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Os melhores vinhos nacionais da Expovinis 2015

Considerado o principal evento da nossa maior feira de vinhos, o “Top Ten” é um concurso aberto a todos os produtores que desejarem participar, que seleciona os melhores entre as amostras recebidas.
 
A premiação é dividida em 10 categorias, havendo uma distinção entre os vinhos nacionais e os estrangeiros. 
Nesta edição foram analisadas 125 amostras, assim distribuídas:
 
16 Espumantes brasileiros;
 
8 Espumantes importados;
 
15 Vinhos Brancos importados;
 
12 Vinhos Brancos nacionais;
 
10 Vinhos Rosados;
 
18 Vinhos Tintos brasileiros;
 
13 Vinhos tintos do Novo Mundo;
 
11 Vinhos Tintos de Portugal e Espanha;
 
15 Vinhos Tintos de França e Itália;
 
7 Vinhos Fortificados e Doces.
 
A difícil tarefa coube a um júri composto por importantes nomes do cenário enológico atual:
 
Hector Riquelme – Sommelier chileno; Mario Telles Jr – ABS-SP; Beto Gerosa – Blog do Vinho; Celito Guerra – Embrapa; Jorge Carrara – Revista Prazeres da Mesa; José Luis Borges – ABS-SP; José Maria Santana – crítico de vinhos da revista Gosto; José Luiz Paligliari – Senac; Manoel Beato – Sommelier do grupo Fasano; Marcio Pinto – ABS-MG; Ricardo Farias – ABS-RJ e Tiago Locatelli – Sommellier do Varanda Grill.
 
Aqui estão os nossos representantes premiados:
 
Espumante:
 
Aracuri Brut Chardonnay 2014
 
Região: Muitos Capões, Campos de Cima da Serra – RS
 
Uva: 100% Chardonnay, método Charmat
 
Produtor: Aracuri Vinhos Finos (www.aracuri.com.br)
Elegante e refrescante de perlage fina e abundante. No aroma destacam-se as notas de damasco, raspas de limão e pão fresco. O paladar é envolvente e cremoso com acidez cativante.
 
Harmoniza com frutos do mar, peixes em geral, carnes brancas, molhos pouco condimentados, legumes crus e queijos leves.
 
Outras Premiações:
 
– Medalha de Prata – VII Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, 2014.
 
– Medalha de Prata – Effervescents du Monde, França, 2013.
 
– Medalha de Prata – Vinus del Bicentenario – Concurso Internacional de Vinos Y Licores, Argentina, 2014.
 
Vinho Branco:
 
 
 
 
Pericó Vigneto Sauvignon Blanc 2014
 
Região: Vale do Pericó, São Joaquim – SC
 
Uva: 100% Sauvignon Blanc
 
Produtor: Vinícola Pericó Ltda (www.vinicolaperico.com.br)
Apresenta coloração amarelo palha brilhante. Aroma complexo, franco e muito intenso com notas de frutas tropicais, (melão, mamão papaia, casca de grapefruit e uma nota discreta de maracujá). Paladar harmônico e muito persistente.
 
Harmoniza com peixes em geral, camarão, crustáceos, culinária oriental, carnes brancas, risotos, comidas leves/picantes, queijos brancos (Brie e Camembert).
 
Outras premiações:
 
Medalha de Prata – 7º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil – Edição 2014, Safra 2013;
 
Primeiro lugar na premiação Top Ten – Prêmio Melhores do Vinho, na categoria Branco Nacional – Expovinis 2014, Safra 2013.
 
Vinho Tinto:
 
 
 
Valmarino Ano XVIII Cabernet Franc 2012
 
Região: Pinto Bandeira, RS
 
Uva: 100% Cabernet Franc
 
Produtor: Vinícola Valmarino (www.valmarino.com.br)
Lançado como edição comemorativa dos 18 anos de fundação da Valmarino, apresenta coloração vermelha com tons violáceos, límpido e brilhante. Aroma frutado e complexo aparecendo especiarias (pimenta preta, cravo, café e chocolate) com presença harmônica da madeira. Seu paladar é untuoso, com taninos de qualidade e boa acidez. Corpo e estrutura elegantes.
 
Harmoniza com massas condimentadas, queijos fortes, e vários tipos de carnes incluindo as exóticas e de caça.
 
A seguir, a relação dos vinhos estrangeiros premiados nesta edição:
 
ESPUMANTES IMPORTADO – Georges De La Chapelle Cuvee Nostalgie N/V
 
VINHO BRANCO IMPORTADO – Casas Del Toqui Terroir Selection Sauvignon Blanc 2014
 
VINHO ROSADO – Saint Sidoine Côtes Du Provence Rosé 2014
 
VINHO TINTO, Novo Mundo – Renacer Malbec 2011
 
VINHO TINTO, Espanha e Portugal – Pêra Grave Reserva Tinto 2011
 
VINHO TINTO, Itália e França – Sangervasio A Sirio 2007
 
FORTIFICADOS E DOCES – José Maria da Fonseca Alambre Moscatel de Setúbal 20 Anos
 
Dica da Semana: façam suas escolhas nesta deliciosa lista. Todos saem ganhando!

Mais uma coluna da série “Como funciona”…

Acreditem: um Chardonnay brasileiro, do Vale dos Vinhedos, ficou em 4º lugar na 22ª edição (2015) do prestigiado concurso “Chardonnay du Monde”, uma competição entre os melhores Chardonnay do mundo. Além deste, outros 5 vinhos ficaram muito bem classificados. Totalizamos três medalhas de ouro e outras três de prata. Nada mal.
 
Antes de sair em louca corrida atrás destes vinhos, vamos analisar um pouco mais os fatos, o que não traz nenhum demérito ao bom vinho nacional, mas precisamos conhecer um pouco mais sobre como é realizado este julgamento, quais são os participantes e sua relevância no cenário vinícola.
 
A versão de 2015 foi realizada na Borgonha, no Château des Ravatys, a propriedade vinícola do Instituto Pasteur em Saint-Lager. O corpo de jurados foi composto por 300 membros dos quais 150 eram franceses. Participaram da competição 794 amostras oriundas de 41 países. Impressionante.
 
Eis os 10 melhores classificados (devido às pontuações idênticas estão relacionados 13 vinhos):
 

Esta é a hora do “não entendi”, afinal de contas o primeiro lugar coube a um vinho sul-africano, seguido de um australiano, um suíço e o brasileiro. O primeiro vinho francês a aparecer está na quinta posição, e é um Champagne. 

 
Pode?
 
Onde estão os famosos Chablis, Meursault, Puligny-Montrachet, entre outras delicias de lá. E os famosos vinhos da Califórnia que impuseram uma importante derrota aos franceses no famoso Julgamento de Paris. Nenhum chileno ou argentino que já adquiriram status de grandes Chardonnay.
 
Alguma coisa está fora de lugar!
 
Vamos explicar como funcionam estes concursos.
 
O primeiro ponto a ser considerado envolve as grandes vinícolas: excetuando-se ocasiões muito especiais, nenhum dos consagrados grandes vinhos do mundo vai submeter amostras para um concurso.
 
Não precisam mais, já conseguiram seu destaque neste competitivo mundo dos vinhos e a grande preocupação é manter-se lá em cima. Para isto, contam com a opinião de críticos como Parker, Robinson ou Johnson e a boa aceitação no mercado.
 
Este fato não invalida nenhum concurso, o que nos leva ao segundo ponto de nossa explicação: eles são muito importantes para os produtores que ainda não ficaram conhecidos. Muitos deles, como no caso da brasileira Valduga, precisam conquistar a confiança de compradores internacionais. Qualidade não lhes falta. Fazer bonito num concurso como este é uma grande vitória.
 
Vamos conhecer os participantes do Brasil e seus prêmios:
 
4ª lugar: Casa Valduga Leopoldina Gran Chardonnay – D.O. Vale dos Vinhedos – 2013
 
Medalha de Ouro:
 
Aurora Reserva Chardonnay – 2014
 
Cerro da Cruz Chardonnay – 2012
 
Medalha de Prata:
 
Aurora Pinto Bandeira Chardonnay – 2012
 
Santa Colina Estilo Chardonnay – 2013
 
Aurora Varietal Chardonnay – 2014
 
275 vinhos de trinta e cinco países receberam medalhas, o que valoriza o resultado obtido por nossas vinícolas. Destacam-se:
 
França com 30 medalhas de ouro, 103 de prata e 8 de bronze;
 
Itália com 4 de ouro e 5 de prata;
 
África do Sul com 2 de ouro e 13 de prata;
 
Chile com 3 ouro, 4 de prata e 1 de bronze.
 
A relação completa está aqui:
 
 
DICA DA SEMANA: só podia ser este.
 
Casa Valduga Leopoldina Gran Chardonnay – 2013
Apresenta coloração amarelo palha com reflexos dourados, límpido e brilhante. A passagem por barricas francesas e romenas proporciona complexidade aromática com notas de baunilha e chocolate branco, aliados aos aromas de abacaxi e pêssego em calda. No palato é untuoso, de acidez moderada, com retrogosto marcante.
Harmonização: Massas, carnes brancas, fondues, queijos médios e fortes.
Outras premiações: Melhor Vinho Branco do Brasil de 2014 (safra 2012): Revista Adega; Melhor Nacional de 2013 (safra 2012): Revista Gosto; Medalha de Ouro (safra 2008) Challenge International du Vin; Gran Menzione (safra 2008): 17º Concurso Enológico Internacional (Vinitaly 2009); Medalha de Prata (safra 2008) 16ª edição do Concurso Chardonnay du Monde.

Hoje, 17/04, é o Dia do Malbec!

Foi nesta data em 1853, que o Presidente da Argentina, Domingo Faustino Sarmiento, encarregou o agrônomo francês Michel Aimé Pouget com a tarefa de trazer uvas da França e aclimatá-las em solo argentino. Era o início da indústria vinícola no país. Entre as espécies estava a Cot, que já existia no vizinho Chile desde 1840.
 
Mas esta história começa muito atrás no tempo, antes mesmo dos vinhos de Bordeaux se tornarem famosos. Na idade média, o principal vinho exportado, principalmente para a Inglaterra, era conhecido como “vinho negro”, elaborado na região de Cahors, sudoeste de França, com uma pequena uva denominada Cot. Esta era a época dos Cavaleiros Templários, que inspirou autores como Alexandre Dumas e seus Três Mosqueteiros: Porthos, Athos e Aramis bebiam este vinho!
 
Esta mesma casta também era plantada em Bordeaux, sendo uma das 6 uvas do corte original que, junto com a Carménère, acabou esquecida por produzir vinhos muito ásperos, duros, a ponto de ganhar o apelido de “Mal Bouche” (boca ruim). Levada para o Chile, foi rebatizada como Malbec, talvez uma corruptela do pejorativo apelido francês.
 
Embora 1853 seja o ano creditado como o que a Malbec chegou à Argentina vinda do Chile pelas mãos de Pouget, já existiam algumas experiências de cultivo de uvas bordalesas, entre elas uma denominada “uva francesa” que seria a mesma Malbec. Curiosamente, para os agricultores daquela época esta cepa parecia nativa, tal a perfeição de sua adaptação ao solo desértico da região de Mendoza.
 
Muita coisa aconteceu desde então até o Malbec ser a força que é hoje. Existe uma tipicidade única neste varietal argentino que o faz um dos vinhos mais importantes do cenário da vitivinícola internacional. Alguns autores chegam a comparar a região de Mendoza com suas contrapartes francesas: Bordeaux e Borgonha, principalmente pela qualidade e originalidade do que é produzido.
 
Apesar de não ser uma casta exclusiva, hoje está plantada na Califórnia; África do Sul; Chile; França e Brasil, foi no país vizinho que ela alcançou os melhores resultados, a tal ponto que muitos enólogos de última geração ainda não sabem qual o potencial máximo desta cepa, seja como varietal, seja num dos belíssimos cortes produzidos por lá.
 
A Malbec percorreu um longo caminho até hoje e seu incontestável sucesso se deve a várias pessoas que começam pela dupla Nicolas Catena e Paul Hobbs, sem dúvida os pioneiros do moderno vinho elaborado com esta uva.
 
Outros importantes especialistas estrangeiros têm influenciado, positivamente, os rumos do vinho argentino: Michel Roland, Roberto Cipresso e Alberto Antonini. Suas ideias e interpretações das possibilidades desta cepa formaram gerações de excelentes enólogos argentinos que já se destacam no cenário internacional: Roberto de la Mota (Mendel), Alejandro Vigil (Catena), Pepe Galante (Salentein), Daniel Py (Trapiche), Marcelo Pelleriti (Monteviejo), Mariano di Paola (Rutini), Walter Bressia (Bressia), Jorge Riccitelli (Norton), Sebastián Zuccardi (Zuccardi), Alejandro Sejanovich (Manos Negras e Tinto Negro), Matías Riccitelli (Fabre Montmayou e sua própria vinícola), David Bonomi (Norton), Edy del Popolo (Per Se) e os irmãos Michelini (Zorzal e Passionate).
 
Há muito que celebrar. Além de Mendoza, outras regiões se destacam como a Patagônia e Salta, além de novas experiências que estão sendo realizadas, com muito sucesso, em Neuquen (Familia Schroeder), La Rioja (Collovati) e La Pampa (Bodega Del Desierto), esta conduzida por ninguém menos que Hobbs.
 
Parabéns!
 
Dica da Semana:  são 3 vinhos, um para cada bolso. Não deixem de comemorar com um deles.
 
Alamos Malbec
Sem dúvida um dos melhores achados em vinhos de extraordinária relação qualidade x preço, o Alamos Malbec é uma verdadeira unanimidade.
Ele tem um estilo elegante e sofisticado, bem francês para Jancis Robinson, é sempre um Best Value para a Wine Spectator e é considerado um excellent value por Parker, que o descreve como expressivo, fresco, com adorável amplitude, textura sedosa e um final de boca estruturado e cheio de taninos.
Harmoniza com carnes vermelhas, churrasco, hamburger, massas.

Pulenta Estate Malbec
Excelente Malbec da renomada vinícola Argentina Pulenta Estate. Aromas concentrados de frutas vermelhas com belíssimas notas de baunilha.
Na boca, frutas negras como mirtillo, ameixa e amoras silvestres. Final de boca intenso e persistente.
Harmoniza com Picanha invertida recheada com linguiça.

 

Cobos Malbec 2009
De cor bordô profunda e intensa, exala aromas de groselha e frutas vermelhas maduras.
Estruturado e volumoso, com taninos muito redondos e elegância na boca.
Harmoniza com espaguete a bolonhesa, pizza marguerita e pratos à base de molhos vermelhos.
Recebeu 96 pontos de Parker

O melhor, o mais antigo, o mais mais e etc…

Algumas das últimas colunas provocaram uma saudável relação de perguntas dos leitores, todas respondidas por e-mail. Mas ficamos sempre com impressão que faltou alguma explicação. Ter dúvidas sobre determinados temas não só é absolutamente normal como desejável. Entretanto, algumas questões propostas são de difícil resposta, por exemplo, quando recebemos indagações deste calibre:
 
Há algum vinho de corte que esteja colocado entre os melhores do mundo?
 
Qual o vinho de safra mais antiga que você conhece que certamente pode ser consumido ainda com qualidade?
 
Com quantos anos podemos considerar um vinho impossível de beber?
 
A esta relação poderíamos acrescentar sem nenhum problema as eternas questões como “Qual o Melhor?” ou “Qual o mais caro?” e outras no gênero.
 
Para sermos completamente corretos, nenhuma destas perguntas tem uma única resposta. Pior, as diversas opiniões sobre cada uma podem ser até mesmo conflitantes.
 
Existe uma razão: nenhum vinho é igual a outro, nem dentro de uma mesma vinícola. A cada nova colheita as uvas terão diferentes níveis de açúcar o que vai implicar, no mínimo, em quantidades de levedura e/ou tempo de fermentação e maceração diferentes. Só isso já define vinhos de características distintas, embora oriundos do mesmo vinhedo.
 
Produzir um vinho não é um ato mecânico e repetitivo, como fabricar uma peça de metal ou plástico, aos milhares, numa máquina especialmente projetada para tal. Na enologia, cada partida de uvas é um caso único e deve ser tratado desta forma, não pode haver padronização. Nem nos vinhos de entrada que são produzidos em grandes volumes para atender à demanda das principais redes de mercados. Um mínimo de cuidados específicos é necessário, caso contrário o produto final não será aceito por ninguém.
 
Com isto em mente, imaginem como é difícil responder a uma questão como “Qual o melhor Cabernet?”.
 
Se colocarmos esta dúvida dentro de uma vinícola, o enólogo é capaz de responder que o seu melhor vinho é este ou aquele, respeitada uma condição como faixa de preço ou volume produzido. Mesmo assim entra nesta equação um fator muito subjetivo: o gosto pessoal dele. O nosso pode ser outro…
 
Caso mudemos a escala e tentarmos entender qual o melhor vinho de um país produtor, por exemplo, “Qual o melhor Cabernet do Chile?”, dificilmente vamos obter uma resposta objetiva.
 
Teríamos primeiro que selecionar, com todas as dificuldades mencionadas no parágrafo acima, quais os melhores de cada sub-região: Maipu, Puente Alto, Vale Central, etc. (e isto envolve todas as vinícolas). Depois, decidir qual o melhor entre estas escolhas.
 
Mas quais os critérios que vamos adotar para fazer esta seleção?
 
A palavra de cada enólogo?
 
As notas dos grandes críticos?
 
O nosso gosto pessoal?
 
Todas as acima?
 
Tarefa hercúlea!
 
Imaginem tentar saber qual o melhor do mundo…
 
Só mais uma lembrança: para muitos enófilos já é difícil determinar qual é o melhor vinho de sua adega!
 
 
Quando se trata de saber qual o mais antigo vinho ainda em condições de ser consumido, o nível de complicações se multiplica exponencialmente. Para respondermos esta pergunta, com alguma objetividade, teríamos que conhecer todas as adegas do planeta e ter o seu conteúdo devidamente catalogado. Mas há uma curiosa pegadinha: no momento que identificarmos este vinho e o abrimos, ele automaticamente deixa de ser “o mais antigo”…
 
Honestamente, nem as grande vinícolas sabem o quê ainda tem em estoque e se aquelas raridades são viáveis para consumo. Uma simples destampada de um barril ou garrafa para tirar uma amostra pode ser o fim de todo o resto.
 
Um exemplo bem atual vem de Portugal. Em 2008, um dos enólogos da Taylor’s localizou, na vila de Prezegueda, duas barricas de vinho do Porto produzido antes da Filoxera, com mais de 150 anos, pertencentes a uma família de vinhateiros. Um tesouro passado de geração para geração.
 
Em 2009 o último descendente decidiu vendê-las. Levadas para as caves de Vila Nova de Gaia, o vinho se mostrou em perfeitas condições e simplesmente maravilhoso. A Taylor’s optou por comercializá-lo com o nome de Scion: poucas garrafas e um custo perto do absurdo. (não existe mais nenhuma à venda…)
 
 
Este fato gerou um verdadeiro frenesi entre os outros produtores e uma busca insana por estas raridades foi iniciada. Vinhos do Porto ou Madeira com mais de 100 anos estão na moda. O que mais vão encontrar?
 
Dois outros vinhos, muito antigos, ficaram mundialmente conhecidos por fatores “extracampo”. O primeiro foi um lote de míticas garrafas de Chateau Lafite 1787, que teriam pertencido ao Presidente Thomas Jefferson, e que estariam, ainda, em perfeitas condições de consumo.
 
Um grupo de quatro delas foi leiloado em 2008, pela respeitada casa Christie, e arrematado por cerca de US$ 500,000.00 (quinhentos mil dólares). Mais tarde descobriram que era uma falsificação o que gerou um longo e milionário processo, investigações policiais altamente sofisticadas, culminando com a prisão e desmascaramento do hábil falsificador, além de artigos, livros e provavelmente um filme.
 
Outra raridade conhecida é uma garrafa de Chateau d’Yquem, o mais famoso dos Sauternes, datada de 1811 e arrematada em 2011 por astronômicos 120.000 dólares, provavelmente o mais caro vinho até então. Não será aberto, apenas ficará exposto em uma vitrine no restaurante de seu proprietário em Honk Kong.
 
 
Mitos à parte, nem mesmo uma simples reposta sobre o mais caro vinho pode ser respondida sem ressalvas: quando, onde, como?
 
Um dos sites mais utilizados por quem vive o mundo do vinho é o Wine Searcher (http://www.wine-searcher.com/), em inglês, que localiza vinhos nos mais importantes mercados. As lojas especializadas, vinícolas e casas de leilão se encarregam de fornecer as informações. É gigantesco! Uma pesquisa pode gerar diversas páginas de resultados, muitas vezes cansativos de ler. Mas nelas é que podemos descobrir algum tesouro enterrado. Periodicamente publicam pesquisas bem objetivas, curtas e muito interessantes.
 
Uma delas, que vamos reproduzir a seguir, procurou por vinhos que receberam, em qualquer época, as notas máximas atribuídas pelos seguintes críticos ou publicações: Jancis Robinson, Robert Parker, Jamie Good, Stephen Tanzer, Jeannie Cho Lee, Michel Bettane e as revistas Wine Spectator, Cellar Tracker, Falstaff (Áustria) e Revue du Vin de France. Um time de muito respeito.
 
Foi calculada uma média simples de todas as notas, por vinho, e elaborada a lista apenas com aqueles que conquistaram, neste resultado final, 99 ou 100 pontos. Somente 7 (sete) vinhos passaram nesta peneira.
 
Seriam eles os maiores de todos os tempos?
 
1 – Château d’Yquem, 1811
Um Sauternes elaborado a partir de uvas botritizadas. Talvez o mais famoso vinho doce do mundo.
 
2 – E. Guigal Côte Rôtie La Mouline, Rhône, 1978
Um vinho da região mais premiada com 100 pontos Parker, o vale do rio Ródano. Um corte da tinta Syrah com a branca Viognier.
 
3 – Château Lafleur, Pomerol, 1950 (Bordeaux)
Corte Bordalês, margem direita, predominância de Merlot.
 
4 – Paul Jaboulet Ainé Hermitage La Chapelle, Rhône, 1961
Um varietal, 100% Syrah, com as parreiras plantadas como se fossem arbustos (Globet). Região do rio Ródano, novamente.
 
5 – Quinta do Noval Nacional Vintage Port, 1963
Vinho do Porto.
 
6 – Krug Clos du Mesnil Blanc de Blancs Brut, Champagne, 1979
Quem não aprecia um bom Champagne?
 
7 – Domaine Jean-Louis Chave Ermitage Cuvée Cathelin, Rhône, 2003
Outro vinho do Ródano e novamente 100% Syrah. Notem a safra.
 
Analisar esta lista em profundidade nos forneceria assunto para várias semanas. Faríamos novos amigos e certamente ganharíamos outros inimigos: nunca haverá uma unanimidade sobre este resultado.
 
Chamamos a atenção para alguns detalhes:
 
– A França domina a lista com 6 vinhos. A exceção é um vinho de Portugal;
 
– 5 tintos e 2 brancos: um doce e o outro espumante;
 
– um único Bordeaux… (baseado em Merlot)
 
– 3 vinhos da região do Rhone, todos com Syrah, que nem mesmo entra numa relação de castas nobres…
 
– entre os tintos, 3 (três) vinhos de corte e 2 (dois) varietais.
 
Resumindo tudo isto numa única frase:
 
“Não existem verdades absolutas no mundo do vinho”.
 
Entenderam como funciona?
 
Dica da Semana:  em homenagem aos vinhos de Portugal que ontem, hoje e sempre estão entre os melhores.
 
Vadio Bairrada DOC Tinto 2007
Seguindo na linha desta semana, este vinho é um varietal, coisa rara entre os tintos portugueses, elaborado com a casta Baga (100%). Proveniente da Bairrada, ótima região produtora ainda sem o reconhecimento como o Douro ou o Alentejo.
Um vinho potente, estruturado, com taninos marcantes a altamente gastronômico.
Imperdível!
 
 
 

Um júri feminino para o AWA 2015

O Argentina Wine Awards (AWA) é o concurso de vinhos de maior prestígio naquele país. Nesta 9ª edição houve uma interessante novidade: coube a 19 mulheres ligadas ao mundo do vinho escolher os melhores. Uma bela homenagem que foi chamada de “O empoderamento da Mulher no Vinho”.

Este luxuoso corpo de julgadoras foi formado por 12 personalidades estrangeiras e 7 argentinas. Sua tarefa foi provar 669 amostras e selecionando as melhores em diversas categorias. Um trabalho que foi supervisionado pela respeitada consultoria, inglesa, Hunt & Coady, garantindo toda a logística e lisura.

O Júri

A principal personalidade foi a respeitada jornalista e crítica de vinhos Jancis Robinson, primeira mulher a obter o difícil título de “Master of Wine”. Compunham o grupo as seguintes juradas:

Christy Canterbury, jornalista, panelista e júri de Nova Iorque. Escreve para a revista Decanter;

Susan Kostrzewa, editora executiva da revista Wine Enthusiast;

Barbara Philip, responsável pela seleção de vinhos europeus para a British Columbia Liquor Distribution Branch, Canadá;

Sara D’Amato, canadense, é consultora, sommelier, crítica de vinhos e sócia principal na WineAlign.com;

Annette Scarfe, trabalha como consultora independente junto a indústria vitivinícola asiática. Também é juiz em concursos de vinho no Reino Unido, Hong Kong e França;

Megumi Nishida, jornalista freelance, japonesa, atuando em várias revistas como Winart, Vinoteque, Wands, Cuisine kingdom;

Essi Avellan, da Finlândia, é editora da Revista Fine Champagne, a única Revista do mundo dedicada ao mundo do Champagne;

Felicity Carter, da Alemanha, é chefe editorial da Revista Meininger´s, dedicada ao mundo do negócio do vinho em nível internacional;

Cecilia Torres Salinas, enóloga, é a referencia número um da indústria do vinho chileno;

Suzana Barelli, Brasil, Jornalista e Editora da Revista Menu;

Shari Mogk Edwards é a chefe do departamento de marketing e vendas de vinhos e licores da LCBO (Liquor Control Board of Ontario, Canadá).

O júri argentino foi composto por:

Susana Balbo, proprietária da vinícola Dominio del Plata e presidente da Wines for Argentina;

Andrea Marchiori, sócia e enóloga da Viña Cobos;

Carola Tizio, enóloga chefe da Vicentin Family Wines;

Estela Perinetti, enóloga da Bodega Caro (Catena + Rothschild);

Flavia Rizzuto, eleita a melhor Sommelier do país;

Laura Catena, médica e atual diretora das Bodegas Catena Zapata e Luca;

Marina Beltrame, diretora da Escola Argentina de Sommeliers.

Os resultados

Os principais prêmios foram:

1 – Troféus
– Categoría “Malbec”:

Septima Obra Malbec 2012, Bodega Septima;

Riglos Quinto Malbec 2013 Finca Las Divas S.A.;

Casarena Single Vineyard – Malbec – Jamilla´s Vineyard – Perdriel 2012 Casarena Bodega & Viñedos;

Zuccardi Aluvional Vista Flores Malbec 2012, Familia Zuccardi.

– Categoría “Vinhos Espumantes”:

Ruca Malen Sparkling Brut NV, Bodega Ruca Malen.

– Categoria “Chardonnay”

Finca La Escondida Reserva Chardonnay 2014, Bodegas La Rosa;

Salentein Single Vineyard Chardonnay 2012, Bodegas Salentein.

– Categoria “Cabernet Franc”

La Mascota Cabernet Franc 2013, Mascota Vineyards;

Salentein Numina Cabernet Franc 2012, Bodegas Salentein;

– Outros troféus

Sophenia Synthesis The Blend 2012, Finca Sophenia;

Cadus Single Vineyard Finca Las Tortugas Bonarda 2013, Bodega Cadus;

Cabernet Sauvignon Proemio Reserve Cabernet Sauvignon 2013; Proemio Wines.

2 – Troféus Regionais:

Vales do Norte: Serie Fincas Notables Tannat 2012, Bodega El Esteco;

Vales de Mendoza: Decero Mini Ediciones Petit Verdot, Remolinos Vineyard 2012, Finca Decero;

Vales de San Juan: Santiago Graffigna 2011, Bodegas y Viñedos Santiago Graffigna;

Vales Patagônicos: Special Blend 2010, Bodegas Del Fin Del Mundo

A relação completa, em PDF, pode ser obtida neste link:

Agora é só escolher um deles e conferir como o seu paladar se ajusta com o das poderosas juradas.

Dica da Semana:  a maioria dos vinhos premiados ainda não está com as safras em indicadas à venda no Brasil. Este, safra 2010, é uma boa opção, ganhou um troféu pela safra de 2013.
 
Riglos Quinto Malbec 2010
Coloração rubi concentrada, com reflexos purpúreos. No olfato apresenta frutas negras e vermelhas maduras, páprica e um toque herbáceo que lhe outorga caráter e complexidade.
Texturado em boca, com taninos dóceis, cativante frescor e fruta generosa que convergem para um longo final.
Harmoniza com carnes vermelhas assadas na brasa, costeletas de cordeiro grelhadas e queijos de massa dura curada.
Premiações: Jancis Robinson: 16 em 20; Descorchados 2012: 87 Pontos.
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