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Riesiling, Pinot Gris e Gewurtztraminer – 1ª parte


Três uvas importantes que produzem fenomenais vinhos brancos. A primeira já passou por estas páginas quando visitamos os vinhos alemães, mas ela brilha em outros terrenos a ponto de fazer uma dura concorrência e gerar milhões de apaixonados pela sua versão francesa, produzida na Alsácia. 

Vamos conhecer um pouco mais sobre esta curiosa região franco-alemã, sua uvas, e seus vinhos. 
Riesling 
Originária da região do Reno, esta uva é considerada como a verdadeira rainha dos brancos em franca oposição à Chardonnay. Produz vinhos muito aromáticos, perfumados, com claras notas florais e alta acidez. Dados estatísticos de 2004 mostram que esta varietal é a 20ª mais plantada no mundo e seus vinhos estão sempre entre os melhores brancos do planeta. 
Isto se deve a uma característica muito particular: é a uva que melhor expressa o terroir em que está plantada. Um Riesling do Reno é diferente do Alsaciano que é diferente do Australiano e assim por diante. Para os apreciadores, a disputa pelo melhor fica restrita entre França e Alemanha. Podem ser produzidos desde vinhos secos até os doces, de colheita tardia bem como espumantes. Raramente são envelhecidos em madeira o que sugere que devem ser consumidos jovens, mas devido sua acidez característica, suportam muito bem um longo período de guarda. Os secos duram de 5 a 15 anos, os meio-doces de 10 a 20 anos e os late harvest duram 30 ou mais anos. Há registros de Riesling alemães com mais de 100 anos. 
Chegaram à Alsácia em 1477 adaptando-se ao tipo de solo mais calcário desta região. Tecnicamente o Riesling alsaciano é considerado uma variação de sua irmã germânica. Seus vinhos são mais alcoólicos e mais redondos devido às técnicas francesas de vinificação. 

Rieslings maduros tem uma tendência a apresentar aromas e sabores de derivados de petróleo, querosene principalmente. Existe uma discussão interminável se esta característica é uma qualidade ou um defeito. Podemos ter certeza, apenas, que é um autêntico. Esta uva é encontrada nos principais países produtores, entre eles Austrália e Nova Zelândia, Áustria, Estados Unidos e Canadá, Chile, Argentina e Brasil. 
Seus vinhos são de fácil harmonização sendo muito versáteis: do peixe à carne de porco, passando sem problemas pelos sabores condimentados das culinárias Thai e Chinesa. 

Resposta ao Desafio da semana passada 
Como ninguém se deu ao trabalho de pesquisar, eis a resposta. Quando se trata de proteger seus domínios, os franceses são imbatíveis. Em 1954, após o relato de numerosos casos de OVNIs, o Prefeito da comuna de Châteauneuf-du-Pape, Lucien Jeune, editou um decreto municipal: 

“Art. premier. Le survol, l’atterrissage et le décollage d’aéronefs dits soucoupes volantes ou cigares volants de quelque nationalité que ce soit, sont interdits sur le territoire de la commune. 
Art 2. Tout aéronef, dit soucoupe volante ou cigare volant, qui atterrira sur le territoire de la commune, sera immédiatement mis en fourrière. 
Art 3. Le garde champêtre et le garde particulier sont chargés, chacun en ce qui le concerne, de l’exécution du présent arrêté”. 

Tradução: 
1º – Ficam proibidos no território desta comuna, o sobrevoo, a aterrissagem ou a decolagem das aeronaves conhecidas com discos voadores ou charutos voadores, de qualquer nacionalidade que seja. 
2º – Toda aeronave denominada disco voador ou charuto voador que aterrissar neste território será imediatamente arrestada. 
3º – A Guarda Campestre e a Guarda Particular estão incumbidas, cada uma em sua área, da execução do presente decreto. 
O curioso é que esta postura está válida até hoje, ninguém se deu ao trabalho de revogá-la! 
Do outro lado do mundo, na Califórnia, um moderno e atrevido produtor, Bonny Doon, lançou em 1984 uma família de vinhos elaborados nos moldes dos Châteauneufs. Bem ao seu estilo informal e quase debochado, o nome escolhido não poderia ser outro Le Cigarre Volant, ou Disco Voador… 

Cantinho do Gils: Nosso sempre atento comparsa nos traz uma preciosa informação sobre o 6º Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, ocorrido em Bento Gonçalves entre os dias 03 e 06 deste mês de Julho. Reuniu 503 amostras de 17 países que foram avaliadas por um júri formado por 45 degustadores de 11 nacionalidades. Foram premiados 148 vinhos de 12 países. A relação completa está neste link: (download formato PDF) www.enologia.org.br/pt/component/kd2/item/download/3 

Dica da Semana: vinhos da Alsácia são maravilhosos, mas muito caros. Depois de uma boa pesquisa encontramos esta joia: 

Riesling 2009 
Produtor: P.E. Dopff & Fils 
País: França/Alsácia 
Uvas obtidas em vinhedos próprios, rendimento limitado e colheita manual. A vinificação é tradicional em tanque de aço inoxidável com controle de temperatura. Não sofre fermentação malolática e nem passa em barrica. Um Riesling, seco e marcante, bem típico da Alsácia. Mostra notas floras e minerais e uma ótima acidez. Pode ser guardado por até 10 anos. 
Harmonização: Frutos do mar e pratos orientais.

Austrália e Nova Zelândia – 3ª parte

Os Brancos são a Grande Estrela

Um país onde tudo é especial, desde a beleza natural até a forma como seus habitantes fazem referência à sua terra natal: Kiwiland, terra do Kiwi, esta deliciosa fruta que ganhou o mundo é o jargão mais conhecido, mas não é o único. Os produtores locais afirmam que provar um vinho neozelandês é uma experiência única, como é único o seu país. Uma combinação especial onde solos, clima, água, inovação, pioneirismo e comprometimento com a qualidade se unem para proporcionar a mais pura, intensa e diversa experiência. Em cada taça de um vinho da Nova Zelândia existe um universo de descobertas. 

Um pouco da história 
As primeiras mudas de videiras foram trazidas pelos colonizadores em por volta de 1836. Em 1851, missionários católicos franceses fundaram uma vinícola pioneira. Mas, como em muitos países produtores, estas não foram iniciativas de muito sucesso. Três fatores influíram fortemente para que o vinho não fosse mais que uma indústria marginal: o foco na criação animal, legislação restritiva com proibições e temperança (Lei Seca) e fatores culturais que faziam da cerveja e dos destilados as bebidas prediletas. 
No início de século XX, imigrantes Dálmatas trouxeram o conhecimento agrícola e as técnicas de vinificação mais modernas dando inicio à produção de vinhos fortificados e doces, como Sherry e Porto, que caíram no gosto local. A explosão do setor só aconteceria com o ingresso da Inglaterra na Comunidade Econômica Europeia (1970) o que obrigou a revisão de diversos acordos bilaterais com a NZ provocando uma interessante reestruturação na economia local. A rigorosa legislação sobre bebidas foi modificada, acabando com o limite de 1 hora nos bares após o expediente que passaram a abrir também aos domingos. Nos restaurantes permitiram trazer sua própria garrafa de bebida (Bring Your Own Bottle – BYOB), importante contribuição para o espetacular crescimento da indústria vinícola daí em diante. 
Uvas e Regiões Produtoras 

Das 8.000 espécies de uvas existentes no mundo, cerca de 50 são cultivadas no país. A mais popular é a Sauvignon Blanc, com 10.500 hectares, seguida pela Pinot Noir com 4.500 hectares. Outras varietais utilizadas são Chardonnay, Merlot e Pinot Gris, Syrah e Cabernet Sauvignon. 
De modo análogo a outros países produtores, sofreram com a filoxera. Talvez tenham, hoje, a maior experiência no assunto: lutaram bravamente por mais de um século, até serem obrigados a replantar seus vinhedos com uvas enxertadas. Fizeram extensas pesquisas e selecionaram apenas 3 tipos de “cavalo” para serem usados, num projeto concluído somente em 2007. Sem dúvida, outra característica única! O resultado prático são vinhedos de qualidade ímpar o que permite a elaboração de ótimos vinhos. 
As principais regiões produtoras são Marlborough e Hawke’s Bay, considerados como centros nervosos da indústria vinícola. Cada uma das regiões indicadas no mapa têm características próprias e as uvas a serem ali plantadas são estudadas cientificamente obtendo-se os melhores resultados. Por exemplo, foi na região de Martinborough (Wairarapa), após diversas pesquisas, que se iniciou em 1970 o plantio da casta Pinot Noir com enorme sucesso. 
A Sauvignon Blanc foi quem melhor se adaptou neste novo território. Os vinhos produzidos são comparados aos melhores do mundo e muitas vezes considerados superiores. Uma destas preciosidades se tornou uma lenda e estabeleceu um novo patamar de qualidade internacional. Vamos conhecê-lo! 
Cloudy Bay Sauvignon Blanc 

A vinícola Cloudy Bay, localizada na região de Marlborough, homenageia a baia homônima. O nome do acidente geográfico, que significa Baía Nublada, foi dado pelo lendário Capitão Cook que navegou por aquelas águas em 1770. 
O Sauvignon Blanc, cuja 1ª safra em 1985 foi vinificada a partir de uvas compradas de outros produtores, teve uma repercusão impressionante, revelando esta região para o mundo. Foi exportado para mais de 20 países, obtendo ótima aceitação pelos mais diferentes consumidores. Com seu estilo peculiar, cheio de fruta e com um caráter bem definido, conquistou até mesmo aqueles que estavam habituados a consumir os tradicionais Sancerre e Pouilly-Fumé do Vale do Loire, vinhos mais fechados e tímidos perto desta explosão de sabores. Hoje é produzido a partir de uvas próprias, plantadas em 140 hectares, divididos em 3 áreas, algumas delas nas margens da baía. Além do Sauvignon, são produzidos um excelente Chardonnay e um Pinot Noir. O poderoso grupo Luis Vuitton Möet Henessy, através da subsidiária Veuve Clicquot, é a atual dona desta importante vinícola. 
Notas de Degustação safra 2011 

Os frutos foram colhidos principalmente à noite e antes de raiar o sol, em temperaturas mais amenas. Uma vez selecionados e desengaçados, são levemente prensados. O mosto obtido é macerado a frio por 48 a 72 horas em tanques de aço inox, quando é introduzida uma levedura. Todo o processo é feito a baixas temperaturas. Para o corte final só são aceitos os lotes com a melhor qualidade. 
Visualmente tem coloração amarelo- palha com reflexos esverdeados, produzindo uma fragrância sedutora que oferece aromas de frutas maduras e cítricos suculentos, com suaves notas herbáceas. No palato tem textura aveludada com sabores picantes de frutas cítricas e uma acidez refrescante. 
Sem dúvida nenhuma um vinho único! 
Seu preço também é palatável, girando em torno de R$ 150,00 nas boas lojas do Brasil. (dados de 2012)

Dica da Semana: Infelizmente os bons brancos neozelandeses não são fáceis de encontrar por aqui. Este pode ser um achado. Importado pela Casa Flora / Porto-a-Porto. 

ONE TREE SAUVIGNON BLANC 
País: Nova Zelândia / Marlborough 
Este Sauvignon Blanc apresenta cor amarelo-palha com reflexos verdeais. Aroma de frutas cítricas, maçã verde e notas de herbáceo. Um vinho seco, leve com boa acidez, meio de boca expansivo e final com retrogosto de groselha e grapefuit. 
Harmonização: ideal para peixes e saladas.

Adoçando a Vida! – 2ª parte

Se os leitores acham que o doce Sauternes pode ser considerado o máximo, esperem até conhecer o personagem desta coluna: sua opinião pode mudar radicalmente. 
Para começar as apresentações, o nosso vinho de hoje, Tokay, Tokaji ou ainda Tokai, é citado no hino nacional da Hungria! Que tal? Orgulho nacional (com toda a razão). Bebida preferida de nada mais, nada menos que Beethoven, Liszt, Schubert, Johann Strauss, Goethe, Heinrich Heine, Friedrich von Schiller, Voltaire e Bram Stoker, autor do famoso livro sobre o Conde Drácula que, curiosamente, tem algo em comum com este vinho. Para liquidar a fatura, o Rei de França, Louis XV, encantado com a qualidade do vinho, ofereceu uma taça para a famosa Madame de Pompadour dizendo: Vinum Regum, Rex Vinorum (Vinho dos Reis, Rei dos Vinhos), frase usada, até hoje, na comercialização deste vinho. 

Louis XV e Madame de Pompadour 

O início de sua produção data da metade do século XVII, em Tokaj-Hegyalja, na época, uma região pertencente à Transilvânia, mundialmente conhecida como a terra do Conde Drácula, mas foi outro compatriota, o Príncipe Ferenc Rákóczi II, o grande divulgador deste vinho. Coube a ele presentear o Rei de França com uma das garrafas, gerando o episódio citado. 
Pela legislação húngara, só podem ser usadas na sua fabricação as seguintes uvas: Furmint; Hárslevelű; Muscat Amarela; Oremus, agora denominada Zeta; Kövérszőlő e Kabar, ou seja, nada do que conhecemos. A mais importante, Furmint, responde por 60% da produção. Desde 2007 a denominação Tokay é exclusiva. Mesmo assim há na Itália um Tokay Friulano, feito a partir da uva Sauvignon Verde e na Alsácia há o Tokay D’Alsace, obtido a partir da Pinot Gris. Não confundam. 
Como vocês já devem estar imaginando, as uvas devem estar botritizadas (lembram da última coluna?). Os efeitos deste fungo foram descobertos lá, um século antes dos alemães e franceses começarem a estudar o fenômeno e compreendê-lo. 

Entre os vários estilos de Tokay, dois são muito importantes: o Aszú e o Eszencia. 
Tokaji Aszú

Aszú, em Magiar (idioma Húngaro), significa dessecado. No processo produtivo, entretanto, indica uma pasta, um concentrado, obtido com a prensagem das uvas botritizadas, selecionadíssimas, a partir do qual o Tokaji é feito. A pasta será adicionada a um vinho base, seco, iniciando uma fermentação de vários meses. O processo se completa com uma longuíssima fase de maturação que pode chegar a 8 anos, no caso dos vinhos de alta qualidade. 

Puttonyo 

Eles são classificados, em termos de sua doçura, pelo número de puttonyos. Esta estranha palavrinha húngara significa cesto. Trata-se de um recipiente padronizado, como o da foto, capaz de receber até 25 Kg das uvas colhidas manualmente. A regrinha é quase intuitiva: quantos mais puttonyos forem usados para obter o Aszú, mais doce o vinho. Em termos comparativos, um bom Sauternes chegaria, no máximo, a 3 Puttonyos. Um Tokay pode chegar a 6 Puttonyos.
Eszencia 
 

Se o Chateau D’Yquem era chamado de Luz Engarrafada, o Tokaji Eszencia é o Ouro Líquido. Esta preciosidade tem um processo de fabricação muito peculiar: as uvas, que serão empregadas na preparação do Aszú, são colocadas num barril de madeira, e guardadas por um par de dias. Somente pelo peso das frutas, um mosto, superconcentrado, é depositado no fundo desta barrica. É a partir desta essência que o vinho é produzido. O processo fermentativo pode levar anos, atingindo um teor alcóolico entre 2% e 4%. Sua textura é mais próxima de um licor do que de um vinho. Um elixir, a quintessência do vinho, algo que um enófilo apaixonado sonha em experimentar, pelo menos uma vez na vida, o que será uma aventura inesquecível. 
Não é possível declarar um vencedor nesta comparação. Não existe um fabricante que se destaque, como no caso de Sauternes. Em compensação, todos os Tokaji são excepcionais, já que respeitam uma legislação simples, mas muito rígida. Por sua vez, o Eszencia é único. 
Na semana que vem mostraremos mais alguns vinhos doces e nobres. Até lá, fiquem com a, 

Dica da Semana: 

Tokaji Aszú 3 Puttonyos 2002 
Produtor: Tokaji Oremus (Vega Sicilia) 
País: Hungria/Tokaji 
Uvas: Furmint (55%), Harlesvelu (45%) e Muscat Lunet (5%) 
Oremus é a fantástica vinícola de propriedade de Vega Sicilia na Hungria. Seus vinhos são imaculados, produzidos com o mesmo perfeccionismo que a vinícola emprega na Ribera del Duero. Aqui, não se percebe o caráter oxidativo de alguns Tokajis mais rústicos, mas um aroma muito intenso e frutado e uma bela presença de boca. 

Dica para a turma que joga peteca: 

Tokaji Eszencia 2002
Preço aproximado (½ garrafa) – R$ 1.800,00 (+ frete) 
Só foi importada uma minúscula partida do raríssimo e disputado Tokaji Eszencia de Oremus, um dos mais fantásticos néctares do mundo do vinho. As uvas totalmente botritizadas são colocadas em pequenas barricas de carvalho. O próprio peso do mosto extrai um caldo riquíssimo, que leva vários anos para fermentar. É difícil enfatizar o suficiente o quão especial e precioso é este vinho. Denso, complexo e incrivelmente doce, é um dos maiores e mais raros vinhos de todo o mundo. (nota do importador) Wine Spectator – 98

Harmonia! Harmonia! – 2ª parte

De vinhos leves a vinhos encorpados
O fator predominante para dar peso a um vinho é o seu teor alcoólico, item declarado em todos os rótulos, portanto, indicação de fácil constatação:
Vinhos leves – teor alcoólico entre 8% e 9%
Vinhos médios – teor alcoólico entre 10% e 12%
Vinhos encorpados – teor alcoólico entre 14% e 17%
Mas isto só não basta. A relação a seguir, classifica os vinhos por seu corpo, aliado à uva, região produtora ou tipo de vinho: (existem exceções)
Brancos leves:Pinot gris, Pinot blanc, Riesling, Sauvignon blanc, Chablis, Champanhe e outros espumantes, Gruner Veltliner, Vinho Verde;
Brancos médios a encorpados: Sauvignon blanc envelhecido em Carvalho, Vinhos da Alsácia (Riesiling), Albarino, Bordeaux branco (Semillon), Borgonha branco (Chardonnay), Vinhos do Rhone brancos (Viognier, Roussanne, Marsanne), Tamaioasa Romaneasca e Chardonnay do Novo Mundo (Chile, Argentina, Austrália, Nova Zelândia);
Tintos Leves: Beaujolais, Dolcetto, alguns Pinot Noir;
Tintos médios:Chianti, Barbera, Borgonhas, Chinon, Rioja (Garnacha, Graciano, Mazuelo e Tempranillo), Cabernet Franc, Merlot, Malbec Frances, Zinfandel ou Primitivo, outros Pinot Noir;
Tintos encorpados:Syrah, Brunello di Montalcino, Cabernet Sauvignon, Porto, Barbaresco, Barolo e Nebbiolo, Tintos do Novo Mundo (Malbec, Carmenére, Tannat).
Obter um perfeito equilíbrio entre alimento e vinho só é possível do ponto de vista teórico. Na prática, um ou outro vai sobressair. Uma boa ideia de como isto realmente funciona é observar uma conversa entre duas pessoas: enquanto uma expõe seu ponto de vista, a outra escuta. Caso contrário, torna-se um caos. Se vamos realçar o prato, escolha um vinho mais suave. Se o que se pretende é evidenciar o vinho, escolha um prato mais leve.
Combinar ou Contrastar?
Além de analisarmos pesos e estruturas, precisamos escolher uma estratégia para que este casamento funcione. A clássica é combinar. Exemplo: um Chardonnay envelhecido, que tem um sabor amanteigado, é a escolha certa para pratos com molhos elaborados com manteiga ou azeite.
Já a culinária contemporânea prefere contrastar vinhos e sabores, usando o velho princípio de que opostos se atraem. Neste caso, um ácido e cítrico Sauvignon Blanc é a escolha para acompanhar um belo linguado com molho cremoso e alguma gotas de limão.
Na última parte desta série apresentaremos algumas combinações e incompatibilidades clássicas.
Para os leitores começarem a fazer suas experiências, que tal harmonizar a dica de hoje? Cartas para a redação… 

Paulo Laureano Premium Tinto 2008

País: Portugal – Alentejo (DOC)
 Produtor: Paulo Laureano Vinus
Castas: 20% Alicante Bouschet, 40% Aragonez, 40% Trincadeira
Compotas de frutos negros onde se distinguem ameixas e amoras silvestres em compota, mesclados com notas de chocolate negro, tosta e fumados das barricas. Estrutura marcante onde se sobressaem os taninos das castas e da madeira de estágio, de forma harmoniosa e complexa. Estagiou 6 meses em barricas de carvalho francês. 
Saúde!

Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos, Doces e Fortificados


Fortificados? Será que alguém construiu uma fortaleza só para guardar vinhos?
Vamos deixar todos com curiosidade, mas não existe nenhuma muralha em torno dos vinhos fortificados. Só por uma questão de tradição, os deixaremos por último. Para começar, como manda o ritual de uma degustação, vamos abrir um espumante.
Nesta categoria de vinhos, os Champanhes reinam absolutos. E só os que são produzidos na região de Champagne, na França, podem receber esta denominação. O resto é espumante.
Mas e os maravilhosos Proseccos, não são champanhes? Não! Aliás, desde a introdução no nosso mercado deste simpático e refrescante espumante italiano, a expressão tomar um prosecco virou sinônimo de tomar um espumante. Um engano curioso: prosecco é a uva a partir da qual se faz o borbulhante vinho. Existem vinhos brancos tranquilos (os que não espumam) com a mesma uva e a mesma denominação.
Vinhos espumantes são fabricados em diversos países e, acreditem, alguns podem ser melhores que os endeusados Champãs, como gostava de grafar o saudoso Ibrahim Sued. No Brasil são produzidos excelentes espumantes, apreciados por degustadores internacionais. Na Espanha, espumantes são conhecidos como Cavas, na Alemanha denominam-se Sekts, pouco apreciados por aqui. Na Itália, além do já citado, vamos encontrar o Lambrusco e o Asti, entre outras. Na França fazem espumantes em outras regiões adotando a expressão Cremant.
As castas mais tradicionais na produção destes vinhos são a Chardonnay e a Pinot Noir.
Um detalhezinho: espumante que se preze é Brut, que se traduz como seco. Bebe-se gelado, em torno de 9° C.
Além dos espumantes, a uva Chardonnay produz os melhores vinhos brancos, na opinião de muitos enófilos. A referência, como sempre, são os vinhos da Borgonha, França. Mas não reinam mais sozinhos e podem mesmo, ter perdido a majestade. Os chardonnays Norte-Americanos tem simplesmente arrasado a concorrência, aliando qualidade a um preço imbatível. A perfeita relação custo x benefício.
Outras uvas brancas desafiam a nossa Rainha (Chardonnay). Sauvignon Blanc, Semillon, Pinot Gris, Riesiling, são algumas das castas que produzem vinhos fantásticos, principalmente no novo mundo. Existem, também, brancos feitos a partir de uvas tintas. Nenhuma mágica nisto, basta remover as cascas no processo de fermentação. A Pinot Noir, classuda e complexa uva tinta, costuma ser vinificada em branco para compor os champanhes. A expressão blanc des blancs indica os vinhos feitos unicamente com uvas brancas.
Já adivinharam qual seria a casta que reina nos tintos? Pinot Noir é uma delas. Mas não é a única. Dependendo do paladar de cada um, e isto é extremamente significativo, os melhores tintos poderão ser das castas Cabernet Sauvignon, Nebbiolo, Sangiovese, Syrah ou Merlot. Isto sem levar em conta as sul-americanas Malbec (Argentina), Carménère (Chile) e Tannat (Uruguai), cujo reconhecimento e consumo mundiais aumentam espetacularmente.
Os Tintos são vinhos sérios, para serem bebidos com certa circunstância. Existe mesmo um rito para aprecia-los. Mas não sejam tão precisos assim, um cálice de tinto nas refeições não só as tornam mais saborosas como traz ótimos benefícios à saúde. Mas sem exageros OK?
Vinho tinto é o maior mercado vinícola e será objeto de uma coluna só para eles.
E o Rosé? É simplesmente uma mistura de tinto com branco?
Não é bem assim. Sua agradável coloração é obtida controlando-se o tempo que as cascas da uva tinta permanecem em contato com o mosto em fermentação. O Rosé é descompromissado, refrescante, para ser degustado informalmente. É ideal para o verão brasileiro. Boa companhia para uma praia ou piscina. Bebe-se quase como uma cerveja – bem gelado. Para os enochatos a temperatura indicada é cerca 12° C. (boa pra um branco também)
Acredito que os leitores já estão impacientes: e o tal fortificado?
Posso afirmar, com segurança, que todos nos já provamos um fortificado. Vinho do porto, por exemplo. Outros da mesma categoria são o Madeira, o Jerez e o Marsala. Junto com os vinhos doces, também chamados de sobremesa, formam uma categoria à parte.
Neste segmento dos adocicados, pensados para acompanhar uma sobremesa, reinam o Tokai, produzido na Hungria, e o Sauternes, francês. No Novo Mundo, são comuns vinhos de sobremesa produzidos a partir das castas Gewurztraminer e Riesiling. Tintos doces são raros, mas deliciosos. Um exemplo dos mais conhecidos é o Vin Santo italiano.
Vinho do Porto é a referência entre os chamados fortificados. Recebem esta denominação porque são misturados com aguardente vínica, processo que permite que estes vinhos durem mais de 100 anos. Assim como os doces, completam uma refeição tendo a fama de serem digestivos. Mas há que os beba como aperitivos.
Saca Rolhas em punho!

Montes Chardonnay 2009 (Viña Montes)
País: Chile
Tipo: Branco Seco
Ótimo branco elaborado com a nobre uva Chardonnay. É fermentado parcialmente em carvalho, o que confere esse agradável toque de baunilha bem equilibrado com as frutas exóticas. Encorpado, rico, cremoso e de moderada acidez. Apresenta uma excelente relação qualidade/preço.
Saúde !
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