Categoria: Sem categoria (Page 32 of 40)

Os Grandes Vinhos do Mundo – Chile – Final

O preferido dos especialistas 
Embora a expressão agradar a Gregos e Troianos seja bem conhecida, não é tarefa fácil. Deveria ser precedida de “não se pode”…. Transportando esta mitologia para o real mundo dos vinhos, a nossa tarefa se torna hercúlea. Selecionar este terceiro vinho icônico chileno foi muito difícil. São tantos produtos de 1ª grandeza por lá que é fácil fazer uma grande injustiça, isto sem levar em conta o número de especialistas que foram consultados. Afinal, gosto é pessoal. 
Conheçam a Lapostole 
Esta é uma vinícola jovem, inaugurada em 1994 pelo casal francês, Alexandra Marnier Lapostolle e Cyril de Bournet. O sobrenome Marnier tem enorme tradição no ramo de bebidas, o famoso licor Grand Marnier é seu o carro chefe. Mas atuam na vinicultura dirigindo o Chateau de Sancerre no Vale do Loire.

Começaram com uma arquitetura espetacular, 370 hectares de vinhedos em 3 áreas, o que há de melhor em tecnologia e a consultoria de Michel Rolland. O objetivo era um só: produzir um vinho de caráter europeu nos excelentes terroirs do Chile. Está localizada na área de Apalta, Vale de Colchagua, próximo à cidade de Cunaco, a região mais valorizada para vinhos no país. 

Dentre os diversos rótulos produzidos, destaca-se o Clos Apalta, um inacreditável corte de 78% Carménère, 19% Cabernet Sauvignon e 3% Petit Verdot (safra 2009), que tem recebido altas pontuações dos grandes críticos. Sua produção é artesanal. Para preservar todo o potencial da fruta, as uvas são colhidas à noite e colocadas em caixas de 14 Kg no máximo. Na vinícola, são selecionadas e desengaçadas manualmente, mantendo o alto padrão de qualidade. Os pequenos tanques de fermentação, de carvalho francês, são preenchidos por gravidade. Não há pressa. Pacientemente se espera que os agentes naturais façam o seu trabalho transformando o mosto em vinho. Nada de químicas alienígenas aqui. A temperatura é mantida em 28° e a maceração dura entre 4 a 5 semanas, com remontas manuais para se extrair o máximo das cascas e sementes obtendo estrutura e concentração no produto final. O amadurecimento é feito por 24 meses em barris novos e não há filtragem antes de engarrafar. 

Um colosso de vinho, apaixonante! Sua produção é minúscula e somente é vinificado em anos excepcionais. 

Mas não é um vinho fácil. Para apreciá-lo corretamente é preciso entendê-lo e ter um paladar bem apurado. Com um potencial de guarda em torno de 10 anos, temos que esperar que ele fique pronto, não deve ser consumido jovem. Como na foto, decantá-lo é fundamental. 
Notas de degustação (safra 2009) 
Coloração escura entre o roxo e o vermelho. No olfato, apesar de jovem, já demonstra muita fruta vermelha madura, ameixas e cerejas, além de notas de figo seco e moca. Percebe-se facilmente, aromas de baunilha e cravo da índia no final. 
No palato, é um vinho muito estruturado, com um ataque de boca compacto e sedoso. Taninos domados e um surpreendente e longo retrogosto (não falei que era um vinho para os especialistas?). 
Harmonização: carnes do tipo contra-filé, ovinos e carne de caça. Ótima combinação com sobremesas ricas em chocolate amargo. 
Um único fator contra: é um vinho muito caro! (e muito falsificado…). 
Críticas recentes: 
Wine Spectator: 93 pontos (safra 08) 
Wine Enthusiast: 95 pontos (safra 08) 
Wine Spectator: 94 pontos (safra 06) 
Wine Spectator: 96 pontos (safra 05) 
Cometemos alguma injustiça? 
São tantos vinhos maravilhosos no Chile que fica difícil dizer que não. Esta escolha foi baseada em análises de vários profissionais da área. Mas o universo de vinhos deste país é imenso, sem falar nas diversas vinícolas-boutique que produzem vinhos fora de série em pequenas quantidades e, portanto, desconhecidos. Dois outros grandes produtores merecem ser citados: 
– Emiliana Vinhedos Orgânicos – outra associação da poderosa Concha y Toro, que produz o fabuloso Coyan; 
– Viña Montes – do internacionalmente respeitado vinhateiro Aurélio Montes que, entre várias delícias, produz o Purple Angel, um dos vinhos mais celebrados da atualidade. 
Sem dúvida o Chile merece uma nova visita.  

Dica da Semana: mais um bom chileno da mesma região do Clos Apalta. 

Montes Selección Limitada Cabernet/Carmenère 2010 
País: Chile / Apalta 
Produtor: Viña Montes 
Uva: Cabernet Sauvignon e Carménère 
Um sucesso constante. Envelhecido em barricas de carvalho americano, que conferem ao vinho um delicioso toque de baunilha. Segundo a revista Wine Spectator, é difícil não gostar deste vinho. Harmoniza com carnes grelhadas, cortes de ovinos e de caça. 
Robert Parker: 90 pontos (safra 09) 

Na próxima semana cruzaremos os Andes!

Os Grandes Vinhos do Mundo – Chile – 2ª parte

O Mais conhecido! 
O Chile é um país privilegiado para vinhedos e vinhos. Um solo muito fértil, um clima perfeito para o desenvolvimento das uvas, obtendo-se resultados inigualáveis. Devido à sua curiosa localização geográfica, uma estreita faixa de terra espremida entre os Andes e o Pacífico, ficou imune à maioria das pragas, principalmente a temida Filoxera. Não foi por acaso que se tornou uma espécie de santuário das parreiras, preservando espécies, muitas vezes em pé franco, que já não existem mais em qualquer outra parte do mundo. Talvez nem se saiba, até hoje, a real dimensão deste repositório. A qualquer momento podem surgir novas espécies dadas como extintas. 
O exemplo mais conhecido é o da Carménère, hoje a uva emblemática do país, que só foi identificada corretamente em 1994 graças a um meticuloso trabalho do ampelógrafo francês Professor Jean-Michel Boursiquot. Esta uva, hoje raríssima na Europa, é uma das 6 uvas originais de Bordeaux (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec e Petit Verdot), que foram enviadas para a América do Sul para evitar a temida praga. Mesmo depois de descoberto o sistema de enxertia, ela nunca foi replantada, provavelmente por ser suscetível à outra doença, a Coulure, moléstia que ataca os bagos das uvas logo que começam a florescer. Resultou num belo trunfo para os chilenos, provocando a chegada de importantes vinícolas europeias para ali vinificarem e recuperarem algumas destas verdadeiras joias. 

Uva Carménère 

Em 1997 a Concha y Toro se associou com a bordalesa Baron Philippe de Rothschild SA, para produzirem um vinho excepcional, o Almaviva, talvez o vinho chileno de alta gama mais conhecido internacionalmente. 

Para produzi-lo, construíram uma espetacular vinícola, na região de Puente Alto, próximo a Santiago. 

O Almaviva é um corte de Cabernet Sauvignon vinificado com as mesmas uvas e métodos utilizados na produção do Don Melchor, com vinificações independentes de Carménère, Cabernet Franc e Merlot em proporções que variam a cada safra. A de 2007, que está no mercado, declara: 64% Cabernet Sauvignon; 28% Carménère; 7% Cabernet Franc e 1% Merlot. A decisão final desta mistura é feita por um colegiado de enólogos, chilenos e franceses. Um verdadeiro e respeitado Corte Bordalês produzido fora da França. Talvez o único no gênero. 
De cor vermelha rubi profunda e intensa, revela aromas puros e delicados de groselha maduras, amoras e morangos silvestres, combinados com notas minerais e toques de baunilha, café, alcaçuz, e especiarias. No palato, mostra-se muito equilibrado, taninos firmes e excepcionalmente longos, maduros, refinados e concentrados, contribuindo para densidade e textura elegante. Harmoniosamente perfeito. Excelente! ($$$$) 
Ótimo para acompanhar carnes vermelhas, cordeiro, carne de porco, queijos duros e pratos condimentados. 

Dica da Semana: um chileno delicioso e bem mais palatável no bolso. 

Chocalan Reserva Cabernet Sauvignon 2010 
País: Chile / Valle del Maipo 
Produtor: Viña Chocalan 
Uvas: 85 % Cabernet Sauvignon, 8% Syrah, 5% Carménère e 2% Petit Verdot 
Vinho de cor rubi com tons violáceos. Aromas de frutas vermelhas frescas e um pouco de mentol. No palato amora, cassis, ameixas, cerejas pretas. Saboroso e bem equilibrado, com madeira bem integrada. Grata acidez, bom volume e um final longo. Ideal para acompanhar queijo emmental e brie, carne de boi, carneiro, porco, veados e javalis, ou simplesmente com empanadas. 

Na próxima semana, o chileno predileto dos especialistas.

Os Grandes Vinhos do Mundo – Chile – 1ª parte

Uma Pequena Introdução 
Antes que alguns leitores estranhem, fizemos um salto consciente sobre a América Central, saindo da Califórnia e chegando ao sul do continente. Há uma razão, só um país tem um futuro promissor neste subcontinente: o México. O Vale de Guadalupe, quase uma extensão dos vales californianos, já tem nomes importantes produzindo bons vinhos. Destacam-se as vinícolas Monte Xenic, uma associação de 5 amigos e Casa de Piedra, do enólogo Hugo D’Acosta, a grande figura por trás do desenvolvimento desta região. Entre suas diversas atividades, fundou e administra uma boa escola de enologia, formando a mão de obra necessária para o sucesso destes empreendimentos. Com certeza em alguns anos teremos importantes caldos vindos de lá. Enquanto isto não ocorre, vamos conhecer um pouco de deste nosso vizinho com o qual não temos fronteiras. 
Vinicultura no Chile 
O desenvolvimento da indústria vinícola, neste país, passa por duas fases bem caracterizadas. A primeira ocorre na chegada dos conquistadores espanhóis, em 1548, que trazem na sua comitiva o padre Francisco de Carabantes. Como era comum, este plantou as primeiras videiras para produzir o vinho de missa. Dois fatos interessantes: existiam uvas nativas e o povo local dominava, perfeitamente, o processo de fermentação, embora não produzissem nenhum vinho. Havia uma bebida alcoólica obtida a partir de grãos. 

Carabantes 

A segunda fase surge por volta de 1850, com o Chile consolidado como país e independente da Espanha. A mineração, principalmente de nitrato (fertilizante), forma uma geração abastada que tem a França como modelo de riqueza. Esta influência abrange várias áreas da cultura chilena: arquitetura, moda, comida, etc. Grandes áreas começam a ser plantadas com varietais nobres da Europa, fato inédito até então. Criam-se as primeiras vinícolas, contratam agrônomos e enólogos de Bordeaux. O Chile se torna o primeiro país americano a produzir vinhos de qualidade. 
Para escapar da filoxera, diversas espécies de videiras são enviadas para serem replantadas neste exuberante terroir situado entre o pacífico e a cordilheira dos Andes, com resultados magníficos, a tal ponto que diversas empresas francesas investem neste país. O Chile se torna uma nova fronteira do vinho. Todos os aspectos eram favoráveis: o terreno, o clima e não haver um ataque da praga.

Sendo um dos maiores exportadores de vinhos de qualidade, atraiu as grandes vinícolas europeias que montaram operações no Chile. Quase toda a produção é exportada – o chileno não é um consumidor do seu excelente vinho. 
Os vinhos icônicos 
Não é possível fazer uma comparação direta com vinhos do velho mundo. A matéria prima daqui é muito superior, em todos os aspectos, à da Europa. Mas ainda falta um pouco de tempo para atingir a excelência dos Bordaleses, por exemplo. Mas já há alguns vinhos muito importantes. 

Um dos pioneiros na vinificação, Don Melchor de Concha y Toro, funda a vinícola homônima em 1883, a partir de um vinhedo de uvas nobres de Bordeaux que pertencia à sua esposa, D. Emiliana. Esta empresa, hoje a maior do Chile, produz diversos vinhos e está associada a grupos estrangeiros em operações independentes. Mas, se perguntarmos a qualquer chileno qual o melhor vinho do Chile, a resposta será unânime: o Don Melchor. Um vinho que começou a ser elaborado em 1987, em homenagem ao fundador da empresa. 

Este espetacular Cabernet é produzido com uvas do vale de Maipo, plantadas numa área de 114 hectares, composta de diferentes parcelas. Cada lote fornece material para uma vinificação com características próprias que serão provadas, inclusive na França, para compor este verdadeiro quebra-cabeças que vai definir a melhor proporção para esta assemblage. O envelhecimento passa por 12 a 14 meses em barris de carvalho francês, novos ou com 1 ano de uso. Após ser engarrafado, descansará por um par de anos, no mínimo, antes de ser colocado no mercado. Muitos afirmam que é um mito engarrafado. 
O Don Melchor é um vinho caro mas muito respeitado nos principais polos consumidores. O famoso Robert Parker o classifica com 95 pontos (safra 2006), sendo acompanhado pela respeitada Wine Spectator com 94 pontos. 
Um vinho de cor púrpura opaca que tende a colorir a taça. Predominam aromas tostados, tabaco, cedro, couro, moca e cereja negra. Na boca é equilibrado, frutado sem ser explosivo, suave e complexo, com diferentes camadas de sabor. Pode ser guardado por 30 anos com segurança. 
Mas não reina sozinho! Há pelo menos mais dois vinhos de mesmo teor que vamos conhecer nas próximas semanas. Este é o preferido dos chilenos. Apresentaremos o mais famoso e aquele que é o preferido dos especialistas. Aguardem!

Dica da Semana: um bom chileno que não vai fazer feio. 

Perez Cruz Cabernet Sauvignon 2008 
País: Chile / Valle del Maipo 
Uvas: Cabernet Sauvignon(90%), Merlot e Syrah(9%). 
Tinto com excelente aroma frutado, com notas de pimenta e violetas. Bem estruturado, de taninos maduros, final longo e suave. Harmoniza com carnes assadas, massa com molho cremoso, aves de caça e queijos de cura média.

Os Grandes Vinhos do Mundo – Lendas norte-americanas – Final

O Branco 
A escolha do Chateu Montelena, safra 1973, como vencedor da degustação parisiense de 1976 foi mais impactante do que o resultado dos tintos. Este colosso norte-americano, apesar do nome francês, derrubou o mito sobre os brancos da Borgonha e mostrou que bons Chardonnays podem existir em outros lugares do mundo. 

Chateau Montelena 

Os derrotados foram os respeitadíssimos Meursault Charmes Roulot, Beaune Clos des Mouches Joseph Drouhin, Batard-Montrachet Ramonet-Prudhon e Puligny-Montrachet Les Pucelles Domaine Leflaive. Um dos jurados, a toda poderosa de então, Odette Khan, ensaiou uma revolta exigindo que suas fichas de votação lhe fossem devolvidas e insinuando que o resultado fora manipulado. Um escândalo! 
Este fabuloso Chardonnay foi fruto de uma obsessão. O que restava da vinícola original, desmantelada após a lei seca, foi adquirido por um grupo de investidores, entre eles, James (Jim) Barrett que se encarregou restaurá-la, plantando novos vinhedos e reequipando o velho prédio com modernos equipamentos para vinificação. Contratou o temperamental, mas muito competente enólogo, Mike Grgich, de origem Croata, para conduzir a vinificação. A primeira safra seria produzida em 1972. Tudo o que desejavam era fazer um vinho tecnicamente perfeito. 
Conseguiram! 

De modo análogo ao Cabernet da Stag´s Leap, este Chardonnay é vinificado num padrão diferente. Quase não passa por madeira e não é submetido à fermentação malolática. Deixa em segundo plano a madeira e o sabor amanteigado para privilegiar uma vivacidade e mineralidade que o faz um vinho muito elegante e discreto. 
Curiosidades: 
– Jim Barret e Mike Grgich acabaram se separando devido a diferenças irreconciliáveis. Jamais retomaram a parceria. Mike fundou sua própria vinícola, competindo diretamente com a Montelena; 
– Em 2004, foi detectada uma contaminação por 2,4,6-trichloroanisole, o TCA, nos seus vinhos. Caras medidas foram tomadas para promover a descontaminação dos barris de envelhecimento, origem do problema; 
– Hoje, outro vinho emblemático do Chateau Montelena é um especialíssimo Cabernet Sauvignon que está no mesmo nível do Cask 23 da Stag´s Leap. 

Uma triste conclusão 
A evolução dos vinhos do Chateu Montelena passa por altos e baixos. O filho de Jim, Bo Barrett, assumiu a vinícola em 1981 e a dirige até hoje. É considerado um dos melhores enólogos da América. Mas alguns de seus vinhos receberam críticas negativas, o que aponta para a existência de problemas nos vinhedos ou na vinificação. Em 2008 foi anunciada a venda da vinícola para a francesa Chateau Cos d’Estournel, de Bordeaux, num mega-negócio que incluía pesados investimentos no replantio de vinhedos e modernização de equipamentos. Nunca foi concluído. 
Talvez seja esta a grande diferença entre os vinhos do velho e novo mundo: faltam-lhes as tradições.

Dica da Semana: um Chardonnay da Califórnia bem acessível! 

Hayes Ranch Chardonnay 2008 
Vinícola: Hayes 
Pais: Estados Unidos / Califórnia 
Fundada há 125 anos, uma das vinícolas mais antigas do país. Hoje é líder na Califórnia. Misturando técnicas tradicionais e inovando sempre. 
Coloração amarela esverdeada, límpido e cristalino, aroma floral e frutado (frutas brancas), fresco e algo mineral, notas cítricas e de maçã verde com persistência média, guarneceu bem um salmão na grelha. 

Os Grandes Vinhos do Mundo – Lendas norte-americanas – 1ª parte

Dois vinhos importantíssimos. Foram os grandes campeões da famosa degustação às cegas organizada em Paris, no ano de 1976. Derrotaram marcas famosas e causaram, de forma indiscutível, uma grande alteração no mapa mundi do vinho. 
A Califórnia entrou em cena! (em grande estilo). 
O Tinto 
Imaginem uma vinícola, com apenas 6 anos de fundada, enviar um de seus vinhos para ser julgado, na França, sendo comparado com os fabulosos Château Haut-Brion, Château Mouton-Rothschild, Château Leoville Las Cases, Château Montrose e ser considerado o melhor da prova? 
Os julgadores? Nomes do maior respeito na época: 
Pierre Brejoux (França) – Instituto das Denominações de Origem 
Claude Dubois-Millot (França) – Guia Gault e Millau 
Michel Dovaz (França) – Instituto dos Vinhos da França 
Patricia Gallagher (Americana) – Academia do Vinho 
Odette Kahn (França) Editora da La Revue du Vin de France 
Raymond Oliver (França) – Restaurante Le Grand Véfour 
Steven Spurrier (Inglês) – crítico de vinhos e organizador do evento 
Pierre Tari (Frença) – Chateau Giscours 
Christian Vanneque (França) – Sommelier do Tour D’Argent 
Aubert de Villaine (França) – proprietário do Domaine de la Romanée-Conti 
Jean-Claude Vrinat (França) – Restaurante Taillevent 
O vinho apresentado foi o Stag’s Leap Wine Cellars Cabernet Sauvignon, safra de 1973. Vinificado por Winiarsky e seu enólogo, na época, Tchelistcheff, utilizou uvas colhidas de videiras extremamente jovens da área denominada S.L.V. O processo de vinificação ainda estava sendo ajustado. Um produto que tinha tudo para dar errado, um azarão. No entanto, tornou-se o vinho mais comentado da época e elevou a vinícola ao status de grande estrela.

O vinho, embora tenha uma denominação varietal, é um corte de 93% Cabernet e 7% de Merlot, respeitando a legislação americana. Por seguir uma receita de vinificação considerada clássica, os produtos da Stag’s Leap são muito diferentes daqueles dos produtores vizinhos, embora todos compartilhem um mesmo terroir. Os vinhos de Winiarsky são considerados dinâmicos, harmoniosos, equilibrados e transcendentes. Após a compra do vinhedo Fay, em 1986, houve um replantio das videiras o que forçou a mudança do nome, deste vinho, para Cask 23. Atualmente é considerado o melhor Cabernet dos EUA. Caríssimo!

Curiosidades: 
– existe uma outra vinícola com um nome semelhante, a Stags’ Leap Winery. Reparem que a diferença entre os nomes é, basicamente, a posição do apóstrofo – Stag’s e Stags’ – fruto de uma decisão judicial de 1986 que aproximou os dois vinhateiros, Winiarsky e Doumani. Para selar a nova amizade, produziram um vinho com uvas das duas propriedades, denominado Accord (Acordo);
– uma das poucas garrafas existentes faz parte da coleção do Smithsonian National Museum of American History;
– há uma garrafa desta mitológica safra para vender, em Hong Kong, por R$ 1.400,00; (pesquisa realizada em 2012).

Em 2007 a vinícola foi vendida para um consórcio formado pelo Chateau Ste. Michelle, uma vinícola do estado de Washington e pela italiana Marchesi Antinori Srl. O valor foi 185 milhões de dólares. 

Dica da Semana: A Stag’s Leap produz uma linha de vinhos mais acessíveis, a Hawk Crest, que se encontra à venda no Brasil. São um pouco mais caros que produtos chilenos ou argentinos, mas vale o investimento. 

Hawk Crest Cabernet Sauvignon 2006 
Produtor: Stag’s Leap Wine Cellars / 
Estados Unidos Elaborado pela aclamada vinícola Stag’s Leap Wine Cellars, produtora do mítico Cask 23, o Hawk Crest mostra concentração e profundidade de fruta e excelente relação qualidade/preço. 

Na próxima semana, vamos conhecer o Chardonnay que abalou a França.

« Older posts Newer posts »

© 2024 O Boletim do Vinho

Theme by Anders NorenUp ↑