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Tirando a poeira! – os eventos de vinho estão de volta!

Demorou, foram mais de dois anos de saudades, mas valeu a pena!

No mês de setembro, em Bento Gonçalves, aconteceu a Wine South America, a maior feira de vinhos da América. No início de outubro foi a vez da Pro Wine, em São Paulo, outra espetacular feira. Infelizmente, o preço proibitivo das passagens aéreas nos impediu de participar de ambos os eventos.

Mas o Rio não ficou de fora deste circuito. Duas ótimas degustações aconteceram no espaço de uma semana.

A primeira foi a 10ª edição do Vinhos & Sabores de Portugal. Foram 34 vinícolas que apresentaram seus vinhos no espaço Jardins do Citta Office Mall.

Além dos vinhos, havia queijos e azeites portugueses, um bom buffet livre e uma música, ao vivo, deixando tudo num clima muito simpático e amigável.

Desde a compra do ingresso, pela Sympla, (excelente, ao contrário de outras que deveriam se chamar “ingresso errado”) o acesso, a recepção e a qualidade dos vinhos, estavam irretocáveis, merecendo o nosso aplauso.

Como era impossível provar todos os mais de 350 rótulos, representando as regiões do Tejo, Vinhos Verdes, Beira Interior, Douro, Lisboa e Trás-os-Montes, fizemos uma seleção buscando produtores que não nos eram familiares. Como de hábito, a primeira passada foi só com brancos e rosados.  Na segunda, entraram os tintos.

Três produtores nos agradaram muito, não só pela qualidade dos vinhos como pela ousadia de alguns deles.

Quinta da Ribeirinha – Tejo – ofereceu um delicioso “line up” com vinhos das castas tradicionais de lá e outros com uvas que são raras em Portugal: Riesling, Gewürztraminer, Viognier, Pinot Noir, Sauvignon Blanc (diferente de tudo que já provamos), Pet-Nat, Blanc de Noirs e vinho laranja.

O Vale de Lobos, branco de Fernão Pires, estava excelente.

A Quinta da Falua, outra produtora do Tejo, também deixou boa impressão com a variedade e qualidade de seus vinhos. A linha “Sommelier Edition” foi a mais apreciada e tem ótima relação custo-benefício.

A terceira vinícola que entrou para a nossa lista “top” é a Quinta do Cardo (o site está em construção), da Beira Interior. Entre tintos, brancos e rosados, provamos, apenas, o seu único branco, obtido a partir da casta Síria, uma uva muito pouco conhecida por aqui.

Esta Quinta estava um pouco esquecida por seus donos originais. Foi arrematada por um grupo que a reativou e colocou ordem na casa. Esta é uma região vinícola muito interessante de Portugal. Os vinhedos estão situados num planalto a cerca de 750 metros acima do mar e a produção é orgânica.

O branco reserva é de degustar “rezando”.

O segundo evento que participamos foi o “Vinhos Verdes no Brasil”: Master Class e degustação livre. Este foi um encontro voltado para profissionais.

Na Master Class foram degustados doze vinhos, entre brancos e rosados, em diversos “flights”.

No primeiro, provamos as castas Azal, Loureiro e Avesso. No segundo foram três Alvarinho. A terceira sequência trouxe cortes variados incluindo as uvas Trajadura e Arinto. Para finalizar, dois rosados da casta Espadeiro, um tranquilo e um espumante.

Os destaques vão para todos os vinhos provados, inclusive o único tinto presente na degustação livre, elaborado com Vinhão, apresentado pela Adega Cooperativa Ponte da Barca.

Vinhos Verdes são perfeitos para o clima brasileiros. Muito refrescantes, com um extenso bouquet de aromas e sabores, harmonizando corretamente com a nossa culinária de frutos do mar, aves e suínos.

Mais que degustar bons vinhos, estes dois encontros foram uma grande oportunidade para rever antigos parceiros que andavam sumidos por conta da pandemia. No meu caso, trouxe boas lembranças da última viagem a Portugal, quando voltei a provar alguns dos vinhos da Quinta de Lixa e da Campelo, que havia degustado por lá.

Nesta aventura contei com a colaboração de José Paulo Gils e Pedro Arthur Sant’Anna.

Saúde e bons vinhos!

Qual a ordem de serviço dos vinhos? – de volta ao básico

A maneira mais fácil de estragar uma refeição harmonizada é não dar a devida importância para a sequência dos vinhos que serão servidos. Muito fácil de perceber o tamanho do possível estrago: sirvam um vinho mais encorpado antes de um mais leve. Ninguém vai gostar do segundo vinho…

Ao contrário da conhecida propriedade da multiplicação, aqui, no mundo dos vinhos, a ordem de serviço altera o resultado.

Há uma regra básica a partir da qual múltiplos corolários se apresentam:

Sirvam primeiro os brancos, seguido dos rosados, dos tintos e para finalizar os de sobremesa e os generosos.

Espumantes podem ser os primeiros vinhos, para preparar o palato antes de uma refeição ou, ao final, para brindar ou celebrar um evento. Neste caso os brut devem ser servidos primeiro deixando os Demi-sec ou doces para o final.

A quantidade de açúcar no vinho é o que está por trás destas regrinhas. Numa relação bem direta, sirvam os vinhos mais secos antes dos mais doces. O que nos leva a mais um ponto a ser considerado: vinhos mais leves vêm antes dos encorpados e os mais jovens, antes dos maduros. Para facilitar, aqui está um prático resuminho:

– Brancos antes dos tintos;

– Secos antes dos doces;

– Vinhos mais frios em primeiro lugar;

– Leves antes dos encorpados;

– Vinhos mais simples antes do mais complexos;

– Jovens antes dos envelhecidos.

Estas não são cláusulas pétreas e devem ser usadas com sabedoria e bom senso. Em sã consciência, ninguém imaginaria servir um leve Pinot Noir da Borgonha na sequência de uma degustação com Cabernet e Malbec. Já ao contrário…

Exceções sempre existem, por exemplo, numa refeição em que o prato principal harmonizaria com um branco encorpado e que tenha passado por madeira, nada impede que o vinho servido com a entrada seja um branco suave ou mesmo tinto ligeiro.

Um corolário importante diz respeito àquelas situações em que um tipo de vinho, apenas, será servido: todos serão brancos ou tintos. Embora não seja mais uma regrinha, é bom lembrar que existem inúmeras variações entre as diversas castas e formas de vinificação, logo, podemos imaginar uma escala de serviço que se aplica nestes casos:

Para os brancos: Riesling seco; Pinot Grigio; Sauvignon Blanc; Gewürztraminer; Chenin Blanc; Viognier; Chardonnay.

Para os tintos: Pinot Noir; Sangiovese; Tempranillo; Grenache; Zinfandel/Primitivo; Merlot; Carménère; Shiraz/Syrah; Malbec; Cabernet Sauvignon.

Para os de sobremesa: Colheita tardia e outros doces (brancos antes dos tintos); Fortificados/Generosos (Porto, Jerez etc.)

Saúde e bons vinhos, na ordem certa!

Ilustração: “Garrafa de vinho”, vetor criado por macrovector para Freepik

Presente para o Dia das Mães? Vinho Rosé!

Pode ser um espumante ou um vinho tranquilo. Quanto a coloração, rosado, numa das milhares de tonalidades possíveis, desde os mais clarinhos até os mais escuros.

Existe a turma que torce o nariz e acha que isso não é vinho e tratam, logo, de depreciar afirmando que são inocentes misturas de sobras da vinificação de tintos e brancos. Estão redondamente enganados.

Os mais famosos são os elaborados na região da Provence, França. Um Rosé de Provence dispensa comentários. As castas tintas Cinsault, Grenache e Syrah são as mais utilizadas na elaboração.

No nosso país, muitos vão lembrar do famoso Mateus Rose, português, ou do Rosé d’Anjou, francês, que ajudaram a embalar alguns encontros românticos, num tempo que os nossos filhos classificariam de “Jurássico”. Os dois rótulos ainda podem ser encontrados nas prateleiras das lojas…

Os rosados andaram sumidos, saíram de moda, simplesmente. Um belo dia reapareceram, com novas opções, e caíram no gosto, novamente, principalmente do público feminino.

A cor é o grande chamariz. Num país como o nosso, de clima tropical e quase sempre com lindos dias, assistir um pôr do sol com uma taça de Rosé é a combinação perfeita.

Ao contrário do que se possa imaginar, elaborar um bom rosado não é uma tarefa simples. Existem cinco métodos que podem ser empregados. Além das castas citadas, outras uvas clássicas são vinificadas em rosa como a  Cabernet Sauvignon, Tempranillo, Merlot, Malbec e muitas mais.

O segredo é o tempo de contato das cascas com o mosto que será fermentado. Controlar este tempo, associado com o tipo de uva, terá como resultado uma coloração mais ou menos intensa com sabores e aromas equivalentes.

Os detratores deste tipo de vinho entendem que nada mais é do que um corte entre tintos e brancos. Infelizmente existem produtores que preferem elaborar assim. O resultado é ruim, refletindo a má qualidade da matéria prima, do processo e do produtor. São vinhos grosseiros.

O método mais tradicional é Maceração Curta: são os mesmos passos para a elaboração de um vinho tinto. Num determinado momento, as cascas serão removidas e o processo segue como se fosse um vinho branco.

A Prensagem Direta é outra técnica bastante empregada. Neste caso as uvas tintas são esmagadas, delicadamente, fazendo com que o mosto já saia com alguma cor. Para refrescar a memória, na vinificação em tinto as uvas não precisam ser esmagadas. Para os brancos, sim.

O processo mais complexo para a elaboração de um Rosé é chamado de Cofermentação. Apenas nesta opção, uvas tintas e brancas são misturadas e fermentadas de uma só vez. Os resultados podem ser interessantes, mas o controle deste processo é extremamente difícil. Uma pequena desatenção pode estragar tudo.

Outra solução bastante utilizada, principalmente por produtores de grandes volumes, é a Sangria. Durante a fermentação de um tinto, uma parte do mosto é separada (sangramento) e vinificada como se fosse um branco. O resto do mosto segue como tinto.

O presente do Dia das Mães não estaria completo sem um bom almoço ou jantar. O que harmonizar com o Rosé?

São vinhos muito versáteis, cobrindo uma boa variedade de opção de pratos que vão desde os peixes e frutos do mar, saladas, massas e até carnes leves como aves, suínos, ovino e caprinos.

Uma das clássicas combinações são as Quiches com salada, perfeita para o nosso Outono.

Saúde e bons vinhos!

Imagens:

Rose Wine Selection 1” de NwongPR – sob  CC BY-ND 2.0.

Pôr do Sol – obtida no Pixabay

Queijos e vinhos – de volta ao básico

O queijo é o melhor amigo do vinho, por esta razão, o “Queijos e vinhos” é a mais tradicional reunião para degustar alguns bons vinhos com os amigos. Muito simples de organizar, pode ser feita em casa, no campo, num barco, numa praia, enfim, em qualquer lugar.

Não basta juntar diversos tipos de queijos e alguns vinhos aleatórios, vale a pena planejar um pouco. Opções não faltam e uma das mais interessantes e instrutivas é adotar um tema para a reunião. Desta forma, não só fica mais fácil fazer uma boa harmonização como é possível aprender um pouco mais sobre determinado país ou região.

Para mostrar como pode ser, escolhemos o tema Brasil.

Durante muito tempo nossos queijos só podiam ser elaborados com leite pasteurizado o que limitava muito a qualidade e os possíveis estilos. Alguns dos queijos mais famosos do mundo são produzidos com leite cru. Há certas condições sanitárias para isso ser possível, que passam desde o manejo do gado leiteiro, bovino, bufalino, ovino e caprino, chegando nas queijarias que devem ser preparadas para evitar contaminações vindas de terceiros: todo o equipamento deve ser estéril e a mão de obra devidamente equipada com vestimenta apropriada. Felizmente já estamos neste nível.

Há queijos estupendos sendo produzidos por aqui. Os mais comuns são as nossas versões de produtos franceses, suíços ou italianos. O ponto alto são os nossos queijos típicos, começando pelo excelente Canastra, que pode ser fresco, curado ou maturado, um dos os mais premiados no exterior.

Outras regiões com queijos maravilhosos: Serro e Salitre, em MG; Pardinho em SP; Vale da Testo no PR; Ilha de Marajó (Búfala), são as mais conhecidas. Procurem em boas Delicatesses, em lojas especializadas ou no Mercado Municipal de sua cidade. Há sempre algum produto artesanal e diferenciado.

Assim como nos queijos, nossos vinhos, principalmente os de pequenos produtores, já atingiram níveis de qualidade superior, alguns se equiparando aos de nossos vizinhos. Os espumantes, inclusive os elaborados com a casta Moscatel, podem ser servidos com vários tipos de queijos. Estamos elaborando excelentes Chardonnay e Sauvignon Blanc. Na série dos tintos, os eternos Merlot e Cabernet, da Serra Gaúcha, são apostas certas. A Tannat e algumas castas portugueses, plantadas na Campanha Gaúcha, tem produzidos ótimos rótulos.

Dicas de Harmonização:

1 – Queijos duros tipo Parmesão, Pecorino ou Montanhês:

– Tintos maduros ou vinhos fortificados

2 – Queijos picantes como Gorgonzola, Azul de Minas e similares:

– Brancos doces, inclusive espumantes ou as opções acima

3 – Tipo Provolone:

– Brancos maduros ou tintos de corpo médio

4 – Minas frescal, Mozzarella, ricota, requeijão:

– Tintos ou brancos jovens e corpo leve

5 – Brie, Camembert e outros queijos macios e com mofo:

– Chardonnay maduro ou tintos médios

6 – Emmental, Gruyere, Port Salut, Tilsist, Gouda e assemelhados:

– Tintos encorpados

Quem é quem nos Vinhos:

Brancos

Leves – Riesling, Pinot Gris/Grigio, Espumantes, Vinho Verde, Sauvignon Blanc;

Encorpados/Mduros – Chardonnay (Velho e Novo Mundo), Rhone brancos (Viognier, Marsanne, Roussane), Sauvignon Blanc madeirado;

Tintos

Leves – Beaujolais, Dolcetto;

Médios – Chianti, Merlot, Cabernet Franc, Tempranillo, Garnacha, Malbec Frances;

Encorpados/Maduros – Cabernet Sauvignon, Syrah, Tannat, Carménère;

Fortificados

– Porto, Madeira, Jerez, Marsala

Doces

– Colheita tardia, Sauternes, Vin Santo, Riesling Auslese.

Estas sugestões podem ser facilmente adaptadas para contemplar outros países. França e Itália são as mais óbvias.

Que tal pensar em Portugal?

Um Serra da Estrela acompanhado de Vinho do Porto é aquela combinação “dos deuses”. Um bom Madeira também fica perfeito. É um país com uma grande variedade de queijos, inclusive das ilhas dos Açores e da Madeira.

Opções, todas deliciosas, não faltam. Basta dedicar um pouquinho de tempo para planejar tudo direitinho. Para os que são mais ligados a uma enogastronomia perfeita, é possível harmonizar os pães, inclusive.

Saúde e bons vinhos.

Imagem: Variedade de Queijos e Vinhos. Esta foto foi obtida usando recursos do Freepik.

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