturação.
 

Em Petit Comité

Era pequeno mesmo e bem que o título de hoje poderia ser substituído por “A Dois”. Éramos eu e minha esposa, só. Temos esta cumplicidade e o gosto por bons vinhos e boa gastronomia. Sempre que viajamos ficamos atentos às novidades em ambos os campos.
 
Uma das viagens de maior expectativa e que resultou num programa totalmente diferente do que pretendíamos foi uma viagem ao Chile. Havíamos comprado as passagens com alguma antecedência, só não podíamos prever o grande terremoto de 2010. Pegou-nos de surpresa!
 
Viajamos no limite de validade de nossos bilhetes, alguns meses depois da catástrofe. Infelizmente as vinícolas estavam todas fechadas para reformas, algumas foram muito danificadas. Houve uma única exceção, a Vinícola Santa Rita próxima à capital Santiago. Fomos muito bem recebidos e degustamos um bom almoço no restaurante improvisado numa tenda, regado com o excelente Medalla Real.
 
Com a falta do principal objetivo de visitar as principais produtoras de vinhos, optamos por fazer um programa bem turístico, compras, excursões, city tour, museus, como qualquer outro viajante comum.
 
Descobrimos coisas bem interessantes e outras bem frustrantes, por exemplo: o chileno não tem o hábito de beber vinhos. Por esta razão, as maiorias das lojas de vinhos de Santiago são para turistas, com um catálogo de produtos mais que convencional e conservador. Chegava a ser decepcionante. Lindas lojas que ofereciam do manjadíssimo Casillero del Diablo ao caro Don Melchor, tudo muito convencional, zero de novidades.
 
Como bom ‘Aquariano’, não era isto que queria. Naquela época começou a surgir o movimento dos vinhos de garagem, MOVI (Movimiento de Viñateros Independientes), com alguns rótulos já lançados no mercado. Mas não estávamos seguros do que comprar…
 
A busca continuou por alguns supermercados, shoppings e lojas de rua, mas o quadro se repetia. Não me recordo da razão, acho que foi um pouco pela distância, deixamos para visitar o Shopping Alto las Condes já na véspera de retornamos.
 
Situado no mais elegante bairro da capital, é conhecido como um local para pessoas de maior poder aquisitivo, ao contrário do Parque Arauco que é mais popular. Havia uma loja de vinhos a omnipresente ‘El Mundo del Vino’ e um clube, La CAV ou ‘Club de Amantes del Vino’. Esta era novidade, entramos e fomos recebidos em português por uma simpática brasileira que ali trabalhava. Ponto positivo, mas ficamos intrigados com a rapidez da identificação, será que estávamos tão óbvios assim? A explicação veio em seguida, ela havia nos escutado ao decidirmos visitar a loja.
 
 
Muito interessante, começando pela organização das prateleiras, arrumadas pela qualidade seguindo um ranking próprio a partir das preferências dos clientes em degustações promovidas regularmente. Havia vinhos de diversos países, inclusive do Chile. Esta democracia enológica nos encantou. Fomos convidados para uma degustação. Não era vinho comum, só top de linha!
 
Perfeito, finalmente encontramos o que queríamos!
 
Uma das compras foi o melhor vinho provado, o Coyam, produzido com uvas de cultivo orgânico e considerado um ícone internacional. Ficamos com um 2007 que foi degustado ‘a dois’ nesta semana que passou. Os 6 anos de repouso lhe fizeram bem, o vinho estava delicioso. Um daqueles que ao ser consumido não deixa dúvida que é um grande vinho, até mesmo para um leigo.
 
 
O corte, naquela safra, foi elaborado com 38% Syrah, 21% Cabernet Sauvignon, 21% Carménère, 17% Merlot, 2% Petit Verdot e 1% Mourvedre. Uma verdadeira alquimia. Uma vinificação cheia de cuidados como a tripla seleção manual dos grãos, fermentação com leveduras naturais, longo de tempo de maturação com as casacas e 13 meses de amadurecimento em barris de carvalho de 1º uso, 80% franceses e 20% americanos.
 
Esta delícia tinha uma cor violeta bem marcante e aromas de frutas negras maduras, frutas vermelhas, groselha e frutos do bosque, em sintonia com as notas de baunilha da madeira, furtivas notas minerais, caramelo e chocolate. Excelente equilíbrio no palato, ótimo corpo, arredondado, taninos presentes e suaves. Um final interminável. Um vinho que pode ser guardado por 14 ou 15 anos. Tem estrutura para tal.
 
Na gastronomia é um vinho complexo que pede pratos bem elaborados como carnes de 1ª linha grelhadas, gado Wagyu, Angus ou carneiro, acompanhado de batatas gratinadas, arroz e molhos condimentados.
 
Não é para qualquer um, mas não tem preço exorbitante, por isto mesmo é a nossa…

Dica da Semana: um belo vinho do chileno, ótimo companheiro para estes dias mais frios.
 
Coyam 2010
Castas: 34% Syrah, 31% Merlot, 17% Carmenére,12% Cabernet Sauvignon, 3% Malbec e 2% Mourvedre
Um excelente investimento para o futuro
90 Pontos – Robert Parker (Safra 2009), 90 Pontos – WineSpectator (Safra 2009)
 
 

Sexta-feira aqui em casa…

Entra ano, sai ano, quanto chega o período frio para os cariocas fazemos uma reunião para ‘abrir’ a temporada de degustar vinhos tintos. Neste 2013 não foi diferente. Convidamos três casais bons de taça e preparamos uma bela noitada.
 
Minha esposa havia chegado de viagem trazendo alguns queijos pouco comuns por aqui: um Stilton e um Cheddar ingleses e 2 queijos de leite de cabra produzidos em Chipre. Acrescentamos um viés árabe composto de Hummus, coalhada seca e Manouche. Cestas com alguns tipos de pães e torradas completavam a mesa de beliscos.
 
Mas tarde, dependendo da disposição da turma, serviríamos um prato quente.
 
Para iniciar os trabalhos abrimos um Primitivo di Manduria SUD Feudo San Marzano safra 2010.
 
 
Esta garrafa foi fruto de uma extensa negociação na compra de uma caixa do famoso Tiganello. Após muito papo, duas garrafas deste primitivo foram acrescidas, sem custo, ao pacote.
 
Na Puglia, esta casta irmã da californiana Zinfandel e da croata Crljenak Kastelanski produz vinhos encorpados, escuros, redondos e aromáticos, muito fáceis de beber.
 
Era fácil distinguir aromas de ameixas e cerejas maduras, notas de baunilha e cacau e muita fruta no paladar. Um ótimo começo de noite.
 
As taças secaram rapidamente e logo passamos para a segunda garrafa. Partimos para os argentinos: Goulart The Marshall Malbec, safra 2008. Um vinho de respeito com uma bela história.
 
O nome é uma homenagem ao fundador desta vinícola, o Marechal Gastão Goulart, que lutou na Revolução Constitucionalista de 1932 no Brasil. Exilado na Argentina, adquiriu o vinhedo em 1915, na região de Lunlunta, em Lujan de Cuyo.
 
 
Após muitos anos de abandono, sua sobrinha, a paulista Erika Goulart, assumiu a propriedade no ano de 1995, iniciando a recuperação do vinhedo e a construção da vinícola. A primeira vinificação foi em 2002 e desde então, seus produtos tem recebidos elogios da crítica e prêmios nos mais importantes concursos internacionais. Esta safra de 2008 recebeu 91 pontos de Robert Parker e 92 pontos da Wine Enthusiast. É considerado um ‘Best Buy’.
 
Com uma bela cor rubi intenso, tem aromas de frutos negros, tabaco e especiarias. No paladar percebe-se um bom corpo, taninos arredondados, frutos negros, pimenta e uma discreta baunilha devido ao envelhecimento em madeira. Um ótimo vinho que preparou a turma para o que viria em seguida.
 
O terceiro vinho da noite era algo muito especial. Outro argentino, o Petit Caro, uma ‘joint venture’ entre o respeitado Nicolas Catena Zapata e o Barão Rothschild, daí o nome: CAtena + ROthschild. Esta garrafa estava guardada, há algum tempo, para ser degustada junto com o ‘Caro’, carro-chefe desta vinícola. Simplesmente não aconteceu e por ser da safra de 2006 estava na hora de consumi-lo.
 
 
Este brilhante corte de Cabernet Sauvignon e Malbec não é mais produzido, tendo sido substituído pelo rótulo Amancaya. Isto tornou esta garrafa uma raridade. Foi degustado no ponto certo. Notava-se a evolução deste vinho já na cor, com notas de vermelho atijolado. Nos aromas, alguns terciários como couro e tabaco, mas ainda muita fruta, boa acidez, taninos equilibradíssimos. Muito gostoso de beber, um p*** vinho segundo um dos degustadores.
 
Resolvemos servir o prato quente, o momento era adequado. Uma curiosa receita à base de palmito, queijo Emmental e queijo Gruyère, preparados com um molho de creme de leite, tomate e diversos temperos. Apelidamos de ‘Strogonoff de Palmito’. Servido com arroz e batata palha, foi o sucesso da noite, todos queriam a receita.
 
Obviamente, as taças estavam secas. Hora de mais um vinho: o Lindaflor Petite Fleur 2009 da vinícola Monteviejo.
 
 
Uma escolha para reverenciar Catherine Péré Vergé, a proprietária da Monteviejo, recém-falecida. Ela foi uma das pioneiras do projeto de Michel Rolland em Mendoza, o Clos de los Siete. Sua vinícola foi a 1ª a ser construída e vem elaborando verdadeiras joias. Esta é uma delas. Um delicioso corte de Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com coloração púrpura intensa. No nariz, aromas frutados e condimentados com notas de violeta e baunilha. No palato percebiam-se os taninos macios e sabor arredondado e ótima permanência. Excelente!
 
Estes dois vinhos harmonizaram perfeitamente com o ‘strogonoff’.
 
Era hora de fazer outra mudança. O próximo vinho seria de corpo infinitamente mais leve, já pensando na sobremesa: um Pinot Noir da Patagônia, o Reserva del Fin del Mundo 2010.
 
 
Um produto de alta qualidade, mas acho que servido na hora errada. Muito bem elaborado, apresenta a característica cor vermelho-grená. Aromas de boa intensidade remetendo a frutos silvestres, tabaco, terra e especiarias. Na boca é leve e equilibrado, taninos macios, boa acidez e corpo médio.
 
O problema foi que a ‘turma’ queria ‘caldos’ mais encorpados e, frente ao que já fora servido, achou este meio sem graça. Mas era outro grande vinho.
 
Devidamente pressionados a voltar ao ritmo anterior apresentamos um dos nossos trunfos: Viña Cobos Bramare, Cabernet Sauvignon, 2008. Um vinho de preço alto mesmo na Argentina, elaborado sob a supervisão do ‘Rei’ dos Cabernets californianos, Paul Hobbs e que recebeu 93 pontos de Parker. Não era para qualquer um…
 
 
Pediram e levaram! Um vinho intimidador. A turma engoliu em seco e fez-se aquele silêncio sepulcral. Quase numa única voz perguntaram: o que é isto?
 
A resposta?
 
Fácil, um vinho elaborado pela mais sofisticada vinícola boutique da Argentina. E nem era um dos top que chegam a ser vendidos por US$1,000.00. A denominação Bramare é a segunda linha da empresa e custa 1/10 deste valor citado. Mas vale cada centavo.
 
Uma belíssima tonalidade rubi saudava a nossa visão nas taças. A impressão olfativa remetia a groselha, cedro e grafite com notas de especiarias como cravo e pimenta do reino. No paladar o espetáculo continuava: amoras, figos, café, tabaco e cacau. Uma cascata de sabores encantadores. Perfeitamente equilibrado, final agradável e persistente. Um vinhaço!
 
 
Devidamente vingados pela desfeita que fizeram com o Pinot Noir, nos despedimos de nossos amigos que já estão aguardando o próximo encontro.
 
Até lá, ficamos com a …

Dica da Semana: não foi um dos que servi neste encontro, mas é um belo vinho e com ótima relação custo x benefício.
 
Salton Classic Reserva Cabernet Sauvignon
 
Elaborado a partir da variedade Cabernet Sauvignon. O vinho é fermentado por 15 dias e amadurecido por até 6 meses em barricas de carvalho norte-americano. Vinho límpido, com coloração roxo amora madura. Nariz complexo, frutos vermelhos, especiarias, uva passa, pimenta, eucalipto, violetas, ameixa passa, excelente permanência do sabor.
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