O verão já se foi, estamos em pleno outono e o inverno começa no dia 21/06/2019. É chegada a hora de limpar as taças, reabastecer a adega, escolher alguns petiscos e chamar os amigos para desfrutar as suas mais recentes descobertas vínicas.
Para sair do batido queijos e vinhos, que tal darmos uma reviravolta nas suas reuniões habituais transformando isto tudo numa degustação, às cegas, com alguns requintes bem profissionais?
Um bom planejamento é a chave do sucesso, e não é nada complicado.
1 – O objetivo.
Em vez de tentar descobrir quem é quem, o propósito desta degustação é escolher o melhor vinho, aquele que caiu no gosto da maioria.
Cada participante vai receber material para anotar suas preferências. Mais tarde os pontos dados por cada um serão apurados e um vinho será declarado vencedor.
Em paralelo, e para aumentar a cumplicidade dos convidados, pode-se fazer um bolão de apostas com direito a um brinde ou a responsabilidade de organizar a próxima reunião. As possibilidades são infinitas.
2 – Os vinhos.
O objetivo é diversão. Sendo assim, comecem com vinhos varietais. Procure os mais conhecidos, nada de obscuros rótulos do “Pingaquistão”, que só você conhece.
Simplifique nos primeiros encontros até a sua turma entender o objetivo e, só então, aumente o grau de dificuldade. Um bom ponto de partida são comparações duplas, dois vinhos, apenas, por categoria.
Por exemplo:
– Cabernet do Velho Mundo e do Novo Mundo;
– Sauvignon Blanc da Nova Zelândia e outro francês ou chileno.
3 – As taças e o serviço.
A taça ideal seria a do tipo ISO, mas não é obrigatório. Como a quantidade de líquido, em cada prova, será de 40 ml por pessoa, usar taças muito grandes não é adequado. Prefira, neste caso, as taças indicadas para o vinho branco.
Tenham, pelo menos, duas taças por participante. O ideal é uma taça para cada tipo de vinho.
1 garrafa deverá servir de 18 a 20 provas. Obviamente, cada um pode repetir a dose, isto não é uma degustação profissional.
4 – Escondendo o vinho.
Um pouco de mistério é sempre bom, por esta razão a brincadeira fica muito mais interessante se ninguém souber o que está sendo servido (exceto o anfitrião).
Várias técnicas podem ser usadas. A mais comum é colocar as garrafas dentro de sacos opacos de pano ou papel, identificados, apenas com um número ou letra.
Outra opção, do tipo bom e barato e muito usada em degustações profissionais, é enrolar as garrafas em papel alumínio.
Lembrem-se que “o ambiente sempre traz informações importantes”. Para manter a disputa justa, procurem esconder ao máximo tanto o formato da garrafa como o seu gargalo. Só de observar estes dois elementos, a charada pode ser decifrada.
A nossa escolha, para este tipo de degustação, é eliminar totalmente as garrafas, vertendo o vinho em decantadores iguais, identificados de alguma forma. Temos a vantagem de deixar a cor do vinho exposta para todos. As garrafas só serão apresentadas ao final do evento.
5 – As anotações
Esta é a parte mais importante desta reunião e um pouco de organização vai contribuir muito para o sucesso. Uma padronização se faz necessária, inclusive para computar o resultado.
Nada de anotar gostei ou não gostei e esperar alguma conclusão útil. Vamos profissionalizar a coisa, só um pouquinho. Além de lápis, caneta e uma calculadora, vamos usar uma ficha de degustação.
Neste link, a seguir, está a planilha no padrão da OIV (Organização Internacional do Vinho), muito completa e fácil de preencher.
O modelo é este:
Imprima e faça tantas cópias quanto forem necessárias, multiplicando o número de vinhos pelo número de pessoas.
Para preencher adote a seguinte rotina:
Degustador – identificação de quem preencha a ficha;
Amostra – número ou letra que identifica o vinho a ser degustado;
Categoria – Branco, Tinto, Rosé, Espumante, Generoso, etc…
Para os critérios de avaliação, basta decidir, em cada item, se você achou o vinho: excelente, muito bom, bom, satisfatório ou insatisfatório, de forma subjetiva, e assinalando o quadradinho específico. O número que está dentro de cada célula é a pontuação atribuída a cada qualidade e que deverá ser somado, totalizando o resultado.
As características a serem observadas são as clássicas: cor, aroma e sabores, com uma avaliação final, totalmente pessoal. Esta é a graça desta brincadeira.
Se acharem necessário, assinem e datem para comparações futuras.
Para descobrir qual vinho foi o mais aceito, basta totalizar os pontos de todas as fichas e declarar o vencedor apresentando as garrafas que ficaram escondidas.
6 – Os petiscos e outros materiais.
O primeiro item que é indispensável é água, seja mineral ou simplesmente potável. Em jarras ou garrafas, não muito gelada, e copos descartáveis para facilitar a arrumação depois da festa.
Baldes de descarte são um belo acessório. Podem ser de qualquer material, plástico, vidro ou metal. Lembrem-se de reciclá-los periodicamente.
Para ajudar na limpeza do paladar tenha sempre uma cesta de pão, fresco e macio.
Com todo este álcool sendo consumido, precisamos forrar o estômago. Eis algumas sugestões:
– Queijos duros e/ou macios;
– Frutas como maçã, uvas, pêssegos. Evite as mais cítricas. Frutas secas são ótimas também;
– Frios e patês;
– Pipoca, castanhas, nozes, amêndoas e similares.
– Vegetais cortados em tiras (Julienne), como cenoura, pimentão, pepino (com casca), rabanetes, salsão;
Para completar o quadro, pode ser oferecido um prato quente, leve, apenas para recuperar as energias. Uma massa é sempre apreciada.
Estão esperando o quê?
Saúde e bons vinhos!
Vinho da semana: dentro do espírito desta coluna, a casta Syrah é uma das melhores para fazer degustações. Os varietais australianos são referência neste assunto.
Yarran Shiraz 2016
Cor vermelho-rubi profundo e opaco. Aromas com notas de ameixas pretas, café expresso, canela, lácteos e de violetas.
Na boca é um vinho tipicamente australiano, concentrado, rico e suculento e bem estruturado.
Acompanhe com um cozido suculento ou um assado de vitela com cogumelos.