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Compreendendo o Vinho – 1ª parte


A grande diferença entre os profissionais do vinho e os enófilos de fim de semana, está no fato de que, os primeiros, fazem degustações didáticas, periodicamente, como uma rotina de seu trabalho. Neste grupo, incluo os vinhateiros, enólogos, comerciantes, Sommeliers, críticos e jornalistas especializados.

Com algum empenho, seremos capazes de treinar o nosso paladar, usando as mesmas técnicas de degustação dos profissionais. Assim, poderemos apreciar todas as nuances que a mais nobre das bebidas pode nos oferecer.
São situações diferentes, beber um vinho num almoço de família ou de negócios ou bebê-lo com intuito educativo: as degustações são sempre comparativas, só assim se aprende as diferenças entre um e outro produto, sejam elas virtudes ou defeitos.
Uma das primeiras degustações a serem experimentadas, por uma confraria ou grupo de amigos, é a que envolve vinhos de diferentes cepas de uva. Devemos manter uma coerência na escolha dos vinhos. Nada de degustar tintos, brancos e espumantes ao mesmo tempo. Selecionamos os produtos de uma região. Se possível, todos de uma mesma safra. Exemplo: tintos do Chile, o que incluiria Carménère, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e Pinot Noir, pelo menos. Vamos apenas provar estes vinhos e compará-los. A ideia é poder diferenciar cores, aromas e sabores, etc.. Neste tipo de prova, uma garrafa atende até 12 pessoas. Começamos com 2 ou 3 vinhos de cada vez.
FICHA DE DEGUSTAÇÃO
Devemos registrar as nossas experiências, seja através de notas num caderno ou utilizando uma Ficha de Degustação padronizada. Desta forma, teremos uma maneira de lembrar o que aconteceu e usar esta informação a nosso favor, seja na compra de nossa próxima garrafa ou em outra prova de vinhos.
Na figura que acompanha este texto há um modelo que segue a metodologia criada pelo Engenheiro Químico italiano, Giancarlo Bossi.
É bem simples e didática, contemplando os seguintes aspectos: Aparência, Olfato, Paladar, Evolução e Avaliação Final.
Seu preenchimento é intuitivo.
Há os que preferem usar valores numéricos, neste caso, é possível atribuir um determinado número de pontos para cada item (máximo):
Visual – 16 pontos;
Aromas – 24 pontos;
Paladar – 60 pontos,
Totalizando 100.
A tabela a seguir nos dá uma perspectiva de resultado:
Para a turma do ‘difícil’, ‘muito técnico’ e ‘complicado’, lembramos que nada disto é obrigatório. Uma boa anotação num caderno resolve o problema ou, se houver interesse, podemos criar a nossa própria ficha, simplificando este modelo.
O próximo passo é tentar uma degustação de vinhos que passaram ou não por madeira. Talvez a tarefa mais árdua seja a de descobrir como os vinhos foram produzidos, para incluí-los no teste. A melhor forma é consultar a descrição do produto (ficha técnica), disponível nos catálogos ou sites das vinícolas. Um bom produtor costuma colocar estas informações no contra rótulo. Nas lojas especializadas, qualquer vendedor saberá nos informar. O exercício tem por objetivo treinar a identificação da presença, ou não, de madeira e as nuances adquiridas pela bebida.
Novamente, não devemos misturar brancos e tintos. A situação ideal é aquela com vinhos de um mesmo produtor. Com tempo, poderemos sofisticar este tipo de prova, acrescentando um maior grau de dificuldade, por exemplo, identificar a origem da madeira usada e o tempo de contato. Uma boa sugestão, para começar, é fazer este tipo de prova com diferentes Malbec argentinos.
Na coluna da próxima semana, vamos propor provas mais objetivas ainda. Até lá, que tal começarmos a treinar o nosso paladar, com estes conselhos aqui:
• Coma com calma, não seja apressado.
• Use os olhos quando comer, aprecie, repare no que está comendo.
• Sinta os aromas da comida, habitue-se a usar o nariz quando está comendo.
• Adote o Slow Food, dedique algum tempo às refeições.
• Beba vinho durante a refeição.
• Nunca encha a taça. Fique no 1/3 do volume (menos da metade) e tome pequenos goles.
• Deixe o Vinho passear pela sua boca, aprecie seu sabor.
• Com Fast Food, não tome vinho.
• Beba água regularmente.
• Comece com vinhos mais baratos e simples.
• Introduza novos vinhos, mais caros, aos poucos.
• Compre vinhos no máximo com o dobro do preço do que você consome regularmente.

Dica da Semana I – um bom tinto brasileiro: 

Innominabile Lote III – $

 Produtor: Villaggio Grando – Campos de Herciliópolis – SC
Uva: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Pinot Noir e Petit Verdot
Sua coloração rubi com reflexos violáceos é intensa e brilhante. Seus aromas são amplos e intensos, passando por fumo em rama, baunilha, coco e amoras silvestres. Em boca há um grande equilíbrio entre o teor alcoólico e acidez quase imperceptível. Mas são seus taninos macios que o definem como um vinho estruturado, redondo e aveludado. É um vinho complexo, de guarda, o qual, acreditamos estará na sua plenitude no decorrer de alguns anos, mesmo já sendo possível degustá-lo.
Dica da Semana II – para aqueles que realmente querem se aprofundar neste tema:

“Nez du Vin” – o nariz do vinho (produto francês)
A caixa ajuda-nos a treinar o olfato a reconhecer e identificar os 54 principais aromas presentes no vinho. É muito utilizada pelos grandes Enólogos e Sommeliers de todo o mundo para treinar o olfato na identificação dos aromas do vinho.
Para aqueles que quiserem um kit menor é possível encontrar versões de 24, 12 e 6 aromas. Para os kits menores existem temas variados como “Defeitos”, “Carvalho Novo”, “Vinhos Tintos” e “Vinhos Brancos”.
O preço é salgado, mas vale a pena.
Real Imports e Mistral, entre outros, tem à venda. Este é o mais famoso, mas existem kits de outros produtores, bem mais em conta. Procurem por ‘Caixa de Aromas’.

O vinho na Melhor Idade

A coluna desta semana não é sobre de bebedores de vinho idosos. Vamos falar de vinhos envelhecidos e por que um dia vocês vão querer experimentar um.
E o que há de tão especial nisto? Porque esta paixão por vinhos antigos? Como alguém pagou US$ 156,000.00 (cento e cinquenta e seis mil dólares) por uma garrafa de Chateau Lafite que teria pertencido a Thomas Jefferson? (mais tarde descobriu-se que era uma fraude…).
Pagar este preço por um vinho sem saber qual o real estado dele, só com muito dinheiro para gastar. Puro status ou esnobismo. Segundo fontes seguras, este comprador, anônimo, seria um grande colecionador e não um apreciador.
Para os demais mortais, enófilos de verdade, esta grande paixão se esconde atrás de um mistério. Vinhos envelhecem quase como seres humanos. Alguns ficam muito melhores enquanto outros se tornam ácidos e amargos. Como saber?
Alguns grandes vinhos levam muito tempo para serem postos no mercado. Um bom Pinot da Borgonha só vem ao mundo 15 anos após sua produção. Mesmo assim, não está pronto para o consumo. Há que se esperar mais alguns anos para atingir seu ponto de maturação exato, com taninos e acidez domados, aromas complexos e, de acordo com quem já passou por esta experiência, sabores inebriantes. Este momento talvez seja a grande coroação da vida de um amante do vinho, encontrar a tal garrafa, cuidar dela como se fosse um filho, e um dia desfrutar do seu conteúdo. Um sonho acalentado por muitos.
Vinhos longevos são caros, por definição. São produzidos como joias, em poucas quantidades, nem sempre são fáceis de encontrar. Se o leitor dispõe de recursos, poderá comprar uma destas preciosidades a partir de um leilão de vinhos. Por favor, nos convide para apreciar.
O outro caminho é investirmos num vinho novo e guardá-lo por 10, 15 ou 20 anos antes de desarrolhá-lo. Não é uma tarefa simples. O primeiro desafio é escolher o vinho. Algumas características são importantes: maior teor alcoólico; taninos adequados; acidez elevada e níveis de açúcares apropriados. Também são importantes a qualidade da rolha e a adega aonde será armazenado.
Algumas castas se prestam perfeitamente para esta função, notadamente a Nebbiolo, grande uva italiana que produz o não menos famoso Barolo. Outra italiana, que segue o mesmo caminho é a Sangiovese e seus clones, como a Grosso, a vinífera usada no Brunello de Montalcino. A já citada Pinot Noir e o trio Bordalês (Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc) são apostas certas – um bom Château é algo acima dos 10 anos.
O mesmo ainda não pode ser dito das tintas cultivadas no novo mundo, notadamente as do hemisfério sul: Malbec, Carménère, Tannat e Pinotage. Há uma barreira, teórica, que gira em torno de 10 anos. Estes vinhos são produzidos para o mercado imediato, não havendo uma preocupação em prepará-los para serem consumidos após uma hibernação. Há exceções, ótimas por sinal. Uma delas, de boa relação custo x benefício é o icônico Almaviva do Chile, tem uma estimativa de guarda de 12 anos.
A tabela (anos/tipos de vinhos) abaixo ajuda a decidir até onde podemos ir.
Anos
Vinho
1
Beaujolais Noveau
2
Brancos genéricos sul-americanos, vinho verde
3
Tintos e brancos genéricos europeus, tintos comuns sul-americanos,
espumantes brasileiros, rosados
5
brancos europeus e tintos 1ª linha sul-americanos
7
bons tintos europeus, champanhes não safrados,
alguns tintos sul-americanos excepcionais
10
grandes brancos europeus, champanhes milesimés (datados)
15
tintos europeus de alta qualidade – Bordeaux, Rioja, etc
25
Grandes tintos europeus (Bordeaux, Bourgone, Barolo, Brunelo, etc),
vinhos doces tipo Tokay, Sauternes
50 +
Fortificados, alguns poucos tintos e brancos europeus excepcionais
O que esperar com relação a aromas e sabores? Esqueçam tudo que vocês estão habituados: frutas maduras e potência. Os vinhos envelhecidos cheiram a couro, tabaco, amadeirados, especiarias, etc. São pouco tânicos, equilibrados. A madeira surge de forma mais integrada deixando a bebida rica em novos aromas, mais complexa. Mas apreciar estas sensações exige treino e paciência.
Uma proposta: compre 3 ou 4 garrafas de um bom caldo e deixe-as envelhecer por diversos períodos: 2, 5, 8 e 10 anos. Abra uma de cada vez e compare com o que bebeu antes. Só assim se aprende.

Dica da semana:algo bem diferente, um vinho Grego:

Kretikos Vin de Pays 2008 – Boutári
País: Grécia – Creta
Castas: 60% Kotsifali e 40% Mandilaria
Kretikos é a nova linha de vinhos de Boutári elaborados com uva de vinhedos plantados na ilha de Creta, produtora de vinhos há mais de 3.000 anos. Este tinto é um original corte das castas Kotsifali e Mandilaria. Leve e saboroso, deve ser servido levemente refrescado, como um Beaujolais, sendo uma ótima pedida para acompanhar massas, fritos e pratos mais picantes. 
Saúde!

Vencendo Preconceitos

Os leitores já estão imaginando que o escriba aqui enlouqueceu. Mas podem acreditar, bebedores de vinho são preconceituosos e alguns, supersticiosos. A propósito, há uma corrente entre os produtores de vinho, chamada biodinâmica, que está muito próxima disto.
Um dos preconceitos mais antigos é aquele que afirma: vinho é francês.
Em 24 de maio de 1976, na cidade de Paris, foi feita uma degustação, às cegas, comparando os mais famosos vinhos franceses com desconhecidos similares norte-americanos. Os nove juízes participantes eram de renome internacional. O resultado? As melhores notas foram dadas aos vinhos da Califórnia, brancos e tintos. Nunca mais os famosos vinhos da França seriam os mesmos, e o preconceito ou mito foi arrasado. Este episódio ficou conhecido como O Julgamento de Paris.
Outro alvo de atitudes preconceituosas são os vinhos brancos e os rosés. Há quem afirme, com muita segurança, que vinho branco não é vinho. Impressionante alguém acreditar nisto. Se encontrarem uma pessoa com estas ideias, fujam. Ela é uma fraude e não entende patavinas do assunto. Se há um vinho que se destaca e pode ser considerado como sofisticado e requintado, é o Champanhe. Não há nada igual no mundo da enologia. E o que é um Champanhe? Um vinho branco! E tem mais: alguns brancos tranquilos são únicos e chegam a ser mais famosos – e mais caros – do que os tintos.
O vinho rosé sofre do eterno preconceito de ser uma mistura de vinho branco com tinto. Há quem torça o nariz só de olhar para uma garrafa. E são sempre bonitas!
Alguns maus produtores vão obtê-lo a partir deste método (corte), mas os bons rosados são feitos a partir de uvas tintas de qualidade, diminuindo-se o tempo de contato das cascas durante a fase de maceração. A origem do problema está no seu esquecimento. Ninguém os produzia, sendo Portugal e França duas raras e boas exceções. Este vinho recentemente foi redescoberto e grandes vinícolas do novo mundo têm apresentado ótimos produtos. Querem se livrar de mais este preconceito? Experimentem! Bebe-se bem gelado, como um branco. Vão querer repetir!
A cisma da moda é com relação ao fechamento das garrafas, as famosas rolhas. Já existem as de material plástico, de vidro e até mesmo alguns métodos de fechamento bem curiosos como usar uma tampinha de refrigerante para selar espumantes. Mas a discussão toda gira em torno das tampas de rosca. Como podem imaginar, isto é para vinho barato. Digam isto para um produtor Neozelandês…
A origem desta implicância está na produção de cortiça, uma indústria 100% artesanal, dominada por Portugal que controla 50% da produção mundial. Por ser um produto de origem vegetal, com um ciclo longo de produção – cada Sobreiro produz uma camada que pode ser removida a cada 10 anos – é um dos segmentos mais vigiados com relação à proteção do meio ambiente o que apesar de louvável, implica em diminuição da produção e aumento de custos.
Para alguns produtores, notadamente Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, o custo da rolha tradicional se tornou proibitivo. Centros de pesquisas internacionais e universidades ligadas ao mundo do vinho começam a buscar alternativas e a tampa rosqueada, de alumínio, aparece como a melhor opção. E aí começou guerra. Argumentos são fortes em ambos os lados. Vamos resumi-los:
– evita que vinho fique bouchonée (com gosto de rolha);
– desaparecem os problemas com fungos e de oxidação por má vedação;
– dentro de certos parâmetros e apesar da perfeita vedação, o vinho pode envelhecer corretamente (é necessário alterar o processo de vinificação);
– perde-se o ritual de sacar a rolha, que tem o seu charme;
– se o processo de vinificação não for bem cuidado, podem aparecer aromas de sulfitos e outros indesejáveis, por falta da micro oxigenação, proporcionada pela rolha de cortiça.
Mas, está mudança é inevitável: dentro de 20 ou 30 anos a rosca será a regra. Só vinhos muito especiais ($$$) serão vedados com rolha.

A dica da semana é para detonar todo e qualquer preconceito:

Montes Cherub Rose – 2009
Produtor: Montes Alpha – Chile
Uva: Shiraz/Syrah
Muito fino e elegante, o Cherub é o primeiro rosado de altíssima qualidade na América do Sul e, por seu alto nível, estaria mais próximo da consagrada linha Montes Alpha. O Cherub não é elaborado a partir de sangria de vinhos tintos, mas de ótimas uvas Syrah especialmente cultivadas para sua produção. É elegante e classudo, com bastante frescor e um longo e complexo retrogosto. Tampa de rosca. RP – 88 pontos
Colaborou: Jose Paulo Gils
Saúde !

Montando uma adega

Todo enófilo que se preze tem entre seus objetivos a montagem de uma adega. Não importa o tamanho, o importante é ter, ao alcance da mão, os vinhos que mais aprecia. Se levarmos em conta que uma adega clássica é composta por representantes dos brancos, rosés, tintos, além dos fortificados, doces, espumantes e outras coisinhas, o número de garrafas pode chegar a uma centena.
Este volume, mesmo para um apaixonado por vinhos, pode ser um investimento considerável, sem falar no espaço e climatização necessária. Mas é perfeitamente viável criar uma adega básica, que vai atender principalmente ao nosso paladar. 
O que vamos adegar então? 
Os vinhos que conhecemos e nos dão prazer! 
Apresentaremos, a seguir, uma pequena lista com sugestões para organizar uma adega básica. Não vamos indicar nenhum vinho especificamente, mas somente os tipos de vinhos. 
Espumantes – para uma adega tradicional seria imprescindível um bom Champagne (francês). Nos dias de hoje, dando um caráter contemporâneo a esta coleção, prefiram os Proseccos, são como curingas do baralho ou os espumantes nacionais, fazem bonito em qualquer lugar do mundo (deixe para comprar o Champagne numa ocasião muito especial…). 
Brancos – Chardonnay e Sauvignon Blanc são obrigatórios, seja no perfil clássico ou no contemporâneo. Se o caixa permitir, aposte em mais um varietal. O Torrontés argentino é a bola da vez. Pinot Grigio e Viognier são outras boas escolhas. Para uma linha mais clássica, aposte nos Rieslings e Gerwurztraminers.
Tintos – Estes devem ser a maioria. Tenham, sempre, uma garrafa de um vinho tipo Bordeaux. Pode, perfeitamente, vir da Argentina ou do Chile, escolhas com boa relação custo x benefício. As coleções de tintos atuais trilham o caminho das varietais. Escolham as suas prediletas entre Malbec, Syrah, Merlot, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Tempranillo, Sangiovese, etc. 
Um luxo que vale a pena e justifica a existência da adega é adquirir alguns vinhos de guarda. Apostem nos vinhos do velho mundo. Vinhos de 1ª linha, sul-americanos, também se prestam a desempenhar este papel. Para não errar, peçam ajuda na hora de comprar. Nem todo vinho pode ser guardado por longos períodos. 
Fortificados e de Sobremesa – Um bom Porto é essencial, tinto ou branco. Os vinhos de sobremesa, chamados de colheita tardia (late harvest) estão muito comuns hoje em dia, mas raramente são abertos e consumidos. Pensem duas vezes antes de incluir um no estoque. 
Outras sugestões:
– Um Rosé pode ser muito útil naquele momento de indecisão; 
– Para dar um toque bem interessante, acrescente um dos destilados de vinho –  Conhaque, Bagaceira, Grappa, ou assemelhados. Na hora certa, tornam-se coadjuvantes importantes numa boa refeição, mas só para os que vivem em climas frios… 
Onde e como guardar?
Poderíamos chamar este parágrafo de “Protegendo seu Investimento”. Brincando, brincando, o nosso kit básico pode chegar a algo entre 10 a 20 garrafas, dependendo da disposição de gastar de cada um. Aliás, não comprem tudo de uma vez e reponham sempre que consumirem. 
O lugar ideal de guarda deve ser um local seco, arejado e fresco. Em hipótese nenhuma pode pegar sol. As garrafas devem ficar deitadas, molhando a rolha.
Existe uma infinidade de móveis projetados para este fim, o mais comum é na forma de uma treliça onde em cada nicho fica uma garrafa. Se existirem crianças em casa, optem por uma solução com porta ou de difícil acesso. Muito comum hoje são as adegas climatizadas, oferecidas em diversas capacidades. Práticas, mas um luxo nem sempre necessário, além de caras. Exigem o mesmo cuidado como o de uma geladeira comum. Uma alternativa, para aqueles que optarem por este tipo de solução é adaptar um refrigerador velho. Pode ficar muito charmoso e mais em conta.
 
Dica da Semana: Para começar a coleção, um vinho que pode ser tomado hoje ou guardado por até 5 anos.

Casa Lapostolle – Cabernet Sauvignon 2009 – Chile 
Um vinho que já foi eleito simplesmente como o Melhor Best Buy do Ano no mundo todo para a revista Wine Enthusiast, ele é intenso e pleno, um Cabernet com toda a força. Traz uma maturidade e uma qualidade raramente alcançada por outros na mesma faixa de preços, diz a revista. 
Harmonização sugerida – Carnes grelhadas e cordeiros. 
Wine Spectator: 87 pontos (06) 
Wine Enthusiast: 88 pontos (06) 
Best Buy Wine Spectator: 86 (07)

A foto a seguir mostra um pedacinho da adega do Boletim, onde testamos os vinhos da semana. 

Saúde!

Harmonia! Harmonia! – Final

As Combinações Clássicas

Algumas são mais que conhecidas. Nem por isto podem ser consideradas como definitivas. Haverá, sempre, uma nova harmonização a ser descoberta. Então, experimente!

Peixes e Frutos do Mar:

Ostras e Mariscos – Espumante Brut, preferencialmente Champanhe ou um bom Chablis;

Peixes crus,  ou grelhados-

ou com molho suave – brancos jovens frutados, o Sauvignon Blanc e o Chardonnay reinam aqui. Espumante pode ser uma opção interessante;

com molhos pesados – branco maduro, tinto jovem, rosé;

Anchova, Atum, Salmão, Sardinha e peixes levemente defumados – tintos jovens de corpo médio, brancos madeirados ou barricados, rosés com boa estrutura;

Bacalhau (***) – bom branco envelhecido em carvalho, Chardonnay preferencialmente, ou um tinto jovem, de corpo médio. Há ainda uma opção muito sofisticada – Pinot Noir da região de Alto Ádige, Itália.

Carnes Brancas (aves):

Aves Grelhados ou Assado –

com molho suave – espumantes, brancos estruturados ou maduros, tintos jovens;

com molhos pesados – tintos maduros de corpo médios a encorpados;

 Pato, Marreco, aves de caça – tintos maduros de corpo médio a encorpados;

 Arroz de Pato – Pinot da Borgonha;

 Peru – tinto leve a médio ou branco maduro.

 Carnes Vermelhas:

 Grelhados ou Assados

molho suave – espumantes, tintos jovens;

 molhos pesados, caças – tintos encorpados;

 Churrasco – Malbec, Tempranillo, Tannat, Cabernet Sauvignon – quanto mais gorda a carne, mais tanino no vinho;

 Massas:

Em molhos leves ou brancos – espumantes, brancos de boa qualidade, tintos leves e jovens;

Em molhos vermelhos ou condimentados – tintos maduros e encorpados, alguns espumantes. Destacam-se os vinhos italianos como o Chianti, o Barolo ou Nebbiolo;

Alho e Óleo – Prefira um vinho mais leve.

Queijos (muitos leitores vão se surpreender aqui):

Minas Frescal, Ricota, Requeijão, Mozzarela – vinhos leves e jovens, brancos ou tintos;

Brie, Camembert e assemelhados – branco maduro (Chardonnay), tintos;

Emmental, Gouda, Reino, Prato, Saint-Paulin, Tilsit, Port-Salut – tintos maduros e encorpados;

Provolone – branco maduro, tinto de corpo médio;

Roquefort, Gorgonzola e assemelhados – tintos maduros, brancos doces de qualidade, fortificados;

Parmesão, Pecorino – tintos maduros, fortificados.

Patés – brancos doces de qualidade, fortificados doces.

(***) Bacalhau: aqui cabe uma historinha – tradicionalmente este prato era acompanhado por um tinto de Portugal. Existe uma razão; não se faziam bons brancos por lá até algum tempo atrás. Hoje esta regra foi abandonada.

Curiosidade – espumantes, de boa qualidade, combinam com todos estes queijos ou patés.

As Incompatibilidades:

– temperos fortes como curry, azeite de dendê, molho de soja, wasabi;

– alcachofra, aspargos, couve, repolhos etc;

– ovo de galinha, codorna ou pato; vinagre, frutas cítricas como limão, grapefruit (toranja) e similares.

– chocolate – aqui a controvérsia é grande. Há quem afirme que não combina com nenhum vinho. Alguns enogastrônomos harmonizam com Vinho do Porto ou um vinho doce francês chamado Banyuls.

Dentro da estratégia de contrastar, experimentei uma mousse de ricota, canela e chocolate, servida com um potente Malbec, vinho top da vinícola que visitávamos. Simplesmente a combinação perfeita.

Desafio para os leitores: Feijoada combina com vinho? Qual? Garanto que há uma resposta escondida no texto…

Dica da Semana:
Tegole IGT Toscana 2004 Piccini
Produtor: Piccini – Itália
Região: Toscana
Uva: Sangiovese
Um belo Sangiovese, marcante e saboroso, com um bouquet repleto de frutas maduras. Ótimo para acompanhar pratos de carne ou massas.
Saúde!
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