Categoria: O mundo dos vinhos (Page 46 of 72)

Organizando uma degustação em casa

O verão já se foi, estamos em pleno outono e o inverno começa no dia 21/06/2019. É chegada a hora de limpar as taças, reabastecer a adega, escolher alguns petiscos e chamar os amigos para desfrutar as suas mais recentes descobertas vínicas.

Para sair do batido queijos e vinhos, que tal darmos uma reviravolta nas suas reuniões habituais transformando isto tudo numa degustação, às cegas, com alguns requintes bem profissionais?

Um bom planejamento é a chave do sucesso, e não é nada complicado.

1 – O objetivo.

Em vez de tentar descobrir quem é quem, o propósito desta degustação é escolher o melhor vinho, aquele que caiu no gosto da maioria.

Cada participante vai receber material para anotar suas preferências. Mais tarde os pontos dados por cada um serão apurados e um vinho será declarado vencedor.

Em paralelo, e para aumentar a cumplicidade dos convidados, pode-se fazer um bolão de apostas com direito a um brinde ou a responsabilidade de organizar a próxima reunião. As possibilidades são infinitas.

2 – Os vinhos.

O objetivo é diversão. Sendo assim, comecem com vinhos varietais. Procure os mais conhecidos, nada de obscuros rótulos do “Pingaquistão”, que só você conhece.

Simplifique nos primeiros encontros até a sua turma entender o objetivo e, só então, aumente o grau de dificuldade. Um bom ponto de partida são comparações duplas, dois vinhos, apenas, por categoria.

Por exemplo:

– Cabernet do Velho Mundo e do Novo Mundo;

– Sauvignon Blanc da Nova Zelândia e outro francês ou chileno.

3 – As taças e o serviço.

A taça ideal seria a do tipo ISO, mas não é obrigatório. Como a quantidade de líquido, em cada prova, será de 40 ml por pessoa, usar taças muito grandes não é adequado. Prefira, neste caso, as taças indicadas para o vinho branco.

Tenham, pelo menos, duas taças por participante. O ideal é uma taça para cada tipo de vinho.

1 garrafa deverá servir de 18 a 20 provas. Obviamente, cada um pode repetir a dose, isto não é uma degustação profissional.

4 – Escondendo o vinho.

Um pouco de mistério é sempre bom, por esta razão a brincadeira fica muito mais interessante se ninguém souber o que está sendo servido (exceto o anfitrião).

Várias técnicas podem ser usadas. A mais comum é colocar as garrafas dentro de sacos opacos de pano ou papel, identificados, apenas com um número ou letra.

Outra opção, do tipo bom e barato e muito usada em degustações profissionais, é enrolar as garrafas em papel alumínio.

Lembrem-se que “o ambiente sempre traz informações importantes”. Para manter a disputa justa, procurem esconder ao máximo tanto o formato da garrafa como o seu gargalo. Só de observar estes dois elementos, a charada pode ser decifrada.

A nossa escolha, para este tipo de degustação, é eliminar totalmente as garrafas, vertendo o vinho em decantadores iguais, identificados de alguma forma. Temos a vantagem de deixar a cor do vinho exposta para todos. As garrafas só serão apresentadas ao final do evento.

5 – As anotações

Esta é a parte mais importante desta reunião e um pouco de organização vai contribuir muito para o sucesso. Uma padronização se faz necessária, inclusive para computar o resultado.

Nada de anotar gostei ou não gostei e esperar alguma conclusão útil. Vamos profissionalizar a coisa, só um pouquinho. Além de lápis, caneta e uma calculadora, vamos usar uma ficha de degustação.

Neste link, a seguir, está a planilha no padrão da OIV (Organização Internacional do Vinho), muito completa e fácil de preencher.

Clique aqui.

O modelo é este:

Imprima e faça tantas cópias quanto forem necessárias, multiplicando o número de vinhos pelo número de pessoas.

Para preencher adote a seguinte rotina:

Degustador – identificação de quem preencha a ficha;

Amostra – número ou letra que identifica o vinho a ser degustado;

Categoria – Branco, Tinto, Rosé, Espumante, Generoso, etc…

Para os critérios de avaliação, basta decidir, em cada item, se você achou o vinho: excelente, muito bom, bom, satisfatório ou insatisfatório, de forma subjetiva, e assinalando o quadradinho específico. O número que está dentro de cada célula é a pontuação atribuída a cada qualidade e que deverá ser somado, totalizando o resultado.

As características a serem observadas são as clássicas: cor, aroma e sabores, com uma avaliação final, totalmente pessoal. Esta é a graça desta brincadeira.

Se acharem necessário, assinem e datem para comparações futuras.

Para descobrir qual vinho foi o mais aceito, basta totalizar os pontos de todas as fichas e declarar o vencedor apresentando as garrafas que ficaram escondidas.

6 – Os petiscos e outros materiais.

O primeiro item que é indispensável é água, seja mineral ou simplesmente potável. Em jarras ou garrafas, não muito gelada, e copos descartáveis para facilitar a arrumação depois da festa.

Baldes de descarte são um belo acessório. Podem ser de qualquer material, plástico, vidro ou metal. Lembrem-se de reciclá-los periodicamente.

Para ajudar na limpeza do paladar tenha sempre uma cesta de pão, fresco e macio.

Com todo este álcool sendo consumido, precisamos forrar o estômago. Eis algumas sugestões:

– Queijos duros e/ou macios;

– Frutas como maçã, uvas, pêssegos. Evite as mais cítricas. Frutas secas são ótimas também;

– Frios e patês;

– Pipoca, castanhas, nozes, amêndoas e similares.

– Vegetais cortados em tiras (Julienne), como cenoura, pimentão, pepino (com casca), rabanetes, salsão;

Para completar o quadro, pode ser oferecido um prato quente, leve, apenas para recuperar as energias. Uma massa é sempre apreciada.

Estão esperando o quê?

Saúde e bons vinhos!

Vinho da semana: dentro do espírito desta coluna, a casta Syrah é uma das melhores para fazer degustações. Os varietais australianos são referência neste assunto.

Yarran Shiraz 2016

Cor vermelho-rubi profundo e opaco. Aromas com notas de ameixas pretas, café expresso, canela, lácteos e de violetas.

Na boca é um vinho tipicamente australiano, concentrado, rico e suculento e bem estruturado.

Acompanhe com um cozido suculento ou um assado de vitela com cogumelos.

Vinho de corte

Qualquer iniciado no mundo do vinho já ouviu falar do ‘Corte Bordalês’ ou simplesmente vinho Bordeaux, a combinação quase perfeita de distintas vinificações das castas Cabernet Sauvignon, Merlot e coadjuvantes como Cabernet Franc, Petit Verdot e ocasionalmente Malbec e Carménère.

Acertar as proporções de um corte é sempre um desafio, mesmo para os enólogos mais experientes. É uma tarefa complexa que exige muito conhecimento técnico e criatividade, acima do normal, que permita equilibrar, com segurança, ciência e arte.

Produzir um vinho que será aceito pelo mercado é uma enorme responsabilidade. Elaborar um corte de vinhos não é aplicar de forma irrestrita a Lei de Lavoisier e esperar que o resultado seja palatável. Muitos cortes famosos começam a ser pensados no campo, são trabalhados nas cantinas para, finalmente, serem dosados através de sucessivas experiências de degustação.

O mais importante é ter os vinhos base tecnicamente perfeitos. Não se pode pensar em corrigir um defeito da vinificação através da mistura com outro vinho: não vai dar certo.

O enólogo precisa ter certeza do material que vai ter à sua disposição: acidez, taninos, Ph e teor alcoólico devem estar de acordo com as normas e procedimentos de cada região.

Controlados estes fatores, a próxima etapa consiste em conseguir um produto que se destaque. Esta é a parte mais complexa, exigindo muita cultura vínica por parte do profissional a cargo desta elaboração.

Mesmo nas grandes vinícolas, como os Châteaux de Bordéus, é preciso manter a qualidade. Milhares de críticos em todo o mundo vão perceber mínimas diferenças e isto pode deixar uma safra inteira mofando nas prateleiras.

Para novos rótulos que pretendem se inserir neste competitivo mercado, a decisão sobre que vinhos serão misturados no corte é muito importante. Alguns fatores históricos servem de ponto de partida, por exemplo, combinações consagradas de determinadas castas. Além da já citada, os vinhos da região do rio Rhône, denominados GSM ou Grenache – Syrah – Mourvedre, são outros bons exemplos. No jargão das vinícolas isto é chamado de sinergia entre uvas.

Durante o processo de experimentação acontece muita coisa, algumas boas que servirão de base para outras dosagens e coisas ruins que serão descartadas. O Enólogo ou a equipe de Enólogos deve manter sempre em mente o objetivo a ser alcançado.

A partir de um determinado momento os dados analíticos já não fazem nenhuma diferença. O que passa a comandar é a pura arte de encantar o paladar, seja acrescentado isto ou tirando aquilo, de acordo com a sensibilidade de quem está provando. Ajustam-se e pequenos detalhes, como num polimento final.

Um processo rigoroso que exige muita sutileza. O resultado tem que ser impecável. (*)

Ganham os consumidores.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: a casta Mencia, da região de Bierzo, é uma das tendências atuais. Em Portugal é conhecida como Jaen.

Arturo Garcia Solar de Sael Crianza 2012

Elaborado com uvas de vinhedos com mais de 80 anos. De cor vermelha com reflexos violáceos. O nariz é complexo com aromas de cereja, baunilha, figo seco e notas lácticas. Os 12 meses de carvalho francês e americano estão bem integrados, deixando os aromas característicos da casta finamente presentes.

Na boca é concentrado, suculento, elegante e com ótima acidez. O equilíbrio é perfeito, com taninos adocicados e uma excelente persistência.

(*) Existem outras formas de se produzir um corte. Em Portugal é comum o Field Blend, ou seja, as diversas castas estão misturadas no vinhedo, sendo vinificadas juntas. Mas esta é outra história…

Riesling, a incompreendida.

Duas castas brancas, Chardonnay e Sauvignon Blanc dominam as ofertas de rótulos sul-americanos em nosso mercado. Por esta razão, acreditamos que uma delas é a grande dama, gerando saborosas discussões, com defensores de uma ou de outra.

A verdadeira grande uva branca, a germânica Riesling, acaba passando despercebida, por este e por outros fatores.

Começamos por seu nome, quase sempre pronunciado de forma errada. A forma correta, mais próxima da usada na Alemanha seria:

Rii + sling

Neste link, uma amostra deste som:

https://howdoyousaythatword.com/word/riesling/

Depois de acertado este detalhe, entra em cena o complicado sistema alemão de classificação de vinhos, que nos mostra que os vinhos desta casta podem ser classificados como secos, doces e até muito doces, isto sem falar em espumantes.

Mesmo para um enófilo experiente, este sistema, embora muito abrangente e rígido em suas normas, é bastante complexo. Tudo gira em torno da quantidade de açúcar, ou doçura, no vinho.

A primeira classificação são os vinhos de mesa, ou Tafelwein. Em seguida surgem os Qualitätswein, ou vinhos de qualidade, geralmente associados a uma região. A terceira classificação são os vinhos com predicados, ou Prädikatswein, sem dúvida, os melhores e mais caros.

Nesta última, há subdivisões a serem consideradas. Todas levam em conta o grau de maturação na hora da colheita, gerando desde bebidas mais secas até as muito doces:

Kabinett – corresponde a um vinho reserva. Em termos de sabor, podem ser comparados a um demi sec, embora possa aparecer no rótulo a palavra “trocken”, que significa seco;

Spätlese – ou late harvest ou colheita tardia. A colheita busca cachos que possam já estar afetados pela Podridão Nobre (Botrytis Cinérea). Pode ser considerado como um vinho para sobremesa.

Auslese – equivalente a um Spätlese, reserva. Obrigatoriamente as uvas devem ter sido atacadas pela Botrytis;

Beerenauslese – para esta classificação, são cuidadosamente selecionados os melhores cachos de uvas, todos atacados pela podridão nobre;

Trockenbeerenauslese – a mais alta classificação. As uvas devem estar quase dessecadas, depois de atacadas pela podridão nobre. Caríssimo e vendido em garrafas de 375 ml.

Qualquer um já teria jogado a toalha, depois de tantas classificações e opções. Mas estaria deixando de apreciar um vinho com qualidades excepcionais: acidez perfeita, teor alcoólico adequado, capacidade de guarda (não passam por madeira!), boa mineralidade e uma paleta de aromas e sabores inconfundíveis.

Uma das características mais conhecidas, os famosos aromas de petróleo, são indicativos de um vinho em bom estado de maturação. Este curioso aroma dissipa-se rapidamente.

Os Rieslings verdadeiros são os de origem alemã (Reno e Mosela), da Alsácia e os austríacos. Esta casta foi plantada em diversos países gerando vinhos com estilos muito diferentes dos originais.

Um detalhe curioso, mas importante, diz respeito ao formato da garrafa (alongado) e sua coloração:

A cor esverdeada indica vinhos da região do rio Mosel, enquanto as de cor castanha indicam a região do rio Reno.

Existem algumas outras uvas que adotaram o nome Riesling em sua composição. Tenham, em mente, que não são as verdadeiras. Eis algumas delas:

Riesling Itálico;

Cape Riesling;

Welschriesling;

Se tiver a oportunidade de provar esta delícia, não deixe passar em branco.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da semana: Riesling são caros e difíceis de encontrar em nosso país. Pensem num investimento, vale a pena.

Hochheimer Guts Riesling QbA trocken 2015 – $$$

Mereceu 91 pontos da revista Wine Enthusiast.

Fresco e repleto de notas florais e de frutas brancas, é uma ótima pedida para acompanhar comidas de inspiração asiática.

Vinho: álcool ou cultura?

Respondam com sinceridade: estamos consumindo um gole de álcool ou uma taça de vinho?

Se você é um daqueles que acredita que moléculas alcoólicas são todas iguais, estão este texto não lhe diz respeito.

Já notaram que todo Enófilo que se preza tem um certo ar de superioridade, é um tanto ou quanto esnobe ou, para deixar bem claro, é “metido a besta”?

Diriam os franceses ‘Noblesse oblige’!

Vinho é 100% uma bebida cultural, que me perdoem os químicos de plantão.

Começamos pelo jargão:

– Não se bebe vinho, degusta-se;

– Não se sente cheiro, avalia-se o bouquet;

– Não se discute o gosto, mas o paladar;

– A cor é tão importante quanto os demais sentidos.

Direta ou indiretamente o assunto vinho se imbrica em nossas vidas. Num país de maioria católica o primeiro contato com ele pode ter sito no ritual da missa. Quem não ficaria curioso para provar o que o sacerdote abençoa no altar.

Em outras religiões, o vinho é servido aos fiéis no momento da comunhão.

No matelassê cultural de nosso país, recebemos diversas influências que trouxeram o vinho, não só, para a mesa diária, como para a agricultura criando a nossa produção vínica.

Não preciso dizer que mesmo com toda a tecnologia embarcada nas modernas vinícolas de hoje, nossa bebida ainda é um produto artesanal. A escolha dos terrenos, das castas, métodos de condução, poda (aqui invertemos o ciclo da videira!), ponto de maturação e colheita e claro, as decisões na cantina que são sempre empíricas e ditadas pelas condições climáticas da safra.

Obter um produto de qualidade ao final do processo é prova irrefutável da existência de uma tradição cultural milenar. Boa parte da história do mundo pode ser contada através do vinho.

Entende-se este esnobismo dos apreciadores de vinho, é justificável. Está em todos os países. Na Europa, são comuns as caricaturas de figuras com o nariz empinado apreciando uma taça…

Mas não ficamos só nisto, adoramos buscar aquele vinho inatingível, ou pelo menos nos tornamos especialistas neles, na esperança que, um dia, tenhamos a honra de prová-los. Então tome de Châteaux de Bordéus, Romanée Conti, Vega Sicilia, Brunellos, Barolos, Barbarescos, Barca Velha e nova (Quinta do Vale Meão) e alguns outros.

É salutar e demonstra todo o apreço que temos por este néctar. Talvez nunca tenhamos a chance de provar estes (verdadeiros) mitos, mas continuamos em busca do Santo Graal.

A propósito, existe um novo competidor nesta arena, que surge com o único propósito de ser o vinho mais caro do mundo: Liber Pater.

O nome é derivado da deusa mitológica, Libera, correspondente feminina de Baco. Trata-se de um vinho da região de Graves, elaborado com uvas em pé franco, replantadas com este propósito. Na produção são utilizadas as técnicas mais antigas e tradicionais de produção do vinho.

Custo de uma garrafa: 30.000 euros.

O mesmo valor da multa, por fraude numa operação financeira, que o seu produtor, Loic Pasquet, recebeu.

Que tal?

Saúde e bons vinhos!

A casa Rio Verde está com um interessante curso de iniciação ao vinho da casa rio verde, com orientações sobre como escolher vinhos para a páscoa:

Que estilo de vinhos harmonizam com bacalhau, peixe, ovos de chocolate e outras guloseimas típicas da Páscoa? Essas e outras perguntas relacionadas ao mundo do vinho serão respondidas nas próximas edições do “Curso de Iniciação ao vinho” da importadora mineira Casa Rio Verde dias 23 de março (sábado) e 1,2 e 3 de abril.

Os cursos acontecem na sala “Adolfo Lona” na loja da Praça Marília de Dirceu – 104, bairro Lourdes, com carga horária de 9 horas. O programa abrange, entre outros itens: harmonização vinho x comida; como degustar; principais países produtores; climas e solos; tipos de videiras e de uvas; e serviço do vinho. Na parte prática, são degustados 12 rótulos de estilos diferentes”.

Datas: 23 março (9 às 19h) e 1,2, 3 abril (19h às 22h)

Local: Casa Rio Verde – Praça Marília de Dirceu, 104 – Lourdes

Valor do investimento: R$ 299 por pessoa (capacidade 18 pessoas) – sócios do VinhoClube da Casa Rio Verde pagam R$209,30.

Inscrições e informações: https://www.casarioverde.com.br/vinhos/cursos

Telefone: 31-3116-2300.

Vinho da Semana: não é o mais caro do mundo, mas foi pontuado como o melhor de sua categoria.

De Loach – Pinot Noir, California 2016

Vinho elegante e bem equilibrado. Aromas de cereja e framboesa madura com suave toque de noz e pinho. Corpo médio com taninos presentes que levam a final longo e suculento.

Totalmente “food friendly”, acompanhando uma infinidade de pratos.

Qual o seu vinho predileto?


Há quem considere ter ‘um vinho de cabeceira’ um rito de passagem, obrigatório, no universo vínico. Já outros acham que isto é desnecessário.

Em nossa existência, elegemos várias coisas como favoritos, por exemplo, um time de futebol, um gênero musical, preferimos um tipo de filme que emociona e claro, prato ou restaurante predileto. Ter seu vinho de referência nada mais é que seguir o curso natural das coisas.

Estas escolhas são motivadas por diversos fatores, alguns totalmente fora de nosso controle, como aquelas que são ditadas por nossas emoções. O vinho preferido de muitos enófilos nada mais é do que o desejo de repetir um momento que foi muito marcante.

Mas este não é o único caminho.

Os profissionais baseiam suas avaliações em quatro características desta bebida: Corpo, Acidez, Taninos e Fruta. Preferem apreciar nas chamadas degustações às cegas, eliminando qualquer possibilidade de ser influenciado por uma emoção mais forte.

Esta escolha é ascética. Talvez o vinho seja excepcional, mas só vai trazer alguma satisfação, para o simples consumidor, se for associado com algum momento significativo, que pode variar desde o momento da compra até o da degustação, este certamente cheio de outros significados.

Vamos olhar esta escolha por um outro ângulo.

Para começo de nova conversa, se você já tem um vinho de referência, parabéns! Significa que seu conhecimento já está num outro patamar e seu paladar mais apurado. Mas ainda há uma longa estrada a ser percorrida.

Está na hora de fazermos uma reflexão: “Quantos tipos de vinhos já provamos ou conhecemos?

Imaginem que, só na Itália, existe mais de um milhão de vinícolas produzindo. Até assusta, é uma infinidade de opções. Nem com um hipotético GPS conseguiríamos navegar neste ‘mare infinitum’.

Um dos truques que podemos usar para encontrar caminhos seguros é “seguir a casta”.

Não é difícil perceber que uma determinada uva se adapta melhor ao nosso paladar. Este é um teste muito fácil de fazer e os vinhos que se encontram nos supermercados servem perfeitamente. Simplesmente escolham, segundo sua preferência, uma trinca de brancos ou de tintos e façam uma prova comparativa. O momento adequado seria acompanhando uma refeição.

Leiam rótulos e contrarrótulos, escolhendo produtos bem diferentes entre si. Aqui vai uma sugestão:
Brancos: Chardonnay, Sauvignon Blanc, Torrontés;
Tinto: Cabernet Sauvignon, Malbec, Syrah.

Podem ser em cortes, neste caso, prefiram os que apresentam uma parcela maior de determinada casta.

Alguma destas uvas vai se destacar. O próximo passo é o aprofundamento.

Nesta nova etapa, procurem por produtores de outros países que trabalhem com esta mesma casta. Por exemplo: Se um Sauvignon Blanc, chileno, foi o preferido, procure provar um outro de origem Francesa, (país de origem) ou neozelandesa, atualmente considerado como os melhores.

A tarefa a ser executada é simplesmente prazerosa: decidir se algum destes novos rótulos mudou a sua opinião.

Daí em diante muita coisa (boa) pode acontecer: descobrir novas regiões e novos produtores são duas delas.

Tem mais: que tal se aventurar por novas castas ainda desconhecidas?

Basta olhar o portfólio do produtor que se destacou.

Não tenham medo. Mergulhem fundo!

Para ajudar nesta aventura, lembrem-se: tenham uma loja de confiança, pode ser ‘on line’; associem com algum alimento, tentem harmonizar e descobrir novos sabores; contrastem diferentes regiões climáticas, pode ser uma ótima descoberta.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: Na chamada Semana do Consumidor há boas ofertas em diversas lojas de vinho. Escolhemos um Tempranillo argentino, para provocar a turma que só gosta de Malbec.

Zuccardi Série Q Tempranillo – $$

Apresenta característica coloração avermelhada. No olfato estão presentes aromas de frutas como figos, cerejas e ameixas além de pimenta e nozes. O paladar é equilibrado, suculento e com final prolongado. Taninos muito bem domados.



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