O Rosé
O Tinto
O Rosé
O Tinto
Este é um assunto obrigatório para quem gosta de vinhos, principalmente para não fazer nenhuma bobagem quando nos entregam a temida Carta de Vinhos e somos convidados a selecionar uma garrafa para acompanhar a nossa refeição.
Existem regras para se elaborar uma boa carta. Para interpreta-la corretamente precisamos conhecê-las. Este é o assunto desta coluna.
Uma carta preparada corretamente deve conter algumas informações, seguir uma ordem de precedência e estar em sintonia com o tipo de gastronomia oferecida e a localização do restaurante.
A título de exemplo vamos usar a organização de uma carta de um restaurante de comida italiana no Brasil. Para efeitos didáticos ele será equipado com uma completa adega e um sistema de serviço de vinhos em taça: este deve ser o primeiro item da carta.
Pela ordem seguiriam:
– vinhos de aperitivos, em geral os espumantes. Eventualmente podem aparecer os fortificados secos (Porto e Jerez) e os Brandys;
– vinhos brancos secos;
– vinhos rosados;
– vinhos tintos;
– vinhos de sobremesa;
– fortificados doces.
Dentro de cada tipo de vinho acima os produtos disponíveis serão apresentados seguindo esta organização lógica:
– por país
– por região
– por varietal (casta)
Mas isto só não basta. Precisamos de uma ordem de precedência dos países produtores. O mais comum é encontrá-los listados em ordem alfabética, sinal que este restaurante não tem um bom Sommelier e provavelmente o seu serviço e a Carta de Vinhos são sofríveis.
Um local de classe adotaria a seguinte ordem de precedência:
– vinhos nacionais (se houver);
– vinhos do continente ou do pais do estilo gastronômico (neste caso, Itália);
– vinhos de outros continentes, por ordem de importância.
Em cada item destes, havendo diversos produtores, os mais importantes aprecem em primeiro lugar.
No nosso exemplo listaríamos os vinhos nesta ordem:
Brasil;
Chile; Argentina; Uruguai; (vinhos do continente)
Itália; (linha gastronômica)
Outros países produtores.
– Nome e tipo do vinho;
– produtor;
– safra;
– país de origem e região (os vinhos devem estar dentro de seus segmentos);
– volume da garrafa;
– preço.
Testem sua capacidade de observação: a carta a seguir tem alguns defeitos se considerarmos as regras apresentadas. O restaurante tem Pizza como prato principal…
Com a chegada dos Tablets, as Cartas de Vinhos dos bons restaurantes deixam as limitações do papel de lado e embarcaram em novas dimensões. Agora é possível fazer diversos cruzamentos de informações que, até então, só podiam ser feitos com o auxílio do conhecimento daquele que manuseava a carta. Curiosamente, era sempre o homem mais velho da mesa. Resquício de uma era patriarcal em que só os machos tomavam decisões, vinhos inclusive. Os leitores já repararam que só nos é oferecido uma única cópia da Carta de Vinhos, enquanto cada comensal recebe um cardápio?
Numa carta tradicional isto é quase impossível.
Dica da Semana: estamos na época em que podemos consumir bons tintos sem se preocupar com as temperaturas elevadas dos dias de verão.
À pungente variedade Baga, típica da Bairrada, juntou-se a maciez do Merlot e surgiu esse tinto, um vinho gastronômico e descomplicado, de excelente custo x benefício. A presença generosa de taninos e a boa acidez deste vinho sugere a harmonização com carnes vermelhas e gordas. O acompanhamento com molhos é bem-vindo
Defeitos da carta apresentada:
1 – não apresenta os preços;
2 – logo no início, apesar de ser um restaurante brasileiro, coloca o Champagne e espumantes argentinos antes dos espumantes nacionais;
3 – nos tintos, lista corretamente os vinhos brasileiros e do continente, mas pula, em seguida, para os espanhóis. Ou não tem vinho italiano, um erro, ou os colocou fora de ordem (só é apresentada uma página da carta).
Avaliação: se o leitor encontrou…
1 erro – precisa treinar mais;
2 erros – já pode pedir o vinho sem medo;
3 erros – Sommelier
Um alerta! – na coluna passada “Garrafas de vinho abertas: o que fazer?“, mencionamos um acessório, o Coravin, capaz de servir o vinho sem retirar a rolha da garrafa. Nesta semana o produto foi retirado do mercado devido a uma falha em seu projeto: as garrafas preenchidas com o gás Argônio estavam explodindo. Um risco desnecessário.
Manteremos os leitores informados do desenrolar deste “imbróglio”.
Tilia Malbec Syrah 2012 Combinando duas castas de grande exuberância, o Tilia Malbec/Syrah é um verdadeiro presente para os hedonistas.Macio, maduro e incrivelmente saboroso, mostra um estilo moderno, mas muito equilibrado, impossível de não gostar.Um vinho de espetacular relação qualidade/preço!
Hoje é dia de aula prática!
Deixar uma garrafa pela metade é coisa bem comum. Para muitas pessoas isto se torna um problema, principalmente quando o vinho é bom: como armazenar corretamente e por quanto tempo pode ser guardado sem prejuízo?
Existem vários truques, além de bons acessórios que podem ajudar nisto. Também podemos ser criativos e destinar a sobra do vinho para outras finalidades.
Escolham uma das sugestões a seguir.
1 – Arrolhar a garrafa com sua rolha original.
Pode parecer meio óbvio, mas este procedimento tem uma pegadinha importante: a rolha deve ser colocada na posição original. Nada de inverter e colocar o lado externo para dentro da garrafa.
A explicação?
Fácil: a face que está em contato com o vinho já se mostrou boa não estragando nada e nem interferindo nos sabores. O lado oposto, em compensação, esteve exposto a sujeiras, fungos, gorduras, etc.
Alguém quer arriscar?
2 – Refrigerar o que sobrou.
Pouca gente se lembra deste detalhe. Fazemos isto com os alimentos então por que não fazer, também, com a nossa bebida favorita?
Tem mais: podemos congelar!
Resfriar a sobra de um vinho não vai impedir sua oxidação, mas vai retardar bem o processo. Recolocar a rolha e deixar o vinho em pé na porta da geladeira já é uma boa medida. Dura uns 2 dias.
Para congelar é necessário adotar alguns procedimentos de segurança: não se deve colocar uma garrafa de vidro no congelador. A quantidade de água que existe no vinho, quando congela, pode causar uma rachadura e estragar tudo.
O ideal é transferir o que sobrou para garrafas plásticas pequenas (vazias) de água mineral e colocá-las no congelador. Aguentam, sem problemas, um bom par de meses. Para descongelar proceda da mesma forma como se fosse para um alimento: deixe na parte baixa da geladeira um ou dois dias antes de consumir ou do lado de fora se pretende usar rapidamente.
Há quem utilize formas de gelo ou mesmo potes plásticos. Mas precisam estar imaculadamente limpos, esterilizados se possível, e bem selados para evitar contaminações cruzadas.
3 – Acessórios!
Um dos mais famosos é o Vacu Vin, uma rolha plástica que é colocada a vácuo com o auxílio de uma bomba manual. Existem vários similares. Funciona razoavelmente por uns 3 ou 4 dias se guardarmos a garrafa na geladeira. Praticamente o mesmo tempo que se obtém com a rolha comum. O princípio de funcionamento é bem lógico: se é o ar (oxigênio) que estraga o vinho, o ideal é retirá-lo. Os melhores resultados, entretanto, são obtidos quando se deixa uma pequena quantidade de ar na garrafa.
Com o fim do verão, começa, aqui no Rio de Janeiro, a temporada de eventos para a divulgação dos vinhos de diversos produtores. Fomos convidados para participar de um jantar harmonizado com os vinhos desta boa vinícola chilena. José Paulo Gils (*) representou a coluna.
(*) José Paulo Gils é Diretor da ABS Rio e nosso “comparsa” nas colunas publicadas no site O Boletim.
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