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Ah! Os tintos


O leitor seria capaz de afirmar qual o vinho da última ceia?

Tinto, com certeza. Já a casta… Há diversas teorias.
O vinho tinto foi o primeiro a ser vinificado e, até hoje, é o tipo mais produzido e consumido. Logicamente, as uvas vermelhas tem maior extensão de plantio do que outras cepas.
Vinho tinto é uma bebida nascida no Velho Mundo. Sempre foi considerada nobre. Algo capaz de transferir certo status. Beber um tinto, um bom tinto, bem entendido, exige certos requintes, quase um rito. Há quem afirme ser impensável bebê-lo sozinho ou desacompanhado de uma boa refeição. Exageros. Mas vinhos melhoram muito se forem compartilhados.
Escolher um bom tinto está se tornando uma arte. Produtores de todo o mundo se esmeram em produzir mais e melhores vinhos. O mercado ficou complexo. Comparações se tornam inevitáveis assim como o surgimento de uma série de experts, que através de suas críticas, passam a influenciar e mesmo ditar os caminhos a serem seguidos.
Faca de dois gumes! Ao mesmo tempo em que estes personagens conseguiram criar um sistema de avaliação de vinhos, também impõe uma pasteurização na produção final: todos querem uma boa critica ou uma nota máxima. Os vinhos acabam ficando parecidos…
Mas é o nosso paladar que vai mandar. O vinho bom é aquele que a gente gosta. Que desce prazerosamente pela boca. Que nos dá vontade de repetir e, por que não, deixa os convidados embasbacados, arrebatados.
A primeira regra para conseguir este sucesso é experimentar muito. Se o leitor for do tipo organizado, compre um pequeno caderno para fazer suas observações. Procure na mídia especializada algum teste comparativo recente. Use o resultado para escolher uma linha de vinhos e tire suas próprias conclusões.
Por exemplo: vinhos do tipo Bordalês são sempre bem aceitos pela crítica. É uma escolha certeira na maioria das vezes. Um segundo caminho que funciona muito bem é trilhar pelos varietais, provando caldos de diferentes regiões e produtores. Algumas castas são perfeitas para isto, Cabernet Sauvignon, Merlot e Syrah ou Shiraz.
O Cabernet caracteriza-se pelos taninos densos e aristocráticos, cor profunda, complexos aromas de frutos tais como ameixa, cassis.
O Merlot é encorpado, intensamente frutado. Seu paladar é rico, macio, perfeitamente equilibrado, sedoso e de grande classe. Agrada muito ao público feminino.
O Syrah é um vinho complexo e distinto, de cor escura, alcoólico e com aromas e sabores de especiarias. Pode ser bebido com grande prazer desde a juventude graças à rotundidade e doçura dos seus taninos.
Os brasileiros apreciam muito duas castas ícones da América do Sul, a Carménère chilena, que é uma prima do Merlot, e a Malbec argentina, que produz um vinho potente, mas ao mesmo tempo muito redondo e fácil de beber. Ótimo com um bom churrasco.
Tanino é uma substância que está presente na casca da uva tinta e que se transfere ao vinho. Quimicamente é um polifenol. Se não forem bem tratados durante a vinificação dão uma sensação desagradável à bebida. O vinho fica rascante. Por outro lado, a ausência deles deixa o vinho insosso. Outras frutas como cereja, morango, mirtilo e romã são ricas em taninos.
Escolha uma bela ampola. Tire a rolha e deixe o líquido respirar um pouco. Sirva em uma taça adequada, com um pequeno bojo. Não ponha muito, cerca de 1/3 do volume. Segure pela haste e faça pequenos movimentos circulares, oxigenando mais um pouco o adorável liquido. Olhe a cor contra um fundo branco, sinta os aromas que se desprendem do copo. Quais memórias vêm à mente? Prove. Aprecie.
Calma! Calma!
Não precisam se insurgir. Um bom Bordeaux é a dica da semana.

Château Gabaron 2006
País: França
Região: Bordeaux Uva: Merlot (40%), Cabernet Sauvignon (30%), Cabernet Franc (30%)
Uma boa descoberta, este saboroso petit château – de uma pequena propriedade no coração de Bordeaux – apresenta uma excelente relação qualidade/preço e um estilo bem francês. Equilibrado e macio, fácil de beber, é um ótimo vinho de bistrot.
Saúde!

Espumantes, Brancos, Rosés, Tintos, Doces e Fortificados


Fortificados? Será que alguém construiu uma fortaleza só para guardar vinhos?
Vamos deixar todos com curiosidade, mas não existe nenhuma muralha em torno dos vinhos fortificados. Só por uma questão de tradição, os deixaremos por último. Para começar, como manda o ritual de uma degustação, vamos abrir um espumante.
Nesta categoria de vinhos, os Champanhes reinam absolutos. E só os que são produzidos na região de Champagne, na França, podem receber esta denominação. O resto é espumante.
Mas e os maravilhosos Proseccos, não são champanhes? Não! Aliás, desde a introdução no nosso mercado deste simpático e refrescante espumante italiano, a expressão tomar um prosecco virou sinônimo de tomar um espumante. Um engano curioso: prosecco é a uva a partir da qual se faz o borbulhante vinho. Existem vinhos brancos tranquilos (os que não espumam) com a mesma uva e a mesma denominação.
Vinhos espumantes são fabricados em diversos países e, acreditem, alguns podem ser melhores que os endeusados Champãs, como gostava de grafar o saudoso Ibrahim Sued. No Brasil são produzidos excelentes espumantes, apreciados por degustadores internacionais. Na Espanha, espumantes são conhecidos como Cavas, na Alemanha denominam-se Sekts, pouco apreciados por aqui. Na Itália, além do já citado, vamos encontrar o Lambrusco e o Asti, entre outras. Na França fazem espumantes em outras regiões adotando a expressão Cremant.
As castas mais tradicionais na produção destes vinhos são a Chardonnay e a Pinot Noir.
Um detalhezinho: espumante que se preze é Brut, que se traduz como seco. Bebe-se gelado, em torno de 9° C.
Além dos espumantes, a uva Chardonnay produz os melhores vinhos brancos, na opinião de muitos enófilos. A referência, como sempre, são os vinhos da Borgonha, França. Mas não reinam mais sozinhos e podem mesmo, ter perdido a majestade. Os chardonnays Norte-Americanos tem simplesmente arrasado a concorrência, aliando qualidade a um preço imbatível. A perfeita relação custo x benefício.
Outras uvas brancas desafiam a nossa Rainha (Chardonnay). Sauvignon Blanc, Semillon, Pinot Gris, Riesiling, são algumas das castas que produzem vinhos fantásticos, principalmente no novo mundo. Existem, também, brancos feitos a partir de uvas tintas. Nenhuma mágica nisto, basta remover as cascas no processo de fermentação. A Pinot Noir, classuda e complexa uva tinta, costuma ser vinificada em branco para compor os champanhes. A expressão blanc des blancs indica os vinhos feitos unicamente com uvas brancas.
Já adivinharam qual seria a casta que reina nos tintos? Pinot Noir é uma delas. Mas não é a única. Dependendo do paladar de cada um, e isto é extremamente significativo, os melhores tintos poderão ser das castas Cabernet Sauvignon, Nebbiolo, Sangiovese, Syrah ou Merlot. Isto sem levar em conta as sul-americanas Malbec (Argentina), Carménère (Chile) e Tannat (Uruguai), cujo reconhecimento e consumo mundiais aumentam espetacularmente.
Os Tintos são vinhos sérios, para serem bebidos com certa circunstância. Existe mesmo um rito para aprecia-los. Mas não sejam tão precisos assim, um cálice de tinto nas refeições não só as tornam mais saborosas como traz ótimos benefícios à saúde. Mas sem exageros OK?
Vinho tinto é o maior mercado vinícola e será objeto de uma coluna só para eles.
E o Rosé? É simplesmente uma mistura de tinto com branco?
Não é bem assim. Sua agradável coloração é obtida controlando-se o tempo que as cascas da uva tinta permanecem em contato com o mosto em fermentação. O Rosé é descompromissado, refrescante, para ser degustado informalmente. É ideal para o verão brasileiro. Boa companhia para uma praia ou piscina. Bebe-se quase como uma cerveja – bem gelado. Para os enochatos a temperatura indicada é cerca 12° C. (boa pra um branco também)
Acredito que os leitores já estão impacientes: e o tal fortificado?
Posso afirmar, com segurança, que todos nos já provamos um fortificado. Vinho do porto, por exemplo. Outros da mesma categoria são o Madeira, o Jerez e o Marsala. Junto com os vinhos doces, também chamados de sobremesa, formam uma categoria à parte.
Neste segmento dos adocicados, pensados para acompanhar uma sobremesa, reinam o Tokai, produzido na Hungria, e o Sauternes, francês. No Novo Mundo, são comuns vinhos de sobremesa produzidos a partir das castas Gewurztraminer e Riesiling. Tintos doces são raros, mas deliciosos. Um exemplo dos mais conhecidos é o Vin Santo italiano.
Vinho do Porto é a referência entre os chamados fortificados. Recebem esta denominação porque são misturados com aguardente vínica, processo que permite que estes vinhos durem mais de 100 anos. Assim como os doces, completam uma refeição tendo a fama de serem digestivos. Mas há que os beba como aperitivos.
Saca Rolhas em punho!

Montes Chardonnay 2009 (Viña Montes)
País: Chile
Tipo: Branco Seco
Ótimo branco elaborado com a nobre uva Chardonnay. É fermentado parcialmente em carvalho, o que confere esse agradável toque de baunilha bem equilibrado com as frutas exóticas. Encorpado, rico, cremoso e de moderada acidez. Apresenta uma excelente relação qualidade/preço.
Saúde !

Vamos tomar um vinho?

Beber vinho está na moda. Supermercados não só colocaram suas prateleiras em destaque como aumentaram a oferta incluindo, até mesmo, ajuda de um expert para fazer a seleção do que vai ser comprado. Nas grandes capitais, multiplicam-se as lojas especializadas. Enfim, já existe todo um setor dedicado a explorar este crescente mercado.

Muitos consumidores acreditam que vinho é uma bebida para ocasiões especiais ou que exige um ritual para ser apreciado, o que nem sempre é verdade. O resultado final é que por desconhecimento ou inibição, opta-se por outra bebida, mais fácil.

Enquanto nossos vizinhos, Argentina, Uruguai e Chile são grandes consumidores, com médias anuais acima de 20 litros por ano por pessoa (na Argentina chega a 40 litros), no nosso país o consumo não chega a 2 litros por ano por pessoa. Muito pouco.

Historicamente este insignificante volume tem origem na baixa qualidade do vinho produzido por aqui, neste caso, os vinhos populares de garrafão feitos a partir da uva Isabel que não é vinífera. Contribui, também, na alta taxação para importar vinhos e o desconhecimento genérico do consumidor em potencial.

Nem mesmo a alardeada ideia de que 1 ou 2 cálices de (bom) vinho, por dia, podem trazer enormes benefícios à saúde conseguiu mudar este quadro. Temos um longo caminho pela frente até nos tornarmos produtores e consumidores respeitados. O lado positivo é que muita coisa já está sendo feita.

Adquirir um conhecimento básico, que permita chegar num bom restaurante, abrir a carta de vinhos e fazer uma boa escolha não é difícil e pode ser muito divertido.Existem várias opções de cursos nas principais cidades. Pesquisando aqui e acolá, fizemos uma relação do que pode ser interessante.

– Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) – Seu curso básico é o mais famoso do país, tem sedes em S. Paulo, Rio de Janeiro, Campinas, Brasília, Minas Gerais e Bahia. Entre no site e descubra mais.

SP – http://www.abs-sp.com.br ou http://www.abs-campinas.com.br(Campinas)

RJ – http://www.abs-rio.com.br

MG – http://www.abs-minas.com.br

BA – http://abs-ba.com.br/home/

– Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho – é a mais antiga do Brasil. Oferece bons cursos. Tem sedes em S. Paulo e Rio Grande do Sul. Saiba mais em:

SP – http://www.sbavsp.com.br/

RS – http://www.sbav.com.br/novo2004/

Além destes, o SENAC oferece diversos cursos, inclusive um profissionalizante de Sommelier. Existem, também, cursos independentes, muitas vezes oferecidos por vinícolas, lojas de vinho ou mesmo escolas particulares. Consulte esta lista abaixo:

Mar de vinhos (RJ) – http://www.mardevinho.com.br/

Belo Vinho (MG) – http://www.belovinho.com.br/

Degustadores sem Fronteiras (SP) – http://www.degustadoresemfronteiras.com.br/

Ciclo das Vinhas (SP) – http://www.ciclodasvinhas.com.br/

Duas vinícolas tradicionais, Miolo (http://www.miolo.com.br/cursos/) e Salton (http://www.salton.com.br/novo/cursos.aspx?pg=vinhos) oferecem cursos, às vezes itinerantes. Consulte os respectivos sites para maiores informações.

Não podemos esquecer nem do mercado editorial e nem da Internet. Uma boa pesquisa nas livrarias da sua cidade ou na rede pode trazer ótimos resultados.

Para não deixar ninguém com sede, aqui vai a nossa primeira indicação:

t1
Tilia Malbec Syrah 2009 
Argentina/Mendoza (http://www.bodegasesmeralda.com.ar/index.html)
Combinando duas castas de grande exuberância, o Tilia Malbec/Syrah é um vinho macio, maduro e incrivelmente saboroso, mostra um estilo moderno, mas muito equilibrado, impossível de não gostar.
Se não encontrar nas boas lojas de sua cidade, pode ser comprado diretamente do importador, Vinci Vinhos: http://www.vincivinhos.com.br/default.aspx
Saúde !

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