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Por que ‘Castas Nobres’?

O uso do adjetivo ‘nobre’ para definir uvas ou vinhos é muito antigo e tem raízes muito interessantes, afinal o que faz uma determinada varietal ser classificada como nobre em detrimento de outras?
 
Uma rápida pesquisa em textos de autores consagrados nos forneceu uma boa definição:
“Uvas nobres são as uvas tradicionalmente associadas com os vinhos da mais alta qualidade”.
Sauvignon Blanc, Riesling, Chardonnay, Pinot Noir, Cabernet Sauvignon e Merlot, são as eternas castas agraciadas com títulos como Rainha disto ou daquilo. Entretanto, alguns críticos, talvez sentindo a exagerada influência francesa nesta lista, substituem a Sauvignon Blanc e a Merlot pela excelente italiana Nebbiolo.
 
Ainda assim, resta uma dúvida: seriam realmente superiores os vinhos produzidos com estas uvas?
 
Posso ir mais longe: e as castas típicas do Novo Mundo, Zinfandel, Carménère, Malbec, etc., ou as ibéricas Tempranillo e Touriga Nacional, não se enquadram?
 
Apesar de apaixonante, este tema exige um pouco mais de informação para ser compreendido. Por trás da “qualidade” está o que é denominado ‘Estrutura’, algo como o esqueleto do vinho. Aqui está a diferença: só será percebida na hora da vinificação, da elaboração.
 
A mais simples demonstração de que realmente há uma diferença pode ser observada nas relações de grandes vinhos publicadas por revistas especializadas ou nos mais variados guias internacionais: desde que a indústria do vinho existe, esta pequena relação de ‘nobres’ domina o cenário. Não é à toa que a fama dos vinhos franceses perdura por séculos. Na relação apresentada, apenas a Riesling (que existe na Alsácia) e a Nebbiolo não são de Bordeaux ou da Bourgogne…
 
A estrutura de um vinho é difícil de ser explicada e entendida. Envolve múltiplos aspectos e o relacionamento entre eles: acidez, taninos, álcool, etc., que em última análise vai determinar sabores, aromas, capacidade de envelhecimento e outras características.
 
Um dos elementos mais importantes é a Textura. Pode parecer uma ideia um pouco tênue se compararmos com outros materiais como tecidos, madeiras ou cerâmicas, mas definitivamente há diferentes texturas na nossa bebida predileta. Esta qualidade está associada àquelas sensações de grande amplitude (de aromas e sabores), permanência no palato e o gole aveludado ou o seu oposto (áspero), entre outras. Novamente, sobressai o conjunto em vez de valores individuais.
 
Este talvez seja o segredo das castas nobres: bem vinificadas, nos presenteiam com uma formidável estrutura e tudo de bom que dela decorre.
 
Um velho e batido jargão faz muito sentido neste momento: “Antiguidade é posto”.
 
Não há mais como ignorar a qualidade dos vinhos produzidos, hoje, no Chile, na Califórnia, na Argentina e em outros países, alguns europeus. Mas, para que um dia suas castas emblemáticas sejam elevadas de categoria, só há um fator a ser considerado: tempo, muito tempo.

Dica da Semana: não precisa esperar séculos, pode ser consumido já!
 
Hardys Nottage Hill Merlot 2011
Um vinho australiano de muita presença em boca, fresco com leve traço de hortelã, sabores de fruta vermelhas maduras, e noz-moscada.
Sua textura de densidade média o torna versátil para acompanhar diversos pratos.

Em Petit Comité

Era pequeno mesmo e bem que o título de hoje poderia ser substituído por “A Dois”. Éramos eu e minha esposa, só. Temos esta cumplicidade e o gosto por bons vinhos e boa gastronomia. Sempre que viajamos ficamos atentos às novidades em ambos os campos.
 
Uma das viagens de maior expectativa e que resultou num programa totalmente diferente do que pretendíamos foi uma viagem ao Chile. Havíamos comprado as passagens com alguma antecedência, só não podíamos prever o grande terremoto de 2010. Pegou-nos de surpresa!
 
Viajamos no limite de validade de nossos bilhetes, alguns meses depois da catástrofe. Infelizmente as vinícolas estavam todas fechadas para reformas, algumas foram muito danificadas. Houve uma única exceção, a Vinícola Santa Rita próxima à capital Santiago. Fomos muito bem recebidos e degustamos um bom almoço no restaurante improvisado numa tenda, regado com o excelente Medalla Real.
 
Com a falta do principal objetivo de visitar as principais produtoras de vinhos, optamos por fazer um programa bem turístico, compras, excursões, city tour, museus, como qualquer outro viajante comum.
 
Descobrimos coisas bem interessantes e outras bem frustrantes, por exemplo: o chileno não tem o hábito de beber vinhos. Por esta razão, as maiorias das lojas de vinhos de Santiago são para turistas, com um catálogo de produtos mais que convencional e conservador. Chegava a ser decepcionante. Lindas lojas que ofereciam do manjadíssimo Casillero del Diablo ao caro Don Melchor, tudo muito convencional, zero de novidades.
 
Como bom ‘Aquariano’, não era isto que queria. Naquela época começou a surgir o movimento dos vinhos de garagem, MOVI (Movimiento de Viñateros Independientes), com alguns rótulos já lançados no mercado. Mas não estávamos seguros do que comprar…
 
A busca continuou por alguns supermercados, shoppings e lojas de rua, mas o quadro se repetia. Não me recordo da razão, acho que foi um pouco pela distância, deixamos para visitar o Shopping Alto las Condes já na véspera de retornamos.
 
Situado no mais elegante bairro da capital, é conhecido como um local para pessoas de maior poder aquisitivo, ao contrário do Parque Arauco que é mais popular. Havia uma loja de vinhos a omnipresente ‘El Mundo del Vino’ e um clube, La CAV ou ‘Club de Amantes del Vino’. Esta era novidade, entramos e fomos recebidos em português por uma simpática brasileira que ali trabalhava. Ponto positivo, mas ficamos intrigados com a rapidez da identificação, será que estávamos tão óbvios assim? A explicação veio em seguida, ela havia nos escutado ao decidirmos visitar a loja.
 
 
Muito interessante, começando pela organização das prateleiras, arrumadas pela qualidade seguindo um ranking próprio a partir das preferências dos clientes em degustações promovidas regularmente. Havia vinhos de diversos países, inclusive do Chile. Esta democracia enológica nos encantou. Fomos convidados para uma degustação. Não era vinho comum, só top de linha!
 
Perfeito, finalmente encontramos o que queríamos!
 
Uma das compras foi o melhor vinho provado, o Coyam, produzido com uvas de cultivo orgânico e considerado um ícone internacional. Ficamos com um 2007 que foi degustado ‘a dois’ nesta semana que passou. Os 6 anos de repouso lhe fizeram bem, o vinho estava delicioso. Um daqueles que ao ser consumido não deixa dúvida que é um grande vinho, até mesmo para um leigo.
 
 
O corte, naquela safra, foi elaborado com 38% Syrah, 21% Cabernet Sauvignon, 21% Carménère, 17% Merlot, 2% Petit Verdot e 1% Mourvedre. Uma verdadeira alquimia. Uma vinificação cheia de cuidados como a tripla seleção manual dos grãos, fermentação com leveduras naturais, longo de tempo de maturação com as casacas e 13 meses de amadurecimento em barris de carvalho de 1º uso, 80% franceses e 20% americanos.
 
Esta delícia tinha uma cor violeta bem marcante e aromas de frutas negras maduras, frutas vermelhas, groselha e frutos do bosque, em sintonia com as notas de baunilha da madeira, furtivas notas minerais, caramelo e chocolate. Excelente equilíbrio no palato, ótimo corpo, arredondado, taninos presentes e suaves. Um final interminável. Um vinho que pode ser guardado por 14 ou 15 anos. Tem estrutura para tal.
 
Na gastronomia é um vinho complexo que pede pratos bem elaborados como carnes de 1ª linha grelhadas, gado Wagyu, Angus ou carneiro, acompanhado de batatas gratinadas, arroz e molhos condimentados.
 
Não é para qualquer um, mas não tem preço exorbitante, por isto mesmo é a nossa…

Dica da Semana: um belo vinho do chileno, ótimo companheiro para estes dias mais frios.
 
Coyam 2010
Castas: 34% Syrah, 31% Merlot, 17% Carmenére,12% Cabernet Sauvignon, 3% Malbec e 2% Mourvedre
Um excelente investimento para o futuro
90 Pontos – Robert Parker (Safra 2009), 90 Pontos – WineSpectator (Safra 2009)
 
 

Sexta-feira aqui em casa…

Entra ano, sai ano, quanto chega o período frio para os cariocas fazemos uma reunião para ‘abrir’ a temporada de degustar vinhos tintos. Neste 2013 não foi diferente. Convidamos três casais bons de taça e preparamos uma bela noitada.
 
Minha esposa havia chegado de viagem trazendo alguns queijos pouco comuns por aqui: um Stilton e um Cheddar ingleses e 2 queijos de leite de cabra produzidos em Chipre. Acrescentamos um viés árabe composto de Hummus, coalhada seca e Manouche. Cestas com alguns tipos de pães e torradas completavam a mesa de beliscos.
 
Mas tarde, dependendo da disposição da turma, serviríamos um prato quente.
 
Para iniciar os trabalhos abrimos um Primitivo di Manduria SUD Feudo San Marzano safra 2010.
 
 
Esta garrafa foi fruto de uma extensa negociação na compra de uma caixa do famoso Tiganello. Após muito papo, duas garrafas deste primitivo foram acrescidas, sem custo, ao pacote.
 
Na Puglia, esta casta irmã da californiana Zinfandel e da croata Crljenak Kastelanski produz vinhos encorpados, escuros, redondos e aromáticos, muito fáceis de beber.
 
Era fácil distinguir aromas de ameixas e cerejas maduras, notas de baunilha e cacau e muita fruta no paladar. Um ótimo começo de noite.
 
As taças secaram rapidamente e logo passamos para a segunda garrafa. Partimos para os argentinos: Goulart The Marshall Malbec, safra 2008. Um vinho de respeito com uma bela história.
 
O nome é uma homenagem ao fundador desta vinícola, o Marechal Gastão Goulart, que lutou na Revolução Constitucionalista de 1932 no Brasil. Exilado na Argentina, adquiriu o vinhedo em 1915, na região de Lunlunta, em Lujan de Cuyo.
 
 
Após muitos anos de abandono, sua sobrinha, a paulista Erika Goulart, assumiu a propriedade no ano de 1995, iniciando a recuperação do vinhedo e a construção da vinícola. A primeira vinificação foi em 2002 e desde então, seus produtos tem recebidos elogios da crítica e prêmios nos mais importantes concursos internacionais. Esta safra de 2008 recebeu 91 pontos de Robert Parker e 92 pontos da Wine Enthusiast. É considerado um ‘Best Buy’.
 
Com uma bela cor rubi intenso, tem aromas de frutos negros, tabaco e especiarias. No paladar percebe-se um bom corpo, taninos arredondados, frutos negros, pimenta e uma discreta baunilha devido ao envelhecimento em madeira. Um ótimo vinho que preparou a turma para o que viria em seguida.
 
O terceiro vinho da noite era algo muito especial. Outro argentino, o Petit Caro, uma ‘joint venture’ entre o respeitado Nicolas Catena Zapata e o Barão Rothschild, daí o nome: CAtena + ROthschild. Esta garrafa estava guardada, há algum tempo, para ser degustada junto com o ‘Caro’, carro-chefe desta vinícola. Simplesmente não aconteceu e por ser da safra de 2006 estava na hora de consumi-lo.
 
 
Este brilhante corte de Cabernet Sauvignon e Malbec não é mais produzido, tendo sido substituído pelo rótulo Amancaya. Isto tornou esta garrafa uma raridade. Foi degustado no ponto certo. Notava-se a evolução deste vinho já na cor, com notas de vermelho atijolado. Nos aromas, alguns terciários como couro e tabaco, mas ainda muita fruta, boa acidez, taninos equilibradíssimos. Muito gostoso de beber, um p*** vinho segundo um dos degustadores.
 
Resolvemos servir o prato quente, o momento era adequado. Uma curiosa receita à base de palmito, queijo Emmental e queijo Gruyère, preparados com um molho de creme de leite, tomate e diversos temperos. Apelidamos de ‘Strogonoff de Palmito’. Servido com arroz e batata palha, foi o sucesso da noite, todos queriam a receita.
 
Obviamente, as taças estavam secas. Hora de mais um vinho: o Lindaflor Petite Fleur 2009 da vinícola Monteviejo.
 
 
Uma escolha para reverenciar Catherine Péré Vergé, a proprietária da Monteviejo, recém-falecida. Ela foi uma das pioneiras do projeto de Michel Rolland em Mendoza, o Clos de los Siete. Sua vinícola foi a 1ª a ser construída e vem elaborando verdadeiras joias. Esta é uma delas. Um delicioso corte de Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com coloração púrpura intensa. No nariz, aromas frutados e condimentados com notas de violeta e baunilha. No palato percebiam-se os taninos macios e sabor arredondado e ótima permanência. Excelente!
 
Estes dois vinhos harmonizaram perfeitamente com o ‘strogonoff’.
 
Era hora de fazer outra mudança. O próximo vinho seria de corpo infinitamente mais leve, já pensando na sobremesa: um Pinot Noir da Patagônia, o Reserva del Fin del Mundo 2010.
 
 
Um produto de alta qualidade, mas acho que servido na hora errada. Muito bem elaborado, apresenta a característica cor vermelho-grená. Aromas de boa intensidade remetendo a frutos silvestres, tabaco, terra e especiarias. Na boca é leve e equilibrado, taninos macios, boa acidez e corpo médio.
 
O problema foi que a ‘turma’ queria ‘caldos’ mais encorpados e, frente ao que já fora servido, achou este meio sem graça. Mas era outro grande vinho.
 
Devidamente pressionados a voltar ao ritmo anterior apresentamos um dos nossos trunfos: Viña Cobos Bramare, Cabernet Sauvignon, 2008. Um vinho de preço alto mesmo na Argentina, elaborado sob a supervisão do ‘Rei’ dos Cabernets californianos, Paul Hobbs e que recebeu 93 pontos de Parker. Não era para qualquer um…
 
 
Pediram e levaram! Um vinho intimidador. A turma engoliu em seco e fez-se aquele silêncio sepulcral. Quase numa única voz perguntaram: o que é isto?
 
A resposta?
 
Fácil, um vinho elaborado pela mais sofisticada vinícola boutique da Argentina. E nem era um dos top que chegam a ser vendidos por US$1,000.00. A denominação Bramare é a segunda linha da empresa e custa 1/10 deste valor citado. Mas vale cada centavo.
 
Uma belíssima tonalidade rubi saudava a nossa visão nas taças. A impressão olfativa remetia a groselha, cedro e grafite com notas de especiarias como cravo e pimenta do reino. No paladar o espetáculo continuava: amoras, figos, café, tabaco e cacau. Uma cascata de sabores encantadores. Perfeitamente equilibrado, final agradável e persistente. Um vinhaço!
 
 
Devidamente vingados pela desfeita que fizeram com o Pinot Noir, nos despedimos de nossos amigos que já estão aguardando o próximo encontro.
 
Até lá, ficamos com a …

Dica da Semana: não foi um dos que servi neste encontro, mas é um belo vinho e com ótima relação custo x benefício.
 
Salton Classic Reserva Cabernet Sauvignon
 
Elaborado a partir da variedade Cabernet Sauvignon. O vinho é fermentado por 15 dias e amadurecido por até 6 meses em barricas de carvalho norte-americano. Vinho límpido, com coloração roxo amora madura. Nariz complexo, frutos vermelhos, especiarias, uva passa, pimenta, eucalipto, violetas, ameixa passa, excelente permanência do sabor.

Prêmios e mais prêmios…

 No início deste ano, quase na mesma época em que aparecem as novas edições dos tradicionais guias de vinhos, dois importantes concursos de vinhos divulgaram seus resultados, o ‘Vinhos do Chile’ e o ‘Vinhos da Argentina. São eventos sérios que pretendem divulgar, cada vez mais, os produtos de cada país, ao contrário do nosso ‘Ibravin’ cujo mote é ‘quanto eu levo nisto?’.
 
Ambos os concursos são organizados por associações de produtores e, tecnicamente, todas as vinícolas de cada país estão associadas. A participação na prova é voluntária, refletindo no caráter da degustação e no seu resultado. Obviamente, empresas consagradas não precisam mais deste tipo de divulgação, exceto quando pretendem lançar algum produto novo. São os produtores menos visíveis quem mais se beneficiam.
 
10º Prêmio “Vinhos do Chile”
 
Contou com mais de 100 vinícolas que apresentaram 615 vinhos. Nove renomados juízes tiveram muito trabalho para selecionar os melhores. Neste ano houve, inclusive, uma degustação específica com juízes asiáticos em busca do crescente mercado oriental.
 
Foram distribuídos prêmios para diversas categorias: 43 medalhas de ouro; 149 de prata; 251 de bronze. O quadro apresentado abaixo foi obtido numa segunda rodada quando são escolhidos os melhores de cada categoria.
 
 
 
A maioria destes vinhos está à venda no Brasil, o espumante premiado foi a nossa Dica da Semana anterior. Muitos estão esgotados nas lojas, mesmo com um preço médio em torno dos R$ 100,00 o que não é exatamente barato. São vinhos de primeira linha e excelentes.
 
Mas, para nossa alegria, a maioria das vinícolas premiadas tem uma segunda linha de produtos com boa relação custo x benefício. Uma das que mais se destacam é a Viña Cono Sur com o rótulo ‘Bicicleta’, que será a nossa:
 
Dica da Semana: um belo Cabernet Sauvignon para os dias frios que estão chegando.
 
Cono Sur Bicicleta Cabernet Sauvignon
 
A bicicleta simboliza o espírito inovador, a paixão, o comprometimento e o respeito ao meio ambiente.
Cor rubi profunda e impressionante. No nariz apresenta notas de ameixa, framboesa e especiarias doces. No palato se apreciam discretos sabores de chocolate e baunilha. Estruturado, equilibrado, longo e elegante.
Harmonização: hambúrgueres, carnes grelhadas, embutidos, queijos fortes, cordeiro, massas, aves defumadas e molhos condimentados.
 
Na próxima semana os Argentinos. Se algum leitor se interessar podemos enviar, por e-mail, uma planilha com o resultado completo.

Expovinis 2013 – Final

 Devidamente treinados pelo 1º dia, voltamos à exposição para experimentar, desta vez, somente tintos. Nossa intenção era boa, mas não poderíamos imaginar os desvios de rota que nos aguardavam.
 
Partimos direto para o stand coletivo da Itália onde havíamos mapeado, na véspera, alguns interessantes Primitivos e Amarones, vinhos que estão na faixa superior de nossas expectativas. Estávamos nos deliciando com um belo Amarone quando encontramos um amigo recente, o simpático Maurício Gouveia, que tem uma interessante trajetória.
 
Brasileiro com formação numa das áreas de saúde, herdou de seu pai terras na região de Trás-os-Montes, em Portugal. Por ter dupla cidadania, para lá se mudou e se envolveu no mundo dos vinhos. Recentemente montou sua importadora de vinhos aqui no Brasil, a Empório Gouveia. Maurício é muito bem conectado e conhecia todo mundo que era importante naquela exposição. Não precisa dizer que nossa visita, dali em diante, mudou completamente.
 
A primeira grande diferença se dava quando ele informava ao expositor que era um possível importador: uma degustação que seria boa dentro dos padrões normais passava a excelente! O ponto alto foi visitar um expositor de Portugal, Quinta do Romeu, da região do Douro.
 
Estávamos “passando ao largo” do stand de Portugal. Na segunda-feira daquela mesma semana havíamos participado de uma boa degustação de vinhos portugueses, aqui no Rio de Janeiro. A maioria destes produtores viera para a Expovinis. Mas este era novidade. Que vinhos e que azeite!
 
A apresentação deste produtor oferecida no catálogo da feira é surpreendente:
 
“Provavelmente os melhores vinhos do mundo são produzidos por uma família num terroir específico, ao longo de gerações. Desde 1874 que a família Menéres produz vinhos do Porto e DOC Douro em 25ha de terras de Xisto… São vinhos gastronômicos, com caráter, secos, muito aromáticos, frutados e equilibrados.”
O proprietário, João Menerés conduziu as duas degustações, vinhos e azeites. Foi espetacular! Prometi a ele que irei visitá-lo, promessa que vou cumprir em breve. A acolhida a esta ideia foi a mais simpática possível, estão totalmente preparados para receber visitas, a propriedade possui um museu, uma loja e um excelente restaurante o Maria Rita (foto).
 

 
Outras tendências observadas 
 
Alguns detalhes desta exibição chamavam muito a nossa atenção, a maioria eram apenas ‘efeitos especiais’ para atrair um visitante mais distraido. Outros se revelaram uma boa surpresa num mundo em que mudanças radicais nem sempre são bem vindas: as garrafas e rótulos e acessórios estão mudando! Vejam estas fotos:
 
 
Na direita, novos formatos para espumantes, na esquerda, sobre o balcão um elegante e diferente decantador. Infelizmente nosso fotógrafo não obteve boas imagens das novidades em formatos de taças, rótulos elaborados e até uma linha de vinhos para a nova geração com o rótulo cobrindo toda a garrafa, como uma luva ou envelope.
 
Na próxima semana, mais uma exibição. Desta vez visitamos a “Essência do Vinho“ no Rio de Janeiro.

Dica da Semana: um corte bordalês de Santa Catarina!
 

Santa Augusta Cabernet Sauvignon + Merlot 2008

 
Origem: Vale do Contestado Videira/SC
Elaborado a partir de uvas cuidadosamente selecionadas, provenientes de vinhedos próprios localizados a uma altitude de 1000 m.s.n.m. Cor vermelho rubi, com reflexos violáceos, límpido. Aroma frutado e franco com notas de amora, ameixa seca e uma nota discreta de vegetal e de tostado. Paladar frutado, com uma boa acidez, taninos presentes, harmônico e persistente. Harmoniza com carnes vermelhas, aves de caça, massas condimentadas com molhos de carne.

 

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