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A resposta mais delicada do grupo a este quase insulto é que ele tem um paladar adamado e que não entende absolutamente nada sobre vinhos tintos.
Mas há mais coisas neste tópico do que se imagina.
Um pouco de legislação
Esta classificação (demi-sec), tipicamente brasileira quando se trata de vinhos tintos é quase nula nos grandes países produtores como Itália, França, Espanha e Portugal. Nestes, ela é aplicada principalmente para os brancos e espumantes, completando a escala que inclui os suaves, doces, amabiles e licorosos.
No Brasil houve uma adaptação das leis internacionais para incluir os nossos vinhos de garrafão, até hoje o ganha-pão de diversos produtores nacionais, criando um monstrengo que classifica, nesta opção, vinhos que apresentem desde 5,1 g/L de açúcar até exorbitantes 20 g/L, o que já seria perigoso para diabéticos.
Para os espumantes, esta mesma classificação abrange desde 20g/L até 60 g/L de açúcar residual.
Só o Brasil obriga que esta informação conste de rótulos ou contrarrótulos dos vinhos tintos importados, o que acaba por se tornar um fator de aumento dos custos.
Limiar da percepção
Doçura é uma sensação assim como o amargor. Cada pessoa terá um limite próprio o que explica as diferentes atitudes com relação a bebidas como limonada ou café: alguns preferem ao natural e outros só conseguem bebê-las se estiverem doces ou muito doces.
O açúcar seduz. Por esta razão, alguns dos vinhos mais famosos do mundo trazem este viés adocicado: Riesling, Ice Wine, Sauternes, Gewurztraminer e, até mesmo, o exuberante Amarone.
Nenhum destes vinhos recebe adição de açúcar na sua elaboração, o que muitas vezes é proibido por lei. Sua doçura decorre dos açúcares não convertidos em álcool durante a fermentação, uma decisão do enólogo que leva em consideração o ponto de maturação da uva colhida.
Açúcar, o trapaceiro
Infelizmente, vinhos adocicados classificados como “demi-sec” ou meio-doces têm péssima reputação em todo o mundo. A presença desta quase doçura indica que pode haver problemas no vinho.
Um bom exemplo para fixar esta ideia é responder a este teste:
Algum leitor degustaria uma colher de manteiga ou outra gordura sem nenhum problema?
Que tal se em lugar desta experiência, quase horrorosa, degustasse uma bela colherada de sorvete cremoso?
A diferença entre a primeira e a segunda prova é uma só: açúcar.
O nosso paladar foi completamente enganado por este inebriante pó branco!
Disto se aproveitam produtores inescrupulosos que, deliberadamente, deixam seus vinhos mais doces para esconder a péssima qualidade deles…
Tinto “demi-sec”?
Fuja ou eduque seu paladar! (há exceções)
Dica da Semana: já está na hora de investir em bons brancos.
Anakena Ona Special Reserve White Blend 2013
Este vinho combina a estrutura da Chardonnay, a elegância da Riesling e o caráter floral da Viognier. Equilibrado, fresco e elegante.
Aroma: intenso e complexo, com deliciosa combinação de notas florais e frutas tropicais, como damasco e toque mineral.
Paladar: Em boca corresponde ao nariz, refrescante e equilibrado, com acidez crocante e final persistente.
Harmonização: Ideal para acompanhar frutos do mar, risotos, saladas ou para servir como aperitivo.
Limpar tudo isto corretamente envolve ciência e arte. Tão importante, que todo enófilo que se preze, deveria dominar pelo menos uma técnica e lavar seus próprios cristais.
1 – Material necessário
– detergente neutro inodoro – muito difícil de achar por aqui. Quase todos que se declaram “neutros” possuem algum tipo de aroma.
No Rio de Janeiro existe um sabão pastoso bastante popular, o Neutral. Se preferir use o tradicional Limpol Neutro.
Uma alternativa é buscar detergentes usados na área médica, vendidos apenas em embalagens de 5 litros. Monte um grupo e divida isto entre todos.
– esponja de limpeza macia – procure as que não tenham um lado abrasivo. Se for inevitável, escolha as que são indicadas para panelas antiaderentes.
A turma da Velha-guarda ainda acha que o instrumento mais perfeito para lavar uma taça é a nossa mão…
Se for possível, reserve uma esponja só para este fim, evitando contaminações cruzadas.
– toalhas de microfibra ou flanelas macias para a secagem;
– álcool, água sanitária e água quente.
2 – Taças e acessórios de cristal ou vidro
O primeiro passo é remover marcas de batom ou de gordura.
Geralmente com água quente e detergente se consegue um bom resultado.
As manchas mais persistentes não resistirão a um tratamento com papel toalha, com um pouco de álcool ou mesmo aquelas pequenas esponjas para remover maquiagem.
A próxima etapa é uma boa ensaboada com especial atenção para a borda e fundo da taça, seguida de um extenso enxague em água aquecida.
Taças de cristal são mais porosas que as de vidro comum e, por esta razão, a quantidade de detergente usada deve ser a mínima possível: 1 gota por peça no máximo.
Taças de vidro podem ser lavadas em máquina lava-louça sem problemas.
As fotos a seguir mostram uma série de acessórios que podem facilitar muito este trabalho.
Diferentes esponjas de limpeza, a mais comprida serve para limpar um decantador;
Estas bolinhas de aço são próprias para os decantadores e garrafas de cristal. Use-as com água e detergente e recolha-as com auxílio de uma peneira;
3 – Finalização
Esta é a parte mais importante deste processo. Envolve escorrer as taças e acessórios, seguida de uma etapa de checagem e polimento.
Opcionalmente, pode-se fazer uma esterilização, passando cada peça por uma solução de 1 colher de sopa de água sanitária em 4 litros de água (não pode ter cheiro forte de cloro), antes de colocar para escorrer.
Taças e decantadores devem secar com a boca para baixo, seja pendurados em racks próprios, nos tradicionais escorredores ou sobre tapetes que absorvam a água (dish drying mat).
Uma vez secas, deve-se fazer uma boa checagem visual em busca de resíduos que não foram removidos e odores estranhos. Neste caso, lave novamente.
Se tudo estiver certo, antes de guardar se deve passar um pano macio para polir. Use qualquer tecido que não solte fiapos. O ideal são os panos de microfibra, mas os profissionais ainda preferem uma flanela de ótima qualidade embebida em um pouco de álcool.
Guarde tudo com a boca para cima e com espaço entre a peças. Se não for possível e as taças ficarem muito próximas, envolva-as em papel de seda.
Arrumando a mesa
Não é nenhum mistério a colocação das taças numa mesa formal ou informal. Poucos princípios devem ser observados.
Vamos a eles:
– todas as taças serão colocadas no lado direito do prato, seja formando um triângulo, uma linha diagonal ou em semicírculo;
– sempre haverá uma taça para água, que deve ser colocada em alinhamento com a faca principal;
– o número total de taças, por pessoa, vai corresponder ao número de vinhos que serão servidos;
– serão dispostas à direita da taça para água, em ordem que corresponda do último vinho para o primeiro;
Exemplo no caso de 2 vinhos:
Existe uma razão para isto, os vinhos são servidos pelo lado direito do convidado. Ao final de cada etapa da refeição, as taças utilizadas são removidas.
Se for servido um espumante ao final da refeição, a taça pode ficar por fora do alinhamento tradicional ou ser a mais próxima da taça para água.
Não se preocupem com a troca de taças entre vinhos diferentes. Há um velho chavão que diz:
“Nada melhor para lavar uma taça que o próximo vinho”.
Dica da Semana: Ainda é tempo para degustar um bom tinto
Aliwen Reserva Cabernet Sauvignon Carménère
Dica da Semana: para tentar fugir desta crise, um interessante vinho da tradicional Vinícola Aurora.
Um vinho harmônico e muito sedutor.
Taça: http://www.wineenthusiast.com/zalto-denk-art-bordeaux-glass.asp