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Mendoza 2014 – 1º dia

Já estava na hora de retornarmos à capital dos vinhos da Argentina e nos atualizarmos. A grande novidade é que seriamos acompanhados por um grupo de seis amigos: Ronald, Marcio, Fabio, Lobianco e o casal Gustavo e Lu. Partimos do Rio numa 5ª feira em voo direto para Buenos Aires de onde embarcamos para Mendoza. Foi um dia inteiro de viagem chegando já de noite em nosso destino.
Para este dia não passar em branco havíamos programado um jantar de boas vindas num dos excelentes restaurantes de alta culinária, o Anna Bistró, com um variado cardápio e excelente adega. A tônica, obviamente, foram os pratos à base de carne com algumas pedidas de massa. Para harmonizar, abrimos os trabalhos com o Petite Fleur da vinícola Monteviejo. Duas garrafas foram consumidas rapidamente devido à baixa temperatura da cidade e à “sede” do grupo.
 
 
O segundo vinho servido com a chegada dos pratos foi o excelente Bressia Profundo, categoria Premium, nitidamente superior ao primeiro. Para finalizar brindamos com um dos bons espumantes da nova geração, o Cruzat, e fomos descansar, no dia seguinte iniciaríamos uma maratona de vinícolas e almoços harmonizados que se estenderia até Domingo.
 
 
6ª feira
 
Nosso roteiro de 3 dias, organizado pela Divinos Rojos (www.divinosrojos.com.ar – María José), foi montado sobre a ideia de conhecermos os terroirs mais importantes: Vale do Uco, Lujan de Cuyo e Maipu. Neste dia nos deslocamos para Tupungato, um dos distritos dentro do vale, para visitar o empreendimento Clos de Los Site, um consórcio de vinhedos e vinícolas de diversos proprietários franceses, comandado pelo famoso enólogo Michel Rolland.
 
São 5 empresas: Menteviejo, Flecha de Los Andes, Cuvellier de Los Andes, Diamandes e Rolland Collection. Visitamos estas duas últimas.
 
A Diamandes impressiona por sua premiada arquitetura. Um prédio muito bem estudado que cumpre as funções de integrar com a bela paisagem e ser perfeitamente funcional para a atividade que se propõe. Vejam as fotos a seguir e tirem suas conclusões.
 
Após esta visita seguimos para a vinícola de Michel Rolland, um contraste impressionante, era apenas um rustico galpão, apelidado de “Concrete Box” (caixa de concreto) que nada tinha de charmoso, pelo contrário, era uma forte presença afirmando claramente: aqui se produz (excelentes) vinhos.
 
 
Fomos recebidos pelo enólogo chefe, o simpático Rodolfo Vallebella. Mais que uma bodega, aqui é um laboratório onde são testadas as mais recentes inovações na arte de produzir vinhos. Tudo é muito simples e direto, sem frescuras. A imagem abaixo mostra a atual tendência, um “ovo” de concreto onde o vinho é produzido e amadurecido.
 
 
Seguimos para a sala de barricas onde seria feita a degustação. A sequência começou com um Sauvignon Blanc em fase final de produção, retirado diretamente do tanque de aço inoxidável, seguido de Pinot Noir, Merlot, Malbec e terminando com o excepcional Camille, dedicado para a neta de Rolland. Este é um produto fora de série elaborado com um cuidado redobrado que inclui especialíssimos barris de carvalho montados com madeira de mais de 200 anos (foto). Tudo o que foi servido veio das barricas, nada em garrafa. Segundo o enólogo, esta é a forma correta de se visitar uma bodega. Vinho engarrafado qualquer um prova…
 
Observação registrada!
 
 
A sequência preparada por Rodolfo nos mostrou diversas possibilidades e foi altamente instrutiva: vinhos jovens, Malbec de diferentes vinhedos e vinhos de sonho. Valeu a pena!
 
O dia terminaria num delicioso almoço harmonizado preparado na Finca Blousson (finca = vinhedo) do simpático casal Victoria e Patrick, dois Portenhos que praticamente largaram suas atividades de origem (áreas financeira e de sistemas) e se mudaram para Mendoza para plantar uvas e, um dia, fazer vinhos.
 
 
Sem dúvida que o projeto é muito sério, lá estão 2 “ovos” já em pleno funcionamento com a assessoria de Matias Michelini, um dos bons enólogos argentinos.
 
 
Eis o cardápio do almoço e os vinhos servidos, todos muito exclusivos:

Recepção:

Empanadas de carne;

Vinho: Espumante Rosé Laureano Gomez;

Entrada: Sopa de cebolas ao Gruyere;

Vinho: Sabato Cabernet Sauvignon (Susana Balbo);

Prato Principal: Cordeiro no Forno de Barro com verduras assadas;

Vinho: Montesco Parral (Passionate Wine/Matias Michelini);

Sobremesa: Torta de maçãs com sorvete;

Café/Chá/Licor de Malbec (Artesanal Finca Blousson).

 
O melhor vinho, minha opinião, foi o Montesco Parral que merece um comentário: Parral significa Latada ou Pérgola, um sistema de condução da parreira em franco desuso. Michelini não só descobriu um vinhedo assim em Mendoza como o recuperou e produziu um belo vinho, mostrando que este tipo de arranjo para as vinhas ainda tem seu lugar. O sistema mais usado é a Espaldeira. Comparem as fotos:
 
 
Já estava escuro quando retornamos ao nosso hotel.
 
Dica da Semana:  não poderia ser outro, mas não é figura fácil por aqui.
 
Montesco Parral 2012
 
Elaborado a partir de 40% Cabernet Sauvignon, 30% Malbec e 30% Bonarda de vinhedos de mais de 30 anos plantados em latada, com estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês e americano.
Bem estruturado e encorpado, com estilo vibrante e com acidez refrescante, envolto por taninos de textura quase granulada. Consegue aliar opulência e austeridade.
94 pontos em 2010 e 90 pontos em 2012 (Parker).
 
 P.S.: só para constar, este vinho nas lojas em Mendoza ou em Buenos Ayres custa 140 pesos, algo como R$ 28,00 pelo câmbio paralelo…

Comprando um vinho desconhecido

 Esta é uma situação típica: entramos numa loja de vinhos ou num supermercado e nos deparamos com rótulos desconhecidos. Qual devemos comprar?
 
 
Para responder esta pergunta precisamos nos fixar em alguns pontos muito importantes e que envolve um pouco de disciplina e autoconhecimento. Vamos explorar estes aspectos embarcando numa interessante aventura.
 
1 – Explicando a estrutura de um vinho.
 
Parece complicado, mas não é. Podemos resumir em 4 aspectos: Fruta, Acidez, Madeira e Tânino.
 
Fruta ou Vinho Frutado são aqueles em que predominam os aromas e sabores das frutas. Bebidas mais suaves que enganam o nosso paladar parecendo quase adocicadas.
 
Acidez é quase o oposto, são os vinhos transmitem uma sensação de aspereza, sem ser desagradável, percebida na lateral e no fundo da nossa língua. Nos fazem salivar. Típico dos brancos.
 
Madeira ou Vinho Madeirado são os que foram elaborados e ou amadurecidos em contato com Carvalho. Apresentam aromas bem característicos como baunilha, manteiga e tostado. Mais comum entre os tintos, mas há excelentes brancos com algumas destas características.
 
Tânicos são os vinhos que tem um característico amargor percebido no céu da boca (enrugamento) ou nas gengivas. Uma exclusividade dos tintos por serem elaborados com suas casacas.
 
A compreensão e identificação destes 4 tipos são um conhecimento básico para definir o que cada um de nós aprecia mais na sua bebida favorita. Isto nos leva ao próximo passo.
 
2 – Descobrindo o nosso “estilo de paladar”.
 
Lá no início destas coluninhas, na fase que muitos leitores apelidaram de “curso”, sugerimos que fossem feitas anotações relativas aos que estávamos consumindo. Desta forma elas poderiam ser úteis mais tarde. Vamos nos valer deste recurso acrescentado uma pequena tabela que irá relacionar, na experiência gustativa de cada um, os 4 pontos descritos acima em um vinho qualquer. Não precisa ser nada muito elaborado. Abaixo um exemplo que serve perfeitamente: (atribua notas de 1 a 10 para intensidade de cada item)
 
Nome: “Château do Tuty”
Casta: Cabernet Sauvignon (se for um corte anote a casta predominante)
Fruta – 6
Acidez – 4
Madeira – 5
Tanino – 7
 
Experimente diferentes vinhos e castas, brancos e tintos sem se preocupar com uma avaliação global do tipo bom/ruim ou gosto/não gosto. O importante é associar o paladar de cada um com os descritores sugeridos. Com algum tempo será possível perceber uma tendência, que será pessoal. Tente apenas lembrar se foi uma boa experiência ou não. Exemplo: as notas mais frequentes podem sugerir, para um apreciador de vinhos tintos, que o ideal seria tanino e madeira médios, predominância de fruta e baixa acidez.
 
3 – Entendendo o jargão do vinho.
 
Este passo vai nos ajudar a decifrar o que está escrito nos contra-rótulos ou em eventuais etiquetas de avaliação que costumam acompanhar as garrafas nas lojas especializadas.
 
Quase sempre os descritores utilizados estão associados a sabores ou aromas. Por exemplo: cítrico; achocolatado; etc..
 
Algumas são simples e diretas, mas o que falar de “terroso”, “mineral” ou “tabaco”? O melhor é pesquisar em livros ou na Internet as melhores explicações para estes termos. Uma boa conversa com alguém que seja mais experiente no tema, acompanhado de uma boa garrafa que produza a explicação desejada é a melhor lição.
 
4 – Usando os críticos a nosso favor.
 
Tornamos a repetir os nomes mais conhecidos: Robert Parker, Wine Spectator, Wine Enthusiast ou os nacionais Descorchados, Adega e Jorge Lucki que escreve no jornal Valor Econômico, em nossa opinião, o melhor crítico brasileiro.
 
Com poucas exceções, empregam um sistema de 100 pontos para classificar os vinhos que analisam. Se o seu crítico preferido adota outro sistema basta uma aritmética simples para fazer a correlação.
 
Tudo que precisamos saber para escolher um bom vinho é que uma nota de 85 pontos representa uma faixa que engloba 15% dos melhores vinhos.
 
Com grande certeza, a maioria dos produtos encontrados numa loja especializada está abaixo desta faixa. Obviamente há uma relação direta entre preço e nota atribuída: quanto maior, mais caro.
 
5 – Escolhendo um vinho desconhecido.
 
Munidos de todas estas informações podemos partir para a última parte de nossa aventura. Escolham a loja e busquem pelos vinhos com esta nota base de 85 pontos.
 
Leiam os rótulos detalhadamente procurando por descrições como “taninos aveludados, boa fruta, envelhecido em Carvalho”, etc.. Usando nossas anotações, podemos filtrar corretamente o que nos interessa e fazer uma boa compra.
 
6 – Um Bônus.
 
Persistência é tudo que precisamos para dominar esta arte da boa compra. Mas há uma grande vantagem: podemos utilizar estas novas habilidades para presentear alguém que gostamos.
Já pensaram nisto?
 
Dica da Semana:  um francês, para variar…
 
 
Auguste Bessac Côtes du Rhône 2010
 
Côtes du Rhône é o vinho mais vendido da região sul do Vale do Rhône, um tinto de bom corpo, aromas de amora, framboesa, cassis e notas de especiarias.
Em boca é equilibrado e saboroso, possui taninos maduros e final duradouro.
Harmonização: Bife ancho, carne de panela com batatas, medalhão de alcatra, massas ao molho carbonara e cassoulet.
 

Ícones Espanhóis – III

Mais um par de excelentes vinhos para aumentar a nossa cultura enológica, embora os preços sejam quase proibitivos. Mas são histórias muito interessantes.
 
4 – Clos Erasmus, Priorat
 
Este é um vinho raro por vários aspectos: a região era pouco conhecida quando de sua primeira elaboração; é produzido por mãos femininas, algo quase inconcebível na Espanha; recebeu 100 pontos de Parker.
 
 
Poderia citar mais fatos curiosos, mas o que me parece mais importante é que tudo isto tem a “ajuda” de Alvaro Palacios, um dos personagens da coluna da semana passada. Explico a seguir.
 
A proprietária desta microscópica vinícola, Daphne Glorian, de origem Suíça, trabalhava para um comerciante de vinhos inglês quando conheceu, numa Feira de Vinhos, Alvaro Palacios e Rene Barbier, proprietário do Clos Morgador no Priorado. Ciceroneada por ambos, visitou um vinhedo, o Clos i Terraces, pelo qual se interessou e o adquiriu na década de 90.
 
 
Com muito trabalho e tenacidade, nenhum investidor se interessou por este projeto, levou adiante sua vinícola, seguindo princípios orgânicos e mais tarde (2004) biodinâmicos. Produziu um dos vinhos mais importantes do planeta. Mesmo assim não foi fácil obter o reconhecimento da crítica especializada, foi preciso algum tempo.
 
 
Elaborado a partir da casta Garnacha, é descrito como “rico, complexo, com diversas camadas de frutas, especiarias, alcaçuz, erva-doce e taninos maduros. O mais importante é sua intensa mineralidade que o distingue dos demais vinhos e forma sua espinha dorsal”.
 
Curiosidades:
 
– o nome é uma homenagem ao filósofo holandês Erasmo de Roterdã, que escreveu “O Elogio da Loucura”. Segundo Daphne, uma perfeita descrição de sua aventura e do resultado;
 
– em 2011 não houve uma safra do Erasmus (1ª safra em 1989). Para compensar, elaborou o Laurel, um corte de diversos outros vinhos elaborados na vinícola. Outro sucesso de vendas, um “mini Erasmus” a preços convidativos;
 
– é uma vinícola muito jovem, 25 anos apenas, que com sua alta qualidade provocou uma importante mudança na forma como apreciamos os vinhos espanhóis, principalmente se olharmos para as empresas mais tradicionais como as centenárias Marqués de Riscal (1860), Marqués de Murrieta (1852), López de Heredia (1877), CVNE (1879), Montecillo (1872) e La Rioja Alta (1890).
 
Prêmios:
Clos Erasmus 2004 – 100 pts Parker;
Clos Erasmus 2005 – 100 pts Parker; 94 pts Guia Peñín;
Clos Erasmus 2006 – 97 pts Parker;
Clos Erasmus 2008 – 99 pts Parker; 94 pts Guia Peñín;
 
5 – Pesus, Ribera del Duero
 
A vinícola familiar Hermanos Sastre ou simplesmente Viña Sastre tem uma bonita história. Em 2010 foi distinguida com o título de “mejor bodega europea del año” pela importante publicação norte americana Wine Enthusiast, particularmente devido aos excelentes caldos elaborados: Regina Vides; Pago de Santa Cruz e especialmente pelo Pesus.
 
Para chegar a este patamar de reconhecimento há muito trabalho e dedicação que remontam aos anos 50 quando o patriarca desta família, Severiano Sastre, começa a produzir alguns vinhos na região de La Horra. Em 1957 funda a Cooperativa Virgen de la Asunción junto com outros vinhateiros e seu filho Rafael Sastre que, em 1992, ajudado por seu pai e os dois filhos Pedro e Jesus, daria início à sua própria vinícola, a Viña Sastre.
 
 
Com o falecimento de Rafel em 1998 e dois anos depois de Pedro, a empresa passa a ser comandada por Jesus Satre, sua esposa Isabel e o amigo Eugenio Byon.
 
 
“Pesus” foi formado pela junção dos nomes dos irmãos Pe(dro) e (Je)sus. Um espetacular corte de 80% Tempranillo, 20% Cabernet Sauvignon e Merlot, a partir de uvas colhidas em vinhas com 80 anos ou mais. Sua produção é de apenas 1.500 garrafas por ano. Só é elaborado em safras ideais.
 
Curiosidades:
 
– A Sastre forma um time de vinícolas junto com a Vega Sicilia e a Pingus que se traduz em grande prestígio e reconhecimento para os vinhos espanhóis;
 
– o Pesus é um dos vinhos mais caros do país;
 
– Parker atribuiu 98 pontos para as safras de 2001, 2003, 2004, 2006;
 
– a revista especializada Wine Enthusiast atribuiu 100 pontos para a safra de 2006.
 
– a safra de 2009 se encontra à venda no Brasil: aproximadamente R$ 3.000,00 a garrafa…
 
Dica da Semana: não é para os “pobres mortais”, mas pensem como um investimento.
 
Laurel 2010 – $$$
Corte de 80% Garnacha, 20% de Syrah além de Cabernet. Envelhecido em dornas e barricas de carvalho francês. Muito maduro, apresenta aromas de frutas negras e violetas. No paladar é encorpado com taninos macios corretamente equilibrados por uma boa acidez. Presença de frutas escuras, cítricos e alecrim.
 
 
 
 
 
 
Notícias do CORAVIN: o fabricante, após diversas análises, está enviando para todos os compradores que registraram o produto, uma solução para resolver ou pelo menos minimizar o problema de garrafas explodindo, até que uma solução final seja desenvolvida.
O paliativo é um envelope de silicone que deve envolver a garrafa quando se utiliza o CORAVIN.
 
 

Vinho na Copa do Mundo 2014

No dia 12 de junho deste ano no inacabado Itaquerão, que deveria ter sido chamado de “Curingão”, ocorreu o 1º jogo da tão esperada Copa do Mundo FIFA, na qual o nosso esquadrão “Canarinho” tentará ser hexacampeão, acalmando os nervos de governantes e cidadãos… Vamos torcer, obviamente, mas sem o mesmo entusiasmo observado em outras épocas, notadamente 1970.
 
Chega de saudosismo!
 
A grande novidade introduzida pela poderosa D. FIFA foi a liberação de bebidas alcoólicas nos estádios, que era proibida por resolução da CBF e foi, tecnicamente, ratificada pelo Estatuto do Torcedor (existem brechas jurídicas). Como um dos patrocinadores desta Copa é a Cervejaria Budweiser, da Inbev, o nosso Senado aprovou, em regime de urgência, A Lei Geral da Copa que, entre outras benesses concedidas para a D. FIFA, libera a venda de bebidas alcoólicas durante os jogos.
 
Além da cervejota, estarão presentes 3 vinhos tranquilos brasileiros e 1 espumante, que a nossa poderosa e arrogante personagem principal decidiu que seria francês: um Taittinger. Uma tremenda deselegância com os nossos excelentes produtos. Só por isto já valia um protesto!
 
O Sr. Blatter, velho conhecido nosso, é um daqueles personagens que tem até assessor para pegar coisas que caem no chão. Muito necessário no caso dele, pois se abaixar, não levanta mais…
 
Intriga? Olha a prova aqui:
 
 
Para fornecer os vinhos, um branco, um tinto e um rosé, escolheram uma vinícola boutique localizada no Vale dos Vinhedos, a Lidio Carraro. Interessante escolha, pois esta empresa já havia fornecido os vinhos dos Jogos Pan Americanos de 2007 no Rio de Janeiro. Naquela época foram selecionados 5 rótulos da vinícola, entre eles, 2 espumantes.
 
 
Para a Copa foi desenvolvida uma linha especial denominada Faces FIFA World CUP™.
 
Segundo a vinícola:
 
“A cor, os aromas e os sabores do Brasil. A sua terra e a sua gente traduzidos no vinho. Um “time de uvas” em perfeita harmonia, provenientes de distintos terroirs brasileiros, para valorizar a diversidade, vocação e identidade do País verde-amarelo! A combinação de uvas escolhida forma o caráter do vinho onde cada uva é responsável por um atributo na composição da cor, aroma e sabor”.
 
O Branco
 
Um corte de três uvas bem adaptadas ao terroir Gaúcho: Chardonnay, Moscato e Riesling Itálico. Foram vinificados em separado utilizando-se métodos adequados para cada casta. Depois de amadurecidos em tanques de Inox foi feita uma assemblage na proporção de 1/3 para cada vinho.
 
Na taça mostra cor amarelo dourada brilhante com lágrimas preguiçosas. As primeiras notas sentidas são as que têm como origem a Moscato: rosas brancas, frutas cítricas e frutas exóticas, complementadas com notas de flor de tília e pêssego maduro passadas pelos demais vinhos. O Riesling Itálico contribui com frescor e persistência, além de uma nota delicada de flores brancas cabendo ao Chardonnay ser a estrutura de ligação entre os vinhos, contribuindo com notas frutadas, volume e consistência em boca. O retrogosto é agradável e convidativo.
 

O Rosé

Este vinho foi pensado para ser o preferido nas cidades de clima mais tropical. Algo para ser consumido nos dias quentes, em vez da cerveja. Um vinho descompromissado. A embalagem foi estudada para ter pouco peso e ser fechada com tampa de rosca simplificando sua abertura. Ainda assim, é um vinho elaborado com todos os cuidados exigidos e com o padrão de qualidade da Lidio Carraro.
 
Novamente 3 castas foram selecionadas, Pinot Noir, Merlot e Touriga Nacional, representando as diferentes regiões onde se cultivam as viníferas no Rio Grande do Sul. O corte, obtido a partir de vinificações em separado, como no vinho branco, contemplou a seguinte proporção: 50% Pinot Noir, 35% Merlot e 15% Touriga Nacional. Segundo a Enóloga Monica Rossetti, está foi a melhor combinação, obtida após numerosos ensaios.
 
A coloração rosa salmão produz agradável impacto visual convidando a uma degustação descontraída. Os 50% Pinot Noir produzem um caráter essencialmente frutado, com notas como cereja, groselha e pomelo. Aromas complementares de framboesa e morango, que aparecem depois de alguns minutos de evolução na taça, são devido à casta Merlot, exercendo um papel determinante na boca, conferindo um agradável volume e um perfil refrescante e jovial ao vinho. A casta de menor proporção, Touriga Nacional, marca a personalidade do vinho com uma nota floral de rosas e especiarias orientais.
 
 

O Tinto

Foi elaborado com uma interessante característica: 11 castas diferentes, como se fosse um time de futebol, com uma escalação pensada cuidadosamente. Sem dúvida é o vinho mais interessante do grupo. A elaboração foi muito trabalhosa: cada uva foi vinificada de forma independente, utilizando diferentes processos para cada casta. A preocupação da enologia era ressaltar as diferentes combinações de solo, clima e uvas que caracterizam a produção de vinhos no Rio Grande do Sul. Um resultado interessante. Eis a “escalação”:
 
Goleiro: Malbec;
 
Defesa: Tannat, Nebbiolo, Alicante e Ancelotta;
 
Meio-Campo: Pinot Noir, Touriga Nacional, Tempranillo e Teroldego;
 
Ataque: Cabernet Sauvignon e Merlot.
 
 
Para o corte, os vinhos passaram por fermentação malolática e após vários testes escolheram a seguinte proporção:
 
50% Cabernet e Merlot;
 
35% Tannat, Malbec, Pinot Noir e Teroldego;
 
15% Ancelotta, Nebbiolo, Touriga Nacional, Tempranillo e Ancelotta.
 
Na taça, este vinho remete imediatamente às duas uvas “atacantes” em cor e aromas marcantes. Como num time de verdade, as “meio-campistas” marcam sua presença através de sutis notas de ameixa, chocolate, framboesa e violetas, além de proporcionar volume. Coube ao grupo da “defesa” cuidar da estrutura e dos aveludados taninos. A Malbec, firme no gol, responde pelo final de boca com suas notas frutadas e de especiarias doces.
 
 
Apesar das descrições elaboradas, fornecidas pela vinícola, são vinhos para serem consumidos já. Foram elaborados com todo o cuidado e preocupação com a qualidade, mas isto só não os torna “grandes vinhos” e nem poderia ser diferente. O principal objetivo é comemorar nas vitórias ou consolar nas derrotas. Findo o torneio, serão lembrados como bons companheiros. Tempo de guarda máximo de 3 anos.
 
Dica da Semana: escolham a sua versão preferida.
 
Faces FIFA World CUP$

Degustação da Ventisquero no La Mole

Com o fim do verão, começa, aqui no Rio de Janeiro, a temporada de eventos para a divulgação dos vinhos de diversos produtores. Fomos convidados para participar de um jantar harmonizado com os vinhos desta boa vinícola chilena. José Paulo Gils (*) representou a coluna.

A Viña Vetisquero é liderada por uma equipe jovem e criativa. Um grupo de enólogos e produtores que decidiram fazer vinhos de qualidade, modernos e fiéis à sua origem. Vinhos que revelam a sua vocação para ir “um passo adiante”.
 
Sob o olhar de Felipe Tosso, enólogo chefe, a vinícola nasceu no Vale do Maipo e três anos mais tarde, expandiu seus horizontes para os Vales de Casablanca e Apalta, sendo que neste último são elaborados seus vinhos premium.
 
A partir de vinhedos próprios e a preocupação constante com o terroir, a Viña Ventisquero se propôs a fazer uma linha de vinhos consistentes e de alta qualidade, tendo como uma das principais preocupações o respeito com o meio ambiente, minimizando os impactos decorrentes dos diversos processos de vinificação.
 
O objetivo do evento era apresentar a linha de vinhos Grey que forma com as companheiras Enclave, Pangea, Vertice, Heru, Queulat, Reserva e Yelcho, seu portfolio principal.
 
A linha Grey foi concebida como a expressão máxima do terroir, um lugar onde o clima, o solo e a variedade se reúnem sob o olhar atento dos enólogos. São vinhos equilibrados e elegantes que homenageiam cada “Single Block” (parcela única) de suas origens nos vales de Apalta, Casablanca e Maipo.
 
A apresentação foi dirigida pelo Enólogo Hugo Salvestrini, da Ventisquero. Na organização do evento estava a Enóloga Josi Cardoso da Importadora Cantu. A equipe do La Mole era composta por Antônio Militão, responsável pela filial de Ipanema e pelo Sommelier Ezequias Almeida que se esmerou em todos os detalhes da mesa e do serviço de vinhos, impecável!
 
 
Jantar harmonizado
 
A proposta do Chef Lucas Mendes contemplava opções de entradas e pratos principais, todos harmonizados por Ezequias.
 
 
O “Couvert de Queijos” foi harmonizado com o correto Grey Single Block Chardonnay, safra 2011. Obtido a partir de uvas do Vale de Casablanca, estagia em barricas de carvalho francês o que lhe transmite elegância e frescor. Muito equilibrado e com boa acidez, cumpriu sua função corretamente.
 
 
Para a “Salada Tropical” foi escolhido o Grey Single Block Merlot. Elaborado com uvas de Maipo, passa 18 meses em barris de carvalho francês. Tem boa tipicidade, intensos aromas frutados de cereja madura e ameixas, taninos na medida certa e um elegante final. Boa escolha.
 
 
O Grey Single Block Pinot Noir foi a diferente aposta para acompanhar o “Camarão com Botarga” (ova de tainha) regado ao molho do Chef. Combinação mais ousada e que deu certo. Este vinho, da região do Vale de Leyda, passa 6 meses em barris de carvalho. Mantendo as características desta casta é leve e fresco com aromas de frutas vermelhas. Muito bom.
 
 
O “Peito de Pato ao Vinho” e o “Aligot” foram combinados com o clássico Grey Single Block Carménère que amadureceu por 18 meses em carvalho. Bem equilibrado, encorpado, com taninos no ponto certo e acidez correta. Outro acerto.
 
 
Destacamos a presença de Maria Helena Dias Gomes Tauhata – Vice-Presidente da ABS Rio; Fábio Soares – Enoteca DOC; Fernando Fama – ABS Rio.
 
 
Agradecemos o convite e parabenizamos os organizadores do evento pelo sucesso deste Jantar Harmonizado, no Restaurante La Mole – Ipanema.
 
Um sucesso!
 
Dica da Semana:  porque não?
 
 
Ventisquero Grey Single Block Cabernet Sauvignon
Cor rubi intensa e profunda com aromas de cassis, frutos vermelhos e toques de baunilha.Excelente estrutura de taninos firmes e maduros.Ideal para carnes com molhos sofisticados, queijos muito maduros, escalope de filet mignon, espaguete ao ragu de cordeiro, legumes cozidos, costeleta de javali com batatas amanteigadas.

(*) José Paulo Gils é Diretor da ABS Rio e nosso “comparsa” nas colunas publicadas no site O Boletim.

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