Tag: Malbec (Page 9 of 16)

Sexta-feira aqui em casa…

Entra ano, sai ano, quanto chega o período frio para os cariocas fazemos uma reunião para ‘abrir’ a temporada de degustar vinhos tintos. Neste 2013 não foi diferente. Convidamos três casais bons de taça e preparamos uma bela noitada.
 
Minha esposa havia chegado de viagem trazendo alguns queijos pouco comuns por aqui: um Stilton e um Cheddar ingleses e 2 queijos de leite de cabra produzidos em Chipre. Acrescentamos um viés árabe composto de Hummus, coalhada seca e Manouche. Cestas com alguns tipos de pães e torradas completavam a mesa de beliscos.
 
Mas tarde, dependendo da disposição da turma, serviríamos um prato quente.
 
Para iniciar os trabalhos abrimos um Primitivo di Manduria SUD Feudo San Marzano safra 2010.
 
 
Esta garrafa foi fruto de uma extensa negociação na compra de uma caixa do famoso Tiganello. Após muito papo, duas garrafas deste primitivo foram acrescidas, sem custo, ao pacote.
 
Na Puglia, esta casta irmã da californiana Zinfandel e da croata Crljenak Kastelanski produz vinhos encorpados, escuros, redondos e aromáticos, muito fáceis de beber.
 
Era fácil distinguir aromas de ameixas e cerejas maduras, notas de baunilha e cacau e muita fruta no paladar. Um ótimo começo de noite.
 
As taças secaram rapidamente e logo passamos para a segunda garrafa. Partimos para os argentinos: Goulart The Marshall Malbec, safra 2008. Um vinho de respeito com uma bela história.
 
O nome é uma homenagem ao fundador desta vinícola, o Marechal Gastão Goulart, que lutou na Revolução Constitucionalista de 1932 no Brasil. Exilado na Argentina, adquiriu o vinhedo em 1915, na região de Lunlunta, em Lujan de Cuyo.
 
 
Após muitos anos de abandono, sua sobrinha, a paulista Erika Goulart, assumiu a propriedade no ano de 1995, iniciando a recuperação do vinhedo e a construção da vinícola. A primeira vinificação foi em 2002 e desde então, seus produtos tem recebidos elogios da crítica e prêmios nos mais importantes concursos internacionais. Esta safra de 2008 recebeu 91 pontos de Robert Parker e 92 pontos da Wine Enthusiast. É considerado um ‘Best Buy’.
 
Com uma bela cor rubi intenso, tem aromas de frutos negros, tabaco e especiarias. No paladar percebe-se um bom corpo, taninos arredondados, frutos negros, pimenta e uma discreta baunilha devido ao envelhecimento em madeira. Um ótimo vinho que preparou a turma para o que viria em seguida.
 
O terceiro vinho da noite era algo muito especial. Outro argentino, o Petit Caro, uma ‘joint venture’ entre o respeitado Nicolas Catena Zapata e o Barão Rothschild, daí o nome: CAtena + ROthschild. Esta garrafa estava guardada, há algum tempo, para ser degustada junto com o ‘Caro’, carro-chefe desta vinícola. Simplesmente não aconteceu e por ser da safra de 2006 estava na hora de consumi-lo.
 
 
Este brilhante corte de Cabernet Sauvignon e Malbec não é mais produzido, tendo sido substituído pelo rótulo Amancaya. Isto tornou esta garrafa uma raridade. Foi degustado no ponto certo. Notava-se a evolução deste vinho já na cor, com notas de vermelho atijolado. Nos aromas, alguns terciários como couro e tabaco, mas ainda muita fruta, boa acidez, taninos equilibradíssimos. Muito gostoso de beber, um p*** vinho segundo um dos degustadores.
 
Resolvemos servir o prato quente, o momento era adequado. Uma curiosa receita à base de palmito, queijo Emmental e queijo Gruyère, preparados com um molho de creme de leite, tomate e diversos temperos. Apelidamos de ‘Strogonoff de Palmito’. Servido com arroz e batata palha, foi o sucesso da noite, todos queriam a receita.
 
Obviamente, as taças estavam secas. Hora de mais um vinho: o Lindaflor Petite Fleur 2009 da vinícola Monteviejo.
 
 
Uma escolha para reverenciar Catherine Péré Vergé, a proprietária da Monteviejo, recém-falecida. Ela foi uma das pioneiras do projeto de Michel Rolland em Mendoza, o Clos de los Siete. Sua vinícola foi a 1ª a ser construída e vem elaborando verdadeiras joias. Esta é uma delas. Um delicioso corte de Malbec, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah com coloração púrpura intensa. No nariz, aromas frutados e condimentados com notas de violeta e baunilha. No palato percebiam-se os taninos macios e sabor arredondado e ótima permanência. Excelente!
 
Estes dois vinhos harmonizaram perfeitamente com o ‘strogonoff’.
 
Era hora de fazer outra mudança. O próximo vinho seria de corpo infinitamente mais leve, já pensando na sobremesa: um Pinot Noir da Patagônia, o Reserva del Fin del Mundo 2010.
 
 
Um produto de alta qualidade, mas acho que servido na hora errada. Muito bem elaborado, apresenta a característica cor vermelho-grená. Aromas de boa intensidade remetendo a frutos silvestres, tabaco, terra e especiarias. Na boca é leve e equilibrado, taninos macios, boa acidez e corpo médio.
 
O problema foi que a ‘turma’ queria ‘caldos’ mais encorpados e, frente ao que já fora servido, achou este meio sem graça. Mas era outro grande vinho.
 
Devidamente pressionados a voltar ao ritmo anterior apresentamos um dos nossos trunfos: Viña Cobos Bramare, Cabernet Sauvignon, 2008. Um vinho de preço alto mesmo na Argentina, elaborado sob a supervisão do ‘Rei’ dos Cabernets californianos, Paul Hobbs e que recebeu 93 pontos de Parker. Não era para qualquer um…
 
 
Pediram e levaram! Um vinho intimidador. A turma engoliu em seco e fez-se aquele silêncio sepulcral. Quase numa única voz perguntaram: o que é isto?
 
A resposta?
 
Fácil, um vinho elaborado pela mais sofisticada vinícola boutique da Argentina. E nem era um dos top que chegam a ser vendidos por US$1,000.00. A denominação Bramare é a segunda linha da empresa e custa 1/10 deste valor citado. Mas vale cada centavo.
 
Uma belíssima tonalidade rubi saudava a nossa visão nas taças. A impressão olfativa remetia a groselha, cedro e grafite com notas de especiarias como cravo e pimenta do reino. No paladar o espetáculo continuava: amoras, figos, café, tabaco e cacau. Uma cascata de sabores encantadores. Perfeitamente equilibrado, final agradável e persistente. Um vinhaço!
 
 
Devidamente vingados pela desfeita que fizeram com o Pinot Noir, nos despedimos de nossos amigos que já estão aguardando o próximo encontro.
 
Até lá, ficamos com a …

Dica da Semana: não foi um dos que servi neste encontro, mas é um belo vinho e com ótima relação custo x benefício.
 
Salton Classic Reserva Cabernet Sauvignon
 
Elaborado a partir da variedade Cabernet Sauvignon. O vinho é fermentado por 15 dias e amadurecido por até 6 meses em barricas de carvalho norte-americano. Vinho límpido, com coloração roxo amora madura. Nariz complexo, frutos vermelhos, especiarias, uva passa, pimenta, eucalipto, violetas, ameixa passa, excelente permanência do sabor.

Prêmios e mais prêmios II

Edição 2013 do Argentina Wine Awards
 
Com características um pouco diferentes das do concurso chileno, os 12 juízes internacionais (um brasileiro entre eles) e 6 argentinos, degustaram mais de 750 amostras de 82 vinícolas em cerca de 2 dias. Uma segunda rodada, só com os medalhistas de ouro, selecionou os grandes vencedores que estão listados no quadro a seguir.
 
 
Além das categorias por tipo de vinho, há um subdivisão por faixa de preços, 5 ao todo, mas nem todas as categorias se enquadram. Nos dados apresentados a moeda é o Dólar Americano.
 
O total de medalhas distribuídas impressiona: 49 de Ouro, 242 de Prata e 314 de Bronze. Apenas 79 amostras voltaram para casa de mãos abanando. Num primeiro momento isto parece uma grande festa, mas a realidade é que esta é a melhor demonstração da qualidade dos vinhos argentinos. Outro detalhe importante foi a participação das grandes Bodegas: Catena Zapata, Cobos, Terrazas, etc. Na opinião de todos, a vinícola que mais se beneficiou foi a minúscula Vid y Vinos S.A. que arrebatou um dos prêmios de melhor Malbec.
 
Uma belíssima história de três amigas que se conheceram quando eram estudantes de Agronomia. Em meados de 2006, quando estavam grávidas, começaram a trabalhar. Marcela Casteller, Graciana e Eloisa Monneret, faziam planos enquanto amamentavam, trocavam fraldas, empurravam carrinhos e entoavam canções de ninar para seus filhos, 2 deles gêmeos. Filhos e vinho cresceram juntos.
 
A marca registrada delas é “Fazemos nós mesmos”, e são respeitadas por isto. Colhem, vinificam, amadurecem, engarrafam e rotulam. Não é supervisão, é muito trabalho manual e muito amor, o mesmo que dedicam às suas famílias. Um projeto de um vinho só, 3.000 garrafas por ano, com alta qualidade.
 
 
Ainda não chegou ao Brasil, quem sabe um dia? Até lá, ficamos com a…

Dica da Semana: um bom Malbec de preço acessível.

Lagarde Malbe DOC

Intensa cor vermelho-cereja com reflexos violáceos.
Aromas complexos, sendo os mais significativos:
cassis, caramelo, tabaco e doce de figo. Na boca é profundo, estruturado e persistente.
Prêmios: WE 91 (07); RP 90 (07); Medalha de Prata – Argentina Wine Awards; DESCORCHADOS 2009 92 (09); WA 89 (09); DESCORCHADOS 2010 92 (10); WA 89 (10)

Eu, o Sr. B, o Sr. G e um Senhor Brunello di Montalcino

Esta é uma daquelas histórias boas de serem contadas.

Há algum tempo atrás, numa importante data, o Sr. B, foi presenteado, pelo Sr. G, com um belo Fattoria dei Barbi 2007, um Brunello de 1ª linha. (Os nomes de alguns personagens estão sendo omitidos devido a um acordo de confidencialidade)

Não preciso comentar que esta garrafa virou alvo de diversos projetos para consumi-la. Como sempre sou consultado sobre estas ideias, fui empurrando com a barriga o projeto até que, finalmente, com a temperatura do Rio de Janeiro em valores aceitáveis, resolvemos consumar o ato.

‘G’, a quem fui apresentado neste dia, juntou-se a nós e fomos para um bom restaurante italiano. Afinal, segundo a lógica de ‘B’, o que harmonizaria perfeitamente com este famoso vinho seria a culinária daquele país que o produziu. Correto, desde que algumas restrições sejam impostas. Por isto mesmo, esta aventura se tornou muito saborosa e instrutiva.

O VINHO

Brunellos são icônicos e respeitados por enófilos de toda parte, em que pese o recente escândalo que revelou procedimentos inadequados na elaboração de alguns exemplares deste vinho.

Apesar de ser um típico país latino, a Itália respeita as tradições mais que as leis, razão pela qual, alguns de seus produtos são desejados e usados como símbolos de status, riqueza e conhecimento. Não é diferente com seus vinhos e os Brunellos estão no topo da lista ao lado de Barolos, Barbarescos, Chiantes e Amarones, para ficar só nos tintos.

Há uma aura de mistério sobre a casta que dá origem ao vinho e ao seu nome. Admite-se que é um ‘clone’ da famosa uva Sangiovese, que só existiria nos arredores da cidade de Montalcino, sub-região Brunello, na Toscana.

Tecnicamente o nome correto é Sangiovese Grosso, uma das 14 variedades de Sangiovese reconhecidas e aquela que (segundo eles) produz os melhores vinhos. A história não termina nisto: esta mesma casta existe em outras regiões, com novas denominações (Prugnolo Gentile; Sangiovese Lamole; etc) e produzem ótimos vinhos. Mas o marketing de Montalcino é forte, somente os vinhos de lá podem ser Brunellos…

A Fattoria dei Barbi é uma vinícola muito antiga (1352). Em 1790 foi comprada pela família Colombini que a administra até hoje. Stefano Cinelli Colombini é o atual enólogo e o responsável pela modernização da empresa. O processo de elaboração usado hoje em dia é muito sofisticado, recorrendo a macerações a frio (3º a 5º) em ambiente saturado de CO2 obtendo-se excelentes resultados.

Após a fermentação em temperaturas controladas por 15 dias, amadurece alguns meses em barricas novas de carvalho logo sendo trasfegado para os tradicionais tanques onde permanecerá por longos 2 anos. Somente é engarrafado 4 meses antes de partir para o mercado. Uma verdadeira joia!

9ad1c-srb2

 

Resulta num vinho de coloração rubi profunda com aromas de frutas negras, notas balsâmicas e um pouco de tostado. No palato é bem equilibrado com acidez perfeita e taninos marcantes. Tem um final de boca interminável.

Estas características quase que obrigam uma harmonização altamente untuosa: é uma bebida que vai secar a nossa boca; para contrapor, precisamos ingerir alimentos que induzam uma boa salivação. As recomendações passam por carnes vermelhas grelhadas ou assadas com seu próprio molho, ossobuco com polenta, paleta de cordeiro, massas com molhos encorpados e queijos maduros.

 bru 0

O ALMOÇO

A nossa garrafa estava quase na metade de sua vida, os Brunellos são longevos durando até 15 anos. Poderíamos ter esperado mais um pouco, mas quem poderia garantir que estaríamos por aqui ainda?

Para iniciar os trabalhos, encomendamos um antepasto de queijos, frios e pães artesanais, e um belo Prosecco, da casa, para preparar as papilas gustativas.

Na hora de encomendar os pratos principais aconteceram algumas surpresas:

1 – ‘B’ optou por um Curlugiones, uma massa fresca recheada com batatas, queijo pecorino e hortelã, servida com um encorpado molho pomodoro feito na casa;

2 – ‘G’, para surpresa geral, optou pelo peixe do dia, grelhado, com legumes cozidos;

3 – a minha escolha foi um Tortelloni recheado de ricota e ervas, cozido e servido no azeite.

Ninguém pediu uma carne…

De certa forma, a escolha do Sr. G foi a mais difícil de combinar. Mesmo assim ele achou positiva a experiência. Eu e o Sr. B nos esbaldamos, embora eu tenha sentido a falta de uma pedida mais encorpada ainda – a minha boca ainda estava mais para seca do que eu gostaria.

Mas o vinho era delicioso e só poderíamos imaginar o quanto mais ele poderia melhorar com o tempo.

Afinal concordamos que só havia um defeito:

Faltava uma segunda garrafa!

Dica da Semana: para celebrar o Dia do Malbec, 17 de abril.

Catena Malbec 2010

209f6-srb4

Este grande Malbec argentino já se tornou um verdadeiro clássico, com uma elegância e um senso de proporção raramente encontrado em outros tintos de seu país. Já foi indicado como um dos “100 Melhores Vinhos do Mundo” pela Wine Spectator- um feito surpreendente para um vinho deste preço! Trata-se de um tinto encantador, com concentração e intensidade, mas também charme e muito caráter. Segundo Jancis Robinson, ele “tem a estrutura de um Bordeaux, oferece mais do que o esperado, e é tão bom!” 

Robert Parker: 91 pontos (safras 08, 09 e 10)

Stephen Tanzer: 90 pontos (safra 2010)

Wine Spectator: 90+ pontos (safra 08)

Outra incrível experiência

Desta vez foi um jantar, mas em outras terras. Como o período de Carnaval, no Rio de Janeiro, transforma a cidade num local quase impossível de se locomover e ter serviços de qualidade optei por uma viajem com o objetivo de descansar e ser bem atendido. Formou-se um grupo, de 14 pessoas, entre elas sete membros de outra confraria a qual pertenço. As perspectivas estavam ficando ótimas.
O destino principal era Buenos Aires, seguido de Punta Del Este. Nove dias de passeio ao todo. Na primeira parada, após várias confabulações e descobrir que nossa primeira opção estava fechada para obras, reservamos mesa para os 14 no restaurante Hernán Gipponi, localizado dentro do Hotel Fierro em Palermo.

Chegamos pontualmente e nos foi apresentado o cardápio: uma proposta de degustação com opções de 5, 7 ou 9 pratos, harmonizados ou não. Optamos pelo menu de 7 passos com a harmonização clássica de 5 vinhos.

Talvez não fosse a melhor opção em termos de custo, mas nos poupou tempo já que não tínhamos que decidir que vinho harmonizava com que. Havia, além disto, outro compromisso agendado para as 23h00min o que nos levou a economizar os ‘debates’, caso contrário, não sobraria tempo para o próximo evento, Tango para variar…

Para começar, foi servido um bom espumante da Patagônia, o Agrestis Rosé. Um pequeno couvert de pães feitos na casa e manteigas aromatizadas distraiam os comensais até a chegada da 1ª entrada: Lagostins.

Estavam deliciosos e na medida certa para o próximo vinho, um classudo Viognier da Escorihuela Gascon. Este mesmo vinho seria o acompanhante para o fabuloso prato seguinte, um ovo cozido a exatos 62º C servido com lulas pequenas, cebolas macias e cinzas de cebola, flutuando num saboroso caldo. Silêncio geral, nosso paladar foi surpreendido de forma inesperada.

Aguardávamos ansiosos os próximos movimentos da cozinha, uma especialidade da Argentina, as Mollejas, ou a glândula Timo. Acompanhava Quinoa, amendoim e mini abobrinhas. Comentários divididos: compararam com o clássico francês ‘Ris-de-Veau’ ou com a receita de outro bom restaurante de Buenos Aires. Prevaleceu a máxima ‘gosto não se discute’. Quem optou por um prato sem carne não reclamou de nada – culinária impecável e serviço a altura. O vinho que acompanhava ainda era um branco, desta vez um bom Chardonnay, o Ruca Malén.

Entra em cena o peixe do dia com purê de batas defumado, erva doce e espinafre. Perfeito, inclusive na harmonização.

Recolhidos os pratos, serviram a ‘pièce de résistance’, um cordeiro acompanhado de queijo provolone, morcela (linguiça com sangue de boi), lentilhas e pimentões, numa apresentação espetacular. O vinho era um delicioso Terrazas Malbec.

Os pimentões, verde e vermelho, foram transformados em delicados cremes, o provolone foi triturado e frito assim como o pequeno pedaço da morcela que foi empanada. A lentilha era apenas cozida e bem temperada. A maior emoção foi com o cordeiro. Apesar da aparência de bem passado, a crosta superior estava bem escura, ele simplesmente se desmanchou ao primeiro contato como garfo. Aplausos efusivos e insistentes pedidos de ‘bis’!

A esta altura do campeonato já não queríamos mais ir embora. Chegou a hora das duas sobremesas, uma à base de melancia, para limpar e refrescar o paladar seguida de outra, um verdadeiro festival de sabores que incluía pistachos, pêssegos, sorvete de framboesa, cacau e chocolate branco, harmonizada com um late harvest de Viognier, o Las Perdices. Sem dúvida nenhuma um Grand Finale!

O melhor fica por último, a conta: com uma polpuda gorjeta, ficou por menos de 500 pesos por pessoa, ou US$ 60.00 que convertidos ao câmbio de hoje resulta em R$ 120,00, com direito a visita do simpático e competente Chef que autografou os cardápios.

Dica da Semana: um vinho que foi dos mais aplaudidos neste jantar e fácil de encontrar por aqui.

Ruca Malen Chardonnay – $

Mendoza – Argentina.
100% Chardonnay.
Cor amarela esverdeada com reflexos dourados. Delicados aromas florais e cítricos, além de um suave toque de caramelo e baunilha.  Em boca tem entrada suave e sedosa. Um vinho fresco e frutado, com ótima acidez. Seu final é elegante e persistente, com toques de frutas secas. Excelente para acompanhar carnes brancas e peixes com molhos cremosos. Também vegetais, massas na manteiga e cremes aromáticos.

Com organizar uma confraria

Seguindo no tema da coluna anterior, alguns leitores se mostraram interessados na organização e funcionamento de uma confraria. Nas ‘Cartas dos Leitores’ há algumas respostas interessantes. Hoje vamos explorar alguns aspectos menos visíveis.
Quantos participantes?
Esta é a questão fundamental, vai ditar o número de garrafas a serem degustadas, objetivo da confraria. Obviamente, todos os confrades ou pelo menos a maioria deles deve apreciar esta bebida, mas nada impede que alguns não a bebam. Isto é muito comum nas damas, sejam esposas, namoradas ou ficantes.
Tecnicamente, uma garrafa serve bem 4 pessoas, O volume padrão de 750ml, dividido por este quociente resulta em 187,5ml, aproximadamente 2 taças. No texto da semana passada ficou claro que cada garrafa serviu até 9 confrades. Isto significa que cada confrade degustou apenas 80ml, de cada vinho, o que é pouco e não pôde haver repetições.
Com estes parâmetros já é possível ter uma noção do tamanho da confraria e também da regra inicial: quantas garrafas vão ser servidas.
Para começar o ideal são 4 pessoas. Pode expandir, sem problemas, até 8. Seguindo a regra, comecem com 1 garrafa para 4, duas para oito, mantendo a proporção.
Quem leva o vinho?
No início, 1 confrade escolhe o vinho. Na segunda reunião, passa o bastão para outro e assim por diante. Pode-se fazer reuniões temáticas que são muito divertidas e instrutivas: define-se o tema, por exemplo: Itália. Um grupo vai cuidar da comida e outro da bebida. Neste caso, vale a pena estabelecer limites de gastos e ratear as despesas. Uma variação interessante é indicar um dos membros para explicar a harmonização.
Confrarias informais
Este é outro caminho: alguém oferece um churrasco e pede para os convidados trazerem 1 garrafa de vinho. A confraria do nosso almoço começou assim.
Obviamente, serão trazidos vários tipos de vinhos: de brancos a tintos e de bons a ruins. Mas é justamente esta mistura desordenada que vai criar, naturalmente, a organização deste grupo. A primeira lição a ser aprendida é que os vinhos devem ter um mesmo patamar de qualidade. A melhor maneira de conseguir é estipular um valor mínimo para a garrafa de vinho, deixando a escolha livre para cada um.
O segundo passo é sugerir uma divisão mais objetiva entre espumantes, brancos, rosado e tintos. Se não for assim, só vai aparecer vinho tinto. Uma boa regra é sempre começar uma degustação por um espumante para, como costumamos dizer: ‘fazer a boca’. Seguem-se na ordem dos vinhos mais claros para os mais escuros.
Harmonizar ou não?
Este é o último passo. No fundo, ninguém escapa de tentar uma reunião ‘azeitadinha’, tudo bem dentro das regras clássicas. Mas não é fácil! Se o número de confrades for grande, pode ser uma missão impossível. Um bom caminho é escolher um restaurante típico e tentar levar os vinhos que se encaixem com o que vai ser servido.
O Bacalhau é um bom desafio, já que não existe uma regra generalizada: tanto brancos mais encorpados, que passaram por madeira, como tintos leves, podem combinar muito bem. Se a receita do peixe for, por exemplo, um ao “Zé do Pipo”, até mesmo um bom Syrah ou Malbec podem ser degustados. Há campo para muita experimentação.
Conselhos finais:
Não compliquem! Quanto mais simples as regras, mais divertido, e todos vão querer repetir o encontro e este é o objetivo;
Não se preocupem se este ou aquele vinho ‘não combinou’, faz parte do aprendizado;
Escolham um companheiro para ser o ‘escriba’: caberá a ele fazer as fichas do que foi provado. Escolham o melhor e o pior vinho.
Caso várias garrafas diferentes forem levadas, discutam muito a ordem de abertura delas. Se ninguém conhecer um dos vinhos, usem seus tablets e smartphones para descobrir – o Google é ótimo para isto;
Se tudo der certo, habituem-se de abrir a reunião com um bom espumante e terminá-la com um vinho de sobremesa ou um Porto. Um dos confrades pode ser o encarregado desta função;
Negociem a ‘rolha’ nos restaurantes. A maioria deles aceita que se tome um vinho da casa, em geral o espumante, em troca de liberar a taxa;
Escolham um nome simpático para a Confraria, é motivo agregador;
Por último, divirtam-se e lembrem: “A variedade é o tempero da vida”.
Dica da Semana: um vinho que foi escolhido o melhor de 2012 pela revista Prazeres da Mesa

Ile de Beauté 2011 
Produtor:Francois Labet 
Pais/Região:França/Córsega 
Uva:Pinot Noir
Rubi intenso e luminoso. Limpo e vibrante no olfato, com frutas vermelhas frescas, violeta e minerais (granito). A incursão em boca é sedosa, com taninos charmosos revigorados por acidez suculenta. Harmoniza com codorna ou vitela assados com ervas ou risoto de carne de caranguejo com tomates e açafrão.
« Older posts Newer posts »

© 2024 O Boletim do Vinho

Theme by Anders NorenUp ↑