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Degustação da Ventisquero no La Mole

Com o fim do verão, começa, aqui no Rio de Janeiro, a temporada de eventos para a divulgação dos vinhos de diversos produtores. Fomos convidados para participar de um jantar harmonizado com os vinhos desta boa vinícola chilena. José Paulo Gils (*) representou a coluna.

A Viña Vetisquero é liderada por uma equipe jovem e criativa. Um grupo de enólogos e produtores que decidiram fazer vinhos de qualidade, modernos e fiéis à sua origem. Vinhos que revelam a sua vocação para ir “um passo adiante”.
 
Sob o olhar de Felipe Tosso, enólogo chefe, a vinícola nasceu no Vale do Maipo e três anos mais tarde, expandiu seus horizontes para os Vales de Casablanca e Apalta, sendo que neste último são elaborados seus vinhos premium.
 
A partir de vinhedos próprios e a preocupação constante com o terroir, a Viña Ventisquero se propôs a fazer uma linha de vinhos consistentes e de alta qualidade, tendo como uma das principais preocupações o respeito com o meio ambiente, minimizando os impactos decorrentes dos diversos processos de vinificação.
 
O objetivo do evento era apresentar a linha de vinhos Grey que forma com as companheiras Enclave, Pangea, Vertice, Heru, Queulat, Reserva e Yelcho, seu portfolio principal.
 
A linha Grey foi concebida como a expressão máxima do terroir, um lugar onde o clima, o solo e a variedade se reúnem sob o olhar atento dos enólogos. São vinhos equilibrados e elegantes que homenageiam cada “Single Block” (parcela única) de suas origens nos vales de Apalta, Casablanca e Maipo.
 
A apresentação foi dirigida pelo Enólogo Hugo Salvestrini, da Ventisquero. Na organização do evento estava a Enóloga Josi Cardoso da Importadora Cantu. A equipe do La Mole era composta por Antônio Militão, responsável pela filial de Ipanema e pelo Sommelier Ezequias Almeida que se esmerou em todos os detalhes da mesa e do serviço de vinhos, impecável!
 
 
Jantar harmonizado
 
A proposta do Chef Lucas Mendes contemplava opções de entradas e pratos principais, todos harmonizados por Ezequias.
 
 
O “Couvert de Queijos” foi harmonizado com o correto Grey Single Block Chardonnay, safra 2011. Obtido a partir de uvas do Vale de Casablanca, estagia em barricas de carvalho francês o que lhe transmite elegância e frescor. Muito equilibrado e com boa acidez, cumpriu sua função corretamente.
 
 
Para a “Salada Tropical” foi escolhido o Grey Single Block Merlot. Elaborado com uvas de Maipo, passa 18 meses em barris de carvalho francês. Tem boa tipicidade, intensos aromas frutados de cereja madura e ameixas, taninos na medida certa e um elegante final. Boa escolha.
 
 
O Grey Single Block Pinot Noir foi a diferente aposta para acompanhar o “Camarão com Botarga” (ova de tainha) regado ao molho do Chef. Combinação mais ousada e que deu certo. Este vinho, da região do Vale de Leyda, passa 6 meses em barris de carvalho. Mantendo as características desta casta é leve e fresco com aromas de frutas vermelhas. Muito bom.
 
 
O “Peito de Pato ao Vinho” e o “Aligot” foram combinados com o clássico Grey Single Block Carménère que amadureceu por 18 meses em carvalho. Bem equilibrado, encorpado, com taninos no ponto certo e acidez correta. Outro acerto.
 
 
Destacamos a presença de Maria Helena Dias Gomes Tauhata – Vice-Presidente da ABS Rio; Fábio Soares – Enoteca DOC; Fernando Fama – ABS Rio.
 
 
Agradecemos o convite e parabenizamos os organizadores do evento pelo sucesso deste Jantar Harmonizado, no Restaurante La Mole – Ipanema.
 
Um sucesso!
 
Dica da Semana:  porque não?
 
 
Ventisquero Grey Single Block Cabernet Sauvignon
Cor rubi intensa e profunda com aromas de cassis, frutos vermelhos e toques de baunilha.Excelente estrutura de taninos firmes e maduros.Ideal para carnes com molhos sofisticados, queijos muito maduros, escalope de filet mignon, espaguete ao ragu de cordeiro, legumes cozidos, costeleta de javali com batatas amanteigadas.

(*) José Paulo Gils é Diretor da ABS Rio e nosso “comparsa” nas colunas publicadas no site O Boletim.

Vinhos Argentinos 2014 por Parker e Tanzer

 Recentemente dois grandes críticos publicaram suas relações dos mais pontuados vinhos do país Hermano. Nesta coluna vamos apresentar estes resultados, lembrando que o degustador designado pela Wine Advocate, de Parker, foi Luis Gutierrez.
 
Começamos com as notas de Stephen Tanzer que trouxeram uma bela surpresa: o vinho mais bem pontuado foi um branco, o Catena Zapata Chardonnay White Bones Adrianna Vineyard 2010, elaborado por Alejandro Vigil, principal enólogo da casa. Recebeu 95 pontos!
 
 
Um resumo da relação:
 
94 pontos
 
Catena Zapata Malbec Adrianna Vineyard 2010
Achaval Ferrer Finca Bella Vista Mendoza 2011
Viña Cobos Volturno Proprietary 2011
Terrazas de los Andes Cheval des Andes 2009
Nicolas Catena Zapata 2010
 
93 pontos
 
Vina Cobos Malbec Bramare Marchiori Vineyard 2011
Bodega Noemia Malbec 2011
Vina Alicia Cuarzo 2010
Catena Zapata Chardonnay White Stones 2010
Malbec Catena Zapata Nicasia Vineyard 2010
Susana Balbo Brioso Mendoza 2010
Casarena Malbec Jamilla’s Single Vineyard 2011
Terrazas de los Andes Malbec Single Vineyard Las Compuertas 2010
Poesia Mendoza 2010
Cabernet Franc Gran Enemigo 2010
Malbec Catena Zapata Argentino 2010
 
 
Na relação de Parker, um vinho tinto aparece em 1º lugar: Gran Enemigo Single Vineyard 2010 da Bodega Aleanna, 97 pontos. Esta vinícola pertence a Alejandro Vigil (proprietário e enólogo), o mesmo do Chardonnay escolhido na lista anterior. Interessante coincidência.
 
Eis a parcial lista dos melhores:
 
96 pontos
 
2012 Familia Zuccardi Finca Piedra Infinita
2010 Bodegas Catena Zapata White Bones Chardonnay
2011 Bodega Noemia de Patagonia Malbec
2010 Bodegas Catena Zapata Malbec Catena Zapata Adrianna Vineyard
 
95 pontos 
 
2010 Bodegas Catena Zapata Cabernet Sauvignon Nicolas Catena Zapata
2011 Achaval Ferrer Malbec Finca Altamira
2012 Familia Zuccardi Finca Los Membrillos
2010 Bodega Aleanna Gran Enemigo Agrelo Single Vineyard
2009 Bodega Aleanna Gran Enemigo Gualtallary Single Vineyard
2011 Casarena Poblacion J M Blanco Cabernet Sauvignon
2010 Bodega Noemia de Patagonia Noemia 2
2011 Achaval Ferrer Malbec Finca Bella Vista
2012 Per Se La Craie
 
Listei apenas os vinhos mais destacados de cada relação. Como era esperado, há diferenças entre os critérios adotados apesar das fichas de degustação e técnicas padronizadas. Muitos leitores questionam a validade desta metodologia, razão pela qual escrevemos esta coluna. Mais importante ainda, as escolha dos vinhos para analisar foram significativamente diferentes, com poucos vinhos em comum, 4 vinhos apenas:
 
 
Certamente o consumidor final é o grande beneficiado. Os vinhos acima são os mais sofisticados de cada produtor e o preço corresponde. Mas em cada lista há opções em conta.
 
Segundo Gutierrez, existe uma tendência mundial para vinhos com maior frescura e fáceis de beber. Percebe-se um rumo na direção de maior equilíbrio, elegância e distinção.

Dica da Semana:  um vinho que recebeu 94 pontos de Parker.

 

Vinho Alta Vista Single Vineyard Temis Malbec

Vinho de cor rubi, profundo. Contem aromas que remetem a frutas frescas e agradaveis de florais. Possui taninos macios e envolventes, paladar marcante.
Harmoniza com carnes vermelhas, massas ao molho sugo.
 

A Degustação de Berlim

Na coluna anterior a esta, comentamos que os vinhos chilenos produzidos com a Cabernet Sauvignon seriam escolhas melhores do que os vinhos produzidos a partir da casta emblemática chilena, a Carménère. Para demonstrar a força da Cabernet, lembramo-nos de um interessante evento que tinha por objetivo comprovar esta tese, e outras qualidades dos vinhos deste país sul-americano.
 
Há 10 anos, precisamente em 23 de janeiro de 2004, foi organizada em Berlim uma degustação comparativa entre vinhos chilenos, franceses e italianos, nos moldes do famoso “Julgamento de Paris” que mostrou as qualidades dos vinhos californianos. O evento foi promovido por Eduardo Chadwick, proprietário da Viña Errázuriz, 4º maior exportador do país, que forneceu seus vinhos para serem comparados: Viñedo Chadwick; Seña e Don Maximiano.
 
 
Ao todo foram 16 vinhos, contemplando três terroirs diferentes: Bordeaux, Toscana e Chile. As safras escolhidas foram 2000 e 2001, cabendo a 36 julgadores a difícil tarefa de escolher os melhores.
 
Entre eles estava Steven Spurrier, responsável pela notável Degustação de Paris que mudou o mundo do vinho. Os demais degustadores foram selecionados entres os mais renomados Jornalistas, Críticos, Sommeliers e personalidades do mundo dos vinhos. Um show muito bem montado.
 
 
A degustação às cegas foi realizada no Ritz Carlton Hotel. Os vinhos foram divididos em grupos segundo suas safras: 3 franceses e 3 chilenos da safra 2001; 4 italianos da safra 2000; 3 chilenos e 3 franceses da safra 2000.
 
Um ponto importante a ser destacado aqui é a idade do que foi servido. Os vinhos mais velhos tinham apenas 4 anos, o que é muito pouco para um Bordeaux. O mesmo não pode ser dito em relação aos chilenos. Vinhos do Novo Mundo são elaborados tendo em mente um consumo mais imediato, o que não impede que sejam guardados por cerca de 10 anos. Para alguns analistas, esta “juventude” teria influenciado não só o resultado desta degustação como também daquela realizada em Paris. Vamos aos resultados:
 
1 – Viñedo Chadwick 2000
2 – Seña 2001
3 – Château Lafite-Rothschild 2000
4 – Château Margaux 2001 e Seña 2000 (empate)
6 – Viñedo Chadwick 2001; Château Margaux 2000 e Château Latour 2000 (empate)
9 – Don Maximiano 2001
10 – Château Latour 2001 e Solaia 2000 (empate)
 
O 1º lugar coube a um vinho produzido com 100% de Cabernet Sauvignon provenientes do vinhedo homônimo plantado em 1992. A primeira safra deste vinho foi em 1999.
 
O Seña, 2º lugar, é um corte de 75% Cabernet Sauvignon, 15% Merlot, 6% Cabernet Franc e 4% de Carménère.
 
O primeiro vinho francês aparece em 3º lugar, o icônico Château Lafite-Rothschild 2000, safra considerada como uma das melhores. A Safra de 2001 também teve seus méritos. Foi chamada de “a esquecida”: só após um longo período de envelhecimento, característica típica dos bordaleses, mostrou seu valor. Deste lote aparecem outros dois monstros: o Chatêau Margaux em 4º lugar e o Chatêau Latour em 10º.
 
Somente um italiano aparece entre os 10 primeiros, o excelente Supertoscano Solaia, um corte de Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Sangiovese.
 
Esta prova tem o seu valor, embora tenha sido dirigida para valorizar os vinhos de Chadwick (Viña Errázuriz). O curioso é que este show rodou o mundo repetindo a degustação em diversos países, inclusive aqui no Brasil em 2005 e 2013.
 
 
Os resultados mostraram certa consistência. Nos dois eventos brasileiros houve uma inversão:
2005
 
1 – Chatêau Margaux 2001
2 – Viñedo Chadwick 2000
3 – Seña 2001
 
2013
 
1 – Chatêau Margaux 2001
2 – Seña 2007
3 – Don Maximiano 2009
 
Foi um feito expressivo que se tornou um marco na vinicultura chilena. Para comemorar os 10 anos estão sendo organizados diversos jantares comemorativos com a apresentação não só dos vinhos campeões como toda a linha da Errázuriz. As opiniões têm sido as mais favoráveis.
 
Alguém ainda duvida dos Cabernet chilenos? 

Dica da Semana:  um vinho desta simpática vinícola.

 

Errazuriz Max Reserva Cabernet Sauvignon 2010

Frequentemente classificado como um “Smart Buy” pela Wine Spectator e “Altamente Recomendado” pela revista Decanter, o Cabernet Sauvignon Max Reserva é o “irmão menor” do Don Maximiano.Denso, complexo e concentrado, com elegância e finesse surpreendentes.
Stephen Tanzer: 90 (2009)
WE 90 (2006)
RP 88 (2010)

“Eno Copa do Mundo” no feriadão

Sempre que possível fugimos deste inferno que se tornou o Rio de Janeiro, “ex” Cidade Maravilhosa, título que dificilmente será recuperado graças aos empreendedores esforços de Sergio “171” Cabral e de seu fiel escudeiro (?) o Prefeito, mais conhecido por “Duda” e seus oligofrênicos de plantão.
 
Fomos para Pouso Alto, MG, nos hospedando no famoso Hotel Serraverde, local que frequentamos há 20 anos, pelo menos. Éramos 2 casais, eu e meu compadre, além dos filhos e namorada. Sempre levamos vinhos e os desafios verbais começam cedo, já na borda da piscina. A disputa gira em torno de quem leva a melhor garrafa para ser degustada no jantar. Ninguém declara o rótulo antes da hora e a conversa gira em torno de chilenos, italianos, argentinos, etc.
 
Estávamos nesta deliciosa provocação quando surgiu a ideia de fazer uma Copa do Mundo. Cada vinho representaria uma seleção e o “gramado” seria o restaurante do hotel, onde a comida é deliciosa. Os técnicos seriam meu compadre e eu. Perfeito.
 
Na chave “A” estavam as seleções do Chile, Espanha e Argentina.
 
Pela minha chave “B” entrariam em campo Brasil, Itália I e Itália II.
 
Isto produziu um efeito contagiante, quase todos queriam participar da brincadeira, uma disputa muito fácil de resolver: cada degustador apontava seu vinho preferido, o que valeria 1 gol.
 
1º jogo – Brasil x Chile
 
Escolhi um belo corte de Cabernet com Merlot, produzido em Santa Catarina pela Vinícola Santo Emílio, o Leopoldo 2007, cujas características são:
 
“Coloração vermelho intenso e profundo. Buquê frutado, especiarias, baunilha, ameixa seca e geleias de frutas vermelhas. Bom corpo, taninos marcantes, mas agradáveis e maduros, final de boca amplo”.
 
Seu oponente foi um representativo Carménère, o MAPU Gran Reserva 2012, produzido pela Vinícola Baron Philipe de Rothschild, uma associação desta famosa família com um Barão do vinho na Califórnia, Robert Mondavi.
 
Segundo seu produtor:
 
“Coloração vermelho intenso com reflexos rubis. No nariz, possui aromas de framboesa e groselha negra com ligeiro toque de pimenta. No palato final harmonioso e equilibrado”.
 
Para harmonizar havia uma bela mesa de deliciosos queijos produzidos na região, saladas diversas e algumas alternativas de pratos quentes. Não seria difícil encontrar a combinação ideal para cada um, em qualquer das noites. Neste primeiro jogo estavam a postos 6 degustadores.
 
O resultado foi 3 x 3, um empate muito sem graça.
 
Ninguém tinha dúvida sobre o “peso” do vinho chileno, mas esta história de “uva emblemática” acaba atrapalhando mais que ajudando. Os grandes vinhos tintos do Chile são os produzidos com a Cabernet Sauvignon. Disputam o título de melhores do mundo com os famosos californianos. Esta teria sido a minha escolha ou como alternativa, um corte entre estas duas uvas.
 
Do lado brasileiro o Leopoldo enfrentou com galhardia o ataque e mostrou qualidades. Um vinho muito redondo e saboroso. Pode evoluir muito. Após muitos debates o resultado foi considerado justo.
 

 
2º jogo – Espanha x Itália I ou…
 
Na segunda noite começaram as inesperadas confusões. Este seria um jogo que prometia ser espetacular. Meu compadre levaria um vinho da Miguel Torres, excelente vinícola de origem espanhola considerada no ano de 2013 como a melhor da Europa.
 
Mas quem “adentrou o gramado” foi um Miguel Torres chileno, outro Carménère, produzido pela filial local: O Finca Negra Gran Reserva.
 
Segundo o produtor:
 
“Coloração vermelho rubi. Aromas finos de amora e cassis, com notas de eucalipto e tangerina. Longo e picante. Corpo médio”.
 
Pensando num jogo contra a forte Espanha, escalei um ótimo representante italiano o Fratelli Dogliani Langhe DOC Nebbiolo 2011, com as seguintes características:
 
“Coloração vermelho atijolado, pouco profundo. Aromas de frutas vermelhas maduras, com notas de rosas, violetas e especiarias. Paladar frutado, delicado, com taninos macios e boa persistência de sabores”.
 
Este vinho foi o primeiro a ser aberto e estava realmente delicioso. A uva Nebbiolo é tão difícil de vinificar quanto uma Pinot Noir francesa e, em boas mãos, entregam caldos preciosos. Desta uva é feito o seu irmão mais velho, o Barolo, considerado o “Rei dos Vinhos”.
 
Eu estava convencido que ganharia de goleada. Mas vários fatores extracampo interferiram no resultado:
 
havia somente 4 degustadores;
 
ao abrirmos a segunda garrafa meu querido compadre deu um pequeno gole e abandonou o campo alegando cansaço.
 
O Carménère estava bom também e era nitidamente superior ao do dia anterior. Mas havia uma nota de mentol (eucalipto) que me incomodava. Acho os varietais desta casta com excessivas características vegetais, definitivamente não são os meus preferidos.
 
Ficamos sem resultado. O jogo foi para a prorrogação, no dia seguinte…
 

 
3º jogo – Argentina x Itália
 
Para este último embate, reservamos os melhores vinhos na expectativa de ser um jogão.
 
Devido à forçada prorrogação da noite anterior, as provocações durante a manhã foram intensas a ponto de ser revelada a escalação argentina: nada mais nada, menos que uma “Dica da Semana”, o Flor de Pulenta Cabernet Suvignon.
 
Suas características são:
 
“Coloração vermelho profundo. Aromas que lembram pimentão e especiarias, com notas de baunilha e tabaco provenientes do carvalho. Na boca apresenta boa concentração e taninos suaves que lhe conferem uma estrutura volumosa. Final elegante e longo”.
 
A minha escalação era um dos meus vinhos prediletos, um Primitivo, casta típica da Puglia que tem uma irmã californiana, a Zinfandel. O produtor escolhido foi Lucarelli.
 
Suas características são:
 
“Coloração púrpura intensa. Aromas frutados marcantes, com notas de ameixa e cereja, temperada com alecrim e baunilha. Seco, macio e equilibrado”.
 
Seguindo na guerrilha de borda de piscina, no mínimo me aconselharam a não entrar em campo e perder logo por WO. Era muita provocação! Não levei a sério…
 
No jantar, novamente, tudo mudou.
 
Alegando que ainda havia o vinho da prorrogação o time argentino não entrou em campo (parecia com a guerra de liminares do campeonato brasileiro).
 
Apliquei um humilhante WO, afinal a seleção Itália II entrou em campo!
 
Iniciamos os trabalhos com o chileno já aberto e para surpresa geral ele deu uma bela melhorada. Nada como um longo período respirando.
 
Em seguida abrimos o Primitivo que estava impecável.
 
O Carménère não era páreo. Para evitar o vexame, valeu a máxima do folclore futebolístico:
 
“Arrecua os arfes para evitar a catasfe”.
 
Dois dos quatro degustadores restantes abandonaram o jogo provocando um novo “sem resultado”…
 
Que falta de esportividade!
 

 
Epílogo
 
Findo o jantar (ou seria o jogo?) restava pouco menos de ½ garrafa do Primitivo.
 
Como voltaria para o Rio na manhã seguinte eu resolvi consumir o que restava. Para minha alegria, a minha comadre resolveu me ajudar. Dividimos o conteúdo em duas taças e ela, confortavelmente, carregou sua tacinha para o salão do hotel onde se apresentava um versátil cantor.
 
Curtiu o fim de noite como ninguém…
 
Caberá aos leitores decidir quem ganhou esta Copa.
 
Dica da Semana:  para dirimir qualquer dúvida sobre vinhos chilenos.
 
Miguel Torres Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2009
Cor: Rubi.
Aromas: Groselha, amoras, pimenta negra, pimentão, notas de tostado e cedro.
Paladar: Denso, potente e com sabores intensos.
Harmonização: Empanadas de carne, contra filé à parmegiana, arroz carreteiro, picanha na brasa, queijos maduros.

Desafio Vencido!

Participar de uma ou mais confrarias de enófilos é sempre bom, divertido e uma oportunidade de se degustar ótimos vinhos. Mas ser considerado o “especialista” da turma pode ser complicado…
 
Na Confraria da Lagoa, um dos confrades tem a (justa) fama de ser um excelente cozinheiro, um verdadeiro ‘Chef’, como gostamos de brincar. Ele já havia sido intimado, diversas vezes, a produzir o seu prato de referência, uma (con)fusão entre as culinárias Indiana, Baiana e Grega que leva o artístico nome de “Arroz de Afrodite e Iemanjá”, elaborada cocção com camarões, curry e uma infinidade de outros temperos e acompanhamentos cuja combinação ele, sabidamente, guarda a sete chaves.
 
Como seria necessária uma cozinha completa para o nosso mestre cuca desenvolver a sua arte, encontrar um local para este almoço ou jantar era de importância capital, com várias exigências impostas pelos demais confrades: fácil acesso, opções de estacionamento e temperatura amena ou ar refrigerado. Para dificultar um pouco mais esta sonhada reunião, um último complicador: coordenar agendas…
 
Para resolver o problema só mesmo o Papai Noel! Pensando nisto, decidimos fazer o último encontro do ano e trocar os presentes de amigo oculto ao sabor dos quitutes do nosso “piloto de fogão”. Para apimentar ainda mais a reunião, eu e o meu comparsa da coluna, José Paulo, que gentilmente ofereceu a sua mansão para sediar o almoço, fomos desafiados a harmonizar o prato principal. Desafio aceito, sem mais delongas.
 
 
As dificuldades de conciliar os sabores deste prato, particularmente picante, com uma bebida, de modo a não prejudicar nem um nem outro começam com o ingrediente predominante, o “curry”, de origem indiana, que é um condimento composto por diversas especiarias e pimentas. Escolher um vinho para enfrentar esta avalanche de sabores exigiu uma pesquisa detalhada.
 
Primeiro olhamos o ponto de vista cultural. Na gastronomia da Índia o vinho não aparece como um aliado. Boa parte da população, por motivos religiosos, não consome álcool. Ampliamos o campo de buscas. Outras culturas produzem misturas de condimentos semelhantes, com variações nos ingredientes, obtendo currys mais ou menos picantes, intensos ou saborosos. Conseguimos elaborar uma tabela:
 
Curry amarelo – Sauvignon Blanc da Nova Zelândia, bem cítrico, é o preferido. Há a opção do Cabernet Franc para acompanhar camarões ou frango. Para carnes vermelhas a aposta seria um Rioja espanhol.
 
Curry tipo Massamam (leva tamarindo) – Viognier, Vouvray ou até mesmo um Chardonnay nos estilos Chileno ou Australiano.
 
Curry verde (em geral muito forte) – espumante Demi-Sec, Gewurtztraminer ou vinho Rosé.
 
Curry vermelho – Riesling Kabinett, Vinho Verde ou Beaujolais Cru de Broully. 
 
Pad Thay (culinária tailandesa) – Prosecco ou Pinot Noir do Oregon.
 
Caso a preparação usasse leite de coco, uma boa aposta seria o Chardonnay madeirado ao estilo californiano.
 
A base do Arroz de Afrodite era o Curry Amarelo, mas o Chef insinuou que usaria outros condimentos picantes o que me fez arriscar e apostar num Gewurtztraminer Alsaciano. José Paulo optou pela linha mais tradicional e indicou um Chablis, excelente Chardonnay francês. Haveria um prato opcional, Penne ao Gorgonzola, para os de paladar sensível ou para os que não apreciam frutos do mar. Para este, a nossa indicação era um tinto de corpo médio. A sorte estava lançada!
 
Marcado para às 13:00, abrimos os trabalhos com uma rodada de espumantes para “fazer a boca”. Para exercitar o maxilar, pastinhas temperadas, pães diversos, torradas e um belo pedaço de gorgonzola. O problema foi que ninguém fixou um horário para que o almoço fosse servido, deixando a cargo do Chef que decidiu pelas 15:00. Até lá…
 
Sucederam-se as garrafas de espumantes!
 
 
Servidos os pratos e abertos os vinhos a surpresa foi total. O Arroz de Afrodite era tudo que fora prometido, estava simplesmente delicioso. O 1º vinho a ser degustado foi o Alsaciano.
 
Perfeito!
 
Podíamos sentir todos os sabores do curry, dos camarões e os do vinho. Excelente equilíbrio. Harmonização tão completa que surpreendeu inclusive ao Mestre Cuca que não estava muito convencido que daria certo. O caráter muito frutado deste vinho faz com ele se apresente quase adocicado, balanceando corretamente o sabor intenso dos condimentos.
 
 
O segundo branco, o Chablis, também cumpriu muito bem sua função, mas com outra perspectiva. Com uma presença cítrica muito intensa, amenizava o lado picante enquanto realçava os sabores dos frutos do mar. Experiência muito interessante. Desafio vencido!
 
 
Para o prato de massa foi selecionado um Montepulciano D’Abruzzo que caiu como uma luva. Como alternativa havia um Merlot que acabou sendo aberto mais tarde.
 
Para completar o banquete era chegada a hora das sobremesas que, obviamente, seriam acompanhadas por uma plêiade de vinhos de colheita tardia, entre eles um Vin Santo branco além de um Brandy de Jerez e um Cointreau: uma maravilhosa torta de goiabada e Mascarpone, e outra especialidade do Chef, morangos flambados ao Cognac Remy Martin.
 
Um luxo!
 
 
Literalmente a “farra foi completa”, a troca de presentes hilária e a vontade de repetir a experiência o mais breve possível.
 
 
Esta coluna entre em recesso até o ano que vem desejando a todos um ótimo Natal e um feliz 2014.

Dica da Semana:  já pensando no inclemente verão que vem por aí, uma opção diferente e gostosa, um vinho rosé argentino.
 
Carmela Benegas Rosé
Este vinho nasce da primeira sangra dos vinhos de guarda da vinícola.
Com atraente cor rubi, tem aromas de flores (violetas) e perfume de frutas.
No paladar é intenso e refrescante. Os sabores são combinados entre frutas vermelhas. É o que provoca sua grande duração na boca.
Um corte de 50% Cabernet Franc e 50% Petit Verdot
 
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