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Defeitos comuns no vinho

Por ser um produto em constante evolução, o vinho pode ser atacado por diversos males que acabam por destruir suas boas qualidades. Um bom enófilo certamente já encontrou defeitos ao abrir uma estimada garrafa. Quase sempre o destino é o lixo.
Alguns defeitos têm origem no próprio manuseio (inadequado) da uva, outros na fase de elaboração ou mesmo durante o armazenamento. Vamos descrever os mais comuns.
 
1 – Vinho “bouchonné” ou com cheiro de rolha
 
Muito fácil de ser reconhecido até por enófilos principiantes, pode ser descrito como um aroma de papelão úmido ou como preferem alguns críticos de língua ferina “cheiro de cachorro molhado”. Isto decorre da presença de TCA ou Tricloroanisol. Este composto ataca as rolhas e as barricas de envelhecimento produzindo o desagradável odor.
 
Nada a fazer se encontramos uma garrafa contaminada: jogue pelo ralo da pia. Nem para cozinhar serve…
 
2 – Vinho avinagrado
 
Sabemos que a palavra vinagre deriva da expressão francesa “vinaigre” que significa vinho agre ou azedo. Um vinho avinagrado foi contaminado pela bactéria “mycoderma aceti” conhecida como “vinagre mãe”. Isto decorre por baixa higiene na cantina ou por guarda incorreta associada à rolhas de baixa qualidade: nem todo o vinho serve para ser guardado.
 
Assim como no caso anterior, descarte…
 
3 – Aroma de “ovos podres” e similares
 
Este defeito denominado “redução” tem origem na presença acentuada de compostos à base de enxofre (mercaptanos), muitos deles usados como conservantes. Alguns autores descrevem este aroma como fósforo ou borracha queimada. A origem pode estar ligada ao excesso de sulfeto de hidrogênio usado na preservação do vinho ou por más condições de higiene durante a trasfega do vinho entre as diferentes fases de elaboração.
 
Segundo alguns especialistas, seria possível recuperar um vinho neste estado fazendo uma prolongada decantação em contato com uma ou duas moedas de cobre até que o aroma desapareça. Há um risco…
 
4 – Vinho oxidado
 
Este defeito pode ser descrito como o oposto do anterior. Em lugar do olfato, vamos precisar da nossa visão para identificar o problema: uma coloração quase laranja, sem brilho. Líquido velado. Em certos casos cheira a mofo ou coisa velha.
 
Isto é resultado de uma guarda excessivamente prolongada onde a rolha ressecou e houve uma indesejada entrada de ar na garrafa. O vinho morreu.
 
Curiosamente há quem consiga apreciar vinhos assim. Experts sugerem que se a gravidade não for intensa que se experimente um pequeno gole. Quem sabe não se descobre novas emoções.
 
Na maioria dos casos, lixo!
 
 
5 – Aromas de estrebaria
 
Este defeito decorre da presença de uma levedura natural, bem comum nas vinícolas a Brettanomyces. Há quem a classifique como uma super-levedura e a utilize na fermentação alcoólica. Mas qualquer descuido pode estragar tudo. Em condições normais as leveduras selecionadas na elaboração de vinhos conseguem neutralizar este defeito sem muitos problemas. Um rígido controle da fase de fermentação e boa higiene da cantina são suficientes.
 
Se o aroma não for dos mais intensos a vinho pode ser consumido. Caso contrário, descarte.
 
6 – Outros defeitos menos comuns
 
Embora raros, podem aparecer diversos outros aromas ou sabores que listamos a seguir. Vinhos com estes defeitos são candidatos a não serem consumidos:
 
– sabor de água de piscina ou alvejantes decorrente de excesso de alcalinidade;
 
– aromas e sabores de “remédio” ou “fármacos”. Ocorre em vinhos cujas uvas estavam atacadas pela podridão produzida pela “botrytis cinérea” ou que tenham sido adulterados;
 
– sabores metálicos decorrente do contato com alguns metais que não deveriam estar presentes na fase de elaboração.
 
7 – Vinho sem aroma ou sabor
 
Comumente denominado de vinho fechado ou chato. Em geral é um vinho ainda muito jovem ou que foi transportado em condições muito rudes: está em choque.
 
Dê uma chance a ele e o esqueça no decantador por um par de dias. Se não resolver, descarte.
 

Dica da Semana:  este não tem defeitos!
 
Chakana Malbec Reserva 2011
 
Produtor: Bodegas Chakana, Mendoza, Argentina
Púrpura intenso com reflexos violáceos.
No nariz, revela notas de frutas secas como ameixa adornadas por notas de especiarias exóticas e toques de chocolate.
Na boca, apresenta ótima concentração de frutas e taninos bem equilibrados.
Acompanha churrasco, carnes assadas e defumadas, pratos condimentados e queijos maduros.
 

Vinho na Copa do Mundo 2014

No dia 12 de junho deste ano no inacabado Itaquerão, que deveria ter sido chamado de “Curingão”, ocorreu o 1º jogo da tão esperada Copa do Mundo FIFA, na qual o nosso esquadrão “Canarinho” tentará ser hexacampeão, acalmando os nervos de governantes e cidadãos… Vamos torcer, obviamente, mas sem o mesmo entusiasmo observado em outras épocas, notadamente 1970.
 
Chega de saudosismo!
 
A grande novidade introduzida pela poderosa D. FIFA foi a liberação de bebidas alcoólicas nos estádios, que era proibida por resolução da CBF e foi, tecnicamente, ratificada pelo Estatuto do Torcedor (existem brechas jurídicas). Como um dos patrocinadores desta Copa é a Cervejaria Budweiser, da Inbev, o nosso Senado aprovou, em regime de urgência, A Lei Geral da Copa que, entre outras benesses concedidas para a D. FIFA, libera a venda de bebidas alcoólicas durante os jogos.
 
Além da cervejota, estarão presentes 3 vinhos tranquilos brasileiros e 1 espumante, que a nossa poderosa e arrogante personagem principal decidiu que seria francês: um Taittinger. Uma tremenda deselegância com os nossos excelentes produtos. Só por isto já valia um protesto!
 
O Sr. Blatter, velho conhecido nosso, é um daqueles personagens que tem até assessor para pegar coisas que caem no chão. Muito necessário no caso dele, pois se abaixar, não levanta mais…
 
Intriga? Olha a prova aqui:
 
 
Para fornecer os vinhos, um branco, um tinto e um rosé, escolheram uma vinícola boutique localizada no Vale dos Vinhedos, a Lidio Carraro. Interessante escolha, pois esta empresa já havia fornecido os vinhos dos Jogos Pan Americanos de 2007 no Rio de Janeiro. Naquela época foram selecionados 5 rótulos da vinícola, entre eles, 2 espumantes.
 
 
Para a Copa foi desenvolvida uma linha especial denominada Faces FIFA World CUP™.
 
Segundo a vinícola:
 
“A cor, os aromas e os sabores do Brasil. A sua terra e a sua gente traduzidos no vinho. Um “time de uvas” em perfeita harmonia, provenientes de distintos terroirs brasileiros, para valorizar a diversidade, vocação e identidade do País verde-amarelo! A combinação de uvas escolhida forma o caráter do vinho onde cada uva é responsável por um atributo na composição da cor, aroma e sabor”.
 
O Branco
 
Um corte de três uvas bem adaptadas ao terroir Gaúcho: Chardonnay, Moscato e Riesling Itálico. Foram vinificados em separado utilizando-se métodos adequados para cada casta. Depois de amadurecidos em tanques de Inox foi feita uma assemblage na proporção de 1/3 para cada vinho.
 
Na taça mostra cor amarelo dourada brilhante com lágrimas preguiçosas. As primeiras notas sentidas são as que têm como origem a Moscato: rosas brancas, frutas cítricas e frutas exóticas, complementadas com notas de flor de tília e pêssego maduro passadas pelos demais vinhos. O Riesling Itálico contribui com frescor e persistência, além de uma nota delicada de flores brancas cabendo ao Chardonnay ser a estrutura de ligação entre os vinhos, contribuindo com notas frutadas, volume e consistência em boca. O retrogosto é agradável e convidativo.
 

O Rosé

Este vinho foi pensado para ser o preferido nas cidades de clima mais tropical. Algo para ser consumido nos dias quentes, em vez da cerveja. Um vinho descompromissado. A embalagem foi estudada para ter pouco peso e ser fechada com tampa de rosca simplificando sua abertura. Ainda assim, é um vinho elaborado com todos os cuidados exigidos e com o padrão de qualidade da Lidio Carraro.
 
Novamente 3 castas foram selecionadas, Pinot Noir, Merlot e Touriga Nacional, representando as diferentes regiões onde se cultivam as viníferas no Rio Grande do Sul. O corte, obtido a partir de vinificações em separado, como no vinho branco, contemplou a seguinte proporção: 50% Pinot Noir, 35% Merlot e 15% Touriga Nacional. Segundo a Enóloga Monica Rossetti, está foi a melhor combinação, obtida após numerosos ensaios.
 
A coloração rosa salmão produz agradável impacto visual convidando a uma degustação descontraída. Os 50% Pinot Noir produzem um caráter essencialmente frutado, com notas como cereja, groselha e pomelo. Aromas complementares de framboesa e morango, que aparecem depois de alguns minutos de evolução na taça, são devido à casta Merlot, exercendo um papel determinante na boca, conferindo um agradável volume e um perfil refrescante e jovial ao vinho. A casta de menor proporção, Touriga Nacional, marca a personalidade do vinho com uma nota floral de rosas e especiarias orientais.
 
 

O Tinto

Foi elaborado com uma interessante característica: 11 castas diferentes, como se fosse um time de futebol, com uma escalação pensada cuidadosamente. Sem dúvida é o vinho mais interessante do grupo. A elaboração foi muito trabalhosa: cada uva foi vinificada de forma independente, utilizando diferentes processos para cada casta. A preocupação da enologia era ressaltar as diferentes combinações de solo, clima e uvas que caracterizam a produção de vinhos no Rio Grande do Sul. Um resultado interessante. Eis a “escalação”:
 
Goleiro: Malbec;
 
Defesa: Tannat, Nebbiolo, Alicante e Ancelotta;
 
Meio-Campo: Pinot Noir, Touriga Nacional, Tempranillo e Teroldego;
 
Ataque: Cabernet Sauvignon e Merlot.
 
 
Para o corte, os vinhos passaram por fermentação malolática e após vários testes escolheram a seguinte proporção:
 
50% Cabernet e Merlot;
 
35% Tannat, Malbec, Pinot Noir e Teroldego;
 
15% Ancelotta, Nebbiolo, Touriga Nacional, Tempranillo e Ancelotta.
 
Na taça, este vinho remete imediatamente às duas uvas “atacantes” em cor e aromas marcantes. Como num time de verdade, as “meio-campistas” marcam sua presença através de sutis notas de ameixa, chocolate, framboesa e violetas, além de proporcionar volume. Coube ao grupo da “defesa” cuidar da estrutura e dos aveludados taninos. A Malbec, firme no gol, responde pelo final de boca com suas notas frutadas e de especiarias doces.
 
 
Apesar das descrições elaboradas, fornecidas pela vinícola, são vinhos para serem consumidos já. Foram elaborados com todo o cuidado e preocupação com a qualidade, mas isto só não os torna “grandes vinhos” e nem poderia ser diferente. O principal objetivo é comemorar nas vitórias ou consolar nas derrotas. Findo o torneio, serão lembrados como bons companheiros. Tempo de guarda máximo de 3 anos.
 
Dica da Semana: escolham a sua versão preferida.
 
Faces FIFA World CUP$

Dois estudos interessantes

#1 – Vinho x Cerveja
 
Para os menos atentos, estas duas delícias são produzidas de forma semelhante: são fermentadas. Podem ser de uma mistura de grãos ou de uvas viníferas. Nas cidades praianas ou de clima mais quente, beber um loura suada é um prazer indescritível. Se for uma tulipa de chopp, melhor. Talvez por esta razão o consumo de vinhos, no Brasil, é tão pequeno.
 
Este curioso estudo, realizado na Universidade de Zurique com colaboração do Hospital Universitário de Vaudois, analisou 5400 homens na faixa etária dos 20 anos, de diversas atividades profissionais, pesquisando o comportamento dos bebedores de cerveja. O resultado foi uma surpresa:
 
Homens que preferem as cervejas assumem mais riscos que aqueles que bebem vinho ou mesmo dos que não têm preferência por uma bebida alcoólica determinada. Como um efeito colateral, os cervejeiros bebem mais que a média e estão mais suscetíveis a experimentar drogas ilegais…
 
A pesquisa constatou que, num período de uma semana, aqueles que consomem cerca de 20 copos de cerveja tendem a fumar maconha, pelo menos uma vez, e admitiram ter experimentado uma substância ilegal nos últimos 12 meses.
 
 
 
Com relação aos amantes do vinho, apenas 5% dos pesquisados, eles seriam menos atraídos pelas drogas proibidas.
 
Os jovens suíços preferem as cervejas, mas isto não impede que a pesquisa seja utilizada em outros países.
 
Um dos fatores preponderantes é o preço, sensivelmente menor que o do vinho, tornando-se um atrativo natural para os que estão em início de carreira ou menos favorecidos financeiramente. Em determinados países este comportamento de risco é um problema que aflige a todos.
 
A pesquisa serve de embasamento para campanhas oficiais de redução do consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens.
 
Para não correr riscos, bebam Vinho!
 
#2 Vinho e Depressão
 
Pesquisadores espanhóis acompanharam um grupo de 5500 homens e mulheres entre os 55 e os 80 anos de idade, durante um período de 7 anos. Selecionaram pessoas que, no início do estudo, não tinham problemas com depressão e nem tomavam medicamentos para isto. Os resultados foram animadores.
 
 
 
Constataram que aqueles que consumiam uma quantidade de álcool entre 5 a 15 gramas, por dia, o que equivale a 1 taça de vinho (50 ml a 150 ml), correram menos riscos de desenvolver um processo depressivo, comparando com pessoas que nunca consumiram bebidas alcoólicas.
 
O estudo mostrou que mesmo nesta era de crises econômicas, grande desemprego e outras más notícias diárias, este mínimo consumo regular era saudável. Impressionante!
 
Para estes estudiosos, o vinho, entre todas as bebidas analisadas, é o grande aliado do grupo da 3ª idade para prevenir este complicado problema.
 
O que vocês estão esperando?
 
O Vinho é o melhor aliado para combater a depressão. Uma taça por dia não faz mal e ajuda, também, no combate à ansiedade e pressão alta.
 
Dica da Semana:  para iniciar este tratamento já!
 

Tilia Malbec Syrah 2012 Combinando duas castas de grande exuberância, o Tilia Malbec/Syrah é um verdadeiro presente para os hedonistas.Macio, maduro e incrivelmente saboroso, mostra um estilo moderno, mas muito equilibrado, impossível de não gostar.Um vinho de espetacular relação qualidade/preço!

RP 88 (2012)
RP 89 (2011)
 

Vinhos Argentinos 2014 por Parker e Tanzer

 Recentemente dois grandes críticos publicaram suas relações dos mais pontuados vinhos do país Hermano. Nesta coluna vamos apresentar estes resultados, lembrando que o degustador designado pela Wine Advocate, de Parker, foi Luis Gutierrez.
 
Começamos com as notas de Stephen Tanzer que trouxeram uma bela surpresa: o vinho mais bem pontuado foi um branco, o Catena Zapata Chardonnay White Bones Adrianna Vineyard 2010, elaborado por Alejandro Vigil, principal enólogo da casa. Recebeu 95 pontos!
 
 
Um resumo da relação:
 
94 pontos
 
Catena Zapata Malbec Adrianna Vineyard 2010
Achaval Ferrer Finca Bella Vista Mendoza 2011
Viña Cobos Volturno Proprietary 2011
Terrazas de los Andes Cheval des Andes 2009
Nicolas Catena Zapata 2010
 
93 pontos
 
Vina Cobos Malbec Bramare Marchiori Vineyard 2011
Bodega Noemia Malbec 2011
Vina Alicia Cuarzo 2010
Catena Zapata Chardonnay White Stones 2010
Malbec Catena Zapata Nicasia Vineyard 2010
Susana Balbo Brioso Mendoza 2010
Casarena Malbec Jamilla’s Single Vineyard 2011
Terrazas de los Andes Malbec Single Vineyard Las Compuertas 2010
Poesia Mendoza 2010
Cabernet Franc Gran Enemigo 2010
Malbec Catena Zapata Argentino 2010
 
 
Na relação de Parker, um vinho tinto aparece em 1º lugar: Gran Enemigo Single Vineyard 2010 da Bodega Aleanna, 97 pontos. Esta vinícola pertence a Alejandro Vigil (proprietário e enólogo), o mesmo do Chardonnay escolhido na lista anterior. Interessante coincidência.
 
Eis a parcial lista dos melhores:
 
96 pontos
 
2012 Familia Zuccardi Finca Piedra Infinita
2010 Bodegas Catena Zapata White Bones Chardonnay
2011 Bodega Noemia de Patagonia Malbec
2010 Bodegas Catena Zapata Malbec Catena Zapata Adrianna Vineyard
 
95 pontos 
 
2010 Bodegas Catena Zapata Cabernet Sauvignon Nicolas Catena Zapata
2011 Achaval Ferrer Malbec Finca Altamira
2012 Familia Zuccardi Finca Los Membrillos
2010 Bodega Aleanna Gran Enemigo Agrelo Single Vineyard
2009 Bodega Aleanna Gran Enemigo Gualtallary Single Vineyard
2011 Casarena Poblacion J M Blanco Cabernet Sauvignon
2010 Bodega Noemia de Patagonia Noemia 2
2011 Achaval Ferrer Malbec Finca Bella Vista
2012 Per Se La Craie
 
Listei apenas os vinhos mais destacados de cada relação. Como era esperado, há diferenças entre os critérios adotados apesar das fichas de degustação e técnicas padronizadas. Muitos leitores questionam a validade desta metodologia, razão pela qual escrevemos esta coluna. Mais importante ainda, as escolha dos vinhos para analisar foram significativamente diferentes, com poucos vinhos em comum, 4 vinhos apenas:
 
 
Certamente o consumidor final é o grande beneficiado. Os vinhos acima são os mais sofisticados de cada produtor e o preço corresponde. Mas em cada lista há opções em conta.
 
Segundo Gutierrez, existe uma tendência mundial para vinhos com maior frescura e fáceis de beber. Percebe-se um rumo na direção de maior equilíbrio, elegância e distinção.

Dica da Semana:  um vinho que recebeu 94 pontos de Parker.

 

Vinho Alta Vista Single Vineyard Temis Malbec

Vinho de cor rubi, profundo. Contem aromas que remetem a frutas frescas e agradaveis de florais. Possui taninos macios e envolventes, paladar marcante.
Harmoniza com carnes vermelhas, massas ao molho sugo.
 

Vinho na Semana Santa

Por ser um país de raízes católicas, a maioria dos brasileiros respeita a tradição da abstinência na Sexta Feira Santa: não se consome carne ou seus derivados. Entram em cena os tradicionais frutos do mar e o bacalhau costuma ser a estrela do cardápio. Mas existem opções interessantes.
 
Vamos lembrar um pouco da história deste período. Tudo começa no Domingo de Ramos, celebrando a chegada de Jesus em Jerusalém e termina no Domingo de Páscoa comemorando sua ressureição. O ponto culminante desta celebração é marcado pela Santa Ceia ou Última Ceia, que ocorre na quinta-feira. As cenas pintadas pelos mais famosos artistas mostram que o vinho estava presenta nesta mesa.
 
O dia seguinte, sexta-feira, é um dia de pesar e lamento pela morte de Cristo. Antigamente se observava o jejum além da abstinência, as cozinhas não funcionavam e não se trabalhava.
 
No Sábado de Aleluia aguarda-se a ressureição. Um dos ritos mais curiosos deste dia é “malhar o Judas”, tradição mantida em muitos lugares.
 
O grande dia festivo é o Domingo de Páscoa comemorando a Ressureição. É o dia do grande banquete, dos ovos de chocolate e de muita alegria. Nos costumes brasileiros, herança de nossos descobridores portugueses, praticamente só se consome peixes, entre eles o bacalhau, e os frutos do mar. Mas em outras culturas há o hábito de assar um caprino ou ovino (cordeiro, cabrito, ovelha) que é servido ao fim do dia. Porco e coelho (lebre) também são comuns.
 
Apenas como uma curiosidade, naquela época era mais seguro beber vinho do que água, mesmo que a nossa bebida favorita já tivesse se convertido em vinagre. Por esta razão, o vinho não era um símbolo de comemoração, mas uma necessidade. Ao longo dos anos, com as descobertas de filtração e esterilização da água, o vinho paulatinamente tornou-se um artigo de exceção, só usado em ocasiões especiais. A Semana Santa é uma data muito particular para todos os cristãos.
 
Tomar um cálice de vinho na Quinta-Feira Santa é uma bela maneira de homenagear a Santa Ceia. Mas nada de exageros. É um vinho de reflexão, de comunhão, sem nenhuma extravagância gastronômica. Para combinar com este momento tem que ser algo de solene, com textura aveludada, cor fechada e belos aromas. Um vinho ao estilo Bordalês seria boa opção. No momento que escrevo imagino um Miguel Escorihuela Gascon, um corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e Syrah elaborado em Mendoza.
 
 
Na Sexta-feira da Paixão, em algumas casas brasileiras, é dia de peixe. Todos conhecemos a harmonização clássica com vinhos brancos, mas isto não é uma regra fixa.
 
Tintos jovens e frutados ou Rosés podem se tornar escolhas interessantes valorizando a receita escolhida. Para não errar lembrem-se:
 
– pratos mais gordurosos pedem vinhos com mais acidez e algum tanino. Um tinto leve (Pinot ou Gamay) tem seu lugar;
 
– molhos salgados ou alimentos defumados casam melhor com vinhos jovens e frutados;
 
– espumantes quase sempre são coringas, mas neste dia…
 
Bacalhau, também consumido no Domingo de Páscoa, mereceria um capítulo inteiro. Vem de Portugal a combinação de tintos encorpados com este prato. Mas não é para qualquer receita: tem que ser um Bacalhau com Natas ou um Zé do Pipo. Precisa haver uma boa quantidade de gordura para enfrentar o turbilhão de taninos e acidez dos tintos da terrinha.
 
Obviamente, se a receita for de origem espanhola, nada melhor que um Tempranillo, que vai ficar perfeito, também, com uma Paella. Para preparações mais leves um Chardonnay que tenha passado por madeira e fermentação malolática é perfeito.
 
 
Na era da globalização o salmão virou boa opção. Não é difícil combiná-lo com vinhos: tintos leves como um Pinot ou mesmo um Syrah australiano dão conta do recado.
 
Uma saborosa combinação pode ser obtida com pratos mais leves como peixes cozidos no limão ou com molhos salgados como alcaparras e azeitonas – o sal excessivo pode ser equilibrado com um bom fortificado como o Jerez, o Porto branco ou o rosé, todos gelados.
 
Carne de caprino ou ovino no domingo de Páscoa é a grande pedida para quem gosta de bons vinhos e boa harmonização, embora não seja uma presença habitual nas mesas brasileiras. As opções são múltiplas, todas deliciosas, um casamento quase sagrado. Alguns autores afirmam que nada combina melhor com os grandes vinhos do mundo do que uma paleta de cordeiro assada ou mesmo as deliciosas costeletas. Estamos falando de Vega Sicilia, Petrus, Penfolds Grange, Don Melchor ou Catena Malbec Argentino. Todos “monstros sagrados” do mundo dos vinhos.
 
 
Mas não precisamos gastar muito, há muitas opções com excelente relação custo x benefício. Particularmente gosto dos vinhos em que a Syrah é a casta predominante. Cabernet americanos, chilenos e argentinos casam perfeitamente com este tipo de carne. Para fugir um pouco do habitual, há bons Tannat uruguaios, os vinhos portugueses sempre se saem bem assim como os Merlot produzidos por aqui. (vejam a dica da semana)
 
A sobremesa!
 
Para a turma que quer manter o peso e a silhueta a coisa fica difícil: chocolate, chocolate e mais chocolate. Infinitas variações!
A combinação tradicional sugere Vinho do Porto, Banyuls, Vin Santo, Ice Wines e outros de colheita tardia, todos doces ou muito doces.
 
Entretanto há exceções. Que tal harmonizar com um belo tinto seco, tal e qual ao usado no cordeiro?
 
É perfeitamente possível, mas para isto dar certo temos que escolher o chocolate adequado: esqueçam os Ovos de Páscoa, bombons e as barras de chocolate ao leite tão comuns. A combinação ideal seria um chocolate amargo com 75% de cacau ou mais – quanto maior for esta porcentagem melhor. Quem vai brilhar aqui será um bom e encorpado Cabernet, Merlot ou Syrah. Não tenham medo.

Dica da Semana:  
um belo e elegante tinto que pode ser servido com o cordeiro e o chocolate.
 
 

La Flor de Pulenta Cabernet Sauvignon 2011 
Vermelho profundo, seus aromas lembram pimentão e especiarias, com notas de baunilha e tabaco provenientes do carvalho.
Na boca apresenta boa concentração e taninos suaves que lhe conferem uma estrutura volumosa.
Seu final elegante e longo fazem dele um grande vinho.

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