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Organizando uma reunião com vinhos

Com o fim do verão já podemos imaginar um clima mais ameno e propício a beber aqueles vinhos que estão na adega aguardando uma ocasião adequada. Mas vocês sabem organizar uma reunião de amigos para apreciar a nossa bebida favorita?
 
A maioria já deve estar imaginando o tradicionalíssimo “Queijos e Vinhos”, que é uma espécie de porto seguro e simples de organizar. Mas a coluna desta semana quer ir além, que tal dar uma incrementada nesta reunião de modo a torná-la inesquecível?
 
Existem diversos caminhos para serem explorados e as sugestões que serão apresentadas podem ser aproveitadas em qualquer destes caminhos.
 
Para evitar surpresas de última hora, precisamos estar minimamente equipados:
 
– taças de espumante e vinhos (branco e tinto) em número suficiente para todos os convidados;
 
– saca-rolhas, decantador ou aerador, termômetro, entre outros acessórios;
 
– tomem por base uma quantidade de aproximadamente 1/2 garrafa de vinho por participante. Por exemplo: para um grupo de 8 pessoas o ideal seriam 5 garrafas de vinho;
 
– observe a seguinte ordem para servir os vinhos:
 
. Espumantes
 
. Vinhos Brancos leves (Sauvignon Blanc, Alvarinho)
 
. Vinhos Brancos encorpados (Chardonnay, madeirados)
 
. Rosados
 
. Tintos leves (Gamay, Pinot Noir)
 
. Tintos encorpados ou alcoólicos (Cabernet, Syrah)
 
. Vinhos de Sobremesa ou Fortificados
 
Simplificações podem ser feitas. Hoje é bastante comum usar um único tipo de taça para todos os vinhos. Escolha um tamanho entre a clássica para vinhos brancos e as maiores para vinhos tintos. Prefira as de cristal ou meio-cristal, perfeitamente transparentes. Pode parecer uma mania boba, mas bordas “finas” são fundamentais.
 
Que tal um jantar informal ou suas variações?
 
Apesar do título pomposo, isto nada mais é do que um prato quente oferecido em algum momento da noite. Algumas coisas devem ser decididas de antemão, por exemplo, o que vai ser servido? Isto implicará no que vai harmonizar com o prato.
 
Outro ponto que achamos importante considerar é o custo da brincadeira.
 
Lembrem-se que um jantar num bom restaurante, com 1 ou 2 garrafas de vinho não sai por menos que 180,00 ou 200,00 reais por cabeça. Em casa podemos preparar uma bela festa gastando muito menos que isto. Não se acanhem em rachar a despesa. Uma forma que vai fazer com que todos participem é pedir aos convidados que contribuam, seja com os vinhos, previamente definidos, a sobremesa ou mesmo os pães e salgadinhos. O anfitrião entra com a casa e o prato principal.
 
Na semana passada organizamos uma reunião como esta aqui em casa.
 
Inicialmente seria servido um Arroz de Lula, mas descobrimos que um dos casais convidados tinha problemas com frutos do mar. Mudamos para um Escondidinho de Carne Seca, que acabou sendo um sucesso. Os acompanhamentos eram Arroz de Jasmim e Salada.
 
Para abrir os trabalhos havia um bloco de patê acompanhado de geleia de frutas vermelhas e uma forma de queijo Camembert. Torradinhas, Nachos e outros salgadinhos completavam o quadro.
 
Para preparar o paladar foram derrubadas duas garrafas de espumante, um Cave Pericó Champenoise Nature, de Santa Catarina, excelente por sinal, seguido de um Cave Geisse Brut, velho conhecido nosso. Tudo servido em longas flûtes e num ritmo lento e gostoso.
 
 
O Escondidinho foi servido por volta das 22:00. Estava tudo previamente montado restando apenas colocar no forno por alguns minutos e levar para os convivas.
 
Para harmonizar com o prato quente selecionamos um Inominable Lote III, interessante corte de diversas safras e castas (5 pelo menos) elaborado pela vinícola Villagio Grando, que estava guardado há algum tempo. Foi decantado no final da tarde repousando até o momento de degustar.
 
Para provocar os nossos amigos, deixamos a garrafa à vista já sabendo que todos só olhavam para o decantador.
 
Não deu outra, ninguém descobriu qual era o vinho…
 
Uma segundo vinho foi aberto, o Lagarde Guarda, corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e outras castas, servido através de um aerador. Ficou bem interessante a comparação com a preferência dividida entre o Nacional e o Argentino.
 
 
Para encerrar a noite sorvete de baunilha e biscoitos de chocolate acompanhados de uma tacinha de Licor de Tannat, uma especialidade uruguaia. Já passava da meia-noite quando todos se despediram.
 
 
Não fizemos as contas, mas ficou infinitamente mais barato do que se gastaria na noite carioca, sem falar que o ambiente era insuperável. Um único e óbvio senão foi arrumar a casa no sábado de manhã…
 
Existem diversos desdobramentos possíveis nesta linha:
 
. Vinhos de uma determinada região e a culinária correspondente;
 
. Vinhos de uma mesma casta elaborado em diferentes regiões;
 
. Novo Mundo x Velho Mundo – esta é clássica e bem fácil de organizar;
 
. Vinhos de uma mesma faixa de preço. Muito interessante, fixe o valor e o tipo (branco ou tinto) e deixe que cada um escolha o que vai trazer. Divertido!
 
Para reuniões mais sofisticadas é perfeitamente possível fazer comparações de grandes vinhos, safras e até mesmo vinhos “elegantes” ou “icônicos”.

Dica da Semana:  um vinhaço lá da Califórnia. Escolhido recentemente como o melhor do Encontro de Vinhos 2014 no Rio de Janeiro
 

Mettler – Old Vines Zinfandel Epicenter

No nariz, aromas de ameixa, morangos e baunilha seguidos de um quê de anis.Na boca, complexos sabores de ameixa, cerejas negras, frutas do bosque escuras e tabaco.Tudo equilibrado com chocolate amargo que envolve o pálato.Taninos aveludados são mantidos em vibrante suco com acidez presente.
Harmoniza com carnes vermelhas, embutidos e massas com molho vermelho.

Vinhos Verdes: um esclarecimento

Há cerca de duas semanas, quando publicamos um glossário sobre os termos usados na descrição dos vinhos, houve uma interessante troca de e-mails entre esta coluna e o leitor Laureano Santos que reside em Oeiras, Portugal, distante 5Km da capital, Lisboa.
 
Com muita propriedade ele chamou a atenção para uma possível confusão entre um dos verbetes, ‘Verde’, algumas vezes empregado para definir um vinho que ainda não está próprio para consumo, com ‘Vinho Verde’, um dos mais típicos e deliciosos vinhos de Portugal. E ele está com toda a razão por um fator muito importante: Vinhos Verdes são produzidos para serem consumidos jovens!
 
Vamos conhecer um pouco mais sobre esta delícia da ‘terrinha’.
 
Esta denominação protegida, uma das mais antigas de Portugal (1908), só pode ser produzida numa região específica utilizando castas típicas de lá. Existem Espumantes, Tintos, Rosados e Brancos, estes últimos os mais conhecidos.
 
A Região demarcada ocupa o noroeste do país, histórica Província do Minho que foi extinta em 1976 e algumas áreas adjacentes. A denominação atual é Entre-Douro-e-Minho. Vinhos desta região foram citados por romanos como Plínio e Sêneca. Pesquisas de documentos mais recentes demonstraram que houve exportação deste produto, no século 12, para a Inglaterra, Alemanha e Bélgica.
 
 
Curiosamente foi a introdução do milho na agricultura daquela região que transformou tudo. As vinhas foram quase banidas dos campos para dar lugar à nova cultura, obrigando os vinhateiros a cultivar suas parreiras como se fossem trepadeiras em árvores mais altas. Posteriormente evoluiu para uma estrutura em treliça. Para colher as uvas era preciso usar escadas! Atualmente este antigo sistema convive com técnicas modernas de plantio.
 
 
A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes estabelece:
 
“Questões de ordem cultural, microclimas, tipos de vinho, encepamentos e modos de condução das vinhas levaram à divisão da Região Demarcada dos Vinhos Verdes em nove sub-regiões”: Amarante; Ave; Baião; Basto; Cávado; Lima; Monção e Melgaço; Paiva; Sousa.
 
Com relação às castas, são estas as principais reconhecidas pela comissão: 
 
Brancas: Alvarinho; Avesso; Azal; Batoca; Loureiro; Arinto (Pedernã); Trajadura; 
 
Tintas: Amaral (Azal Tinto); Borraçal; Alvarelhão (Brancelho); Espadeiro; Padeiro; Pedral; Rabo-de-Anho (Rabo-de-Ovelha);Vinhão.
 
Existem outras 20 castas secundárias que são utilizadas.
 
Vinhos Verdes brancos são muito saborosos e refrescantes apresentando uma característica levemente frisante, resultado da fermentação malolática realizada na garrafa.
 
O que é um defeito nos vinhos comuns torna-se um importante diferencial neste produto: é desejável. Mas impunha uma curiosa condição: as garrafas deveriam ser escuras, mesmo para os brancos, para esconder uma pequena turbidez decorrente desta segunda fermentação.
 
Modernamente, a Malolática já está sendo feita antes do engarrafamento. O efeito efervescente é obtido mediante a injeção, posterior, de gás carbônico, como se faz em refrigerantes.
 
Os Tintos são de coloração muito escura e com fortes taninos. Os rosados se assemelham aos brancos.
 
No Brasil os Vinhos Verdes sempre foram muito apreciados devido ao baixo teor alcoólico e por suas características organolépticas. Combinam muito bem com o clima e culinária nacional. Ficaram célebres marcas como Casal Garcia, Acácio, Gatão e Calamares com suas garrafas ovais.
 
 
Estes vinhos de antigamente não têm mais o mesmo encanto. Como tantos outros produtos, o Verde também mudou, fruto da necessidade de novos mercados e de experimentações de grandes produtores como Anselmo Mendes, Soalheiro e Quinta do Ameal.
 
Este vinho moderno tem como característica um maior teor alcoólico, mas continuam apresentando uma refrescante acidez, aromas e sabores frutados. São produzidos dentro das mais recentes técnicas e apesar de tradicionalmente serem consumidos jovens, não há nenhum problema em armazená-los por 6 ou 7 anos descobrindo-se uma nova experiência ao consumi-los já adultos, São vinhos incríveis!
 
Vinho Verde: a qualquer hora, em qualquer lugar.
 


Dica da Semana: um bom verde.

QG Colheita Selecionada 2009

Produtor: Quinta de Gomariz
Castas: Alvarinho, Loureiro e Trajadura
Coloração palha de média intensidade, cristalina. Intensamente frutado com tangerina, melão maduro e pétalas de rosas. Ligeiro de corpo, impressiona pelo balanço, pela enérgica e prazerosa juventude frutada. Ótima persistência no fim-de-boca.
Harmoniza com Ceviche; Queijo de cabra; Massa com frutos do mar.

O Evento “Essência do Vinho”

Nos dias 2 e 3 de maio aconteceu a edição 2013 do ‘Essência do Vinho’, aqui no Rio de Janeiro, contando com mais de 150 vinícolas totalizando perto de 1.500 rótulos de vinhos da Europa e do Novo Mundo. Além da prova livre, ofereceu uma interessante programação de palestras com degustações específicas que valiam a visita. O preço do ingresso era bem acessível com direito a uma bonita taça de cristal. O evento aconteceu no Centro de Convenções Sul América, bairro Cidade Nova.
 
 
Para deixar os leitores com água na boca, um resumo do ciclo de palestras: (estes eventos eram pagos à parte)
 
– Vertical Alvarinho Quintas de Melgaço (vinho verde), apresentado pelo crítico e jornalista Rui Falcão. Safras degustadas: 2003; 2004; 2006; 2007; 2008; 2010; 2011; 2012;
 
– Os Grandes Vinhos de Domingos Alves de Sousa (Douro), apresentado pelo produtor. Vinhos degustados: Alves de Sousa Reserva Pessoal branco 2005; Alves de Sousa Reserva Pessoal tinto 2005; Quinta da Gaivosa 2008; Quinta da Gaivosa Vinha do Lordelo 2007; Abandonado 2009; Alves de Sousa Memórias; Quinta da Gaivosa Porto Vintage 2008; Quinta da Gaivosa Porto 10 Anos;
 
– Os Melhores Espumantes do Brasil, apresentado por Alexandre Lalas e Rui Falcão (jornalistas e críticos de vinhos).Espumantes comparados: Adolfo Lona Brut Rosé; Kranz Rosé Brut; Cave Hermann Lírica; Don Abel Brut; Miolo Brut Millésime; Maximo Boschi Brut Speciale; Estrelas do Brasil Nature; Cave Geisse Blanc des Blancs; Adolfo Lona Nature Pas Dose;
 
– Seleção de 11 Vinhos Espanhóis, apresentado por Alexandre Lalas.Vinhos em prova: Cava Jane Ventura Gran Reserva Brut Nature 2007 (Penedès); Pazo de Señorans Albariño 2010 (Rias Baixas); Finca Montepedroso Verdejo 2011 (Rueda); Pétalos del Bierzo 2009 (Bierzo); Pesquera Crianza 2009 (Ribera del Duero); Clio 2009 (Jumilla); Atteca 2010 (Catalunha); Finca Sandoval 2006 (Manchuela); Remírez de Ganuza Reserva 2004 (Rioja); Humilitat 2009 (Priorat); Hidalgo Pedro Ximenez Viejo Triana (Jerez);
 
– A História do Brasil Contada pelo Vinho do Porto, apresentada por Rui Falcão e Alexandre Lalas.Datas históricas e safras em prova: 1889 (Implantação da República) | Porto 1889, Quinta dos Cortiços, Reserva de Família; 1930 (Getúlio Vargas empossado como presidente); 1955 (Juscelino Kubistchek eleito presidente) | Quinta do Noval; 1958 (Brasil Campeão do Mundo de Futebol pela primeira vez) | Burmester Colheita; 1960 (A capital muda-se do Rio de Janeiro para Brasília) | Graham´s Vintage; 1985 (Fim da Ditadura Militar e regresso à Democracia) | Fonseca Vintage.
 
No salão estavam as principais importadoras nacionais, diversas vinícolas portuguesas, afinal este evento veio da terrinha para cá, e um stand da lusitana ‘Agua das Pedras’ que começa a ser distribuída no país.
 
O foco deste evento é nitidamente informativo e educacional, preocupa-se em disseminar a cultura do vinho. Um bom atrativo para o público jovem e para os enófilos que buscam novidades. Mesmo assim, havia um horário restrito para os profissionais.
 
 
A dupla de autores desta coluna dedicou apenas 1 dia para a degustação, alternando tintos, brancos e espumantes. Chamou a nossa atenção a qualidade dos vinhos colocados nas degustações livres. Tops, como o excelente ‘Pera Manca’, estavam ao alcance de qualquer um que estendesse a taça, sem muita firula.
 
Cabe uma explicação. Na maioria das mega-degustações os produtores reservam os melhores vinhos apenas para aquelas pessoas que tem um bom potencial de compra na sua avaliação pessoal. Da mesma forma que estamos observando esta ou aquela mesa de degustação, eles também estão atentos a quem se aproxima.
 
Entram em jogo aqueles velhos fatores: apresentação, modo como se dirige ao produtor/apresentador; interesse; comentários que reflitam o seu conhecimento sobre o tema, etc.. Cumpridos estes ritos, ao terminar o ‘flight’ apresentado em geral somos convidados para provar mais um, que está estrategicamente colocado sob a mesa…
 
Recentemente o guia Vinho & Cia, número 68, publicou um conjunto de 5 dicas de como devemos nos comportar numa feira de vinhos. Reproduzo a seguir:
 
1 – Aproveite uma feira de vinhos para aprender muito e conhecer pessoas com o mesmo interesse.
 
2 – Você não deve nunca se embriagar, e isso é regra geral para todo evento comercial. Se pretender provar muitos vinhos, procure cuspir cada um para poder experimentar vários. Não é deselegante é o convencional.

3 – Para provar um vinho, coloque na boca, aspire um pouco e sinta os sabores e demais características, como acidez, corpo, doçura e adstringência, mas sem engolir. (precisa de treino para isto)

4 – Saiba que é totalmente deselegante você chegar num estande ou numa mesa de um produtor e pedir logo o vinho mais caro dele. Todos querem mostrar a sua linha de produtos.

5 – Procure experimentar alguns ou todos os vinhos de um produtor ou importador que estejam à mostra. Melhor cuspir até chegar ao de sua preferência, e se for o caso engolir.

As novidades nem eram tantas assim. O primeiro a nos impressionar foram alguns vinhos representados pela importadora Devinum (http://www.devinum.com.br) que tem um ótimo portfolio.
 
Além destes, dois portugueses fisgaram o nosso paladar: os bons vinhos e azeites da Casa de Sarmento, importados pela Adrimar (www.adrimarimport.com.br) e os excelentes vinhos de Domingos Alves de Souza, importados pela Decanter (www.decanter.com.br).

Este produtor nos ofereceu um vinho pouco comum, mas excelente, o ‘Abandonado’. Com uma história que mais parece lenda, vale a pena reproduzir direto das páginas do produtor:

“Uma vinha a passar os 80 anos de idade, com várias falhas derivadas de um parcial abandono durante alguns anos. Numa zona de intensa exposição e com enormes afloramentos de xisto à superfície onde nem uma única erva subsiste. As gentes da Quinta depressa a apelidaram de “Vinha do Abandonado”. Durante anos tentamos recuperar a vinha e replantar as videiras desaparecidas. Até que desistimos. Apesar de todo o nosso cuidado apenas as cepas mais velhas eram capazes de subsistir em condições tão extremas. Em 2004 decidimos isolá-la pela primeira vez na adega da Quinta da Gaivosa. Revelou imediatamente uma personalidade e carácter únicos. Decidimos engarrafá-lo em homenagem às igualmente únicas vinhas velhas do Douro, que um dia desaparecerão. Hoje as celebramos”.

Este vinhedo, como muitos outros em Portugal, é um emaranhado de diversas castas o que dificulta a sua tipificação. Neste caso destacam-se as varietais Tinta Amarela, Touriga Franca, Touriga Nacional, entre muitas outras.

 
Notas de prova segundo o importador: Coloração rubi concentrada, quase negra. Deslumbrante olfato de pequenas bagas negras e vermelhas, menta, tomilho e tabaco. Denso, sápido, a madeira ainda marca um pouco a prova de boca mas não lhe retira de forma alguma a elegância. Muito longo, impressionante. Premiações recentes: Jancis Robinson: 18 /20; Parker: 94-96 Pontos
 
O único pecado deste vinho é o seu preço no Brasil: R$ 531,30 (safra 2009).

Dica da Semana: Um interessante espumante chileno produzido por Miguel Torres (importadora Devinum)
 
Santa Digna Estelado Rosé 
País: Chile/Vale do Curicó
Casta: 100% uva “País” (*)
Rosado com bolhas finas e persistentes. No aroma, notas de frutas vermelhas e cítricas predominam. Delicado, tem uma característica de muito frescor na boca.
Premiações: O melhor espumante do Chile pela Wine of Chile Awards e pelo guia Descorchados 2012.
(*) Uva espanhola, conhecida como Listan Negro no país de origem, chegou no Chile há cerca de 500 anos sendo cultivada por pequenos agricultores. No final do século XIX, após a introdução das primeiras videiras francesas, esta uva ficou esquecida.
 

O Almoço em Punta del Este

Continuando o relato da viagem durante o carnaval de 2013, o próximo ‘regabofe’ foi programado para a simpática, mas cara, cidade balneária do Uruguai.
A primeira tarefa era escolher o local. A sugestão inicial era seguirmos até Pueblo Garzon, cerca de 1h30 de estrada, para almoçar no restaurante do renomado Chef Francis Mallmann. Como teríamos que embarcar de volta até às 17h, o grupo decidiu não arriscar.
Selecionamos outros locais, com base em vários guias para turistas, e acabamos com 2 opções: o La Huella na praia de José Ignacio e o Lo de Tere, que acabou sendo o escolhido.
Este é considerado o melhor de Punta. Fica bem perto da área do Porto, com uma bela vista para o mar. Fizemos a reserva pela internet sem nenhum problema. Às 14h chegamos e lá estava a nossa mesa na varanda. Como o dia estava mais quente que o normal, para aquela cidade, pedimos que nos colocassem num salão refrigerado. Houve um pouco de desapontamento por parte da gerente da casa – ele entendia que por sermos turistas gostaríamos de ficar de frente para a praia… Desfeita a confusão, fomos realocados em duas mesas, uma de 6 lugares e outra de 8 lugares no salão denominado Puerto Jardin.

Com o grupo dividido, optamos por fazer os pedidos ‘à la carte’. Um extenso cardápio foi apresentado, como era esperado, calcado em frutos do mar. A nossa mesa optou por entradas como o Tiradito, finas lâminas de atum marinadas e o Carpaccio de Polvo. Para os pratos principais houve um pouco de tudo, carnes, peixes e frutos do mar.

Os pratos recebem nomes sugestivos, como o ‘Iñaki’, elaborado a partir da Merluza Negra do Atlântico, um dos peixes mais valorizados, ou o simpático prato de pequenas lulas cozidas no vinho branco, o ‘Mi Amigo El Vasco’.

Alguns comensais pediram a excelente carne uruguaia, e por esta razão ficamos com 2 vinhos: um branco elaborado com a casta Albarinho ou Alvarinho, da região noroeste da Península Ibérica e outro tinto, um diferente corte de Tempranillo e Tannat, ambos da excelente Bodegas Bouza.

O branco estava muito interessante e surpreendeu a todos que o provaram. Apenas por curiosidade, provei o correto tinto, que promovia um casamento perfeito com o Ojo de Bife de novilho jovem. O peixe que faz mais sucesso foi a Merluza.

Mas o ponto alto do encontro foram as sobremesas, acreditem, uma variedade capaz de agradar a gregos e troianos.

Este grupo, em particular, tem um viés por doce de leite. Os produzidos no Uruguai são famosos. Para complicar, havia duas opções com esta iguaria: Homenaje al Dulce de Leche e A Quién no le Gusta el Chocolate.

A foto mostra a tal ‘Homenagem’, três preparações diferentes: mini-panquecas recheadas, sorvete caseiro e um drink feito com o Licor Bailey’s.

Vários ‘bis’… (houve quem pedisse as duas sobremesas!)
Para acompanhar e harmonizar com esta montanha de açúcar, só mesmo algo muito especial e que muitos não conheciam, o Licor de Tannat, outra especialidade daquele país. Apesar do nome (licor) é muito semelhante a um Porto. Supimpa!

Ao final, concluímos que esta fora ‘a melhor refeição’ feita num restaurante sul-americano. Parabéns à Chef Maria Helena.

Dica da Semana: para descobrir novos caminhos, um Cabernet Franc, casta que está na moda, numa versão uruguaia.

Reserva Cabernet Franc 2010

Produtor: Viña Progreso
País: Uruguai/Canelones
O produtor utiliza clones de baixo rendimento, plantados em altas densidades para a produção deste Cabernet Franc. Com taninos doces, boa complexidade e um sofisticado toque herbáceo típico da casta, é uma bela surpresa do Uruguai.
Harmonização: Massas, polenta, pato, perdiz, presunto cru, cogumelos, queijos como Brie, Camembert e Roquefort.
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