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De volta ao básico – erros e acertos

Prezados leitores.

Antes de entrar no tema da semana, temos um pedido muito especial.

Já está aberta a “Consulta Pública” para o projeto de lei 3594/2023, que propõe classificar o vinho como um alimento, seguindo o que diversos países produtores já adotaram.

Com isto, incidirão menos impostos sobre a nossa bebida favorita.

Para votar “sim”, indicando nosso apoio ao projeto, basta acessar o site do Senado Federal, link a seguir, e clicar no projeto de lei em questão.

Só podem votar os cidadãos que já fizeram seu cadastro no site “Gov.br”.

Para votar – https://www12.senado.leg.br/ecidadania/principalmateria

Gov.br – https://www.gov.br/pt-br

O resultado até o momento da publicação deste texto é de 2.218 “sim”.

Obrigado


Para muitas pessoas, degustar um vinho pode ser intimidador. Para estes, há uma enorme quantidade de regras, normas, controles, harmonizações e outros mitos, que torna tudo muito complicado.

Errar se torna o padrão, enquanto acertar é quase fortuito.

Sim, isto é verdadeiro. Todas estas “leis” são divulgadas no mais eficiente sistema de comunicação, o popular “boca a boca”. Algumas destas imposições são contadas e recontadas há muitas gerações.

Não podemos negar. Mas, podemos mostrar que a grande maioria delas são, apenas, preciosismos, que não cabem mais no mundo moderno.

Vinho tem uma aura de “bebida sagrada”, por ser usada em ritos religiosos de diversos credos. Mas o vinho não foi criado para isto. Ele foi adotado, por diversas religiões, para representar um momento.

Devemos aos padres e pastores, os missionários, a divulgação do vinho e da uva por todo o mundo. Alguns dos mais famosos vinhedos e os vinhos obtidos com seus frutos, começaram a ser elaborados dentro de monastérios.

Ainda assim, isto não os torna sagrados, muito pelo contrário, são extremamente populares e, por estas razões, é que vamos encontrar nossa bebida predileta em quase todos os países, produtores ou não.

Seguindo neste raciocínio, há quem destaque que o vinho é uma bebida de elite: degustá-lo é algo “esnobe”.

Esta é uma verdade que só existe nos olhos de quem assim a enxerga. Podemos beber uma taça de um vinho com toda a pompa e circunstância ou simplesmente relaxamos e aproveitamos o momento em total descontração.

Somos nós que escolhemos qual caminho seguir! O vinho terá os mesmos aromas, sabores, taninos, acidez e doçura e preço.

Outra queixa constante é que harmonizar vinho e alimentos é muito difícil, complicado e quase sempre não dá certo.

Em nossa defesa, podemos afirmar que ninguém é obrigado a harmonizar nada. Não foram os vinhateiros que criaram estas regras de harmonização, uma verdadeira pseudociência: quem inventou isto foram cozinheiros e donos de restaurantes.

Nenhum vinho é elaborado para ser consumido junto com este ou aquele alimento. Obviamente, algumas combinações vão ser mais agradáveis que outras e isto se deve, muito mais, aos elementos químicos, de um e de outro, que ao se combinarem podem resultar em sabores estranhos.

Sim, errar aqui é muito fácil.

No início deste texto peço o voto de apoio dos leitores para que o vinho, no Brasil, seja classificado como um alimento. Isto nos diz muita coisa, a principal delas é que, em diversos países, o nosso vinho faz parte, diária, das refeições. E ninguém está preocupado com complexas “harmonizações”. Pensem nisto.

Sigam este caminho e não errem nunca.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Primeira Estrada – Sauvignon Blanc 2022

O projeto Primeira Estrada é pioneiro na produção de vinhos em áreas tropicais brasileiras, sendo a vinícola localizada na região sul de Minas Gerais. Junto ao pesquisador Murilo Rosa deram o ponta pé inicial na produção de dupla poda ou vinhos de inverno, no Brasil.

Vinho de coloração amarelo palha claro, límpido e brilhante. Muito aromático, intensa nota de grama cortada, broto de tomate, toque de maracujá. Possui ótima acidez, corpo agradável, sem amargor nem aresta, com retrogosto longo e agradável.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS:

Foto de abertura: Imagem de freepik

De volta ao básico – as taças

Quem aprecia um bom vinho sabe que, tradicionalmente, existem três tipos de taças: para tintos, para brancos e para espumantes.

Nada de errado nisto, cada uma tem um tamanho e formato que, segundo especialistas, melhoram a experiência de degustar um vinho.

Como tudo na vida, alguns formatos evoluíram. O caso mais típico, a taça para espumante, passou de um design aberto, denominado “Coupe”, para outro bem fechado, a “flute” até chegar na “tulipa”, algo entre um e outro.

As taças para vinhos tranquilos também mudaram, a tal ponto que, atualmente, já existem formatos e tamanhos específicos para cada tipo de casta vinificada.

Inacreditável!

Um belo golpe de marketing. Mas, ao criar esta moda de diferentes taças, os fabricantes não se deram conta que o espaço de guarda, doméstico ou em restaurantes, era limitado e finito. Para alguns, um problema sem solução.

Vamos simplificar.

Nossa bebida predileta pode ser degustada em qualquer recipiente, isto inclui desde os prosaicos copos de plástico para água, até tampas metálicas de garrafas térmicas. Apenas o que se convencionou chamar de “experiências”, será diferente.

Podemos fazer uma boa comparação com uma festa, que antigamente se recomendava “traje passeio” ou até mesmo “traje a rigor”. Ninguém poderia aparecer de bermudas e chinelos.

Vinho na taça é análogo. Elas têm funções bem especificas. Sua haste, por onde devemos segurar, impede o rápido aquecimento do líquido. O formato bojudo favorece uma melhor percepção dos aromas. O material, geralmente cristal, promove uma agradável e compatível sensação, ao tocar nossos lábios.

Não acreditam? Experimentem beber água num copo comum e comparem com beber numa taça ou copo de cristal de borda fina.

Fica fácil perceber que há um momento certo para cada recipiente receber o nosso vinho. Ninguém está pensando em delicadas taças, naquele fim de semana no camping, ou copos de papel num evento formal.

Mesmo quando a situação pede que sejam mantidas as tradições, muita coisa mudou. Alguns fabricantes de cristais, que perceberam que o mundo moderno tende a se tornar minimalista, criaram a “taça universal” (foto), que serve para todos os tipos de vinho. Uma bela sacada!

Seja qual for a taça, nunca devemos servir mais do que 1/3 do volume. O espaço que sobra é necessário para que o vinho respire e mostre todas as suas qualidades.

Taças imaculadamente limpas é outra exigência da qual não se abre mão. A limpeza deve ser feita com álcool, preferencialmente o Isopropílico, para tirar manchas de batom ou gordura. O corpo deve ser lavado com detergente neutro sem aromas. Especial atenção para a borda e o fundo. Usem esponjas macias, apenas.

Deixem escorrer e sequem com pano de microfibra. Para polir, usem flanela com álcool. Guardem com a boca da taça para cima, no máximo, com um véu sobre elas.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Garbo – Alicante Bourbon 2022

O Alicante Bourbon, da Garbo Enologia Criativa, é um projeto de 3 enólogos brasileiros que buscam produzir vinhos fora do padrão convencional. Nesta vinificação da casta Alicante Bouschet, de grande força e personalidade, metade do volume matura 10 meses em barricas francesas e a outra metade 10 meses em barricas de Whiskey turfado (Bourbon).

Vinho de coloração vermelho rubi profundo, intenso com notas de café e tabaco, provenientes do carvalho francês, que se mesclam aos aromas tostados e delicadas nuances de chocolate amargo, advindas dos barris de Whiskey. A evolução em taça revela notas de frutas negras maduras, evidenciando seu caráter varietal. Possui excelente estrutura, taninos macios e notas da maturação, especialmente em seu retrogosto, perfeitamente harmônicas às nuances naturais do vinho.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS:

Foto de abertura por Luiz Henrique Mendes, licenciada no Adobe Stock

De volta ao básico – servindo um vinho

Pode parecer simples, mas tem seus segredos.

Vamos precisar de alguns acessórios, nada que não exista em casa: um bom saca-rolhas, uma faca ou canivete e uma pano de prato limpo, exclusivo para o serviço do vinho. Além disto, precisamos de taças.

A nossa primeira recomendação é muito simples: tudo que vai acontecer daqui para frente depende, unicamente, do movimento de nossas mãos. A garrafa deve ficar imóvel e bem apoiada numa superfície plana.

Limpeza é fundamental! Se for necessário, higienize, com álcool ou água, o gargalo da garrafa antes de abri-la.

O primeiro passo é cortar ou mesmo remover completamente a cápsula que protege a rolha. Vejam a ilustração a seguir.

Com auxílio de algum instrumento cortante, siga a linha amarela indicada acima. Deixe a garrafa parada enquanto a mão gira em torno dela. Este é a maneira clássica. Parte da cápsula permanece no gargalo.

Um truque que vem sendo muito usado é tentar girar, com a mão, toda a cápsula. Se ela ceder, remova completamente, sem precisar cortar nada. Proceda a mais uma limpeza, sempre há resíduos sob este invólucro.

Existe um acessório, muito comum no mercado, projetado especificamente para este momento. Infelizmente, ele corta, apenas, até o primeiro rebaixo do gargalo, o que não é suficientemente higiênico. Evitem.

Chegou a hora de remover a rolha. Uma boa ferramenta faz toda a diferença. Existem diversos tipos de saca-rolhas no mercado e todos cumprem sua função. Mas, nem todos o fazem sem esgarçar a rolha e deixar muitos resíduos.

O tipo “Sommelier” (foto abaixo) é o famoso bom e barato. Simples, fácil de usar, vem com uma útil serrinha para cortar a cápsula. Os modelos de melhor qualidade empregam uma alavanca de 2 estágios, facilitando a extração.

Procurem o centro da rolha, espetem a ponta e girem a ferramenta, não a garrafa, que deve estar apoiada e segura com a outra mão. Usando o braço da alavanca, puxem a rolha com cuidado. Limpem qualquer resíduo.

Bom, então agora é só servir?

Em tese, sim. Mas tudo vai depender do tipo de vinho.

Brancos ou tintos jovens podem ir direto para as taças. Vinhos mais velhos, principalmente os tintos, vão precisar de um tempo de aeração e decantação, se houver depósitos sólidos no fundo da garrafa. Esta é a razão para deixá-la quieta durante esta operação.

Jarras decantadoras ou acessórios aeradores são muito práticos, neste momento.

Outra opção é abrir a garrafa algumas horas antes: produz o mesmo efeito. Coloquem um pano sobre o bocal para evitar insetos.

Lembrando a regrinha básica do serviço, o anfitrião prova uma pequena quantidade para checar se está tudo como o esperado: aromas, sabores e temperatura. Em seguida serve a damas e depois os demais.

Duas exceções importantes:

1 – Garrafas com tampa de rosca dispensam boa parte deste ritual;

2 – Os espumantes devem ser abertos de outra forma – quem gira é a garrafa, enquanto seguramos firmemente a rolha, sempre usando o pano de serviço.

Deixar a rolha explodir e voar não é elegante e pode machucar alguém. Procure obter um discreto sibilo, mantendo a rolha sobre controle. Exige alguma prática.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Guatambu – Veste Amarela 2023

A Estância Guatambu é uma empresa familiar com atuação no agronegócio desde 1958. Atualmente sob o comando da terceira geração, visando diversificar seus produtos, iniciou em 2003 o projeto de produção de uvas viníferas, com a implantação do vinhedo com mudas importadas da França e da Itália, em Dom Pedrito, na Campanha Gaúcha. O Veste Amarela leva o nome do pássaro Veste Amarela, que está ameaçado de extinção no Bioma Pampa e foi encontrado em bando por biólogos da SAVE Brasil na Estância Leões, em Dom Pedrito. Um vinho laranja muito delicado, com sabores doces e cítricos em meio a uma acidez vibrante e uma textura quase delicada. Um vinho para harmonizar com sushi e pratos com camarão ou frutos do mar.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS:

Imagem de abertura por azerbaijan stockers no Freepik

Saca rolhas por brgfx no Freepik

De volta ao básico – Vinhos fortificados

Vinhos fortificados formam uma categoria muito especial e ampla dentro do “eno universo”. Já mencionamos, em outro artigo deste blog, que alguns deles podem ser enquadrados, também, na categoria dos vinhos doces.

Recebem esta denominação, fortificados porque, em algum momento de sua elaboração, vão ser misturados com uma significativa quantidade de um destilado. Cada região produtora tem suas normas, definindo o tipo de vinho base, o destilado, açúcar residual, teor alcoólico, em geral mais elevado que os vinhos normais e tempo de envelhecimento.

Alguns estilos, muito particulares, podem receber extratos aromáticos para criar um produto diferenciado.

Portugal é um dos grandes produtores destes vinhos. Eis alguns deles:

– Porto

Só pode ser elaborado na região demarcada do Douro. Tradicionalmente o vinho é produzido com um corte de diversas castas regionais e a aguardente é sempre vínica. O estilo mais conhecido é tinto e doce. Hoje já elaboram versões em branco seco e rosé.

Com relação ao tempo de maturação, os Ruby são os mais jovens e os Tawny recebem a indicação da idade no rótulo.

– Madeira

Outra indicação protegida: só pode ser elaborado na ilha da Madeira. As uvas utilizadas são: Tinta Negra, Sercial, Verdelho, Boal e Malvasia. Dependendo da seleção de castas utilizadas e do momento em que a aguardente é adicionada, este vinho pode variar de doce a muito seco. Além da fortificação, este vinho é oxidado, deliberadamente, num processo conhecido como “estufagem”, o que o torna único.

– Moscatel de Setubal

Vinho típico da região homônima, elaborado com a casta Moscatel e aguardente para interromper a fermentação. Sua criação é atribuída a José Maria da Fonseca, em 1834, um dos mais antigos produtores de vinho daquele país.

Dentro da Península Ibérica temos outro vinho, espanhol, muito conhecido.

– Jerez ou Xerez

Produzido, exclusivamente, na região delimitada pelas cidades de Jerez de la Frontera, Sanlúcar de Barrameda e Puerto de Santa María, com as castas Palomino, Moscatel e Pedro Ximenes. Os estilos podem variar de seco a doce, cada um passando por diferentes processos de amadurecimento. A fortificação é feita com um tipo de Conhaque, após o fim da fermentação.

Alguns estilos, como o Fino e o Manzanilla, passam pelo sistema de Soleira e a flor de levedura. O Oloroso é deixado oxidar naturalmente. O Amontillado e o Palo Cortado usam os dois sistemas.

Já os doces, elaborados com castas Pedro Ximenes e Moscatel, em uva passa, contém um grande teor de açúcar que não consegue ser totalmente convertido em álcool.

Na Itália vamos encontrar um vinho clássico e um outro, que pode ser considerado como “fora da curva.”

– Marsala

Um vinho histórico da Sicília. Originalmente elaborado em 1773, passou por altos e baixos na sua comercialização, ficando quase esquecido. A força de alguns produtores, da região ocidental desta ilha, o trouxeram de volta.

Tradicionalmente é elaborado com as castas brancas Grillo, Inzolia e Catarratto. Existe uma versão em tinto. Seu teor alcoólico fica em torno de 20%. Não são safrados e os estilos são definidos pelo tempo de maturação, variando de seco a doce. A fortificação é feita com um tipo de Conhaque.

– Vermute

Pode parecer estranho, mas esta deliciosa bebida é um vinho fortificado, branco ou tinto, que recebe a infusão de diversos extratos botânicos e aromáticos. A receita original buscava fazer um medicamento.

Tornou-se uma sofisticada bebida, difundida mundialmente. Pode ser seco ou doce.

Na França existe uma categoria denominada “Vins Doux Naturels” (vinhos doces naturais), muito abrangente, onde vamos encontrar vinhos fortificados muito interessantes: Banyuls, Maury e Rivesaltes.

Na ilha de Chipre é produzida outra joia, o Comandaria, a partir da fortificação de vinhos obtidos com as castas Mavro e Xynisteri, plantadas em maior altitude e transformadas em uva passa.

Sem pretender esgotar o assunto, este é um bom início para quem deseja se aventurar neste campo onde, tranquilamente, é possível ultrapassar os limites da coquetelaria.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

RAR – Collezione Savagnin 2023

Há 45 anos, Raul Anselmo Randon, inaugurou a RAR e começou uma grande história empresarial no Brasil. Apaixonado por vinhos, iniciou projeto vitivinícola em Vacaria, na estratégica região de Campos de Cima da Serra. O RAR Collezione Savagnin é produzido a partir desta uva conhecida por sua expressão na região do Jura  na França, considerada uma da mais antiga em produção até os dias de hoje sem cruzamento. Aqui no Brasil é plantada apenas pela vinícola RAR e apresenta características bem diferentes da sua região de origem sendo um vinho fresco, leve e descomplicado. Um vinho límpido com tonalidade amarelo esverdeado e marcante intensidade aromática, com notas de flores e frutas cítricas. No paladar notas de rosa, maçã caramelizada, abacaxi e toque de arruda. Acidez refrescante, boa cremosidade, retrogosto prolongado.

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: foto licenciada no Adobe Stock.

De volta ao básico – Vinhos doces

Muita gente, principalmente no nosso país, torce o nariz para este tipo de vinho, muito por conta do vinho de garrafão, “suave”.

Não é sobre este tipo de bebida que vamos escrever.

Vinhos doces, de alta qualidade, são deliciosos, sofisticados e muitas vezes caros. Têm seu lugar na gastronomia mundial. Os mais conhecidos são brancos, mas existem deliciosos tintos, rosados e espumantes.

Sua forma de elaboração exige alguns cuidados adicionais e podemos dividi-los de acordo com a técnica utilizada.

São cinco tipos:

– Colheita tardia;

– Uvas pacificadas (Passito);

– Uvas Botritizadas (podridão nobre);

– Ice Wines (uvas congeladas)

– Vinhos Fortificados.

Vinhos doces têm um alto conteúdo de açúcar residual e baixos teores alcoólicos. São popularmente conhecidos como “vinhos de sobremesa”, um apelido que não faz jus à importância deste estilo e que vai muito além de ser o final de uma refeição. Muitos deles podem ser degustados como aperitivo ou mesmo acompanhando uma tábua de queijos.

COLHEITA TARDIA

Esta é a técnica básica para se obter um vinho adocicado: deixar as uvas amadurecerem além do ponto ótimo, aumentando o teor de açúcar na fruta. Vinhos como os brancos alemães com predicados, Spatlese e Auslese, os franceses rotulados como “Vendange tardive” e, os bem conhecidos, “Cosecha Tardia” estão nesta categoria. Devem ser servidos resfriados e em taças menores.

UVAS PASSIFICADAS

Este seria o passo seguinte para se obter um vinho mais sofisticado. As uvas, de colheita tardia, são colocadas em ambientes especiais para que ressequem, obtendo-se uma quantidade de açúcar ainda maior. Alguns dos vinhos, assim elaborados, são muito famosos, como o Passito, o Vin Santo, o Jerez Pedro Ximenes e o Recioto della Valpolicella. Esta mesma técnica produz um tinto seco espetacular e considerado como um dos melhores vinhos italianos, o Amarone.

UVAS BOTRITIZADAS

“Botrytis cinérea” é um fungo que, dependendo de condições climáticas muito específicas, “ataca” os cachos de uva promovendo o que se chama, vulgarmente, de “podridão nobre”. O fungo extrai o líquido da fruta, deixando-a extremamente doce e mantendo a acidez, o que é desejável.

Esta condição só ocorre em determinadas regiões e numa combinação de temperatura e umidade corretas. Alguns dos mais famosos “doces” como os Sauternes e os Tokaji são elaborados desta forma. Nem sempre é possível obter a matéria-prima ideal, o que os tornam raros e caros.

É possível inocular o fungo nas videiras e muitos produtores se valem deste recurso.

Outros vinhos doces nesta categoria: os brancos alemães com predicados, Beerenauslese e Trockenbeerenauslese, além de Barsac, Ausbruch, Bonnezeaux, Quarts de Chaume, Coteaux de Layon, Sélection des Grains Nobles.

ICE WINES

Esta outra técnica difere um pouco das anteriores, que tinham por base deixar as uvas amadurecerem. O objetivo é colher as uvas já congeladas e iniciar, simultaneamente, sua prensagem. A água congela e o açúcar, não. O mosto obtido é muito doce.

Obviamente, é um vinho típico de regiões muito frias, embora técnicas de criogenia possam ser utilizadas para obter um resultado semelhante.

Os produtos mais icônicos desta categoria são os alemães “eiswein” e os “ice wines” produzidos no Canadá. Aqui no Brasil a vinícola catarinense Pericó foi pioneira neste estilo.

VINHOS FORTIFICADOS

Este último grupo é onde vamos encontrar alguns grandes vinhos apreciados por todos, como Porto, Madeira, Jerez e outros.

Para obter a sua doçura característica, estes vinhos têm sua fermentação interrompida por adição de aguardente vínica. Como nem todo o açúcar foi convertido em álcool, o resultado é um vinho doce.

Todos estes vinhos são longevos: a maior quantidade de açúcar funciona como uma forma de preservação.

Geralmente são servidos resfriados e em quantidades menores, muitas vezes em cálices.

Algumas harmonizações se tornaram clássicas, como chocolates com Porto, e queijos de mofo azul com vinhos de uvas Botritizadas ou de colheita tardia.

Experimentem!

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Cave Poseidon – Minimal Peverella 23

Fundada pelo dentista e vinhateiro Carlo de Leo, Cave Posseidon é uma micro-vinícola instalada em uma casa na região de Porto Alegre, que busca produzir vinhos artesanais de mínima intervenção. A Peverella, a primeira uva branca vitis vinífera trazida pelos imigrantes italianos no século XIX, aqui é resgatada para produzir um vinho no estilo laranja, macerado com as cascas por 150 dias. O vinho possui aromas cítricos e leve picância e demonstra-se leve e agradável, de acidez média, taninos perceptíveis, pouco amargor e sem oxidação. A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: foto licenciada no Adobe Stock.

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