A segunda uva do nosso trio Alsaciano recebe outras denominações, inclusive nesta região, onde era conhecida como Tokay d’Alsace. Em 1980, após estudos de DNA e para evitar confusões desnecessárias, o nome Tokay ficou reservado para e varietal Húngara, com a qual a Pinot Gris não tem nenhum parentesco. Na Itália é chamada de Pinot Grigio, na Suíça é a Malvoise, na Hungria é Szürkebarat e na Alemanha, Ruländer.
Fora da Alsácia e Itália sua expressão comercial é muito pequena ou nula. Mas no Chile, Argentina e no estado do Oregon (EUA), existem excelentes vinhos com esta curiosa uva. Sua origem remonta à Idade Média, na região da Borgonha, acreditando-se ser uma variação da Pinot Noir conhecida como Fromenteau. Em 1300 teria sido levada para a Suíça e mais tarde para a Hungria, onde seu vinho era um dos prediletos do Imperador Romano Carlos IV, que governou Luxemburgo, Bohemia, Itália e a Borgonha.
Os monges Cisterianos eram encarregados dos vinhedos surgindo, a partir deste fato, o nome Szürkebarat que significa monge cinzento. Foi redescoberta na Alemanha em 1711, pelo mercador Johann Seger Ruland, crescendo livremente na região do Palatinado. O vinho produzido foi chamado de Ruländer, que mais tarde foi identificado como Pinot Gris.
Pesquisas recentes feitas pela Universidade de Davis comprovaram que esta Pinot é um clone da famosa uva da Borgonha. A semelhança entre as duas é impressionante e somente a cor mais clara da Gris é que permite a correta identificação. Durante muito tempo foi usada na composição dos vinhos borgonheses e no Champagne, mas devido à sua baixa produtividade e safras irregulares foi sendo gradativamente abandonada.
Hoje a Itália é o maior plantador desta varietal, mas seus vinhos pecam por pouca qualidade. Somente na região do Friuli alguns vinicultores se esmeram para obter vinhos Premium. Na Alsácia, segunda maior área plantada, a situação é bem diferente: a Pinot Gris é uma estrela de primeira grandeza. Foi trazida para esta região por mercadores húngaros o que pode ter originado a antiga denominação de Tokay, numa tentativa de dar mais prestígio ao vinho produzido.
A varietal alsaciana é considerada diferente das demais, talvez devido ao solo e condições climáticas produzindo vinhos muito saborosos e concentrados. Os de colheita tardia são considerados verdadeiras joias. Seus aromas remetem a flores e frutas cítricas e os sabores passam por baunilha e mel. Sua cor pode variar conforme a origem da uva: do amarelo palha até o rosado.
Há uma tendência mundial que aponta os vinhos desta varietal como os da moda. Na nossa opinião, nunca saíram de moda para os apreciadores de bons vinhos: são oníricos!
Semana que vem vamos conhecer mais uma estrela: Gewurztraminer.
Vamos inovar e apresentar duas sugestões, um alsaciano um pouco mais caro e um excelente argentino que será uma ótima introdução para os que ainda não conhecem esta cepa.
Dica da Semana 1:
Le Fromenteau Pinot Gris – 2006
Produtor: Domaine Josmeyer
País: França/Alsácia
O vinho mostra como o cultivo cuidadoso e o terroir adequado podem gerar grande complexidade e riqueza de perfumes. Avelãs, mel, laranja e damascos e o frescor e textura agradáveis pedem mais vinho na boca.
RP: 89 (2004); JR: 15/20 (2006); ST: 88 (2006)
Dica da Semana 2: vinhos da Alsácia são maravilhosos, mas muito caros. Depois de uma boa pesquisa encontramos esta joia.
Lurton Reserva Pinot Gris 2010
Produtor: Bodega François Lurton
País: Argentina / Vale do Uco
Cor dourada com tênues reflexos esverdeados. No nariz notas de flores brancas, como nardo e jasmim, se misturam com aromas de pêssegos brancos e delicadas insinuações de espécies silvestres como arruda e sálvia. Na boca é aveludado e enche a boca. Sua acidez fresca oferece um contraponto harmônico característico dos vinhos brancos do alto Valle de Uco. Paladar longo com notas florais que deleitam o olfato.
Medalha de Prata – Argentina Wine Awards 2011
Harmonização para as duas dicas: grelhados ou carnes ao molho leve, peixes e frutos do mar, massas, queijos e comida oriental.