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Hoje, 17/04, é o Dia do Malbec!

Foi nesta data em 1853, que o Presidente da Argentina, Domingo Faustino Sarmiento, encarregou o agrônomo francês Michel Aimé Pouget com a tarefa de trazer uvas da França e aclimatá-las em solo argentino. Era o início da indústria vinícola no país. Entre as espécies estava a Cot, que já existia no vizinho Chile desde 1840.
 
Mas esta história começa muito atrás no tempo, antes mesmo dos vinhos de Bordeaux se tornarem famosos. Na idade média, o principal vinho exportado, principalmente para a Inglaterra, era conhecido como “vinho negro”, elaborado na região de Cahors, sudoeste de França, com uma pequena uva denominada Cot. Esta era a época dos Cavaleiros Templários, que inspirou autores como Alexandre Dumas e seus Três Mosqueteiros: Porthos, Athos e Aramis bebiam este vinho!
 
Esta mesma casta também era plantada em Bordeaux, sendo uma das 6 uvas do corte original que, junto com a Carménère, acabou esquecida por produzir vinhos muito ásperos, duros, a ponto de ganhar o apelido de “Mal Bouche” (boca ruim). Levada para o Chile, foi rebatizada como Malbec, talvez uma corruptela do pejorativo apelido francês.
 
Embora 1853 seja o ano creditado como o que a Malbec chegou à Argentina vinda do Chile pelas mãos de Pouget, já existiam algumas experiências de cultivo de uvas bordalesas, entre elas uma denominada “uva francesa” que seria a mesma Malbec. Curiosamente, para os agricultores daquela época esta cepa parecia nativa, tal a perfeição de sua adaptação ao solo desértico da região de Mendoza.
 
Muita coisa aconteceu desde então até o Malbec ser a força que é hoje. Existe uma tipicidade única neste varietal argentino que o faz um dos vinhos mais importantes do cenário da vitivinícola internacional. Alguns autores chegam a comparar a região de Mendoza com suas contrapartes francesas: Bordeaux e Borgonha, principalmente pela qualidade e originalidade do que é produzido.
 
Apesar de não ser uma casta exclusiva, hoje está plantada na Califórnia; África do Sul; Chile; França e Brasil, foi no país vizinho que ela alcançou os melhores resultados, a tal ponto que muitos enólogos de última geração ainda não sabem qual o potencial máximo desta cepa, seja como varietal, seja num dos belíssimos cortes produzidos por lá.
 
A Malbec percorreu um longo caminho até hoje e seu incontestável sucesso se deve a várias pessoas que começam pela dupla Nicolas Catena e Paul Hobbs, sem dúvida os pioneiros do moderno vinho elaborado com esta uva.
 
Outros importantes especialistas estrangeiros têm influenciado, positivamente, os rumos do vinho argentino: Michel Roland, Roberto Cipresso e Alberto Antonini. Suas ideias e interpretações das possibilidades desta cepa formaram gerações de excelentes enólogos argentinos que já se destacam no cenário internacional: Roberto de la Mota (Mendel), Alejandro Vigil (Catena), Pepe Galante (Salentein), Daniel Py (Trapiche), Marcelo Pelleriti (Monteviejo), Mariano di Paola (Rutini), Walter Bressia (Bressia), Jorge Riccitelli (Norton), Sebastián Zuccardi (Zuccardi), Alejandro Sejanovich (Manos Negras e Tinto Negro), Matías Riccitelli (Fabre Montmayou e sua própria vinícola), David Bonomi (Norton), Edy del Popolo (Per Se) e os irmãos Michelini (Zorzal e Passionate).
 
Há muito que celebrar. Além de Mendoza, outras regiões se destacam como a Patagônia e Salta, além de novas experiências que estão sendo realizadas, com muito sucesso, em Neuquen (Familia Schroeder), La Rioja (Collovati) e La Pampa (Bodega Del Desierto), esta conduzida por ninguém menos que Hobbs.
 
Parabéns!
 
Dica da Semana:  são 3 vinhos, um para cada bolso. Não deixem de comemorar com um deles.
 
Alamos Malbec
Sem dúvida um dos melhores achados em vinhos de extraordinária relação qualidade x preço, o Alamos Malbec é uma verdadeira unanimidade.
Ele tem um estilo elegante e sofisticado, bem francês para Jancis Robinson, é sempre um Best Value para a Wine Spectator e é considerado um excellent value por Parker, que o descreve como expressivo, fresco, com adorável amplitude, textura sedosa e um final de boca estruturado e cheio de taninos.
Harmoniza com carnes vermelhas, churrasco, hamburger, massas.

Pulenta Estate Malbec
Excelente Malbec da renomada vinícola Argentina Pulenta Estate. Aromas concentrados de frutas vermelhas com belíssimas notas de baunilha.
Na boca, frutas negras como mirtillo, ameixa e amoras silvestres. Final de boca intenso e persistente.
Harmoniza com Picanha invertida recheada com linguiça.

 

Cobos Malbec 2009
De cor bordô profunda e intensa, exala aromas de groselha e frutas vermelhas maduras.
Estruturado e volumoso, com taninos muito redondos e elegância na boca.
Harmoniza com espaguete a bolonhesa, pizza marguerita e pratos à base de molhos vermelhos.
Recebeu 96 pontos de Parker

Corte, Assemblage, Blend

Qualquer um dos nomes acima tem o mesmo significado: um vinho elaborado a partir uma mistura de diferentes tipos de uvas ou de vinificações em tinto, branco ou rosado. Por analogia, um Varietal é o vinho produzido com uma única casta. O principal objetivo de um enólogo ao decidir por um corte é obter um produto de melhor qualidade.
 
Não se pode precisar quem foi o primeiro vinhateiro a elaborar uma mistura. Certamente os primeiros vinhos produzidos eram um tipo de corte: os vinhedos, ainda selvagens, eram compostos por diferentes cepas. Num determinado momento, colhiam-se os frutos, mesmo com pequenas diferenças de maturação, e tudo era jogado nas cubas de fermentação.

O vinho de corte como conhecemos hoje decorre de diversos fatores típicos do Velho Mundo. Observando as principais áreas produtoras da França, inegavelmente o berço do vinho moderno, percebe-se que a divisão das terras (vinhedos) é quase uma colcha de retalhos. Não existem gigantescas propriedades como as que são comuns nas Américas, por exemplo.

O famoso Chateau Petrus tem 11 hectares de vinhedos, enquanto um Clos de Los Site, na Argentina, tem gigantescos 850 hectares. Para complicar um pouco, vinhedos são bens de família e estão sujeitos a serem repartidos por herança. Quando isto acontece, o que era pequeno fica minúsculo. Há casos conhecidos em que cada herdeiro foi contemplado com uma fileira de parreiras…

Produzir um vinho a partir destes vinhedos de pequeno porte quase nunca é possível. A alternativa é vender as uvas para um produtor mais estruturado. Mesmo aqueles agricultores que conseguem montar uma pequena cantina e produzem seu próprio vinho, preferem vendê-lo no atacado: o volume é pequeno, não sendo interessante do ponto de vista comercial engarrafar, distribuir e vender.

Outro fator que reforça estas explicações são os Negociants ou Mercadores do Vinho. Empresários que dispõem de alguma estrutura, inclusive uma vinícola, mas que preferem comprar uvas e vinhos no atacado. A partir do que foi adquirido, elaboram suas misturas e as vendem com rótulo próprio. Alguns dos grandes vinhos da França são produzidos assim: Bouchard Père et Fils; Faiveley; Maison Louis Jadot; Joseph Drouhin; Vincent Girardin; Georges Duboeuf; Guigal; Jean-Luc Colombo; Mirabeau; Jaboulet, etc..

Existem diversos tipos de corte e, dependendo da legislação específica do país produtor, um vinho classificado como varietal pode ser um corte, por exemplo: um Cabernet da Califórnia basta ter 90% do volume com esta casta para ser vendido como varietal.

Os cortes mais comuns envolvem duas ou mais castas diferentes, que podem ser vinificadas em separado ou ao mesmo tempo. O conhecido corte Bordalês é o melhor exemplo: em qualquer lugar do mundo significa um vinho elaborado com Cabernet Sauvignon e Merlot, pelo menos, podendo haver mais outras castas como Cabernet Franc, Petit Verdot, Malbec e Carménère. Mas só estas! Se na composição desta mistura entrar uma quantidade de Syrah ou Tannat ou qualquer outra casta, deixa de ser “Bordalês”.

Atualmente estão na moda os vinhos de parcelas ou vinhedos únicos, o que nos leva a uma outra definição de corte: vinhos produzidos com uma única uva, mas de diferentes terroirs. Um bom exemplo são os Catena DV, abreviatura de “Doble Viñedo”. Outra variedade de corte envolve vinhos de diferentes safras. Dois representantes típicos desta modalidade são os vinhos do Porto e os Champanhes.

Apresentamos a seguir outros cortes clássicos:

GSM – abreviatura de Grenache, Syrah, Mourvèdre. Corte típico da região do rio Rhone.
 
Châteauneuf-du-Pape – também da região do Rhone. A casta Grenache pode ser cortada com até 12 outras, inclusive brancas.

Super Toscanos e Super Piemonteses, são cortes produzidos a partir das clássicas Sangiovese (Toscana) e Nebbiolo (Piemonte) com as mais tradicionais uvas francesas como a Cabernet, Merlot, etc. Durante muito tempo foram classificados como “vinhos de mesa”, mas hoje são o orgulho da Itália.

Amarone, Ripasso, Valpolicella e Reciotto, tradicionais cortes das uvas Corvina, Rondinella e Molinara. O Amarone disputa com o Barolo, o Brunello e o Barbaresco o título de melhor vinho.

Existem infinitas possibilidades, alguns países como Portugal, sempre produziram vinhos de corte: seus vinhedos nunca foram de uma única espécie. Por outro lado, os produtores do novo mundo é que praticamente inventaram o vinho de uma única casta. Mas logo perceberam que a grande arte está no corte: só aqui o enólogo é capaz de mostrar todo o seu potencial.

 

 
 
Dica da Semana:  Um corte bem diferente e saboroso.
 
Viñedo de los Vientos Catarsis 2013
Um versátil corte de Cabernet Sauvignon (70%) e Tannat (30%), podendo ser usado para harmonizar com costela ensopada, penne aos quatro queijos, risoto de cogumelos, polenta cremosa com ricota defumada, carré de cordeiro, ravioli ao molho branco com parmesão gratinado, espaguete ao ragu de linguiça fresca.

Merlot, eterna consorte ou rival?

Recentemente prestei uma consultoria para um evento gastronômico sugerindo alguns vinhos para serem degustados. A harmonização mais importante deveria contemplar o prato principal, escalopes de filet ao molho de shitake fresco e champignon, com um tinto adequado. A empresa encarregada de fornecer os vinhos ofereceu uma relação com vinhos portugueses do Douro e do Alentejo, Cabernet Sauvignon do Chile e da Argentina, além de duas opções de Malbec.

Eram bons vinhos, mas muito “pesados” para um prato que, apesar da carne, é leve. Qualquer um deles sobressairia, escondendo os delicados sabores do molho. Sugeri como alternativa, um vinho baseado na casta Merlot, o que provocou uma reação de surpresa por parte dos interessados, deixando a sensação que esta nobre casta anda meio esquecida. Mas não deveria ser assim, seus vinhos, invariavelmente, são muito fáceis de beber e agradam aos mais ecléticos paladares.

Preferências à parte, a Merlot é uma das principais varietais dos vinhos de Bordeaux. Na margem esquerda do Rio Gironde, é vista como uma consorte: por ser uma uva mais suave e menos tânica, é usada para domar as características mais agressivas da Cabernet Sauvignon. Na margem direita, principalmente em St. Emilion, o quadro se inverte: ícones como Petrus ou Cheval Blanc são elaborados a partir dela.

Então, de onde vem este ostracismo ou desprezo, embora continue firme em Bordeaux?

Vários fatores contribuíram para isto. Nascida e criada na França, a versátil Merlot foi transportada para diversos países com ótimos resultados quando vinificada, gerando deliciosos varietais ou cortes. Vinhos tão saborosos e agradáveis que se tornaram mania em alguns países das Américas, como nos Estados Unidos, onde houve uma verdadeira avalanche de garrafas de bons vinhos elaorados com ela. No nosso país houve uma tentativa para torná-la a nossa uva emblemática, nos mesmos moldes da Carménère, da Malbec, do Tannat ou da Touriga Nacional. Nossos melhores caldos são elaborados com esta variedade de uva.

Infelizmente esta superexposição ou massificação acabou por gerar efeitos colaterais indesejados como, qualidade duvidosa, excesso de oferta e preços ridiculamente baixos, descaracterizando a nobreza desta casta. Para complicar um pouco mais, um dos primeiros filmes sobre o universo do vinho, que obteve sucesso em todo o mundo, o “Sideways – Entre umas e Outras”, tentou liquidá-la: Miles, um dos protagonistas, afirmava que Merlot não era vinho.

O impacto foi sentido na vinicultura americana, houve uma notada queda na venda destes vinhos, muito embora houvesse uma pegadinha quase no final da narrativa: para Miles, o melhor vinho de sua adega era o mítico Cheval Blanc, um belíssimo corte de Merlot com um quase nada de Cabernet Franc. Esta preciosa garrafa acaba sendo usado para curar um momento de depressão, num copo de isopor e acompanhado de um hambúrguer de lanchonete…

No Chile, um dos grandes produtores desta casta atualmente, os vinicultores acreditavam na existência de uma mutação da Merlot que amadurecia mais tarde. Coube ao ampelógrafo francês Jean-Michel Boursiquot desfazer o engano ao descobrir que eram parreiras da extinta Carménère.

O nome Merlot seria o diminutivo, em francês, de Melre (Melro, em português), talvez por causa de sua cor escura. Carinhosamente chamada de “pequeno pássaro”, produz vinhos exuberantes, apetitosos e aveludados, em contraste com sua rival, Cabernet Sauvignon, com seus firmes e poderosos taninos. Em Bordeaux, uma não vive sem a outra,

Dica da Semana:  Que tal um excelente Merlot?
 
Casa Lapostolle Merlot 2012
A uva Merlot é uma das grandes especialidades da Casa Lapostolle, mostrando grande caráter varietal e profundidade.Uma das escolhas mais “sólidas” para a Wine Spectator, este saboroso tinto é elegante, macio e bem equilibrado.Robert Parker elogiou o corpo “concentrado e harmonioso, com taninos soberbamente maduros”.
Premiações: Wine Spectator: 87 pontos (safra 07); Robert Parker: 88 pontos (safra 02).
 

Recapitulando sobre os tipos de vinhos

Chamou a nossa atenção uma dúvida comum de alguns leitores sobre a diferença entre Vinho do Porto e Vinho do Douro.
 
Embora este blog sobre vinhos nunca tenha pretendido ser um curso, foi necessário nas primeiras publicações estabelecer uma linguagem comum entre autor e leitores, razão pela qual alguns textos foram considerados como didáticos. Em várias oportunidades mencionamos os diferentes tipos de vinhos que existem no mercado, inclusive os dois que motivaram a dúvida.
 
Faço um convite a todos os leitores que releiam alguns dos meus textos sobre este tema, que foram publicados em 2001. Para ajudar, aqui estão alguns links:
– Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos, Doces e Fortificados;
 
 
– Vinhos Fortificados – 1ª parte (a continuação desta série fala do Jerez e do Madeira);
 
Mais recentemente, nas colunas sobre a viagem por Espanha e Portugal, novos conhecimentos podem ser adquiridos.
 
Para a turma que prefere as respostas diretas:
 
Vinhos do Porto são elaborados adicionando-se, durante a fase de fermentação, uma quantidade de aguardente neutra para interromper o processo. Como nem todo o açúcar é convertido em álcool, o produto final tem sabor adocicado e muito agradável, apesar ao alto teor alcoólico. Este processo é a “fortificação”;
 
Vinhos do Douro são os vinhos, não fortificados, produzidos nesta região vinhateira com as castas típicas de Portugal. Todo Vinho do Porto é, em tese, um “Vinho do Douro”, pois somente lá podem ser elaborados. Mas, dentro desta lógica, nem todo Vinho do Douro seria um Porto.
 
No intuito de não deixar mais nenhuma dúvida sobre este tema, apresento, a seguir, uma extensa relação de tipos de vinhos que são produzidos atualmente. Não pretende ser completa, serão citados, apenas, os produtos mais conhecidos.
 
TIPOS DE VINHOS
 
A primeira grande divisão é quase intuitiva: Espumantes; Brancos; Rosés; Tintos e Vinhos de Sobremesa (doces, fortificados, etc.).
 
1 – ESPUMANTES
 
Podem ser vinificados em Branco, Rosé ou Tinto.
 
Denominações habituais:
 
Champagne – tradicional corte de Chardonnay e Pinot Noir, produzido unicamente nesta região demarcada, utilizando o método Tradicional. Somente estes vinhos podem usar a denominação Champagne.
 
Vin Mousseux – literalmente significa “vinho efervescente”. Logo, o Champagne é um vin mousseux, mas nem todo vin mousseux é um Champagne. Existem outros espumantes franceses que são comercializados com denominações diferentes:
 
    Cremant – produzido no Loire, na Borgonha e na Alsácia;
    Blanquet – elaborado na região de Limoux.  

Cava – típico da Espanha, vinificado com uvas locais como Macabeu, Parellada e Xarel-lo.

 
Prosecco – espumante italiano com denominação protegida. Obrigatoriamente elaborado com a casta Glera, antiga Prosecco, proveniente da região do Veneto (Conegliano, Valdobbiadene).
 
Asti – espumante italiano produzido com a casta Moscato. O mais famoso é o Moscato D’Asti, da região de Monferrato.
 
Lambrusco – vinho frisante italiano produzido a partir das seis variedades da casta Lambrusco, conhecidas como Grasparossa, Maestri, Marani, Montericco, Salamino, e Sorbara. Os mais famosos são os da região da Lombardia (Emilia Romana).
 
Brachetto d’Acqui – espumante tinto e adocicado elaborado na região do Piemonte. Similar ao Lambrusco.
 
Sekt – nome alemão para vinho espumante. Geralmente produzido com Riesling, Pinot blanc, Pinot gris e Pinot noir.
 
Quanto ao teor de açúcar variam de Brut (seco) até Doux (doce)
 
2 – VINHOS BRANCOS
 
As castas mais conhecidas são:
 
Albariño ou Alvarinho
Moscato ou Muscat (*)
Antão Vaz
Pinot Blanc
Assyrtiko
Pinot Gris ou Pinot Grigio
Chardonnay
Riesling
Chenin Blanc
Sauvignon Blanc
Fiano
Semillon
Furmint
Sylvaner
Greco di Tufo
Torrontés
Grüner Veltliner
Verdejo
Malvasia
Viognier

(*) mais de 200 variedades 

Muitas vezes vamos encontrar vinhos brancos que recebem a denominação das regiões onde são produzidos.

Exemplos:
 
Sancerre e Pouilly-Fumé, produzidos com Sauvignon Blanc;
Chablis e Montrachet, obtidos com a casta Chardonnay;
Vouvray, elaborado com Chenin Blanc.
 
VINHOS BRANCOS DOCES: praticamente as mesmas castas produzem algum vinho adocicado.
 
As denominações mais conhecidas são:
 
Sauternes (Semillon, Sauvignon Blanc, e Muscadelle);
Tokaji (Furmint, Hárslevelu);
Gewurztraminer;
Riesling com predicados (Kabinet, Spatlese, Auslese, etc.);
Orvieto Abboccato;
Ice Wines (Eiswein);
Muller-Thurgau;
“Late Harvest” ou “Colheita Tardia”.
 
3 – VINHOS ROSÉS 

As mesmas castas usadas para produzir vinhos tintos podem produzir vinhos rosados. Os mais apreciados são:

 
Cabernet Sauvignon Rosé
Cabernet Franc Rosé
Grenache Rosé (Garnacha)
Pinot Noir Rosé
Syrah Rose
Sangiovese Rose
As denominações mais comuns são:
 
Provence Rosé
Loire Rosé
Bandol Rosé
Rose D’Anjou
Exceções:
 
White Zinfandel, White Merlot, Vin Gris e Blush Wine – são rosados.
 
4 – VINHOS TINTOS
 
As castas mais conhecidas são:
 
Aglianico
Mourvédre
Barbera
Nebbiolo
Cabernet Franc
Nero d’Avola
Cabernet Sauvignon
Petit Syrah
Carménère
Petit Verdot
Dolcetto
Pinot Noir
Gamay
Pinotage
Grenache ou Garnacha
Sangiovese
Cannonau
Syrah ou Shiraz
Malbec
Tannat
Mencia
Tempranillo
Merlot
Touriga Nacional
Montepulciano d’Abruzzo
Zinfandel ou Primitivo
Muitas vezes vamos encontrar vinhos tintos que recebem a denominação das regiões onde são produzidos.
 
Exemplos:
 
Bordeaux – corte com as varietais clássicas de lá: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, entre outras;
Borgonha – sempre Pinot Noir;
Beaujolais – sempre Gamay;
Chianti, Brunello di Montalcino, Vino Nobile di Montepulciano – diferentes vinhos elaborados a partir da casta Sangiovese ou seus clones;
Barolo, Barbaresco – diferentes vinhos elaborados com a casta Nebbiolo;
Châteauneuf du Pape – corte de até 13 varietais típicas do Vale do Ródano, podendo incluir uvas brancas;
Amarone – corte elaborado com base nas seguintes castas: Corvina, Rondinella e Molinara (pode haver outras), previamente passificadas;
Super Toscanos – vinhos elaborados com a uva Sangiovese cortada com uma casta europeia: Cabernet Sauvignon, Merlot, etc..
 
Alguns raros vinhos tintos doces:
 
Ochio di Pernice; Recioto della Valpolicella; Freisa
 
5 – VINHOS DE SOBREMESA (fortificados)
 
A) FORTIFICADOS TINTOS – vinhos que receberam em algum momento do seu processo de elaboração uma quantidade de aguardente neutra.
 
Porto – é uma denominação protegida. Só pode ser elaborado na região vinícola do Rio Douro com castas específicas.
Banyuls – denominação protegida francesa da região de Roussilon
Maury – denominação específica da cidade homônima
Rasteau – denominação protegida do vale do rio Ródano
 
B) FORTIFICADOS BRANCOS
 
Porto Branco – é seco se comparado ao Tinto
Muscat – os mais famosos são os de Frontignan, Beaumes de Venise e Rivesaltes
 
C) FORTIFICADOS E OXIDADOS – além da adição de aguardente são submetidos a processos como altas temperaturas ou Solera para que fiquem com sabor especial.
 
Jerez ou Sherry
Madeira
Marsala
Moscatel de Setúbal
Vin Santo (este não é fortificado)
Dúvidas ainda?
 
Dica da Semana:  nesta época de altos impostos, nada melhor que uma boa relação custo x benefício.

Guatambu Luar Do Pampa Chardonnay
Coloração esverdeada palha com tons platinados.
Aromas de chá verde, notas frutadas, como abacaxi e melão maduros, sobre um final de flores brancas.
Ao paladar, apresenta-se macio, untuoso, frutado e elegante, com acidez pronunciada, que nos brinda um vinho com intensa fruta, como melão e pera, aliado a um grande frescor.
Perfeito para acompanhar frutos do mar, saladas, bruschettas, queijos de pasta branda e frangos.

Nem só de Malbec vive a Argentina

Não se discute que Argentina e Chile são os dois grandes produtores de vinhos da América do Sul. Uruguai e Brasil ainda estão num degrau abaixo quando se fala em vinhos de alto nível. Há exceções, óbvio, assim como existem vinhos de má qualidade em qualquer destes países.
 
Um segundo ponto diz respeito às chamadas uvas emblemáticas, Malbec na Argentina, Carménère no Chile, Tannat no Uruguai e Merlot no Brasil, o que faz com que os vinhos produzidos a partir destas castas sejam os mais visados na hora da compra. É um apelo forte, quase uma unanimidade, como Gilette, Bom Bril ou Coca Cola – o que deveria ser uma marca virou sinônimo do produto: lâmina de barbear; esponja de aço; refrigerante. Dentro desta lógica, Malbec significa um vinho argentino e Carménère é chileno, etc. mesmo sabendo que as castas têm origem em Bordeaux, França.
 
O outro lado desta moeda é que isto provoca uma “cegueira mercadológica” nos consumidores típicos, aqueles que compram um bom vinho baseados nas informações correntes, sem preocupações com mergulhos profundos. Um segmento que representa o maior consumo sendo o alvo das ações de marketing dos produtores. O termo cegueira foi escolhido intencionalmente: estes consumidores, ofuscados por massiva dose de informações e estratégias promocionais, não se dão conta das opções que existem em volta da “casta emblemática”, muitas vezes com qualidade superior e preços bem competitivos.
 
Um bom exemplo é a casta Cabernet Sauvignon, que recebe o título de “rainha das uvas tintas” por inúmeras razões, a principal delas é a qualidade dos vinhos produzidos, desde que a matéria-prima tenha sido corretamente cultivada e que os processos de vinificação sejam adequados. Outra característica desta casta é sua capacidade de adaptação aos mais diferentes “terroirs” do mundo. Seja em Bordeaux, seu local de origem, na América do Norte, Itália, Austrália, Argentina, Chile, para resumir alguns produtores, sempre resulta em vinhos deliciosos, cada um com uma característica ou personalidade própria.
 
Um dos mais importantes episódios do mundo do vinho, já citado nesta coluna algumas vezes, foi o Julgamento de Paris quando vinhos da Califórnia foram comparados com grandes ícones franceses e saíram vencedores. O mundo descobria um novo estilo de Cabernet, mais frutado, intenso e sedoso, criando uma dicotomia: vinhos do velho mundo e vinhos do novo mundo.
 
Há alguns anos atrás um dos grandes produtores chilenos, Eduardo Chadwick, promoveu a divulgação, nos mesmos moldes, de seus vinhos, varietais e cortes a partir da famosa uva Cabernet cultivada em Puente Alto. Novamente, em menor escala, chamou a atenção para os vinhos elaborados no cone sul do novo mundo. Excelentes vinhos sem dúvidas, e se olharmos para outros importantes produtores do Chile vamos encontrar vinhos ainda mais famosos e importantes como o Don Melchor, Almaviva, Lapostole, etc. Cabernet chilenos são excepcionais, muito superiores aos Carménère, embora estes sejam os mais famosos.
 
Este fenômeno se repete na vizinha Argentina, embora não tenham feito, ainda, uma prova comparativa com outros países produtores. Preferem ir conquistando seu espaço num adequado passo a passo. Mas já começam a chamar a atenção, principalmente por terem um estilo bem diferente dos produzidos no país vizinho, criando uma nova dicotomia: cabernet chileno e cabernet argentino.
 
Há uma importante diferença de estilos: os vinhos chilenos são produzidos ao estilo de Bordeaux, inclusive com muita assistência técnica de lá, enquanto os argentinos estão mais próximos dos californianos, com um estilo predominante, mais redondo e maduro, menos herbal e sem aromas e sabores de especiarias típicos nos chilenos.
 
Para não deixar esta dúvida latente sem resposta, sim! o Cabernet argentino é superior ao Malbec (dentro das condições adequadas). Tem mais: a Cabernet Franc, uma das castas que originou a Cabernet Sauvignon, trilha o mesmo caminho de alta qualidade na Argentina sendo, no momento, o grande frisson entre os produtores.
 
Atualmente as melhores uvas estão sendo colhidas nos vinhedos de altitude no Vale do Uco (acima de 1000m). Perdriel, Água Amarga, Altamira e Gualtallary são algumas das regiões consideradas pelo Enólogo Roberto de la Mota como as mais promissoras. Não é uma vinificação fácil, mas o resultado é surpreendente: colorações escuras, aromas de frutas maduras (amoras, framboesas, cassis) e taninos suaves, as mesmas características dos famosos “Cabs” da Califórnia. Para completar, são colocados no mercado numa excelente relação custo x benefício.
 
Como os leitores já devem estar com água na boca, vamos apresentar a seguir uma relação dos Cabernet mais conhecidos e aprovados por enólogos, críticos e consumidores:
 
Rutini Antologia XXXVI 2010 – 95 pontos;
 
Trapiche Medalla 2008 – 94 pontos;
 
Zuccardi Finca Los Membrillos 2011 – 94 pontos;
 
São os mais bem pontuados no respeitado Guia Descorchados. Mas nem todos os grandes produtores estão analisados na atual edição do guia. Neste mesmo nível podemos citar:
 
Riglos Gran Las Divas Vineyard 2011;
 
Finca El Origen Gran Reserva 2011;
 
Terrazas de Los Andes Single Vineyard 2010 Los Aromos.
 
Abaixo, vinhos com uma ótima relação custo x benefício:
 
Lamadrid Single Vineyard Reserva 2012;
 
Trapiche Broquel 2012.
 
Um dos meus preferidos e que já foi Dica da Semana:
 
Bramare Cabernet Sauvignon 2011.
 
Terminamos com alguns Cabernet Franc que estão virando a cabeça de muitos conhecedores:
 
Angelica Zapatta Cabernet Franc 2010;
 
El Enemigo 2012;
 
Durigutti Reserva 2011. 

Dica da Semana:  mais um para a lista de alternativas ao Malbec.

 
Riglos Gran Cabernet Franc 2011
Coloração rubi de média concentração, halo ligeiramente granada. A madeira marca o nariz deste vinho, mas é possível perceber o tradicional frutado vermelho aliado às inspiradoras notas balsâmicas (pimentão e ervas) e também ao grafite.
 Profundo, texturado, rico fim-de-boca.
 Harmoniza com Codornas envolvidas em folhas de repolho; Contra filé grelhado; Risoto com linguiça de javali e cogumelos variados; queijos curados.
 
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