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Servindo Vinhos Antigos

No final de semana passado, participamos de animada degustação de vinhos bem maduros, a maioria deles portugueses. A foto que ilustra este texto é de uma das garrafas, um 2001, que estava excelente, mas a quantidade de borras nos chamou a atenção, principalmente para a forma correta de servir vinhos como este.

Borras são absolutamente normais, principalmente em garrafas que ficaram guardadas por longos períodos. São inofensivas, embora não seja agradável percebê-las na boca ao se degustar.

Esta sedimentação decorre da presença de resíduos, não totalmente filtrados, das leveduras de fermentação, além de microscópicas partículas que sobraram das uvas usadas na elaboração. Muitos produtores entendem que um vinho pode envelhecer corretamente se beneficiando desta filtragem menos complexa.

Um segundo fator que contribui para a formação de resíduos é o próprio envelhecimento do vinho. Polímeros fenólicos presentes nos taninos tendem a se depositar no fundo da garrafa demonstrando que, com o passar dos anos, um tinto perde substancialmente a intensidade tânica, ou seja, fica mais macio.

Ao contrário do que muitos neófitos possam imaginar, um vinho com borras está longe de ser considerado ruim. Deve, na verdade, ser olhado com bons olhos. Mas é preciso saber lidar corretamente com estas garrafas.

Os candidatos mais prováveis a terem sedimentos são os tintos com mais de 10 anos de safra. Muito fácil constatar, bastando olhar a garrafa na contraluz. Muito cuidado neste manuseio, movimentos muito delicados para não agitar nada e turvar o vinho.

Planejar esta degustação com antecedência e fundamental: a garrafa deve ser colocada na vertical por um par de dias antes de ser aberta. O vinho, da foto, estava na horizontal, o que deu um pouquinho mais de trabalho.

Decantar será obrigatório e o rito tradicional seguido ao pé da letra: verter o vinho muito lentamente no decantador, monitorando o aparecimento das borras com o auxílio de uma luz sob o gargalo. Os mais românticos podem usar uma vela.

Alguns acessórios podem ajudar nesta operação, o mais comum deles é um pequeno funil munido de um filtro metálico, que é colocado na boca do decantador.

Filtro de papel, como os usados para preparar café, é outro bom recurso, embora a aparência fique meio estranha. Muito útil em casos que as borras são severas e, principalmente, se a rolha se desfez ao ser sacada deixando inúmeros resíduos flutuando. Não usem o mesmo porta-filtro do café. Tenham um exclusivo ou improvisem no gargalo da garrafa decantadora. Este recurso exige muita paciência e várias trocas do filtro de papel.

Terminada a decantação, deixe-o em repouso por mais algumas horas antes de servir. Este vinho precisa respirar muito para poder mostrar todo o seu potencial.

Trabalhoso, demorado, cheio de detalhes. Mas…

Não tem preço!

Saúde e bons vinhos, envelhecidos ou não.

Vinho da Semana: vinhos para guardar não são os mais baratos, mas valem cada centavo.

Quinta do Piloto Touriga Nacional 2015

Bem cotado no Guia de Vinhos de Portugal com 16.5/20 pontos. Pode ser consumido já, mas aconselha-se alguns anos mais em cave. Reserve para uma ocasião especial.

Harmoniza com carnes preparadas de diversas formas, queijos intensos como o Provolone e o Parmesão.

Compre aqui: www.vinhosite.com.br

Vinho para celebrações

Frequentemente sou consultado para indicar o vinho correto que será servido numa festa, seja a simples celebração de um aniversário, o reencontro de amigos ou, a mais importante delas, num casamento.

Quase sempre a escolha do vinho é deixada por último, o que complica um pouco as sugestões. Nesta fase da organização, o orçamento já está estourado e tudo que me pedem é “um vinho bom e baratinho”, seja ele tinto, branco ou espumante.

Isto remete a um ponto muito discutível na nossa cultura: porque servimos vinho nestas ocasiões festivas e relevantes?

Com poucas exceções, vinhos não fazem parte do nosso dia a dia, somos um povo da cerveja e caipirinha. Espumante, só para ocasiões únicas.

Fica fácil perceber que servir um vinho, em certas situações, é puramente uma questão de status. Num casamento, a nossa bebida favorita se torna um adorno, um detalhe decorativo como as flores, os doces (tem que ter bem-casado!), ou outras nuances que completam o quadro. No fundo, a única preocupação é se a qualidade, e aqui enfatizo, a origem do vinho, está de acordo com o poder aquisitivo do pai da noiva, tradicionalmente o responsável pela festa.

Servir bebidas ‘nacionais’ ou de origem duvidosa pode render anos de bochichos inconvenientes…

Pois bem, Senhoras e Senhores, este é o primeiro erro que se comete ao decidir que vinhos serão servidos.

Levando-se em conta que, para brindar, sempre cabe um bom espumante, escolher vinhos que harmonizem com uma eventual refeição acaba sendo uma tremenda armadilha, até para o consultor que vai sugerir as escolhas.

Vamos olhar para esta situação por um outro ângulo: que tal servir um vinho que realmente tenha um significado ou simbologia e que esteja ligado ao que se está celebrando?

Um bom exemplo seria o vinho que um futuro casal degustou num primeiro encontro, ou escolher a mesma marca de uma garrafa que ficou icônica por uma razão ou outra. Isto traria um brilho todo especial a uma reunião e motivo para várias conversas interessantes. Harmonizar seria, apenas, escolher o cardápio correto para este vinho e não o oposto.

A questão da qualidade, ou origem, pode ser um fator muito difícil para lidar. Como consultor, já participei de reuniões, ditas técnicas, com os interessados, sejam eles noivos, aniversariantes ou assemelhados que “exigem”, nada menos, que champanhe francês, mesmo que nunca tenham provado uma na vida e, por isto mesmo, não tem ideia do custo que isto pode gerar.

Ao informar os valores aos interessados, os responsáveis por alimentos e bebidas se tornam, imediatamente, os bandidos da vez. Muito desagradável.

Acabam optando pelo que tem em sua adega, o que pode ser outro erro e até mesmo estragar o evento. Resumindo: se você não entende de vinho ou não os aprecia, não sirva…

No Brasil o custo para uma bebida de qualidade é elevado, até mesmo para o bom produto nacional, o que se torna um fator desestimulante. Isto sem mencionar as variações regionais.

Por outro lado, se estivermos numa região produtora ou próximo a ela, seria muito charmoso e correto oferecer os vinhos locais, resguardada algumas condições, obviamente. Comprando diretamente do produtor pode-se obter bons preços. Mas atenção com o frete.

Muita gente torce o nariz para vinhos comprados em grandes embalagens, mas não há nada errado nisto. No nosso país só aparecem as Wine Box com vinhos mais simples e que não enchem os olhos de ninguém. Em diversos países, muito em função do maior consumo de vinhos, existem modernos barris, os Wine Keg, que podem ser abastecidos com o vinho de sua preferência a um custo muito satisfatório. A bebida é servida através de uma torneira, como numa chopeira.

A ilustração, a seguir, mostra um barrilete de pequeno porte, apenas com o intuito de explicar o sistema. Existe em diversos tamanhos e podem ser disfarçados com múltiplas opções.

O serviço será direto nas taças e tanto pode ser feito no background como na frente dos convidados. A menos que seja uma festa muito informal, recomendamos que um profissional fique encarregado desta operação.

Pensem nestas opções quando forem organizar uma próxima festa.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: um belo tinto italiano.

Marchesana Primitivo IGT

Elaborado com 100% da casta Primitivo. Apresenta coloração rubi intensa com reflexos violáceos. Aromas marcantes de frutas vermelhas, cereja preta amora e cereja madura, com final delicado de flores e hortelã silvestre. Encorpado e aveludado com longo final amendoado.

Harmoniza com carnes vermelhas, queijos amarelos e pratos condimentados.

Compre aqui:

Vina Brasilis – Rômulo – [email protected] – (21) 99515-1071 – https://www.facebook.com/pg/VinaBrasilis/shop/?rid=133172546824172&rt=6

Supermercado Farinha Pura (Rio) – http://www.farinhapura.com.br/

Importado por Romanelli Food & Wine – https://www.facebook.com/contato.vimaimport/


EVENTO EM S. PAULO

Girl Power: seis mulheres comandam evento de vinhos inédito no Brasil

Seis Sommelières brasileiras integram o projeto ‘Rainhas de Copas’, promovido pela Wines of Chile

A arena da batalha é São Paulo. A data do duelo é 15 de junho. Em disputa estarão alguns dos mais expressivos vinhos do Chile.

As Rainhas de Copas (copas = taças, em espanhol) que participam do duelo são as sommelières Daniela Bravin, Débora Breginski, Eliana Araújo, Gabriela Bigarelli, Gabriele Frizon e Jéssica Marinzeck. Desde o dia 2 de maio, até o dia 5 de maio, as seis rainhas estarão no Chile para um roteiro intenso de visita às vinícolas, degustação dos vinhos e seleção dos rótulos que vão fazer parte de suas cartas.

No dia 15 de junho (sexta-feira), no charmoso e badalado Bar de Cima, nos Jardins, as sommelières apresentam suas cartas e duelam pelo voto do público. O consumidor vai decidir de qual carta que ele mais gostou. A vencedora ganha – além da coroa que a eleva ao posto de Rainha de Copas – uma viagem exclusiva ao Chile.

As vinícolas que participam do projeto e abrem as portas – e as rolhas! – para as sommelières no Chile são: Aresti, Bisquertt Family Vineyards, Casa Silva, Casas del Bosque, Cono Sur, El Principal, Emiliana, Gandolini, Indomita, Matetic Vineyards, Perez Cruz, Santa Carolina, Siegel Family Wines, Terranoble, Valdivieso, Ventisquero e Veramonte.

Rainhas de Copas – Wines of Chile

Dia 15 de junho (sexta-feira), das 20 horas à meia-noite

Bar de Cima – Rua Oscar Freire, 1.128

Ingressos limitadíssimos! Informações pelo telefone (11) 3253.7052

O ingresso dá direito à degustação de vinhos + coquetel

Divulgação: Alessandra Casolato – CH2A Comunicação

e-mail: [email protected]

Vinho e Sopa

Com a chegada de temperaturas mais amenas, e do frio em várias regiões brasileiras, a sopa passa a fazer parte da nossa mesa. Um alimento reconfortante e muito saudável.

Este alimento é considerado, por vários autores, como o prato mais antigo da história. Pode ser líquida ou pastosa e quase sempre servida quente, embora existam sopas frias muito famosas como o Gaspacho, a Vichyssoise e a Panzanella.

Harmonizar uma sopa é muito simples. Apresentamos, a seguir, as melhores combinações para receitas clássicas.

Sopa de Cebola

Por receber uma camada de queijo Gruyère, que é gratinada antes de servir, a harmonização correta pede um tinto com boa acidez, como os Cru de Beaujolais. Uma boa alternativa é um Cabernet Franc, casta muito bem vinificada na América do Sul, principalmente na Argentina. Para os que preferem os brancos, um Sauvignon Blanc é uma ótima escolha.

Caldo Verde

Tradicional sopa lusitana feita com batatas e couve é bem cremosa e encorpada. Um bom tinto português, como os da região do Dão, é a escolha correta. Vinhos muito frutados e com maior teor alcoólico devem ser evitados.

Sopa de Tomate

Existem algumas variações desta receita e o resultado final pode ser mais ou menos encorpado ou cremoso. Um dos casamentos clássicos é com um bom Jerez, tipo manzanilla, servido bem gelado. Tintos leves e de corpo médio são outras escolhas: Côtes du Rhone, Gamay, Barbera. Entre os brancos prefira Alvarinho ou Sauvignon Blanc.

Canja de Galinha

A mais conhecida sopa caseira que “não faz mal a ninguém”. Com sabores muito delicados, a melhor sugestão seria um Chardonnay ao estilo do Novo Mundo, que passou por madeira.

Em Portugal prefere-se uma harmonização bem típica, com o vinho tinto da região onde a receita for elaborada.

Sopa de Legumes

Se for do tipo cremosa, as melhores combinações serão com os brancos. A lista é extensa: Pinot Grigio, Chardonnay, brancos bordaleses, Viognier e Chenin Blanc. Quanto mais cremosa, mais encorpado pode ser o vinho.

Se a receita for do tipo pedaçuda e rústica, ou um Minestrone, ou uma sopa de leguminosoas como lentilha e grão de bico, os tintos serão as melhores opções: Côtes du Rhone, Syrah jovem ou um Chianti clássico.

Saúde e bons vinhos!

Vinho da Semana: ótimo para acompanhar um creme de tomates.

 

Côtes du Rhône Closerie Saint Hilaire Garnacha – Syrah 2014

Apresenta uma bela cor rubi escuro. O nariz apresenta notas de frutos vermelhos. Os taninos harmoniosos apoiam uma boca larga e elegante, apresenta bom equilíbrio e boa persistência.

Compre aqui: www.vinhosite.com.br

Mudanças na DOCa Rioja

A Rioja é uma das mais importantes e conhecidas regiões vinícolas da Espanha. Produz, anualmente, algo em torno de 300 milhões de litros de vinho, a maioria tintos.

Dividida em 3 grandes regiões, Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Baja, é berço de alguns grandes produtores como Contador, Artadi, Tondonia, entre outros.

O Conselho Regulador da Denominação de Origem Qualificada é um dos mais respeitados em com grande influência em outras áreas. Recentemente introduziu uma série de modificações no seu sistema classificatório, incluindo os chamados ‘vinhedos únicos’, objeto de uma outra matéria, em nosso site, sobre o “Vino de Pago”.

Na Rioja serão chamados de “Viñedos Singulares”.

Esta não foi a única alteração: os produtores riojanos poderão elaborar espumantes, a partir de diversas castas, sempre utilizando o método tradicional. Serão vendidos como ‘Espumosos de Calidad’ e devem estar no mercado a partir de 2019. Não podem utilizar a denominação Cava, exclusiva da região da Catalunha.

Novas regras para as classificações Reserva e Gran Reserva foram adotadas, e a antiga denominação ‘Generico’ foi substituída por ‘Joven’.

Foi autorizada a elaboração de vinhos brancos varietais. As castas mais prováveis são: Viura, Malvasía, Tempranillo Blanco, Garnacha Blanca, Maturana Blanca, Turruntés, Chardonnay, Sauvignon Blanc e Verdejo.

Apresentamos, a seguir, um resumo destas alterações.

Viñedos Singulares:

– Somente vinhedos com um mínimo de 35 anos de idade;

– Devem estar claramente delimitados;

– Rendimento máximo de 5.000 Kg (tintos) por hectare;

– Colheita manual;

– Rastreabilidade exigida.

Existem mais exigências, muitas de ordem burocrática e regras de rotulagem. Cerca de 150 municípios estariam habilitados a produzir vinhos dentro desta nova classificação.

Vinos de Pueblo e de Zona

– As regiões Alta, Alavesa e Baja são as Zonas mencionadas;

– Os vinhos de Pueblo ou Município são aqueles produzidos com pelo menos 85% de uvas locais, em vinícola sediada no município;

– Rastreabilidade exigida.

As novas regras de amadurecimento passam a ser estas:

– Reserva – 3 anos de maturação sendo 1 ano, pelo menos em madeira e 6 meses na garrafa. Válido a partir de 01/01/2019.

– Gran Reserva – 5 anos de amadurecimento com 24 meses em madeira e 24 meses em garrafa. Já em vigor.

Para não deixar dúvidas, poderemos ter, a partir de 2019, vinhos denominados como ‘Singulares’, ‘de Pueblo’ e de ‘Zona’, em diferentes estágios de amadurecimento, como Reserva ou Gran Reserva.

Saúde e bons vinhos!

Fontes:

https://www.thedrinksbusiness.com/2018/04/everything-you-need-to-know-about-riojas-new-rules/

https://uk.riojawine.com/en/

Vinho da Semana: um ótimo espanhol

Sierra Cantabria Selección D.O.Ca. 2015 (Rioja)

Elaborado com 100% Tempranillo, sua cor é vermelho-cereja limpa e brilhante. Bom corpo, com tanino notável, mas redondo. Fresco e muito frutado. No paladar é sedoso e equilibrado. No nariz, apresenta aromas de frutos vermelhos e negros maduros, aroma intenso e persistente com toques de alcaçuz. Possui boa acidez, equilíbrio perfeito. Fácil de desfrutar.

Harmoniza com perna de cordeiro com ervas, massas com molho de carne, terrinas e patês de fígado de ave.

Compre aqui: www.vinhosite.com.br

 

Vinho e Smartphones

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