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Vinhos Argentinos 2014 por Parker e Tanzer

 Recentemente dois grandes críticos publicaram suas relações dos mais pontuados vinhos do país Hermano. Nesta coluna vamos apresentar estes resultados, lembrando que o degustador designado pela Wine Advocate, de Parker, foi Luis Gutierrez.
 
Começamos com as notas de Stephen Tanzer que trouxeram uma bela surpresa: o vinho mais bem pontuado foi um branco, o Catena Zapata Chardonnay White Bones Adrianna Vineyard 2010, elaborado por Alejandro Vigil, principal enólogo da casa. Recebeu 95 pontos!
 
 
Um resumo da relação:
 
94 pontos
 
Catena Zapata Malbec Adrianna Vineyard 2010
Achaval Ferrer Finca Bella Vista Mendoza 2011
Viña Cobos Volturno Proprietary 2011
Terrazas de los Andes Cheval des Andes 2009
Nicolas Catena Zapata 2010
 
93 pontos
 
Vina Cobos Malbec Bramare Marchiori Vineyard 2011
Bodega Noemia Malbec 2011
Vina Alicia Cuarzo 2010
Catena Zapata Chardonnay White Stones 2010
Malbec Catena Zapata Nicasia Vineyard 2010
Susana Balbo Brioso Mendoza 2010
Casarena Malbec Jamilla’s Single Vineyard 2011
Terrazas de los Andes Malbec Single Vineyard Las Compuertas 2010
Poesia Mendoza 2010
Cabernet Franc Gran Enemigo 2010
Malbec Catena Zapata Argentino 2010
 
 
Na relação de Parker, um vinho tinto aparece em 1º lugar: Gran Enemigo Single Vineyard 2010 da Bodega Aleanna, 97 pontos. Esta vinícola pertence a Alejandro Vigil (proprietário e enólogo), o mesmo do Chardonnay escolhido na lista anterior. Interessante coincidência.
 
Eis a parcial lista dos melhores:
 
96 pontos
 
2012 Familia Zuccardi Finca Piedra Infinita
2010 Bodegas Catena Zapata White Bones Chardonnay
2011 Bodega Noemia de Patagonia Malbec
2010 Bodegas Catena Zapata Malbec Catena Zapata Adrianna Vineyard
 
95 pontos 
 
2010 Bodegas Catena Zapata Cabernet Sauvignon Nicolas Catena Zapata
2011 Achaval Ferrer Malbec Finca Altamira
2012 Familia Zuccardi Finca Los Membrillos
2010 Bodega Aleanna Gran Enemigo Agrelo Single Vineyard
2009 Bodega Aleanna Gran Enemigo Gualtallary Single Vineyard
2011 Casarena Poblacion J M Blanco Cabernet Sauvignon
2010 Bodega Noemia de Patagonia Noemia 2
2011 Achaval Ferrer Malbec Finca Bella Vista
2012 Per Se La Craie
 
Listei apenas os vinhos mais destacados de cada relação. Como era esperado, há diferenças entre os critérios adotados apesar das fichas de degustação e técnicas padronizadas. Muitos leitores questionam a validade desta metodologia, razão pela qual escrevemos esta coluna. Mais importante ainda, as escolha dos vinhos para analisar foram significativamente diferentes, com poucos vinhos em comum, 4 vinhos apenas:
 
 
Certamente o consumidor final é o grande beneficiado. Os vinhos acima são os mais sofisticados de cada produtor e o preço corresponde. Mas em cada lista há opções em conta.
 
Segundo Gutierrez, existe uma tendência mundial para vinhos com maior frescura e fáceis de beber. Percebe-se um rumo na direção de maior equilíbrio, elegância e distinção.

Dica da Semana:  um vinho que recebeu 94 pontos de Parker.

 

Vinho Alta Vista Single Vineyard Temis Malbec

Vinho de cor rubi, profundo. Contem aromas que remetem a frutas frescas e agradaveis de florais. Possui taninos macios e envolventes, paladar marcante.
Harmoniza com carnes vermelhas, massas ao molho sugo.
 

Organizando uma reunião com vinhos

Com o fim do verão já podemos imaginar um clima mais ameno e propício a beber aqueles vinhos que estão na adega aguardando uma ocasião adequada. Mas vocês sabem organizar uma reunião de amigos para apreciar a nossa bebida favorita?
 
A maioria já deve estar imaginando o tradicionalíssimo “Queijos e Vinhos”, que é uma espécie de porto seguro e simples de organizar. Mas a coluna desta semana quer ir além, que tal dar uma incrementada nesta reunião de modo a torná-la inesquecível?
 
Existem diversos caminhos para serem explorados e as sugestões que serão apresentadas podem ser aproveitadas em qualquer destes caminhos.
 
Para evitar surpresas de última hora, precisamos estar minimamente equipados:
 
– taças de espumante e vinhos (branco e tinto) em número suficiente para todos os convidados;
 
– saca-rolhas, decantador ou aerador, termômetro, entre outros acessórios;
 
– tomem por base uma quantidade de aproximadamente 1/2 garrafa de vinho por participante. Por exemplo: para um grupo de 8 pessoas o ideal seriam 5 garrafas de vinho;
 
– observe a seguinte ordem para servir os vinhos:
 
. Espumantes
 
. Vinhos Brancos leves (Sauvignon Blanc, Alvarinho)
 
. Vinhos Brancos encorpados (Chardonnay, madeirados)
 
. Rosados
 
. Tintos leves (Gamay, Pinot Noir)
 
. Tintos encorpados ou alcoólicos (Cabernet, Syrah)
 
. Vinhos de Sobremesa ou Fortificados
 
Simplificações podem ser feitas. Hoje é bastante comum usar um único tipo de taça para todos os vinhos. Escolha um tamanho entre a clássica para vinhos brancos e as maiores para vinhos tintos. Prefira as de cristal ou meio-cristal, perfeitamente transparentes. Pode parecer uma mania boba, mas bordas “finas” são fundamentais.
 
Que tal um jantar informal ou suas variações?
 
Apesar do título pomposo, isto nada mais é do que um prato quente oferecido em algum momento da noite. Algumas coisas devem ser decididas de antemão, por exemplo, o que vai ser servido? Isto implicará no que vai harmonizar com o prato.
 
Outro ponto que achamos importante considerar é o custo da brincadeira.
 
Lembrem-se que um jantar num bom restaurante, com 1 ou 2 garrafas de vinho não sai por menos que 180,00 ou 200,00 reais por cabeça. Em casa podemos preparar uma bela festa gastando muito menos que isto. Não se acanhem em rachar a despesa. Uma forma que vai fazer com que todos participem é pedir aos convidados que contribuam, seja com os vinhos, previamente definidos, a sobremesa ou mesmo os pães e salgadinhos. O anfitrião entra com a casa e o prato principal.
 
Na semana passada organizamos uma reunião como esta aqui em casa.
 
Inicialmente seria servido um Arroz de Lula, mas descobrimos que um dos casais convidados tinha problemas com frutos do mar. Mudamos para um Escondidinho de Carne Seca, que acabou sendo um sucesso. Os acompanhamentos eram Arroz de Jasmim e Salada.
 
Para abrir os trabalhos havia um bloco de patê acompanhado de geleia de frutas vermelhas e uma forma de queijo Camembert. Torradinhas, Nachos e outros salgadinhos completavam o quadro.
 
Para preparar o paladar foram derrubadas duas garrafas de espumante, um Cave Pericó Champenoise Nature, de Santa Catarina, excelente por sinal, seguido de um Cave Geisse Brut, velho conhecido nosso. Tudo servido em longas flûtes e num ritmo lento e gostoso.
 
 
O Escondidinho foi servido por volta das 22:00. Estava tudo previamente montado restando apenas colocar no forno por alguns minutos e levar para os convivas.
 
Para harmonizar com o prato quente selecionamos um Inominable Lote III, interessante corte de diversas safras e castas (5 pelo menos) elaborado pela vinícola Villagio Grando, que estava guardado há algum tempo. Foi decantado no final da tarde repousando até o momento de degustar.
 
Para provocar os nossos amigos, deixamos a garrafa à vista já sabendo que todos só olhavam para o decantador.
 
Não deu outra, ninguém descobriu qual era o vinho…
 
Uma segundo vinho foi aberto, o Lagarde Guarda, corte de Malbec, Cabernet Sauvignon e outras castas, servido através de um aerador. Ficou bem interessante a comparação com a preferência dividida entre o Nacional e o Argentino.
 
 
Para encerrar a noite sorvete de baunilha e biscoitos de chocolate acompanhados de uma tacinha de Licor de Tannat, uma especialidade uruguaia. Já passava da meia-noite quando todos se despediram.
 
 
Não fizemos as contas, mas ficou infinitamente mais barato do que se gastaria na noite carioca, sem falar que o ambiente era insuperável. Um único e óbvio senão foi arrumar a casa no sábado de manhã…
 
Existem diversos desdobramentos possíveis nesta linha:
 
. Vinhos de uma determinada região e a culinária correspondente;
 
. Vinhos de uma mesma casta elaborado em diferentes regiões;
 
. Novo Mundo x Velho Mundo – esta é clássica e bem fácil de organizar;
 
. Vinhos de uma mesma faixa de preço. Muito interessante, fixe o valor e o tipo (branco ou tinto) e deixe que cada um escolha o que vai trazer. Divertido!
 
Para reuniões mais sofisticadas é perfeitamente possível fazer comparações de grandes vinhos, safras e até mesmo vinhos “elegantes” ou “icônicos”.

Dica da Semana:  um vinhaço lá da Califórnia. Escolhido recentemente como o melhor do Encontro de Vinhos 2014 no Rio de Janeiro
 

Mettler – Old Vines Zinfandel Epicenter

No nariz, aromas de ameixa, morangos e baunilha seguidos de um quê de anis.Na boca, complexos sabores de ameixa, cerejas negras, frutas do bosque escuras e tabaco.Tudo equilibrado com chocolate amargo que envolve o pálato.Taninos aveludados são mantidos em vibrante suco com acidez presente.
Harmoniza com carnes vermelhas, embutidos e massas com molho vermelho.

Aromas! – Final

Os aromas mais comuns em tintos ou brancos não se resumem aos de frutas. Há muitos outros que podem ser identificados por olfatos bem treinados. Fizemos a sugestão do “dever de casa”, mas isto não era obrigatório e nem necessário para apreciar um bom vinho. Era, apenas, desejável.
 
É sabido que os aromas de nossos alimentos e bebidas influenciam o nosso paladar: o cheiro que sentimos definirá o gosto em nosso palato. Isto vale para o vinho embora muito do que se sente no nariz não se repete com a mesma intensidade na boca.
 
Para completar a nossa escala aromática, vamos passear pelas notas que tem origem nas flores, especiarias, ervas, madeira e alguns outros mais raros e curiosos. (apresentaremos os mais comuns apenas)
 
Começamos pelos Tintos:
 
Aromas Florais:
Eucalipto, Hibisco, Lavanda e Rosa.
Aromas Herbáceos e de Especiarias:
Alecrim, Anis, Baunilha, Canela, Hortelã/Menta Orégano, Pimenta do Reino e Sálvia.
Aromas Madeirados e Outros:
Café, Chá Preto, Chocolate, Cogumelos (terra), Couro, Cravo da Índia, Defumado (fumaça), Endro (Dill), Folhas Secas, Grafite, Noz Moscada, Sândalo, Tabaco e Toucinho (bacon). Pode-se acrescentar, novamente, Baunilha, que surge durante o contato com o Carvalho, notadamente o de origem Americana.
 
“Grafite” parece fora de lugar, mas ele existe é já foi um aroma peculiar em alguma fase de nossas vidas, afinal, apontamos muitos lápis…
 
Vinhos Brancos:
 
Aromas Florais:
Flores Brancas, Flor de Laranjeira, Madressilva e Rosa.
Aromas Herbáceos e de Especiarias:
Açafrão, Aipo, Baunilha, Capim, Erva Cidreira, Gengibre, Tomilho e Pimenta Dedo de Moça.
Aromas Madeirados e Outros:
Açúcar Queimado, Amêndoa, Caramelo, Cera de Abelha, Coco, Cogumelos, Creme de Leite, Derivados de Petróleo (Querosene), Manteiga, Mel, Noz Moscada, Pedra de Isqueiro, Pó de Giz, Solução Salina e também Baunilha como no caso do vinho tinto.
 
 
“Pedra de Isqueiro” é aquele aroma que sentimos quando acionamos este acessório e sai uma faísca sem a chama.
 
Querosene, embora seja um aroma quase desagradável, é muito comum nos Riesling alemães ou alsacianos, sendo um indicativo de boa qualidade.
 
Giz ou Pó de Giz é nosso velho conhecido dos tempos de bancos escolares. Um dos aromas minerais mais fáceis de identificar. Outros seriam o de cascalho e terra molhada.
 
Algumas castas têm características mais marcantes e fáceis de perceber. Eis algumas delas:
 
– Cabernet Sauvignon, Malbec, Tempranillo e Syrah tem predominância das Frutas Negras;
 
– Pinot Noir, Grenache, Sangiovese, Merlot e Nebbiolo tem predominância das Frutas Vermelhas;
 
– Viognier, Chenin Blanc, Moscato, Sauvignon Blanc e Gewurtztraminer apresentam com mais facilidade os aromas de frutas de árvores;
 
– Semillon, Chardonnay, Riesling e Pinot Grigio apresentam, quase sempre, aromas cítricos.
 
Dependendo do binômio vinho/casta os aromas podem denunciar alguma coisa a mais sobre o que vamos beber. Os especialistas nas degustações às cegas usam muito estas técnicas. Por exemplo:
 
– num bom Chardonnay o principal aroma de fruta pode variar do limão até o abacaxi, indicando um vinho mais jovem ou mais maduro;
 
– Se um Chardonnay (principalmente) apresentar aromas e sabores “amanteigados” significa que passou por uma fermentação malolática e/ou por madeira;
 
– tintos com aromas de Pimenta do Reino e minerais (cascalho), dependendo da intensidade dos taninos, podem indicar vinhos de Bordeaux (tânicos), Rhône (redondos) ou mesmo alguns italianos se houver algum aroma de fruta por trás;
 
Enfim, há uma série interminável de combinações possíveis e só com muitas “horas de taça” nos tornaremos “experts” neste delicioso assunto.
 

 
Dica da Semana: uma das minhas castas brancas preferidas.
 
 
TERRE DEL FOHN PINOT GRIGIO – 2010 – $
Produtor:Cantine Monfort
Região: Alto Ádige, Trentino, Itália
Delicado, aromático, com sabores encorpados no palato, e um final elegante e bem equilibrado. Excelente como aperitivo, com peixes e carnes brancas.

Aromas! – 2ª parte

Nesta semana é a vez dos brancos. Quando falamos de frutas que crescem em árvores ou “Árvores Frutíferas”, estas são as mais marcantes:
 
 
Nada de muito especial exceto a distinção entre Pêssego (polpa amarela), Pêssego Branco (polpa branca) e a compota desta fruta.
Duas frutas ficaram de fora, Banana, bastante comum nos Beaujolais Nouveau e Lichias mais comuns em alguns brancos sul americanos.
 
No segundo gráfico estão as “Frutas Cítricas”:
 
 
Algumas explicações são necessárias. O verbete limão, neste gráfico, compreende alguns tipos como o Tahiti, o Siciliano, o Galego, raspas de cascas e até mesmo suspiro de limão.
 
Há 3 tipos de Toranjas ou Grapefruit como preferem alguns autores. O de polpa amarela, mais comum no Brasil, também é chamado de Pomelo, além de outros nomes regionais. O de polpa vermelha pode ser chamado de laranja-melancia ou laranja vermelha. Já ouvi chamarem de Laranja Sangue também. Pouco comum, mas com algum esforço se encontra nas feiras livres do Rio e São Paulo.
 
 
A Toranja Rosa, hoje considerada como um dos alimentos mais saudáveis do planeta, é uma variação da Grapefruit descoberta em 1906 pela Atwood Grapefruit Co. Provavelmente surgiu por polinização cruzada entre outras espécies. Sua polpa é levemente mais clara que a da fruta anterior. Nunca vi à venda no Brasil, só sob a forma de sucos industrializados e possivelmente artificiais.
 
Agora é só vocês fazer a segunda parte do “dever de casa” da semana passada para ficarem craques em aromas de frutas. Qualquer uma…

Dica da Semana:  um excelente branco da Gasconha.
 

Alain Brumont Gros Manseng / Sauvignon Blanc 2012  

Amarelo-palha com reflexos verdeais, consistente. Emana aromas encantadores de limão siciliano, groselhas verdes, pera e maçã verde. Guloso na boca, com acidez perfeita que da vibração à maturidade da fruta.
 

Machupicchu e os vinhos que não bebi – Final

 5º e 6º dias Cusco novamente
 
Depois de uma modorrenta manhã e uma divertida viagem de trem até a estação de Ollanta, seguido de 1:30h de van, retornamos ao nosso simpático hotel em Cusco, já bem aclimatados com o ar rarefeito de lá. Nosso principal objetivo tinha sido plenamente alcançado e estávamos com um dia e meio livres para desfrutar da gastronomia “cusqueña” e nos prepararmos para a celebração do ano novo.
 
Após um breve descanso partimos para jantar num dos mais badalados restaurantes, o Limo, que serve uma culinária peruana com forte sotaque japonês. Interessantíssimo. Nas fotos a seguir uma montagem dos pratos e sobremesas. É para deixar com água na boca mesmo!
 
Para começar os aperitivos: algumas variantes do Pisco Sauer, cervejinha e uma prosaica limonada com especiarias locais. O “amuse bouche” era composto de algumas pastinhas moderadamente picantes e batatinhas assadas no lugar do pão, para mergulhar.
 
 
Os pratos:
 
 
O forte são os pescados, seguido das aves. Carne vermelha, embora boa, é escassa. Assim como no México, o abacate é presença constante nas saladas ou como acompanhamento. A grande novidade ficou por conta do prato mostrado na primeira foto à esquerda: Cuy.
 
Trata-se do nosso “Porquinho da Índia”, uma fonte de proteínas desde os tempos dos Incas. Há, inclusive, pequenos quiosques no Vale Sagrado que os vendem como os nossos espetinhos de carne, “Cuy al Palo”. São muito apreciados e quem provou achou saboroso. É uma carne de porco!
 
Para harmonizar, um belo Finca Las Moras Sauvignon Blanc que estava delicioso. Até que enfim um bom vinho!
 
Um curioso detalhe na hora de servir o vinho foi a pergunta: “local o helado?” Os peruanos não têm o hábito de beber nada com gelo ou muito gelado, tudo é na temperatura ambiente. Nesta noite fazia cerca de 10º na rua e um pouco mais quente no restaurante. Pedimos que gelassem o vinho, só então o balde com gelo e água foi trazido. Voltamos para o hotel em alegre caminhada pela principal via de Cusco, a Avenida del Sol.
 
No dia seguinte, último do ano, após uma manhã de museus, passeio em ônibus aberto e comprinhas, fomos almoçar em outro restaurante badalado, o Cicciolina, com um cardápio de influências italianas. De interessante um diferente presunto cru de pato, servido em delgadas lâminas sobre cubos de polenta. Pensando na ceia de ano novo optamos por pratos mais leves e deixamos os vinhos para mais tarde.
 
 
Bela refeição, embora a nossa preferida tenha sido a da noite anterior. Um vinho perfeito para acompanhar seria o Orvieto DOCG da Piccini, leve e aromático.
 
 
A ceia de Réveillon foi outro capítulo formidável. Compramos, com a devida antecedência, um pacote no Inka Grill, prestigiado restaurante bem localizado na Praça de Armas, epicentro das comemorações. A ilustração a seguir mostra o cardápio oferecido.
 
 
Começamos com uma rodada do onipresente Pisco Sauer. Eu tive que derrubar mais um, que seria do Rubens, o mais novo apreciador da Inca Cola. O problema é que os efeitos do álcool são mais intensos por aqui. Se não moderar a festa acaba mais cedo. Estávamos com uma grande expectativa para saber qual vinho nos serviriam. Podíamos optar por tinto ou branco, apenas.
 
Vieram as entradas e logo depois os pratos principais (fotos).
 
 
Ofereceram-nos um tinto chileno, o Santa Helena Varietal Carmenére. Confesso que tenho certa reserva com vinhos que trazem nomes de Santas ou Santos em seus rótulos, nunca me acertei com eles. Para não bancar o enochato aceitei. Não me arrependi, estava correto e foi boa opção de harmonização. Após as sobremesas foi servido um cava Freixenet Cordon Negro, que é uma aposta certeira apesar de produzido em larga escala.
 
 
Um pouco antes da meia-noite deixamos o restaurante e fomos assistir e participar da comemoração na Praça de Armas, bem diferente do espetáculo pirotécnico do Rio e de outras capitais do mundo. A grande farra em Cusco é correr em volta da praça. Os jovens gastam energia nisto e são muito animados. Contagiante!
 
Fogos de artifício não são bem vistos por lá: colocam em risco o importante patrimônio cultural da cidade (mas tem sempre alguém que solta um rojão…).
 
 
Alegres e satisfeitos voltamos para o hotel. Nosso avião para Lima partiria no final da manhã do dia 1º.
 
6º e 7º dias Lima
 
O primeiro dia do ano na capital peruana é meio morto. Chegamos ao hotel por volta das 15h e logo saímos para passear. Fomos conhecer o Shopping Larcomar, construído sobre uma das muitas falésias locais. Ficamos passando o tempo e fotografando a linda vista para o Pacífico até a hora de jantar.
 
O grupo se dividiu.
 
Cecília e Rubens foram para o turístico restaurante Rosa Náutica (foto), um complexo situado sobre o mar e acessado por um longo píer cheio de lojinhas. Claudia e eu fomos procurar algo mais autêntico, mas não havia muitas opções, tudo estava fechado por conta do feriado. Repetimos o Alfresco e, novamente, foi uma boa pedida.
 
 
Nosso último dia no Peru foi movimentado. O avião que nos traria de volta decolaria às 21:45h, hora local, nos deixando com o dia livre para conhecer melhor a capital do país. Depois de umas compras num supermercado próximo, partimos para conhecer o Centro Histórico e o Museu Larco de arte pré-colombiana, muito recomendado.
 
Este museu é imperdível. Uma instituição particular fundada em 1926, por Rafael Larco Hoyle, aos 26 anos de idade, com ajuda de seu pai. Conta com cerca de 45.000 peças e é um espetáculo à parte.
 
No início de sua coleção se deu conta da falta informações arqueológicas que permitissem classificar adequadamente o material que adquiria. Enveredou-se pelos caminhos da arqueologia, fazendo inúmeras pesquisas e suas próprias escavações. Criou-se o sistema de ordenação cronológica, adotado até hoje, além de ter revelado diversas culturas até então desconhecidas, como a Moche.
 
 
Almoçamos, sem vinho, no simpático restaurante do museu e nos despedimos deste impressionante país, esperando voltar um dia para conhecer outras atrações como as Linhas de Nasca e o Lago Titicaca.
 
O outro lado da moeda
 
A propósito dos comentários feitos na coluna da semana passada, recebi este interessante e-mail do leitor Maurcio Steinberg, que residiu em Lima. Acho importante conhecer os aspectos que não são mostrados aos turistas:
 
“Tuty.
 
Morei e trabalhei em Lima por 1 ano e meio. Lecionei matemática na Federal de Lima como parte de meu doutorado em matemática. No início eu pensei como você que os nativos eram educados e nos tratavam bem, mas conforme a convivência ia aumentando víamos que a educação não é o mais forte deles. Apenas aquelas profissões ou funções que têm integração com o turismo são vigiadas de perto e se houver qualquer tipo de reclamação, o funcionário está fora. O governo trata com mão de ferro quem cuida e atende aos turistas, mas não cuida daqueles que dão educação a seu povo, tal como o daqui, não interessa ter um povo aculturado.
 
Todos os serviços que têm por finalidade o atendimento ao turista são duramente treinados e se não servirem são descartados.
 
Durante os 18 meses que fiquei por lá, bebi alguns bons vinhos, caros, mas bons.
 
Não é comum você ir a jantares em casas de nativos porque eles não recebem bem os estrangeiros que trabalham por lá. Eles acham que você está tirando uma vaga deles e o desemprego por lá é grande.
 
O Peru que você viu, não é o Peru real, o do dia a dia. O que você viu é o Peru para turista.
 
Não estou criticando sua coluna, por favor não me entenda mal, apenas estou colocando minha experiência sobre viver em Lima. Acredite, foi gratificante, mas pesada.
 
Abraços
 
Maurcio-Natal”
 Dica da Semana:  para encerrar esta viagem, uma verdadeira volta ao passado, um clássico.
 
Albert Bichot Petit Chablis 2011
Cor amarela claro com reflexos esverdeados. Apresenta notas de maçã, limão e um belo toque de mineralidade. Na boca é redondo e com boa persistência.
 
Este vinho é muito adequado para servir como aperitivo ou com pratos acompanhados com frutos do mar.
 
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