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Austrália e Nova Zelândia – 3ª parte

Os Brancos são a Grande Estrela

Um país onde tudo é especial, desde a beleza natural até a forma como seus habitantes fazem referência à sua terra natal: Kiwiland, terra do Kiwi, esta deliciosa fruta que ganhou o mundo é o jargão mais conhecido, mas não é o único. Os produtores locais afirmam que provar um vinho neozelandês é uma experiência única, como é único o seu país. Uma combinação especial onde solos, clima, água, inovação, pioneirismo e comprometimento com a qualidade se unem para proporcionar a mais pura, intensa e diversa experiência. Em cada taça de um vinho da Nova Zelândia existe um universo de descobertas. 

Um pouco da história 
As primeiras mudas de videiras foram trazidas pelos colonizadores em por volta de 1836. Em 1851, missionários católicos franceses fundaram uma vinícola pioneira. Mas, como em muitos países produtores, estas não foram iniciativas de muito sucesso. Três fatores influíram fortemente para que o vinho não fosse mais que uma indústria marginal: o foco na criação animal, legislação restritiva com proibições e temperança (Lei Seca) e fatores culturais que faziam da cerveja e dos destilados as bebidas prediletas. 
No início de século XX, imigrantes Dálmatas trouxeram o conhecimento agrícola e as técnicas de vinificação mais modernas dando inicio à produção de vinhos fortificados e doces, como Sherry e Porto, que caíram no gosto local. A explosão do setor só aconteceria com o ingresso da Inglaterra na Comunidade Econômica Europeia (1970) o que obrigou a revisão de diversos acordos bilaterais com a NZ provocando uma interessante reestruturação na economia local. A rigorosa legislação sobre bebidas foi modificada, acabando com o limite de 1 hora nos bares após o expediente que passaram a abrir também aos domingos. Nos restaurantes permitiram trazer sua própria garrafa de bebida (Bring Your Own Bottle – BYOB), importante contribuição para o espetacular crescimento da indústria vinícola daí em diante. 
Uvas e Regiões Produtoras 

Das 8.000 espécies de uvas existentes no mundo, cerca de 50 são cultivadas no país. A mais popular é a Sauvignon Blanc, com 10.500 hectares, seguida pela Pinot Noir com 4.500 hectares. Outras varietais utilizadas são Chardonnay, Merlot e Pinot Gris, Syrah e Cabernet Sauvignon. 
De modo análogo a outros países produtores, sofreram com a filoxera. Talvez tenham, hoje, a maior experiência no assunto: lutaram bravamente por mais de um século, até serem obrigados a replantar seus vinhedos com uvas enxertadas. Fizeram extensas pesquisas e selecionaram apenas 3 tipos de “cavalo” para serem usados, num projeto concluído somente em 2007. Sem dúvida, outra característica única! O resultado prático são vinhedos de qualidade ímpar o que permite a elaboração de ótimos vinhos. 
As principais regiões produtoras são Marlborough e Hawke’s Bay, considerados como centros nervosos da indústria vinícola. Cada uma das regiões indicadas no mapa têm características próprias e as uvas a serem ali plantadas são estudadas cientificamente obtendo-se os melhores resultados. Por exemplo, foi na região de Martinborough (Wairarapa), após diversas pesquisas, que se iniciou em 1970 o plantio da casta Pinot Noir com enorme sucesso. 
A Sauvignon Blanc foi quem melhor se adaptou neste novo território. Os vinhos produzidos são comparados aos melhores do mundo e muitas vezes considerados superiores. Uma destas preciosidades se tornou uma lenda e estabeleceu um novo patamar de qualidade internacional. Vamos conhecê-lo! 
Cloudy Bay Sauvignon Blanc 

A vinícola Cloudy Bay, localizada na região de Marlborough, homenageia a baia homônima. O nome do acidente geográfico, que significa Baía Nublada, foi dado pelo lendário Capitão Cook que navegou por aquelas águas em 1770. 
O Sauvignon Blanc, cuja 1ª safra em 1985 foi vinificada a partir de uvas compradas de outros produtores, teve uma repercusão impressionante, revelando esta região para o mundo. Foi exportado para mais de 20 países, obtendo ótima aceitação pelos mais diferentes consumidores. Com seu estilo peculiar, cheio de fruta e com um caráter bem definido, conquistou até mesmo aqueles que estavam habituados a consumir os tradicionais Sancerre e Pouilly-Fumé do Vale do Loire, vinhos mais fechados e tímidos perto desta explosão de sabores. Hoje é produzido a partir de uvas próprias, plantadas em 140 hectares, divididos em 3 áreas, algumas delas nas margens da baía. Além do Sauvignon, são produzidos um excelente Chardonnay e um Pinot Noir. O poderoso grupo Luis Vuitton Möet Henessy, através da subsidiária Veuve Clicquot, é a atual dona desta importante vinícola. 
Notas de Degustação safra 2011 

Os frutos foram colhidos principalmente à noite e antes de raiar o sol, em temperaturas mais amenas. Uma vez selecionados e desengaçados, são levemente prensados. O mosto obtido é macerado a frio por 48 a 72 horas em tanques de aço inox, quando é introduzida uma levedura. Todo o processo é feito a baixas temperaturas. Para o corte final só são aceitos os lotes com a melhor qualidade. 
Visualmente tem coloração amarelo- palha com reflexos esverdeados, produzindo uma fragrância sedutora que oferece aromas de frutas maduras e cítricos suculentos, com suaves notas herbáceas. No palato tem textura aveludada com sabores picantes de frutas cítricas e uma acidez refrescante. 
Sem dúvida nenhuma um vinho único! 
Seu preço também é palatável, girando em torno de R$ 150,00 nas boas lojas do Brasil. (dados de 2012)

Dica da Semana: Infelizmente os bons brancos neozelandeses não são fáceis de encontrar por aqui. Este pode ser um achado. Importado pela Casa Flora / Porto-a-Porto. 

ONE TREE SAUVIGNON BLANC 
País: Nova Zelândia / Marlborough 
Este Sauvignon Blanc apresenta cor amarelo-palha com reflexos verdeais. Aroma de frutas cítricas, maçã verde e notas de herbáceo. Um vinho seco, leve com boa acidez, meio de boca expansivo e final com retrogosto de groselha e grapefuit. 
Harmonização: ideal para peixes e saladas.

Alemanha, Líbano e Grécia

Antes de cruzarmos o Atlântico e iniciarmos a jornada pelos vinhos famosos do Novo Mundo, vamos conhecer um pouco destes três países e seus surpreendentes vinhos. 
Alemanha e seus brancos maravilhosos 
Os Romanos introduziram a vinicultura na Alemanha. Na idade média, a Igreja Católica adquiriu e expandiu os vinhedos. Coube ao Imperador Carlos Magno, no século XVIII, posicionar vinhedos na região de Rheingau. A vinicultura alemã também fez história. 
Não tendo mais a importância de antigamente, atualmente a área plantada é aproximadamente um décimo de França ou Itália. Muito respeitada por ser o berço da uva Riesling, uma das grandes damas do vinho branco, ao lado da Chardonnay, produz uma vasta gama de vinhos, desde os secos Kabinet aos raros e caros Trackenbeerenauslese (TBA) e bons tintos à base de Pinot Noir ou Spätburgunder. Os alemães são grandes consumidores de seus vinhos, não sobrando muito para exportar. O pouco que vai para o exterior não é a parcela mais significativa, principalmente no item qualidade. 
Alguns rótulos alemães foram falsificados sem nenhum escrúpulo como o famoso Liebfraumilch, muito popular há alguns anos atrás. Houve ainda a invasão dos vinhos conhecidos como garrafa azul, de pouca qualidade, que ajudariam a destruir a reputação dos germânicos aqui no Brasil. Mas há exceções. 

Uma das histórias mais interessantes é a do vinhedo Bernkasteler Doktor localizado na mais valorizada área rural do rio Mosela. Ocupa uma pequena área e poucos produtores o exploram. Há uma lenda sobre este nome: teria sido dado pelo arcebispo Boemund de Trier, século XIV, proprietário de um castelo sobre a cidade de Bernkastel. Um dia adoeceu e nenhum dos remédios conhecidos o faria melhorar. Mas uma taça do vinho ali produzido fez a cura milagrosa. Em gratidão, atribuiu o título de Doutor (Doktor) àquele local. Anos mais tarde, em 1921, sairia destas vinhas o primeiro TBA do Mosela. O principal vinhateiro da região é Dr. H. Thanish, seus vinhos estão entre os melhores e mais caros do país. 
A Mosela não é o único terroir da Alemanha: Reno, Palatinato, Nahe, Francônia, etc. produzem excelentes vinhos. São nomes famosos: Dr. Loosen (Mosela), Dr. Burkiln Wolf (Palatinato), Robert Weil (Reno) e Hans Wirsching (Francônia). 

Líbano e o Chateau Musar 

Este é uma das glórias entre os vinhos tintos, uma das poucas bebidas com uma enorme personalidade que traduz, perfeitamente, o carinho e a dedicação da família Hochar, que o vinifica desde 1930. Tendo superado todo o tipo de adversidade, inclusive uma devastadora guerra civil nos anos 80, conseguiram manter vinhedos e vinícola intactos, transportando as uvas, muitas vezes, pelas linhas de frente. 

Um delicioso corte de Cabernet Sauvignon, Cinsault e Carrignam, em proporções que variam a cada safra. Dependendo do ano, pode parecer um Côtes du Rhône ou um Medoc. Surpreendente e respeitado por críticos de todo o mundo. São produzidas versões em branco e rosé, além de um varietal de vinhedo único, o Hochar Pére et Fils. 

Serge Hochar atual proprietário 

Outros produtores libaneses conhecidos são Chateau Kefraya e Chateau Ksara. 
Os vinhos Gregos 
Grécia foi um dos berços dos vinhos. Sua história de vinicultura tem mais de 4.000 anos. Em 1000 AC, eram os grandes exportadores utilizando, como recipiente, as famosas ânforas que já naquela época mostravam sinais de uma legislação vinícola: havia diferentes formatos para cada área produtora, era obrigatória a indicação do ano de produção e cada vaso recebia um selo de autenticidade emitido pelo governo local. 

Os gregos difundiram o plantio de uvas em várias partes do Mediterrâneo, marco inicial da vitivinícola europeia. No sul da Itália ainda se encontram cepas com os nomes usados na Grécia. 

No mundo moderno a parcela de produção atual é mínima se comparada com a antiguidade. A partir dos anos 80, surge uma nova geração de enólogos, formados nos principais centros vinícolas do mundo e diversas marcas multinacionais investiram na produção de vinhos modernos, aproveitando a excelente diversidade de uvas autóctones. Cepas como Aghiorghitiko, Assyrtiko e Moschofilero e os produtores como Boutari, Gerovassiliou e Gaia já estão no repertório de bons enófilos. 

Existe uma classe de vinhos muito particular e simpática aos gregos, o Retsina. Para impedir a oxidação dos produtos que eram exportados nas ânforas, estas eram seladas com uma resina de pinheiro. Mais tarde, a resina passou a cobrir o líquido alterando o seu sabor e criando uma nova categoria: vinho com sabor de resina. Pouco a pouco, por exigência do mercado, esta característica foi se tornando mais sutil, com sabor menos intenso, fresco e fácil de beber. Embora renegado, existem exemplares de excelente qualidade e que harmonizam perfeitamente com a culinária local mais condimentada. 

Dica da Semana: um delicioso tinto da Grécia. 

Náoussa OPAP 2006 
Produtor: Boutári 
País: Grécia egião: Macedônia 
O mais emblemático vinho grego de qualidade, colecionando prêmios há mais de 50 anos, o ótimo Naoussa, elaborado com a uva Xynomavro, é rico e concentrado, bastante saboroso. Tem cor vermelha vívida e seu complexo buquê denota frutas vermelhas maduras, canela e carvalho. Tem grande potencial de envelhecimento. Foi o primeiro vinho a ser engarrafado na Grécia, continuando até hoje a ser um dos tintos de referência do país. 
RP 88 (06) – WS 87 (06)

Chegamos à França!

Temos de enfrentar o doce dilema de escolher um ícone. Com tantos vinhos importantes, o que fazer? Poderíamos escolher um Champanhe, perfeito para as grandes comemorações. Mas qual? As famosas Moet & Chandon ou a Veuve Clicquot? A celebrada Cristal? Quem sabe a Bollinger, preferida por James Bond? Nos tintos, teríamos que pinçar um dos muitos Chateauxs Bordaleses, aumentando a dificuldade: Haut-Brion, Margaux, La Tour, Angélus, Petrus etc, alguns muito pouco conhecidos, mas simplesmente maravilhosos. Há, ainda, as regiões do Rhone, da Provence e Alsácia, nos deixando uma tarefa inglória… 
Um vinho, entretanto, tornou-se muito significativo, para os brasileiros, ao ser usado em uma grande festividade. Tornou-se um ícone, neste país. Vamos escolhê-lo, não só por esta razão, mas por ser um grande vinho, raro, de difícil produção e com preços exorbitantes, o que limita o seu acesso às camadas mais altas da sociedade. Um vinho para quem é um apreciador mais que apaixonado, um vinho para poucos, o mais cobiçado do mundo. 
Da Borgonha, apresentamos o Domaine de La Romanée-Conti. 

Um pouco da história 
Para entendermos 11 séculos de existência, 9 proprietários e uma fama que não tem preço, convém dar a conhecer, primeiro, um importante detalhe da legislação francesa: a classificação é dada ao vinhedo, ou Cru, particípio passado do verbo croître, traduzido como cultivar. Dependendo da região vinícola, há pequenas particularidades nesta classificação. Na Borgonha temos: Grand Cru; Premier Cru; Village. 
O que vale é o terreno, o terroir. Dentro da Borgonha, os mais valorizados estão na região de Vosne-Romanée, onde nasce o vinho desta semana. A saga, de quase 1500 anos, começa em 1232, quando a Abadia de Saint Vivant, em Vosne, adquire 1,8 hectares de vinhedos. Em 1631, as terras são vendidas aos Croonembourg, que passam a denominá-las La Romanée, aparentemente em homenagem a soldados romanos que por ali haviam passado. Na mesma ocasião, a família compra uma área adjacente, conhecida como La Tâche, outro vinhedo famoso atualmente. 

O ano chave seria 1760, quando os proprietários resolvem vender a área, num disputado leilão, do qual participaram Madame de Pompadour e seu arqui-inimigo Louis François de Bourbon, Príncipe de Conti, que saiu vencedor. Surgia assim o Domínio Romanée-Conti. Anos depois, durante a revolução francesa, Sua Alteza foi encarcerado, suas terras expropriadas e, novamente, leiloadas. Somente em 1869, após sucessivas trocas de mão, começa a se formar o Domínio tal qual é hoje conhecido. Foram acrescentadas novas áreas, todas Grand Cru, até que em 1936, em consequência de outras disputas, o vinhedo de La Tâche volta a ser incorporado, criando-se o atual monopólio de Grand Crus. A família Villaine é a atual proprietária. 
O Romané-Conti, ou DRC, foi produzido até 1945, quando a praga da Filoxera dizimou as vinhas, obrigando o replante através de enxertos, ocorrido em 1947. Uma nova vinificação só ocorreria em 1952. Há, portanto, duas fases bem distintas na história deste vinho. 
Notas de Degustação safra 2008 
(gentileza do nosso correspondente na Bourgogne, Monsieur Tareco) 
O DRC é 100% Pinot Noir, uma uva temperamental e famosa por sua dificuldade em ser bem vinificada, a grande especialidade Bordalesa. São produzidas, em média, 450 caixas por safra, o que torna este vinho um dos mais raros. Todos os vinhedos do monopólio são conduzidos de forma orgânica e biodinâmica. No trabalho de campo são empregados cavalos ao invés de tratores. 
O vinho é fermentado com os engaços, o que é incomum naquela região. O amadurecimento, por um período entre 16 a 20 meses, é em barris novos de carvalho, provenientes de uma parcela própria na floresta de Troncais. Não se usa bombeamento; todas as operações de trasfega, assemblage ou engarrafamento são feitas por gravidade. O vinho não é filtrado, e caso seja necessário clarificá-lo, apenas clara de ovo é utilizada. 

De coloração rubi, mostra aroma de frutas vermelhas, flores jovens, um pouco de mentol e notas de molho de soja. O corpo é médio, característica desta varietal, com um soberbo equilíbrio entre acidez e taninos; boa textura e um final de boca longo e radiante. 
Um monstro de vinho! 
Segundo o respeitado crítico internacional Clive Coates: “o mais raro, o mais caro e, frequentemente, o melhor vinho do mundo (…) o mais puro, o mais aristocrático e o mais intenso exemplo de Pinot Noir que se possa imaginar. Não é apenas um néctar, mas uma referência para se julgar todos os outros vinhos da Borgonha”. 
O DRC tem vários irmãos, como o La Tache, em determinadas safras considerado superior, além do Échézeaux, o Richebourg e o St-Vivant. 

Pertencente também ao mesmo grupo, a denominação Montrachet (pronuncia-se monrrachê) é nada mais, nada menos, que o melhor branco da França!… 

Dica da Semana: Um vinho um pouco mais caro, mas um excelente Pinot da Borgonha, que não fará feio acompanhando um bom arroz de pato. 

Bourgogne rouge 2008 
Produtor: Joseph Drouhin 
País: França / Bourgogne 
Casta: 100% Pinot Noir 
Este borgonha é produzido por Joseph Drouhin, um dos mais antigos e respeitados produtores da região. Um vinho concentrado e cheio de fruta madura. Na boca é amplo e sedoso. Harmoniza com pato, caça ou mesmo alguns peixes mais gordurosos como atum.

Um ícone espanhol

Continuamos na Península Ibérica. Pelas águas do Rio Douro, atravessamos a fronteira e chegamos à região espanhola de Ribeira del Duero, terra de um dos mais fantásticos vinhos do mundo. Tudo começou quando mercadores fenícios vinificaram, na região da Andaluzia, a mesma do Jerez, entre 1100 a 500 AC. Os gregos vieram depois, com seus animais e suas vinhas. Os romanos, em 200 AC, transformaram a agricultura familiar em indústria, para suprir suas legiões e a própria Roma. Com a chegada dos Mouros, em 711 a produção seria interrompida. Somente a partir do século XIV a vinificação ganharia novo impulso. Atualmente, a Espanha ocupa uma insofismável posição de destaque no cenário vinícola. 

A região de Ribeira del Duero incorpora-se a este mercado em 1850, época em que os métodos bordaleses são introduzidos. Em 1864, Don Eloy Lecanda funda sua bodega com o objetivo de produzir vinhos que se equiparassem aos de Bordeaux. Plantou 18.000 mudas de videiras dos tipos Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec e Pinot Noir, castas até então desconhecidas no território espanhol. 

O reconhecimento viria em 1915, graças a Domingo Garramiola, o Txomin, que se encarregou de produzir a primeira safra do fantástico

Vega Sicilia Unico, um dos 10 melhores vinhos do mundo. 

A bodega de Lecanda fora adquirida pela família Herrea que, por sua vez, a alugou a Cosme Palacio, que contratou Txomin. Trabalhando duro, sua primeira providência foi limpar a área e adotar técnicas higiênicas. Ele trocou todos os barris, ou dornas de envelhecimento, por madeiras de carvalho francês. Adotando, estritamente, as técnicas de Bordeaux, nasceria um vinho lendário. Os proprietários não o vendiam, distribuindo as garrafas entre membros da alta sociedade e pessoas amigas, forjando o mito que tal vinho não poderia ser pago com dinheiro, somente com estima. Um vinho único, exclusivo. 
A Evolução do Vega Sicilia 
No início de sua produção, o Único ficava guardado em tonel carvalho por 10 anos, sendo engarrafado a pedidos. Isto dava ao vinho uma madeira exagerada, mas com muita fruta e perfume. Em 1966, o enólogo Mariano Garcia introduz técnicas mais recentes, reduzindo a madeira sem perda de outras qualidades. A Vega Sicilia foi comprada por David Alvarez, em 1982, que promove uma grande modernização, aos moldes do que fez Txomin, no início do século XX. O Veja Sicilia Único não é mais um vinho pesado e amadeirado, embora mantenha uma bela estrutura, harmonioso, com muita fruta escura, grande potência e capacidade de guarda. A tradição se mantém, a ponto de não se fazer sequer a colheita quando a safra não é boa. 

Notas de Degustação – safra de 1999 
Um corte de 80% Tempranillo e 20% Cabernet Sauvignon, envelhecido por 2 anos, em grandes dornas de carvalho, seguido de 16 meses em barris menores, novos, de carvalhos franceses e americanos. Depois, mais 3 anos em uma mistura de diferentes tonéis e, por fim, mais duas rodadas de 3 anos, em barris usados e de volta às grandes dornas. 
É um vinho homogêneo e escuro. Aromas muito complexos e perceptíveis notas de couro, adstringência como a das frutas vermelhas, carnes de caça e a doçura de chocolate e cerejas negras. Na boca é muito elegante, com alguma fruta, inicialmente, complementado por excelentes taninos e corpo que crescem no paladar. Perfeitamente balanceado e integrado. 
Desde sua primeira safra o Único é acompanhado por irmãos menores. Por exemplo, o Valbuena, quase tão famoso e, muitas vezes, confundido; o Vega Sicilia Gran Reserva, produzido somente em anos especiais, e o Reserva, que não é safrado. 

Dica da Semana: um espanhol da região de La Mancha que, como D. Quixote, luta por seus ideais. 

Manon Roble Tempranillo 2008 
Produtor: Bodegas Mano a Mano 
País: Espanha / Região: La Mancha 
Casta: Tempranillo 
Apontado por Robert Parker como uma das melhores compras do mundo do vinho, este cativante tempranillo é maturado 7 meses em barricas de carvalho. Macio e cheio de fruto, dotado de certa elegância, é uma magnífica escolha para ter sempre em casa.

Compreendendo o Vinho – Final


Um termo muito usado no mundo do vinho é “terroir”, palavra francesa que significa terreno, mas que esconde todo um significado enológico que é considerado primordial: entender a relação do local onde as uvas foram plantadas, e o vinho produzido, com suas características organolépticas. Um conceito complexo e nada fácil de compreender. Estão envolvidos: tipo do solo, condições climáticas, orientação do parreiral, etc..

Podemos perceber melhor esta ideia através de degustações que envolvam vinhos de diferentes regiões ou países produtores. Uma experiência interessante e esclarecedora seria compararmos um Cabernet, produzido na Califórnia, com seus irmãos Australianos, Chilenos, Argentinos e Brasileiros. As cepas internacionais como, Merlot, Syrah e Pinot Noir, são outras boas opções. Entre os brancos, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Podemos usar vinhos de um único país desde que haja diferentes regiões produtoras, e que trabalhem as mesmas uvas.
Depois de adquirimos alguma experiência, nestes tipos de provas apresentadas, passamos para uma fase mais séria, mas não menos divertida. São as degustações clássicas: Horizontal e Vertical.
A primeira tem por objetivo compreender a influência de um determinado ano no vinho, comparando caldos de diversos produtores dentro de uma única safra. Mas temos que fixar uma diretriz, estabelecendo alguns parâmetros como a cepa, ou a região ou mesmo um determinado produtor. Para tirarmos algum proveito deste interessante exercício, devemos planejar bem a degustação, pois são tênues as nuances que farão a diferença entre um e outro produto.
Não podemos pensar em “tintos portugueses de 2009”, não teríamos meios de comparar o que vai ser apresentado. Mas “vinhos portugueses de Touriga Nacional, safra 2010”, seria uma prova interessante. A “horizontal” também é boa para compararmos vinhos de corte: diferentes produtores, mesma safra, mesmas cepas. Há uma enorme gama de possibilidades. Uma de suas variações é usada na apresentação dos vinhos de um produtor e pode incluir espumantes, brancos e tintos, num mesmo “flight”.
Na vertical, vamos comparar um mesmo vinho em diferentes anos. Muito importante, pois nos permite conhecer como a bebida evolui ao longo do tempo. Novamente, as varietais tradicionais sobressaem. Mas podemos usar e abusar dos vinhos de corte. Este tipo de prova se torna difícil em dois aspectos: obter garrafas das diferentes safras de um vinho; consegui-las sem pagar um preço absurdo.
Quase sempre organizadas por produtores ou grandes colecionadores, este tipo de degustação é muito valorizado. Em ambos os casos, é praticamente impossível conseguirmos um convite. Só para os “amigos do Rei”. Mas nada impede de realizarmos uma, guardando diferentes safras do nosso caldo predileto.
Se formos capazes de perceber e compreender todos estes detalhes, através das formas de degustação apresentadas, estaremos prontos para outra interessante aventura: uma degustação às cegas, onde os vinhos servidos só terão sua identidade revelada ao fim do evento. O objetivo é identificar o que estamos bebendo, uva, safra, origem, tipo (varietal ou corte), enfim, todas aquelas características que foram citadas anteriormente, sem nenhuma informação a priori, muitas vezes, nem a cor.
Algumas limitações se impõem. Não tem sentido fazer este tipo de comparação com vinhos escolhidos aleatoriamente. A melhor maneira é trabalharmos com temas, por exemplo, uma determinada uva, ou vinhos de uma região ou safra. Podemos “abrir” o tema ou apenas induzi-lo, seja com uma frase “são todos vinhos de uma única cepa”, seja usando o ambiente para passar esta informação, através de um jantar temático.
Este tipo de prova é a única que consegue desmascarar vinhos e degustadores: que tal experimentarmos com um vinho caro e outro barato…
O preparo de uma “às cegas” é importante. Nesta primeira imagem, temos as garrafas colocadas em embalagens numeradas. As fichas de degustação, importantíssimas neste caso, são identificadas por estes números.
Outra forma, um pouco mais restrita, é servirmos os vinhos em taças numeradas, eliminando-se o fator “garrafa”: tamanho, forma e peso podem ser pistas importantes.
Para radicalizarmos totalmente, a segunda imagem diz tudo: uma taça negra, totalmente opaca. Não saberemos nem a cor do vinho a ser provado.
Alguns conselhos finais:
1 – este último tipo de degustação pode ser feito até com um único vinho;
2 – mesmo entre degustadores experientes, o nível de acertos é baixo;
3 – em qualquer tipo de prova, começamos pelos vinhos mais jovens ou leves, subindo na escala;
4 – se houver diferentes tipos de vinhos, começamos pelo espumante, seguindo pelos brancos, rosés e tintos.
Quem vai encarar?
Dica da Semana I – Um vinho espanhol de excelente custo x benefício.
Sabor Real Joven 2008
Produtor: Bodegas Campinã, Castilla Leon, Espanha
Uva: Tempranillo (Tinta del Toro)
Sabor Real Joven foi produzido com videiras de mais de 70 anos de idade”. Cor Rubi escuro, oferece um maravilhoso bouquet de rochas moídas, especiarias, tabaco, lavanda, cereja e amoras. Na boca é um vinho encorpado, com boa fruta, apimentado e concentrado. Final longo e de caráter. Tem um potencial de guarda de 6 anos.
Robert Parker 90 pontos
Dica da Semana II – Jogo do Vinho
Um jogo de tabuleiro vem testar os conhecimentos dos enófilos e ensinar, de maneira descontraída, os iniciantes no universo do vinho. Idealizado por Celio Alzer, sommelier e professor da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers) do Rio de Janeiro. Com sua experiência de mais de 20 anos na sala de aula, coletou durante todo esse tempo as mil perguntas que compõem o livro do jogo. “Entre os assuntos destacados estão curiosidades, dicas de harmonização, notas sobre personalidades do mundo do vinho e sugestões de drinques”. O jogo tem tiragem limitada. O jogo vem com um tabuleiro, um livro com mil perguntas e respostas, 30 cartas e quatro peões. O kit traz ainda quatro meias garrafas de tintos selecionadas: o italiano Chianti DOCG Fattoria di Basciano, o chileno Terranoble Cabernet Sauvignon e dois portugueses – Terras de Xisto e Convento da Vila.
Para saber onde encontrar o Jogo do Vinho ligue para (21) 2286-8838 ou (21) 2535-0070.
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