Categoria: Mendoza (Page 1 of 2)

Mendoza 2023: final + Brazil IOOC

Ocupamos nossa última manhã em Mendoza com duas atividades lúdicas: um jogo sensorial e degustação de azeites na Casa Caye e um “Blend Game” (Enólogo por um dia) na Vinícola Vistalba.

A foto que abre esta coluna mostra como foi o jogo sensorial. Em poucas palavras, um show!

Na mesa estavam dispostas vinte taças opacas e numeradas. Cada uma continha um aroma que deveríamos identificar e anotar na ficha que se vê no lado direito da foto. Havia um pouco de tudo: frutas, ervas, temperos, especiarias etc.

Por trás do jogo, estava a ideia de preparar os nossos sentidos para a segunda parte, a degustação dos excelentes azeites ali produzidos. Seguiu-se um espetacular buffet de queijos, frios e azeitonas, regados com um belíssimo espumante, Philippe Caraguel. Simplesmente perfeito!

Para chegar na Vistalba bastou atravessar a rua, literalmente. A visita começa com um breve recorrido pelas ótimas instalações. Chamou a atenção a quantidade e variedade de equipamentos utilizados na produção de seus famosos vinhos. Usam madeira, concreto e aço inox.

Na sequência, fomos conduzidos até a uma saleta onde faríamos o Blend Game. A proposta era produzir dois cortes, diferentes, a partir de três vinhos básicos da vinícola. Tudo que era necessário, pipetas, funis, taças e garrafas estava à nossa disposição.

Cada participante deveria, a seu critério, misturar dois ou três dos vinhos oferecidos: Malbec, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. Uma vez decididas as misturas, elas eram provadas por todos e julgadas. As duas melhores seriam engarrafadas e rotuladas. Isto foi o ponto alto da atividade.

Depois de muitas provas, risadas e alguns comentários impublicáveis, decidimos quais iam para a garrafa. Mas, antes, deveríamos escolher um nome para nossos vinhos, de produção única.

Nova rodada de divertidos debates, tendo como fundo a palavra “penta”, já que éramos cinco pessoas. Todos concordaram que não era o melhor nome…

A solução, salomônica, foi lembrar que o grupo era formado por quatro damas e um cavalheiro, logo, “Tetra + 1”.

Em breve serão degustados aqui no Rio de Janeiro.

De Mendoza retornamos para Buenos Aires, onde passamos alguns dias antes de voltar para casa.

Com certeza ficamos com saudades.

Algumas recomendações:

– Atenção ao peso das malas – nos voos internos na Argentina, o limite de peso é 15 Kg por volume;

– O preço dos vinhos em Mendoza, seja nas lojas ou nas vinícolas é maior do que em Buenos Aires, além de aumentar o peso no voo interno;

– Comprem, apenas, aqueles vinhos que, sabidamente, não serão encontrados nas lojas habituais;

– A Aerolineas Argentinas permite o despacho de uma caixa de vinhos (6 garrafas) por passageiro, sem ônus extra.

Brazil iOOC 2023

Durante os dias 16 a 18 de julho, Lamego, em Portugal e São Paulo, no Brasil, se tornaram as capitais do Azeite.

A Quinta da Pacheca e o restaurante Kinoshita, receberam os dois grupos de especialistas que provaram mais de 100 amostras de azeites vindas de 13 países, em três continentes.

Na edição deste ano, além dos prêmios Triple Gold, Ouro, Prata e Bronze, e do Top Ten (que distingue os 10 azeites com maior pontuação), a organização criou três reconhecimentos adicionais: o Top Ten Northern Hemisphere (para os 10 melhores azeites do hemisfério norte), o Top Ten Southern Hemisphere (para os 10 melhores azeites do hemisfério sul) e o Best Organic (para o melhor produto orgânico).

Apresentamos, a seguir, o “Top Ten”, onde alguns azeites brasileiros se destacaram:

PALACIO DE LOS OLIVOS PICUAL – SPAIN
PROSPERATO PREMIUM BLEND – BRAZIL
ETHOS COBRANÇOSA – PORTUGAL
PURO CORATINA – BRAZIL
VERDE LOURO KORONEIKI – BRAZIL
DON JOSE CORATINA – BRAZIL
PROSPERATO EXCLUSIVO PICUAL – BRAZIL
AL-ZAIT & CO. KORONEIKI – BRAZIL
VERDE LOURO ARBOSANA – BRAZIL
OLIWE BLEND – CHILE (TIE)
ROSMANINHO PRAEMIUM – PORTUGAL (TIE)
GALLO BIO – PORTUGAL (TIE)
DON JOSE BLEND – BRAZIL (TIE)

Nota: TIE = empate

A listagem completa pode ser encontrada neste link:

Brazil IOOC 2023 (pdf)

Saúde, bons vinhos e azeites!

Mendoza 2023: dia 3

A foto que abre este texto é da Casa Vigil, área que recebe os visitantes da Bodega Aleanna, onde os famosos vinhos El Enemigo e Gran Enemigo são elaborados. Esta foi a última visita deste terceiro dia e um grande almoço.

Começamos, cedinho, com uma grata surpresa, conhecemos a Viña Alicia, uma vinícola boutique de altíssimo nível.

Uma exclusividade!

Sua história é maravilhosa. Alícia é o nome da esposa de Alberto Arizu e, tecnicamente a “dona” desta bodega. Aqui, Alberto, um dos grandes nomes do vinho argentino (Luigi Bosca), consegue realizar os seus mais incríveis sonhos, dando vazão a toda sua criatividade enológica, uma verdadeira utopia.

Em apenas 25 hectares consegue produzir vinhos inacreditáveis que remontam às origens europeias da família Arizu. São castas nada habituais nesta região: Nebbiolo, Grenache Noir, Carignan, Riesling, Alabriño, Savagnin, e algumas outras.

Além deste vinhedo, controlam um outro de vinhas velhas de Malbec, em Las Compuertas, onde descobriram uma raridade: algumas plantas eram das mudas originais de “Cot”, nome francês da Malbec. Estas vinhas se adaptaram de uma forma diferente ao terroir mendocino, dando origem ao que chamam de “Brote Negro”.

A vista é muito interessante do ponto de vista histórico. Somos levados para a sala de degustação, onde nos explicam, com todos os detalhes, a razão de existir da Viña Alicia. Cada vinho elaborado aqui tem um sentido, sendo que alguns nunca serão comercializados. Foram criados para seus netos, como uma herança, sobretudo porque Alberto colocou, em cada garrafa, a sua visão da personalidade de cada um. Espetacular.

A imagem a seguir, com alguns reflexos, por ter sido obtida através de um vidro, mostra a área de produção da empresa.

Provamos três vinhos, todos deliciosos:

Um Chardonnay safra 2017 que, apesar da idade, estava impecável. Nenhuma cor alterada e nem reflexos de amadurecimento. Inacreditável.

O Malbec era safra 2014. Tanto no aroma quanto no paladar parecia um vinho jovem.

O último vinho foi um corte, o Morena 2013, 88% de cinco clones diferentes de Cabernet Sauvignon, e 12% de dois clones de Cabernet Franc. Um vinho de sonhos.

A próxima visita foi na Bodega Alandes, de Karim Mussi, um dos Enólogos mais respeitados da Argentina e professor de muitos outros que hoje fazem vinhos de sucesso.

Karim foi o grande incentivador do uso de tanques de concreto para fermentar os vinhos em Mendoza. Visto com ceticismo, no início, foi ele que abriu as portas para as técnicas mais modernas em uso hoje.

Tornou-se um empresário, controlando uma série de vinícolas e rótulos reconhecidos em todo o mundo: Alandes, Altocedro, Qaramy, Abras (em Salta) e mais alguns outros.

A visita é algo nostálgica, mostrando um pouco da vida em outros tempos.

A foto mostra a área de carga dos tanques de fermentação da antiga bodega. Junto aos dois toneis de madeira fizemos da primeira degustação, de um vinho que está ali para ser mostrado aos visitantes (estava levemente oxidado). Seguimos para uma confortável sala de degustação onde provamos outros 4 vinhos.

Alandes Paradoux Blend, composto de Semillon e Sauvignon Blanc; Finca Qaramy, um corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e Syrah; Altocedro Finca Los Turcos, 100% Malbec de vinhas com mais de 80 anos e o Alandes Gran Cabernet Franc.

Todos estavam corretos e interessantes. Infelizmente, a visita foi depois da Viña Alicia. Covardia …

O outro ponto alto deste dia foi o almoço na Casa Vigil – El inimigo. Um grande parque, com várias opções de mesas ao ar livre ou dentro do restaurante e uma loja com toda a linha de vinhos de Alejandro Vigil, o que inclui a família Catena.

O cardápio é extenso. São receitas de família elaboradas com produtos da própria horta e que mudam a cada solstício, tudo para destacar a grande estrela deste almoço, os vinhos. Fomos recebidos assim:

São vinhos “top” da vinícola. E nada de taças vazias, a simpática Sommelière estava atenta e não deixava nada faltar.

Pediram um vinho branco? Foram servidos um Chardonnay e um Torrontés.

Espumante para a sobremesa? Sim, temos …

E assim foi, uma verdadeira refeição pantagruélica e ainda com direito a um ótimo guitarrista que tocava clássicos brasileiros (acho que só tinham brazucas por lá, neste dia) e, a pedidos, tocou canções argentinas.

Show!

Na próxima semana relataremos uma interessante experiência sensorial com azeites e um “blend game”.

Saúde e bons vinhos!

Mendoza 2023: dia 2

Nossa programação no segundo dia foi intensa. Visitamos três vinícolas, duas no Vale do Uco, que fica a cerca de 100 Km do centro de Mendoza.

A primeira foi uma vinícola boutique, a Família Blanco, localizada em Ugarteche, ainda em Lujan de Cyuo.

O prédio é bem simples, com algumas referências à história da família, por exemplo, as três “janelas” na fachada representam os filhos, as mulheres de um lado e os homens na outra ponta.

Sempre foram plantadores de uvas, fornecidas para outras empresas. A partir de um determinado ponto, decidiram fazer seus próprios vinhos, reservando cerca de 20% da produção de uvas.

E que vinhos!

Se dividem em 3 linhas, Mairena, Familia Blanco, um espumante e uma linha de entrada, com vinhos simples e muito agradáveis, denominados Just White Please, Just Malbec Please e Just Rose Please, que foi o primeiro vinho degustado, durante uma curta caminhada até um vinhedo.

Em seguida, visitamos as instalações da bodega, tudo em pequeno porte e muito organizada. A mesa de degustação era um encanto, com queijos, frutas secas e uma incrível redução de Bonarda, que era deliciosa.

Provamos o Mairena Sauvignon Blanc Desafio 2021, Mairena Bonarda 2018, e o Familia Blanco Blend 2017. Todos muito bons, com o Bonarda se destacando.

A próxima visita foi na imponente Bodega Monteviejo (foto de abertura), dentro do conhecido Clos de Los Siete.

Esta foi a primeira empresa a funcionar neste complexo. Em outra oportunidade, havíamos visitado a vinícola, mas saímos decepcionados: nem uma provinha dos vinhos nos foi oferecida.

Atualmente, a bodega é comandada pela filha e neta de Catherine Péré-Vergé, falecida em 2013. Quantas mudanças!

As instalações são grandiosas, tudo com muito espaço e boa organização. Imaginem que o prédio já é usado até para eventos de música.

Degustamos quatro vinhos:

Linda Flor Chardonnay 2020 – um clássico da empresa e, talvez, o melhor Chardonnay da Argentina. Vinificado ao estilo que se convencionou chamar de Californiano. Muito amanteigado, fácil de beber;

La Chouette 2020 – um blend tinto, que faz, no seu rótulo, uma homenagem a uma família de corujas que habita uma toca ao lado da porta de entrada principal. Correto;

Linda Flor Malbec 2016 – este subiu o nível, estava impecável.

Selecion Campos de Los Andes 2014 – este é um vinho elaborado por Marcelo Pelleriti, que sempre foi o Enólogo chefe da vinícola. Agora passou a função para gente mais nova e atua como consultor. Outro vinho de cinco estrelas.

Esta degustação apagou, definitivamente, a má impressão que foi deixada na visita anterior. Saímos de lá felizes e animados para o nosso almoço, que seria na fabulosa Zuccardi Piedra Infinita, que foi considerada, em 2022, como a melhor vinícola do mundo.

Espetacular!

A seguir, uma foto do restaurante, onde outras surpresas nos aguardavam.

O cardápio do dia:

Uma verdadeira orgia gastronômica. Foram servidos os seguintes vinhos:

Zuccardi Q Chardonnay 2014 – num estilo bem diferente do Linda Flor. Agradou a todos;

Poligonos Paraje Altamira Malbec 2020 – outro bom vinho desta vinícola. Harmonizou corretamente com o prato servido;

Concreto Paraje Altamira Malbec 2021 – um dos “top” da empresa. Simplesmente maravilhoso. Elaborado e maturado em tanques de concreto;

José Zuccardi Malbec 2019 – outro top da bodega. Impossível não comparar com o anterior e tentar decidir qual é o melhor. Show!

Malamado Vintage 2018 – este é um vinho de sobremesa que divide os experts. “Malamado” seria uma sigla para “Malbec elaborado a la moda de Oporto”. Ao mesmo tempo, significa que é um “enjeitado”. Deixando as paixões de lado, o vinho estava perfeito para acompanhar a sobremesa de peras.

Para fechar este texto, uma foto tirada da nossa mesa:

Semana que vem tem mais.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:

Fotos da Zuccardi obtidas no press kit da bodega.

Mendoza 2023: dia 1

Onze anos após nossa última visita, retornamos à Capital do Vinho Argentino, desta vez, conduzindo um grupo de 4 damas: Claudia, Cecília, Chris e Cristiana.

Como de hábito, nosso roteiro foi elaborado em conjunto com a Maria José Machado, da DiVinos Rojos (Instagram, Facebook). Desta vez visitamos nove vinícolas e uma olivícola.

A primeira visita foi na Matervini (foto), uma vinícola boutique “top”, localizada em Lujan de Cuyo. Pertence a Santiago Achaval, um dos sócios originais da conhecidíssima Achaval Ferrer, que foi vendida para um grupo russo, donos da vodka Stolichnaya.

Algumas surpresas nos esperavam. Além de Achaval, juntou-se a ele o Enólogo, Roberto Cipresso. Embalados pelo sucesso dos seus antigos vinhos, decidiram explorar novos terroirs, em busca de vinhos ainda mais icônicos.

A vinícola é uma pequena joia, em todos os sentidos, explorando, ao mesmo tempo, técnicas modernas e tradicionais. A proposta, embora muito ousada, é de uma simplicidade chocante: todos os vinhos são elaborados da mesma forma, sem concessões. A degustação de quatro vinhos tintos foi o ponto alto. Já havíamos provado o único branco, servido como “boas-vindas”, um delicioso corte das castas Roussanne, Marsanne e Viognier, 94 pts por James Suckling para a safra 2020.

Os tintos foram servidos nesta ordem: Canota, Calcha, Alteza e Finca. Cada um foi elaborado com a mesma casta, Malbec, plantada em diferentes regiões. O Canota, recebeu seu nome por conta desta nova região mendocina, onde nunca haviam plantado uvas. Calcha veio do vale Calchaquies e o Alteza veio de Cafayate, ambos em Salta, a cerca de 1.800 Km de distância. Todos excelentes e completamente diferentes entre si.

O ponto alto ficou com o Finca, último a ser provado. O vinhedo fica na porta de entrada da vinícola. É considerado como um dos melhores da Argentina.

Na antiga vinícola, Achaval e Cipresso elaboravam três vinhos que ficaram muito famosos: Finca Mirador, Finca Altamira e o Finca Bela Vista, que recebeu 100 pontos de Robert Parker.

Quando vendeu a antiga bodega, Achaval não incluiu, no pacote, a Finca Bela Vista. Com suas uvas elaboram, agora, o Finca. Simplesmente sublime, mas o preço é assustador.

A segunda e, excepcionalmente, última visita do dia foi na Bodega Durigutti, onde fizemos o nosso primeiro almoço harmonizado. Fica em Las Compuertas, distrito de Lujan.

O restaurante (foto) se chama 5 Suelos e a cozinha é denominada como de Finca.

Cada um escolheu uma combinação de pratos, que foram provados entre todos. Os vinhos escolhidos foram os da 1ª seleção, “Mendoza, Tierra de Malbecs”.

Novamente, os vinhos degustados buscavam sua identidade em diferentes terroirs. O Pie de Monte vem de Gualtallary no Vale do Uco, uvas de um só vinhedo. O 5 Suelos é um interessante corte, dentro de uma linha muito inovadora desta vinícola, o Proyeto Las Compuertas. São elaborados, em ovos de concreto, 5 vinhos oriundos de diferentes vinhedos. São cortados posteriormente e engarrafados. Ainda dentro deste espírito, resgataram uvas muito antigas, Criolla, Cordisco e Charbono, plantadas em Latada ou em Gobelet (arbusto). Algumas ainda em pé franco e com mais de 100 anos de idade. Elaboram vinhos com cada uma delas.

O terceiro tinto foi o HD (Hector Durigutti) Reserva, elaborado a partir de vinhas velhas, seguido do top Carmela Durigutti Gran Reserva, outro “single vineyard”. Todos corretíssimos. Um almoço impecável.

Cansados e satisfeitos, retornamos ao nosso hotel.

No dia seguinte visitaremos três vinícolas no Vale do Uco.

Fica para a próxima semana.

Saúde e bons vinhos!

Mendoza 2014 – Epílogo

Muita coisa divertida acontece numa viagem como a que relatamos nas três colunas anteriores. O grupo era muito unido proporcionando bons momentos durante os deslocamentos ou nas visitas às lojas de vinho da cidade de Mendoza. Vamos contar alguns destes “causos”…
 
1 – Os grandes vinhos provados
 
Houve, sem dúvida, um vinho que foi escolhido como o melhor de todos. Esta honraria foi concedida, por unanimidade, ao Paradigma elaborado no Domaine St. Diego pelo enólogo Angel Mendoza, que também foi eleita como a “melhor visita”. O problema foi que qualquer outro vinho provado depois deste ficou em segundo plano…
 
Para permitir uma avaliação, destacamos os seguintes vinhos degustados:
 
Bodega Sinfin Guarda de Família – 93 pontos Descorchados
 
 
Bodega Melipal Nazarenas Vineyard Malbec – 93 pontos Wine Enthusiast
 
 
Dominio del Plata Brioso – 93 pontos Descorchados (mesma pontuação do Bem Marco Expressivo)
 
 
Ainda de acordo com o Guia Descorchados o campeão Paradigma recebeu 94 pontos. Outro grande vinho provado, o Mariflor Camille de Michel Roland ainda não foi cotado por nenhum crítico. O Malbec Gran Reserva da Dolium, cotado com 92 pontos por Robert Parker, foi o que menos nos impressionou.
 
Se a St. Diego não tivesse sido a 1ª visita do dia este resultado poderia ser outro. Estratégias a serem pensadas na próxima viagem…
 
2 – Quase uma debandada
 
Estávamos a caminho da última visita do dia onde seria o nosso almoço. Atrasados, como de hábito, pois a cada vinícola multiplicavam-se os interesses, o nosso simpático motorista se perdeu e resolveu fazer uma paradinha para perguntar qual seria o melhor caminho até nosso destino. Vejam onde ele resolveu parar:
 
(jamon crudo = presunto crú)
 
O que vocês estão vendo sobre o balcão do reboque é um enorme filão de pão caseiro com uma aparência estupenda. Some a nossa fome e…
 
Pena que não deu tempo de provar, mas ficou anotado para uma visita futura. A foto é do Fábio.
 
3 – Final de tarde na cidade
 
No mesmo quarteirão de nosso hotel, bastando virar a esquina, estava localizada uma das melhores lojas de vinho de Mendoza, a Sol y Vino. Muito sofisticada é mais que uma simples loja de bebidas incluindo no seu leque de produtos itens como conservas, chás, objetos de decoração, etc. Ao contrário do nosso país, onde vinho é considerado um artigo de luxo e taxado de acordo, na Argentina faz parte da cesta básica, é um alimento! A seguir uma foto do salão principal para os leitores avaliarem.
 
 
Toda noite havia um evento, aberto, com vinícolas boutiques, degustação de novos produtos ou até mesmo eventos privados como o que fizemos. O grupo resolveu degustar um dos meus vinhos favoritos, o Lagrima Canela da vinícola Bréssia, um excelente corte branco de Chardonay e Semillon escolhido pelo Guia Descorchados como o melhor em sua categoria, recebendo 94 pontos.
 
 
Outros vinhos foram provados e várias compras efetuadas: os preços eram ótimos. Não existe nada parecido por aqui, pena… (foto do Marcio)
 
4 – As opiniões de cada um
 
Pedi aos companheiros de viagem que resumissem os melhores momentos: reproduzo a seguir alguns comentários:
 
“Para mim, os harmonizados, todos, foram o alto da viagem. Excepcionais. A qualidade dos pratos aliada à perfeita harmonização dos vinhos, em ambiente extremamente agradável e exclusivo superou todas as expectativas.
 
A visita ao Angel Mendoza foi também legal, especialmente pela qualidade dos vinhos.
 
A visita à Dolium me pareceu o ponto baixo. Não era bonita e o vinho não era bom. A Sin Fin, ao menos, tem belíssimas instalações”.
 
Fábio
 
————————————
 
“Concordo com o Fábio, as harmonizações foram o forte: na Melipal, onde a carne estava deliciosa; na Suzana Balbo o lugar é fantástico. A vinícola do Angél Mendonça é realmente especial.
 
Toda viagem foi muito bem balanceada entre lugares arquitetônicos e produção artesanal”.
 
Gustavo
 
————————————
 
“Nossa viagem foi recheada de momentos especiais, vou destacar alguns:
 
– Parada em Buenos Aires com almoço relâmpago no Sucre. No retorno, o Ronald resolveu encarnar no taxista que, vendo o grupo de trás rindo aos borbotões, não deixou barato. Os dois, trocando farpas em espanhol, protagonizaram uma cena hilária, impagável!
 
– Jantar no restaurante Ana Bistrô. Tive a sorte ao escolher um cordeiro fantástico, o melhor prato da viagem.
 
 
– Ponto alto da viagem foi a visita ao Domaine St. Diego, local belíssimo e os melhores vinhos da viagem. Considero este vinho (Paradigma) o melhor da viagem, deveria ter comprado mais.
 
– Gostei muito da loja de vinhos próxima ao nosso hotel, infelizmente não temos algo parecido por aqui, até porque os preços assustam e o vinho ainda é encarado como algo elitizado, uma pena.
 
– Por fim, não posso deixar de destacar a nossa visita a Susana Balbo. O local é muito bonito, bons vinhos e comida excelente, melhor harmonizado da viagem”. 
 
(Lobianco, Ronald, Márcio e Fábio)
Márcio
 
———————————————-
 
Ronald preferiu dividir com todos os leitores alguns instantâneos especiais. Segundo suas palavras, “pura diversão”:
 
(Borrachera = Bebedeira)
5 – as “últimas” garrafas
 
Numa das minhas visitas anteriores provei um vinho chamado Oportuno, uma das muitas aproximações a um Vinho do Porto (o nome é uma referência) produzido em Mendoza. Ficou na memória e sempre o mencionava quanto o assunto era harmonizar sobremesas.
 
Fiquei todo animado pois visitaríamos a vinícola que o produzia (Domaine St. Diego) e comecei a tecer loas a respeito dele. Todos se interessaram, especialmente o Ronald, apreciador deste tipo de vinho. Para aumentar as nossas expectativas, lá estava ele na carta de vinhos do Ana Bistró, no nosso jantar de boas vindas a Mendoza. Nem pedimos, queríamos provar na fonte!
 
Mal sabíamos que não era mais produzido. Foi aquele banho de água fria. As uvas originalmente destinadas ao Oportuno são usadas atualmente para o Pura Sangre Nueve Lunas.
 
Inconformado, pedi ajuda a nossa guia para saber se o Ana Bistró me venderia uma garrafa. María José descobriu que restavam apenas duas na adega do restaurante e as arrematou, me presenteando com elas.
 
Para não deixar de cumprir a minha promessa, repeti a gentileza entregando uma garrafa para o Ronald.
 
Provavelmente as últimas deste raro vinho que deixou de ser produzido há quatro anos.
 
 
Houve outro episódio semelhante. Tínhamos uma encomenda de um licor Triple Sec (à base de laranja), produzido por uma destilaria mendocina, a Tapaus, localizada do outro lado da rua em frente à Domaine St. Diego. Seria uma compra fácil, era só atravessar a rua…
 
Não foi bem assim! A destilaria não existe mais, os sócios se desentenderam, venderam todos os equipamentos e o antigo prédio está sendo convertido para uma olivícola e um restaurante. Outra ducha fria…
 
Lembramo-nos de uma lojinha, em Mendoza, que há muito tempo atrás vendia os produtos desta finada empresa e fomos até lá. Encontramos uma única garrafa à venda. Segundo a vendedora, a última…
 
 
6 – A esticada em Buenos Aires
 
A capital da Argentina tem outros encantos bem diferentes da “capital do vinho”. Sempre vale a pena passar alguns dias desfrutando das boas tradições Portenhas. Não tínhamos uma programação definida como em Mendoza, apenas alguns desejos e uma boa lista de encomendas, inclusive de vinhos.
 
Os que viajaram para o Rio no próprio domingo compraram seus vinhos nas vinícolas, nas lojas da cidade ou no free shop do aeroporto. Como só retornaríamos no meio da semana, não tinha sentido chegar a Buenos Aires com as malas cheias. Aproveitamos para garimpar em lojas que não conhecíamos. Tivemos boas surpresas.
 
A primeira delas foi a Alma Terra, localizada em Palermo Soho (Thames 1653 – https://es-es.facebook.com/pages/Alma-Terra/198966506860063), uma “Wine Boutique and Organic Delicatessen”.
 
 
Sua proprietária, a simpática Tamara Evans, tem a preocupação de manter um leque de produtos muito interessantes que mistura o que ela classifica como “os mais procurados” e algumas garrafas especiais para os enófilos em busca de vinhos mais exóticos. Boas compras por lá.
 
A outra descoberta foi ao acaso. Uma das encomendas da nossa lista era o Linda Flor Chardonnay, geralmente uma compra fácil na Tonel Privado ou na Winery, duas lojas tradicionais. Estava em falta o que nos obrigou a pesquisar em outros estabelecimentos. Já estávamos quase desistindo quando descobrimos, ao lado de nosso hotel, uma loja de artigos de couro e vinhos, a Alpataco (Quintana 450 – www.alpatacoweb.com.ar), onde fomos muito bem atendidos e encontramos o que buscávamos. Aproveitei e fiz mais umas comprinhas… Duas novas descobertas que vão entrar na nossa lista de recomendações.
 
Mais dois destaques, desta vez puro entretenimento:
 
– na 2ª feira saímos em busca de um show de música folclórica que acontecem nas Peñas, misto de restaurante e casa de show. Neste dia, só havia na La Peña del Colorado (http://www.lapeniadelcolorado.com/) oferecendo um espetáculo “Afro-Peruano”. Sem ter bem certeza do que se tratava, lá fomos nós 4 atrás de boa diversão. Valeu a pena! Apesar do vinho…
 
Ambiente rústico e familiar, cardápio típico, boa música e uma minúscula carta de vinhos quase desconhecidos. Para não arriscar, optamos por um Malbec Penedo Borges, que depois de todos os bons vinhos provados em Mendoza nos pareceu fora de contexto. Para acompanhar, empanadas (deliciosas) e Choripan (pão com linguiça).
 
Divertimo-nos muito. “Afro-Peruano” provou ser uma série de boleros e uma pitada de salsa (pista de dança aberta), muito bem interpretados pelo grupo musical que absorvia todos os músicos que apareciam por ali, com especial ênfase nos que tocavam o “cajon peruano”, uma caixa de madeira que se encarregava da percussão. Excelente. Vamos voltar lá sem dúvida.
 
 
– Para não perder o ritmo de Mendoza continuamos nossa maratona enogastronômica. Um dos destaques foi um restaurante que reabriu, em novo endereço, agraciado com o título de “melhor cozinha de Buenos Aires – 2013”, o Freud & Fahler (Cabrera y Godoy Cruz – Palermo). Como era hora do almoço, optamos pelo menu executivo da casa, 180 pesos (R$ 36,00) com entrada, prato principal, sobremesa e 1 taça de vinho. Dentre as várias opções escolhemos saladas, carne e massa, escoltados por um bom Chardonnay patagônico (o nome se perdeu em minha anotações).
 
O restaurante é bem simples e confortável. A base é uma padaria, a cesta de pães oferecidas como couvert era de comer rezando. A tudo estava delicioso e as porções eram mais que suficientes. Muito bom, na próxima visita vamos para o jantar que tem um cardápio muito elaborado. 
 
 
Na manhã seguinte partimos de volta ao Rio de Janeiro, já sonhando com a próxima viagem. Estamos pensando seriamente em inaugurar o “Boletim Eno Tours”, muita gente interessada.
 
Cartas para a redação!
 
Dica da Semana:  para não fugir do tema, mais um bom argentino, desta vez branco.

 
Crios Chardonnay 2012
 
Vinho muito versátil que apresenta aromas de frutas brancas maduras, abacaxi e maçã, notas de baunilha.
 Paladar frutado, refrescante, com bom corpo e estrutura.
 Harmonização: peixe assado com tomilho e alecrim, espaguete com molho cremoso de queijo, salada de bacalhau, torta de palmito, quiche de alho poro, moqueca, bolinho de arroz.
 88 pontos no Guia Descorchados
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