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Quebrando alguns mitos – Final

#6: Os críticos de vinhos sempre dão as melhores dicas…
 
Para finalizar esta primeira série sobre a mitologia do enófilo, vamos tocar num assunto muito delicado. Pode até ofender alguns profissionais, mas o nosso objetivo é explicar os fatos.
 
Começamos usando o próprio exemplo desta coluna. Pelas nossas contas, esta seria a de nº 140 e excetuando uma única vez que não fizemos uma indicação, foram 139 dicas semanais. Em algumas ocasiões houve mais de uma dica, com outras sugestões embutidas no texto.
 
Será que acertamos em todas? 
 
Provavelmente não. Nem sempre agradamos a Gregos e Troianos e a ideia por trás da dica da semana era estimular o consumo de vinho.
 
Por isto mesmo, com poucas exceções, eram vinhos agradáveis, fáceis de beber e numa faixa se preços convidativa. Escolhê-los não é uma tarefa simples e há muitas pessoas envolvidas que nos passam, direta ou indiretamente, algumas destas informações.
 
Eis a principal razão porque os críticos de vinhos, as listas de melhores vinhos, as revistas e congêneres, não são infalíveis: gosto é um assunto pessoal. Cada um deles têm suas preferências como qualquer outro enófilo. Honestamente, é muito difícil ser isento numa análise que é bastante subjetiva, por mais que nos atenhamos à fichas de degustação e critérios previamente definidos. Nem o famoso Robert Parker escapa: sua preferência por vinhos do Vale do Ródano é abertamente declarada e conhecida.
 
Como proceder?
 
O primeiro ponto para aproveitar uma dica de um especialista é conhecer o nosso paladar. O segundo ponto é saber um pouco sobre vinhos ou pelo menos sobre a recomendação, de maneira que possamos avaliá-la corretamente em vez de sairmos desesperados em busca da “garrafa mágica”, que nem sempre pode estar à venda em nosso mercado.
 
Novamente, tarefa nada simples. Só com o tempo vamos moldando o nosso paladar e refinando nossas escolhas vínicas. Para apreciarmos um vinho ou qualquer outra bebida, a boa gastronomia, etc, é necessário que tenhamos sensações específicas de aromas e sabores previamente registradas em nossa memória gustativa/olfativa. Só assim seremos capazes de rapidamente identificar o que nos é agradável, fazer combinações de diversos ingredientes e realmente apreciar o que nos é servido. Cada um de nós vai ter um “mapa” diferente destas impressões e vai reagir de forma diversa em cada oportunidade. Insisto: isto vale para os críticos também. Eles não são deuses e nem senhores de todas as coisas.
 
Resumindo: gosto é pessoal.
 
O segundo ponto é ajustar o nosso paladar ao de um crítico de referência. Há alguns fatores que devem ser observados, o principal deles é de ordem cultural: qual o “background” e a origem do nosso autor preferido. Isto pode dizer muito, mas nem sempre estas informações estão claras.
 
Vamos organizar um pouco as ideias.
 
Imaginemos um crítico francês, povo que vivencia vinhos diariamente. Esta bebida faz parte da dieta básica, é considerada como um alimento e tem preços compatíveis com o dia a dia de um cidadão. Para um especialista como este, sua escala de valores é bem definida e tem por ponto de partida o que é consumido em sua casa, diariamente.
 
Um jornalista especializado inglês ou norte-americano, embora consumam vinho em suas dietas normais, levam em conta outros fatores regionais que afetam diretamente suas indicações. Os ingleses são os maiores importadores de vinhos do mundo enquanto os americanos olham muito para sua própria produção da qual são extremamente orgulhosos. São dois vetores importantes.
 
Nós teremos melhores chances com os críticos brasileiros e sul-americanos: conhecem o nosso mercado, o gosto predominante e estão atentos aos preços extorsivos praticados, mesmo para produtores nacionais. Aqui o negócio é faturar e não aumentar o consumo: se puderem lucrar tudo numa única garrafa, melhor!
 
Vamos refletir sobre a lista anual de melhores vinhos da revista Wine Spectator. Apresento os 10 melhores a seguir:
 
1 – Cune Rioja Imperial Gran Reserva – 2004 – 95 pts
2 – Château Canon-La Gaffelière St.-Emilion – 2010 – 96 pts
3 – Domaine Serene Pinot Noir Willamette Valley Evenstad Reserve – 2010 – 95 pts
4 – Hewitt Cabernet Sauvignon Rutherford – 2010 – 95 pts
5 – Kongsgaard Chardonnay Napa Valley – 2010 – 95 pts
6 – Giuseppe Mascarello & Figlio Barolo Monprivato – 2008- 95 pts
7 – Domaine du Pégaü Châteauneuf-du-Pape Cuvée Réservée – 2010 – 97 pts
8 – Château de Beaucastel Châteauneuf-du-Pape – 2010 – 96 pts
9 – Lewis Cabernet Sauvignon Napa Valley Reserve – 2010 – 96 pts
10 – Quilceda Creek Cabernet Sauvignon Columbia Valley – 2010 – 95 pts
 
Dos vinhos apresentados, encontrei 4 (quatro) à venda no Brasil, vejam as diferenças:
 
– Cune Rioja Imperial, safra 2005 custa R$ 247,47 na Vinci Vinhos. Lá fora podemos comprar por US$ 63.00;
 
– Château Canon-La Gaffelière, safra 2006, por R$ 699,00 na Grand Cru (mais caro por ser uma safra mais antiga). No exterior custa US$ 110.00 (safra 2010);
 
– Château de Beaucastel Châteauneuf-du-Pape, safra 2009 por R$ 632,00 na Via Vini. Fora do nosso país custa US$ 120.00;
 
– Giuseppe Mascarello & Figlio Barolo Monprivato. Safra 2006, por R$ 584,90 na Decanter. Voltando de um passeio à Europa, compramos por US$ 110.00.
 
Excetuando o vinho espanhol, nenhum deles é um vinho “barato”, nos padrões europeus ou norte–americanos, mas acessíveis. Aqui são abusivos…
 
Só para completar, não havia nenhum vinho nacional.
 
Dos nossos vizinhos, 3 argentinos (nos 36, 42 e 73) e 3 chilenos (nos 44, 47 e 62).
 
Fica fácil perceber que devemos encarar estas relações de vinhos com uma certa reserva: representam, na maioria das vezes, apenas desejos, metas para termos em nossa adega. O ideal é confiarmos em nós mesmos aprendendo com o tempo e com os erros. Os “especialistas” vão mostrar o caminho a seguir, apenas.
 
Dica da Semana:  sem, medo de errar. O da safra 2011 esta na lista citada. Mas ainda não estão vendendo por aqui. Até lá, fique com esta outra safra.
 
Norton Reserva Malbec 2010
 
Elaborado com uvas Malbec provenientes de vinhedos com mais de 30 anos, este é um dos Malbecs mais emblemáticos da Bodega Norton. Um vinho encorpado e elegante ao mesmo tempo, com boa presença de fruta e taninos macios.
Na boca é harmonioso, amplo e persistente. Indicado para pratos de carnes vermelhas, queijos de massa mole.
 

Quebrando alguns mitos – V

 #5 – Somente vinhos tintos devem ser adegados
 
Este mito altamente improvável começa com um sonho: uma adega climatizada. Dez entre dez enófilos desejam ter uma para chamar de sua e não importa o tamanho, pode ser de 6 ou de 600 garrafas.
 
O problema começa quando temos que decidir o que vai ser adegado, em geral, opta-se pelos tintos, para ser mais realista, qualquer tinto…
 
Neste momento, do ponto de vista técnico, acabamos por dar um destino nada nobre à nossa adega, que pode ter custado um bom dinheirinho: ficou mais parecida com um “frigobar”. Antes de mergulhar em maiores profundidades, respondam sinceramente a algumas questões:
 
1 – Vocês sabem o que é um “vinho evoluído”?
 
2 – Se responderam “sim”, gostam de um vinho destes?
 
3 – Qualquer vinho (tinto, branco, rose, espumante) pode ser amadurecido na garrafa sem prejuízo?
 
Não existem respostas únicas para estas perguntas. Veja como se coloca Jancis Robinson, uma celebrada especialista em vinhos:

“Na sua maioria, os vinhos de hoje devem ser consumidos tão jovens quanto possível, quando ainda se pode apreciar seu caráter frutado. Mas enquanto persiste o mito de que todos os vinhos vão melhorar com o tempo, a realidade mostra que eles estão sendo bebidos muito mais tarde do que muito mais cedo”. 

 
Excepcional poder de síntese de Robinson, quase tudo que precisamos saber está neste pequeno parágrafo. Não caberia nele comentar sobre aromas e sabores do vinho, características que podem mudar sensivelmente após alguns anos de guarda. Começam a surgir os “terciários” e seus sabores associados, típicos de um vinho evoluído.
 
Para quem não lembra mais destas explicações, estamos falando de couro, tabaco, flores e frutas secas, café, pão torrado, alcatrão, carne de caça, verniz, fungos, etc. Não estranhem, não são predominantes (há exceções), mas eles estão lá e vamos sentir um gostinho. Há que aprecie e vibre com isto, mas a maioria não. No final das contas, é isto que se busca quando adegamos um vinho, qualquer vinho.
 
Muito cuidado e atenção serão necessários, não é uma operação do tipo “esquece este vinho na adega que um dia ele fica bom”. Há muitas regras que devem ser seguidas que vão desde a escolha do vinho certo, passando pelo tempo de guarda e a CNTP (para quem não estudou química, isto significa Condições Normais de Temperatura e Pressão).
 
Para os leitores que já se decidiram por fazer uma experiência nesta linha, seja por curiosidade ou por preferirem vinhos evoluídos e para aqueles que ainda duvidam sobre este tema apresentamos, a seguir, um roteiro desmistificador.
 
I – As castas que costumam envelhecer com dignidade
 
Tintas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Nebbiolo, Pinot Noir, Syrah;
 
Brancas: Riesling, Chardonnay.
 
Isto não significa que qualquer vinho destas uvas possa ser envelhecido e nem que somente estas varietais devam passar por este processo.
 
II – Vinhos de sobremesa como os de colheita tardia ou os fortificados, podem ser adegados sem problemas.
 
Usando estes como exemplos podemos compreender as razões e aplicar em outros casos:
 
– alto teor alcoólico – com o tempo de guarda este teor cai tornando a bebida mais agradável;
 
– acidez marcante – outra característica que diminui com a idade melhorando o resultado final;
 
– taninos intensos (para os tintos) – definitivamente ficam “domados” com o passar dos anos;
 
– passagem por madeira – este é o ponto crítico uma vez que esta característica não se dilui com o tempo. Ao contrário, pela queda das demais pode sobressair exageradamente desequilibrando o vinho. Portanto é de fundamental importância na escolha de uma garrafa para ser amadurecida.
 
III – Como decidir o que vale a pena adegar
 
Aqui está toda a graça desta experiência, que pode produzir excelentes ensinamentos. Simples conselhos podem ajudar muito:
 
– estabeleçam uma faixa de preços a partir da qual se pode confiar que o investimento valerá a pena;
 
– comprem pelo menos 2 garrafas, 3 seria o ideal. Degustem uma logo (anotem o resultado ou façam um ficha técnica), abram a outra com 2 ou 3 anos de guarda e comparem o resultado com a 1ª. Se valer a pena, guarde a terceira mais um pouco.
 
IV – Seguindo a nossa “Guru” de hoje, Jancis Robinson, eis uma interessante lista por ela compilada.
 
a) Vinhos que devem ser consumidos logo:
 
os europeus classificados como “de mesa”;
 
os de garrafão ou caixa tipo Tetra Pack;
 
os conhecidos como “vin de pays”, relativamente baratos;
 
os do tipo Beaujolais Noveau, ou “en primeur” ou “novelo”;
 
produtos comerciais com preços até 50 ou 60 reais (a grande maioria deles)
 
os rosés;
 
os espumantes mais em conta. 
 
b) Vinhos que ganham com o tempo:
 
Tintos – (tempo de guarda nas condições ideais)
 
Agiorgitiko da Grécia (4–10)
Aglianico da Campania (4–15)
Baga da Barraida (4–12)
Cabernet Sauvignon (4–20)
Grenache/Garnacha (3–12)
Melnik da Bulgária (3–7) (este vinho está sendo revivido)
Merlot (2–10)
Nebbiolo (4–20)
Pinot Noir (2–8)
Raboso do Piave (4–8) (DOC italiana)
Sangiovese (2–8)
Saperavi da Georgia (3–10) (outra casta sendo reabilitada)
Syrah/Shiraz (4–16)
Tannat de Madiran (4–12)
Tempranillo da Espanha (2–8)
Porto Vintage (15-50)
Zinfandel (2–6).
 
Brancos – (tempo de guarda nas condições ideais)
 
Vinhos Botritizados (5–25)
Chardonnay (2–6)
Furmint da Hungria (3–25) (Tokay)
Semillon australiano do Hunter Valley (6–15)
Chenin Blanc do Loire (4–30)
Petit Manseng de Jurançon (3–10)
Riesling (2–30).
 
Para terminar, a lista não é definitiva e nem pretendia ser. Não foram contemplados os Champagnes e outros espumantes de 1ª linha, que podem ser guardados por alguns anos como foi relatado nesta coluna, recentemente, como os Franciacorta. Nem se falou, tampouco, dos vinhos do Cone Sul das Américas. Já tive ótimas
experiências com Malbecs argentinos, Tannats uruguaios e Carmenéres e Cabernets chilenos.
 
Animem-se, arrisquem, experimentem. Nem sempre dá certo, mas sempre vale a pena.
 
Dica da Semana:  para guardar. O tempo vocês decidem….
 
Vinho Chocalán Cabernet Sauvignon Selección
Coloração vermelha intensa e aroma complexo com notas de frutas negras, amora, cassis e notas de tabaco, café e baunilha. Ao paladar, revela-se equilibrado, encorpado e elegante, com taninos bem maduros e final de boca persistente. Ideal para acompanhar carnes vermelhas assadas e queijos maduros.
 

Quebrando alguns mitos – III

#3 – Para as Damas o vinho deve ser leve, rosado e doce ou “Mulheres não bebem vinho tinto”… 
 
Este mito é o oposto do anterior, publicado na coluna da semana passada. Outra mentira deslavada. Há vários caminhos para desmontar esta inverdade, o mais simples deles é nos lembrarmos do delicioso Vinho do Porto, um favorito de ambos os sexos. Embora existam versões em branco e em rosado, o tradicional é tinto e doce existindo, também, os estilos Dry (seco) e Semi-Sweet (meio doce).
 
Mas a melhor maneira de demonstrar como é falso este conceito é falar de enólogos, ou melhor, de enólogas, fantásticas mulheres que conseguiram se sobressair num mundo que, até bem pouco tempo, era 100% masculino. E não são poucas: perceberam, finalmente, que elas têm mais sensibilidade para criar vinhos!
 
Portugal é um dos produtores que apostam nas mãos femininas há algum tempo. Poderia citar um punhado de nomes, mas fico com uma das mais famosas para os brasileiros, Filipa Pato, filha de Luís Pato, um dos mais importantes enólogos portugueses. 

“Se eu não vivesse no meio das vinhas, nunca poderia pensar em fazer vinho”.

 
Na terra dos vinhos tintos generosos e fortes, Filipa é uma apaixonada pelo que faz e incansável “workaholic”: além de trabalhar na empresa de seu pai, tem sua própria marca “FP” e ainda encontra tempo para se dedicar a uma empresa de exportação, a “Vinhos Doidos”.
 
Na Argentina vamos encontrar outro grupo feminino muito importante. Já mencionei aqui o vinho Vida e Alma Malbec, “filho único” de três enólogas, Marcela Casteller, e as irmãs Graciana e Eloisa Moneret. Outra enóloga de ponta é Andrea Marchiori sócia da cultuada Viña Cobos, profissional respeitadíssima. Seus vinhos da categoria Ultra Premium são distinguidos com as mais altas notas em todo o mundo.
 
Mas o grande exemplo é Suzana Balbo, enóloga e proprietária da “Domínio del Plata”, considerada como a Grande Dama do Vinho Argentino e que nos brinda com vinhos das linhas que levam seu nome (Suzana Balbo); Crios; Benmarco; Virtuoso; Nosotros e Anubis.
 
 
Consultora internacional de vinhos, por mais de 20 anos, decidiu em 1999 realizar o sonho de ter sua própria vinícola, escolhendo Lujan de Cuyo como seu terroir. O sucesso chegou rapidamente e se mantém até hoje. Desde 2009, conta com a ajuda de seu filho, José, enólogo formado na Universidade de Davis, Califórnia, e de sua filha Ana, graduada em Administração. Outro sonho realizado.
 
Embora não sejam formadas em enologia, duas outras “winemakers” promovem grandes revoluções no vinho argentino: Adriana Catena, filha do lendário Nicolas Catena Zapata, com sua inovadora vinícola “El Enemigo” e Alícia Mateu Arizu, proprietária da Viña Alicia e esposa de Alberto Arizu da Luigi Bosca.
 
O Chile também é pródigo em mulheres comandando a enologia de grandes vinícolas. Podemos citar, entre muitas, Cecilia Guzmán que está à frente da excelente Haras de Pirque (já recomendamos o Equus) e Paula Muñoz que conduz a inigualável Casa Lapostolle (Clos Apalta) pelos caminhos da excelência.
 
Na França as mulheres estão dando as cartas nas principais áreas produtoras, sejam enólogas ou eficientes dirigentes do negócio, uma tradição que remonta a 1805 quando Nicole-Barbe Ponsardin ficou viúva de François Clicquot e assumiu os negócios da família. Com mão de ferro eternizou a Marca Veuve Cliquot conhecida em todo o mundo.
 
Catherine Péré Vergé, recentemente falecida, é outro grande exemplo. Totalmente dedicada ao seu negócio que envolve as vinícolas Chateau La Violette, Chateau Le Gay e Chateau Montviel em Pomerol, La Graviere em Lalande-de-Pomerol, e a Bodega Monteviejo na Argentina. Supervisionava pessoalmente desde a poda até a venda de seus vinhos.
 
Poderia citar, tranquilamente, mais uma dezena delas.
 
Talvez o exemplo mais impressionante venha da Itália, dentro da família Antinori, produtores de joias como Tiganello, Solaia, Guado al Tasso e Cervaro della Sala. A empresa, que por 26 gerações foi comandada exclusivamente por varões, agora passa o bastão para 3 mulheres, filhas de Piero Antinori, atual comandante, que não teve filhos homens.
 
 
Albiera, Allegra, e Alessia estão promovendo uma fantástica modernização desta importante empresa, em todos os sentidos, para que ela dure, no mínimo, outras 26 gerações mantendo tradição e qualidade.
 
A nova sede da empresa, localizada numa colina próxima a Florença, no coração da Toscana, tem um projeto futurista e espetacular que representa fielmente a linha de trabalho atual. A um custo de 67 milhões de Euros, construíram o que poderia ser chamado de um castelo moderno, com total respeito ao meio ambiente: a vinícola fica “enterrada”. A imagem, fala por si.
 
 
Mais fotos neste link (role a tela): http://www.archea.it/pt-br/vinicola-antinori/ 
 
Agora, queridos leitores, imaginem se “elas” não bebessem vinhos tintos…
 
Dicas da Semana 1: para saber mais sobre a história da família Antinori, não deixem de ler este livro. Pode ser um belo presente para seu “amigo oculto” 
 

O Perfume do Chianti

É o relato, em primeira pessoa, do atual patriarca Piero Antinori. O livro é uma biografia de sua família e, também, de suas sete criações – os vinhos Montenisa Rosé, Villa Antinori, Solaia, Tignanello, Cervaro Della Sala, Antica Napa Valley Cabernet Sauvignon e Mezzo Braccio Monteloro.
 
 
Dica da Semana 2: Como ninguém é de ferro, vamos ao vinho, uma homenagem à Dama do vinho Argentino. 
 
Susana Balbo Signature Cabernet Sauvignon 2010
 
Com bela e intensa coloração violeta tem marcantes aromas de mirtilo, cerejas negras e violetas, amparado por notas de madeira e menta. Mesmo perfil de aromas se repete no paladar, com presença de ameixas maduras, baunilha e chocolate amargo. Seu paladar é redondo e de grande persistência.
 
Harmonização: carnes vermelhas grelhadas, queijos variados.

Quebrando alguns mitos – I

Um dos programas de maior sucesso nas TVs de todo o mundo é o “Caçadores de Mitos” (Mythbusters), no qual dois apresentadores e mais uma equipe de habilidosos ajudantes se esmeram em destruir ou confirmar uma enxurrada de mitos que passeiam por nossas vidas deste épocas remotas. O programa é uma aula de ciências muito bem feita, capaz de prender a atenção de crédulos e incrédulos.
 
Mas ainda não apareceu, neste show, um episódio sobre vinhos e seus mitos, embora tenham apresentado alguns casos sobre bebidas alcoólicas em geral. Um deles, que envolvia enganar um bafômetro, foi bastante divertido e instrutivo (não conseguiram…).
 
Para ajudar nesta aventura, a partir desta semana vamos conhecer alguns falsos conceitos em que se apoiam vários ‘eno alguma coisa’ para atrapalhar o simples e delicioso ato de beber um bom vinho.
 
#1 – Quanto mais caro melhor (o vinho!)
 
Já estou vendo olhares assustados e ‘bicos’ torcidos. Difícil negar que existe uma relação direta entre custo e qualidade em quase tudo na vida. No mundo do vinho não é, exatamente, uma exceção.
 
Mas há controvérsias…
 
O custo de um vinho para o produtor é diretamente ligado ao fator rendimento (a quantidade necessária de uva). A regra é direta, quanto menor (mais uvas por litro de vinho), melhor será o produto final. Além disto, o volume final tende a ser menor à medida que se consomem mais insumos. Não se questiona isto. Pagamos caro para ter um produto quase exclusivo.
 
Inúmeros exemplos estão à nossa disposição, o mais famoso talvez seja o Romanée-Conti, um espetacular Pinot Noir da Borgonha do qual são produzidas 6.000 garrafas por safra. Leva de 6 a 12 anos para ficar no ponto certo de maturação e ser consumido. O preço ao consumidor final vai às alturas e, cá entre nós, isto já deixou de ser vinho e virou mito engarrafado.
 
 
Vale isto tudo?
 
Provavelmente sim. Infelizmente não estou entre os ‘ricos mortais’ que tiveram a oportunidade de prová-lo. Tampouco é sobre este tipo de vinho que estamos discutindo: este tem a obrigação de ser bom.
 
Esta moeda tem outro lado: paga-se caro por um vinho que encontramos numa loja especializada, recomendado por algum especialista e simplesmente não gostamos.
 
Acredite, este tipo de produto existe aos montes, para nosso desespero.
 
Uma quase diabólica conjunção de fatores criam estes monstros, cada vez mais comuns:
 
– o produtor precisa aumentar as suas vendas;
– o distribuidor faz um marketing agressivo;
– um ‘crítico’ é envolvido no esquema até com garrafas preparadas para enganá-lo;
– o consumidor paga prejuízo por que acreditou no binômio “caro é bom”!
 
Confesso que eu mesmo já fui ludibriado por um Barolo, suposto melhor vinho de uma vinícola inédita no Brasil. Comprei-o numa das boas lojas do Rio, a preço justo (Barolos são caros) e na hora que reuni os amigos para degustá-lo foi aquele desapontamento: jogamos o vinho no ralo da pia.
 
Muitos anos após este triste episódio escutei uma história semelhante onde o protagonista foi capaz de desvendar o mistério: fora montada uma operação de guerra para desovar este vinho que, por problemas burocráticos, ficou retido num porto brasileiro em condições inadequadas. Todos os envolvidos sabiam que o vinho era ruim, mas nenhum deles quis arcar com o prejuízo de seu erro, repassando-o ao consumidor final, literalmente, vendendo gato por lebre, e caro. Nunca mais comprei nada desta loja e nem do vendedor. Não soube mais deles, acho que nem existem mais.
 
Um dos melhores colunistas sobre vinhos, Didu Russo (http://www.didu.com.br/), uma simpática figura que parece saída da imaginação de algum autor, tem em seu blog uma seção intitulada “50 paus” onde lista grandes vinhos que custam isto ou menos.
 
Sensacional! É disto que estamos falando!
 
 
Esta é a atitude que acaba com este falso conceito, nem todo vinho bom é caro.
 
Dica da Semana: direto do Blog do Didu – “A Bodega Dominio Cassis do Uruguai é uma vencedora das degustações da Confraria dos Sommeliers”.
 

Dominio Cassis Cabernet Franc 2008 
A vinícola Dominio Cassis está localizada a 10Km do Oceano Atlântico e a 4Km da Lagoa de Rocha em solo pedregoso, expostos aos ventos e à brisa marinha.

Os atributos do solo, de baixa matéria orgânica, pedregoso e profundo; bem como a exposição à influência do Oceano e as poucas chuvas que há na região, são ótimas condições para a qualidade da produção e permitindo uma maturação mais lenta das uvas, tendo um resultado de vinho de alta qualidade e de pequena produção.

Denominações Chilenas

O Chile é reconhecidamente um dos grandes produtores mundiais de vinho e o mais importante do Novo Mundo devido às suas excepcionais características geográficas e diversidade de “terroirs”. A autoridade vínica deste país, Wines of Chile, formou uma comissão que elaborou um novo mapa das indicações geográficas, analisando uma infinidade de dados obtidos ao longo dos anos. Em 2012 este relatório foi aceito pelo Ministério da Agricultura. Sua implantação está prevista até 2020, mas muitos produtores já estão colocando em seus rótulos estas novas denominações.
 
Esta classificação se baseia numa divisão ‘Leste – Oeste’, em que as sub-regiões produtoras foram enquadradas numa das 3 (três) regiões pré-definidas, apresentadas a seguir com seus símbolos que poderão ser incluídos nos rótulos:
 
 
O mapa a seguir mostra todo o quadro. Interessante observar que a maioria dos vales abrange mais de uma região.
 

 
Região Costeira
 
Com mais de 4.000 Km de costa, os vinhedos desta região são refrescados por uma constante brisa do mar. O Vale mais famoso é o Casablanca com seus estupendos brancos, seu Sauvignon Blanc está entre os melhores do mundo.
 

 
Região Entre Cordilheiras
 
Esta planície que praticamente divide o país em leste e oeste é a mais importante área agrícola do Chile. Aqui foram plantadas as primeiras videiras trazidas pelos colonizadores espanhóis. Embora não seja absolutamente plana, há importantes relevos situados mais ao sul, tem solos muito ricos e um clima qualificado com ‘mediterrâneo’. Nesta região está concentrada cerca de 60% da produção vinícola e aqui estão alguns das regiões produtoras mais tradicionais. Basta observar o mapa a seguir.
 

 
Região Andina
 
Esta é a área mais emblemática do Chile. A mais extensa cadeia de montanhas do mundo que abriga desde famosas estações de inverno até inacreditáveis vinhedos que nos oferecem vinhos inesquecíveis. A espinha dorsal de toda a cultura chilena.
Considerada a mais importante região vinícola, está focada nas castas tintas que se beneficiam das condições climáticas únicas, de solos propícios e da altitude.
 

 
As Denominações de Origem 
 
Para finalizar, apresentamos as regiões que podem usar a sigla D.O em seus vinhos: 
 
Regiões de Coquimbo: Vale do Elqui, Vale de Limari, Vale de Choapa;
 
Regiões de Aconcágua: Vale do Aconcágua, Vale de Casablanca, Vale de San Antonio;
 
Regiões do Vale Central: Vale de Maipo, Vale de Cachapoal, Vale do Curicó, Vale do Maule;
 
Regiões Meridionais: Vale do Bio Bio, Vale de Itata, Vale do Malleco.
O quadro a seguir faz um resumo completo de tudo que foi exposto aqui.
 


Dica da Semana: um ótimo vinho produzido na região mais importante do Chile, com boa relação custo x benefício. Embora seja um corte de 3 uvas, a legislação permite que seja vendido como Cabernet Sauvignon devido à concentração de 85% no produto final.

Equus Cabernet Sauvignon 2010
 
Região: Valle del Maipo Alto
Produtor: Viña Haras de Pirque
Castas: 85% Cabernet Sauvignon, 6% Cabernet Franc e 9% Syrah – 12 meses em carvalho francês.
Vermelho rubi profundo com reflexos violáceos. Notas claras de chocolate amargo, com toques minerais e especiarias, seguido de frutas vermelhas maduras. Na boca é firme e equilibrado, com personalidade. O final é longo e complexo.
Harmonização: evolui muito bem e acompanha pratos de estrutura, carne e caça.
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