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Expovinis 2013 – 1ª parte

Nos dias 24 e 25 de abril, eu e meu parceiro de coluna, José Paulo Gils, estivemos na Expovinis 2013 – Salão Internacional do Vinho, em São Paulo, a mais importante feira de negócios deste segmento no Brasil. Esta foi a 17ª edição contando com mais de 400 expositores num dos pavilhões do Expocenter Norte, na Vila Guilherme. Um evento impressionante sem dúvida.

São mais de 5.000 rótulos e uma expectativa de 60.000 garrafas de vinhos de todos os cantos do mundo sendo degustadas. Não é para qualquer um, e um bom planejamento precisa ser feito para tirar um máximo de proveito.

Decidimos dividir nossa visita em “brancos + espumantes” no primeiro dia e “tintos” no segundo. Nossos ‘trabalhos’ se iniciavam às 13h, bem antes da abertura para o público em geral, o que seria às 17h. Bastante tempo para descobrir produtores que não conhecíamos, afinal, este era o nosso principal objetivo. Com o catálogo na mão começamos uma extensa peregrinação em busca de vinhos que nunca havíamos provados.

Passamos por produtores pouco habituais, como a Abrau-Durso que produz espumantes na Rússia, muito bons por sinal, até algumas das mais conhecidas marcas nacionais e internacionais. Em cada stand havia atrativos que nos retinham por um longo tempo, como o elegante stand da francesa Domaine de Gragnos onde fomos desafiados para um jogo de identificação de aromas que remetia a seus vinhos.

Vale a pena ressaltar que esta é uma feira ‘Business to Business’ (B2B) para gerar negócios entre produtores de vinhos e importadores/distribuidores de todo o país. A maioria dos produtos degustados por nós ainda não está à venda por aqui.

Um dos expositores que mais nos interessou, sem ser exatamente uma novidade, foi a Cavino – Domain Mega Spileo, da Grécia. Ofereceram-nos uma surpreendente degustação, completada no dia seguinte com os tintos, conduzida por um dos enólogos da casa. Experimentamos deliciosos vinhos elaborados com diversas castas locais.

Todos excelentes!

Muito comum neste tipo de feira são os stands coletivos. Itália, França, Espanha e Portugal trouxeram diversos produtores de pequeno ou médio porte que elaboram verdadeiras joias. Experimentamos brancos de Bordeaux, do Vale do Rhone, um Fianno da região de Salerno e até mesmo um delicioso Marsala, um vinho fortificado que anda sumido por estas paragens.

Entre os sul americanos dedicamos algum tempo aos vinhos do Uruguai, onde assistimos a uma simpática apresentação de seis brancos feita pelo especialista Didu Russo. A chilena Tutunjian, nos apresentou o Riesiling ‘Pacífico Sur’ da região do vale de Curico que se destaca entre a ‘mesmice’ de sempre.

Para encerrar este primeiro dia, visitamos diversos produtores do Brasil. Entre diversas e deliciosas opções provamos os espumantes da Villagio Grando, seu rosé foi premiado como o melhor da exposição, Don Guerrino e Campos de Cima. Vinhos de primeiro mundo. Mas a grande surpresa foi a Vinícola Santa Augusta, de Santa Catarina, com um espaço próprio. Degustamos uma bela coleção de espumantes, todos elaborados no método Charmat e um bem produzido Chardonnay.

Dica da Semana: um espumante brasileiro pouco divulgado que vem colecionando diversos prêmios, inclusive no exterior!

Campos de Cima Brut

Elaborado pelo método tradicional, com uvas Chardonnay e Pinot Noir originárias de vinhedos próprios. Predominam aromas cítricos, mesclados a néctar e tâmaras, com leve fundo de ervas de quintal (alecrim, sálvia). Em boca é agradável e persistente. Harmoniza bem com terrines, patê de campagne ou para os mais ousados, uma boa massa com molho de tomates e ervas aromáticas.
Premiações:

Medalha de Ouro – V Concurso Internacional de Vinhos do Brasil 2010
Medalha de Ouro – VII Concurso Brasileiro de Espumantes 2011
Medalha de Ouro – Concurso Mundial de Bruxelas – Brasil 2011
3º Melhor Espumante Brasileiro na Avaliação Topten Expovinis 2012
Medalha de Prata – VI Concurso Internacional de Vinhos do Brasil 2012

Degustando Vinhos Icônicos

A coluna desta semana tem como pano de fundo os e-mails de alguns leitores sobre a experiência descrita na postagem anterior.
 
Basicamente, notei certa austeridade com relação ao tipo de vinho consumido, uma incredulidade com relação às massas e o tal negócio do ‘tem que’.
 
Vamos quebrar algumas regras, não se espantem. A primeira que vou jogar no lixo é o ‘tem que’:
 
Nenhum vinho tem que harmonizar com nada!
 
As tradicionais regras de harmonização, constantemente citadas aqui e em outras publicações vinícolas, têm, por objetivo, fornecer sugestões – nada mais que isto – para tornar a nossa experiência ao degustar um vinho em algo melhor. Mas certamente podemos beber qualquer vinho apenas pensando na vida ou com um pão fresquinho e manteiga. Garanto que vai combinar.
 
No momento que algum enófilo botou na cabeça que este ou aquele caldo tem que ser consumido ‘exatamente’ de uma maneira, estragou tudo! Degustar um bom vinho é uma forma de quebrar regras, romper com tabus, sonhar, experimentar. Se der errado, ótimo! Já sabemos o que não fazer na próxima oportunidade.
 
 
O segundo tema que vou abordar, de modo resumido, é este respeito exagerado por um vinho de sonho. Eu não consigo imaginar comprar ou ganhar uma daquelas garrafas que existem na nossa imaginação e ficar o resto da vida olhando para ela. Vou bebê-la mais cedo ou mais tarde. Pode até ser que eu espere uma ocasião especial, mas o destino será o mesmo de uma garrafa comprada no supermercado por uns poucos trocados.
 
Então onde está a diferença?
 
Não há uma resposta simples. Cada um vai ter uma experiência diferente com os vinhos que provar. Gosto muito de citar a minha mulher. Ela resume nos 5 dedos de uma mão tudo o que precisamos saber: tinto, branco, rosé, gosto e não gosto.
 
 
Muitas vezes é difícil se apreciar um vinho se o nosso olfato e paladar não foi devidamente treinado. Para isto, só com algum tempo de estrada. Somente então seremos capazes de diferenciar (e apreciar) um Brunello de um Chianti, um Bordeaux de um corte Bordalês qualquer, ou mesmo um bom vinho de boa relação custo x benefício de uma caríssima garrafa que não tem um bom conteúdo.
 
Leva tempo, mas vale a pena. É a partir deste ponto que valorizamos (alguns) vinhos icônicos e ficamos muito satisfeitos quando conseguimos comprá-los ou ganhá-los. Mas isto não pode virar um problema na hora de degustar.
 
Eis uma pequena aventura para solidificar estas ideias:
 
Numa outra ocasião, a vítima era o Don Melchor, um ícone chileno. Um espetacular Cabernet elaborado com uvas de diferentes vinhedos. Um amigo ganhou a garrafa e aquilo quase virou uma batata quente. No barato custa R$ 400,00, mas não precisa de pompa e circunstância para prová-lo. Respeito, e muito, quem o presenteou.
 
Combinamos um almoço com mais um na mesa, três pessoas. Escolhemos um restaurante de comida internacional. Como sempre, abrimos com um espumante, pães do tipo italiano, presunto cru e burrata, tudo regado com bom azeite.
 
Uma explicação: isto tudo tem a finalidade de preparar o palato para um tipo de vinho com uma casta sabidamente tânica.
 
Tendo isto em mente escolhemos os pratos:
Eu optei por uma Paleta de Cordeiro;
O outro convidado encarou um Osso Buco;
O dono da garrafa arriscou optando por um elaborado espaguete com frutos do mar.
 
 
Os leitores já devem estar especulando quem acertou e quem errou. Eu posso falar com segurança da minha parte: estava perfeito. Posso pressupor que o outro prato de carne também foi uma boa harmonização. Mas só quem o consumiu pode avaliar. Restou a massa e o dono da garrafa: pela expressão dele estava muito satisfeito e ficou feliz com toda a experiência.
 
Mas o vinho teve uma parte importante neste ‘causo’. Estava muito bom, com os taninos perfeitamente arredondados, era muito frutado o que encobria a tal secura na boca. Um senhor vinho como poucos que provei até hoje. Confesso que fiquei tentado para deixar um pouco na taça e provar com uma mousse de chocolate na sobremesa. Tenho certeza que ficaria ótimo.
 
Por fim o capítulo “Massas”.
 
Macarrão é um alimento neutro, sem gosto marcante. Por esta razão é tão versátil. Mesmo os do tipo recheados como Canelones, Raviólis, etc., nunca são intensos no seu conteúdo, para permitir aos Chefs, profissionais ou domésticos, criarem os mais sofisticados molhos. Acaba sendo um desafio para quem pretenda harmonizar. Mais regrinhas a serem quebradas:
 
Não é obrigatório um tinto italiano para acompanhar massas;
 
Tintos não são a única opção.
 
Alguns exemplos de massas que derrubam esta ‘ditadura’:
 
Massa com frutos do mar;
 
Ravióli de pera com molho de Brie (eu usaria um branco demi-sec);
 
Massas com recheio ou molho de abóbora.
 
Um conselho final: experimente!
 
Dica da Semana: um ícone!
 
Coyam Orgânico
Vinho produzido por Vinhedos Emiliana, Chile, com: 41% Syrah, 29% Carménère, 20% Merlot, 7% Cabernet Sauvignon, Mourvedre 2%, 1% Petit Verdot
Um vinho de intensa coloração violeta, lembrando ameixa vermelha. Nariz que expressa aromas de frutos vermelhos maduros, ameixas, amoras e frutas negras que fundem elegantemente com notas de especiarias, terra, e um toque de baunilha doce. Bem equilibrado e grande corpo no palato, com boa estrutura e taninos macios, redondos.
Harmonização: deve ser acompanhado por uma grande amplitude de pratos e sabores como: lombo com batatas gratinadas, costelas de cabrito assado ao forno, entre outros.

Eu, o Sr. B, o Sr. G e um Senhor Brunello di Montalcino

Esta é uma daquelas histórias boas de serem contadas.

Há algum tempo atrás, numa importante data, o Sr. B, foi presenteado, pelo Sr. G, com um belo Fattoria dei Barbi 2007, um Brunello de 1ª linha. (Os nomes de alguns personagens estão sendo omitidos devido a um acordo de confidencialidade)

Não preciso comentar que esta garrafa virou alvo de diversos projetos para consumi-la. Como sempre sou consultado sobre estas ideias, fui empurrando com a barriga o projeto até que, finalmente, com a temperatura do Rio de Janeiro em valores aceitáveis, resolvemos consumar o ato.

‘G’, a quem fui apresentado neste dia, juntou-se a nós e fomos para um bom restaurante italiano. Afinal, segundo a lógica de ‘B’, o que harmonizaria perfeitamente com este famoso vinho seria a culinária daquele país que o produziu. Correto, desde que algumas restrições sejam impostas. Por isto mesmo, esta aventura se tornou muito saborosa e instrutiva.

O VINHO

Brunellos são icônicos e respeitados por enófilos de toda parte, em que pese o recente escândalo que revelou procedimentos inadequados na elaboração de alguns exemplares deste vinho.

Apesar de ser um típico país latino, a Itália respeita as tradições mais que as leis, razão pela qual, alguns de seus produtos são desejados e usados como símbolos de status, riqueza e conhecimento. Não é diferente com seus vinhos e os Brunellos estão no topo da lista ao lado de Barolos, Barbarescos, Chiantes e Amarones, para ficar só nos tintos.

Há uma aura de mistério sobre a casta que dá origem ao vinho e ao seu nome. Admite-se que é um ‘clone’ da famosa uva Sangiovese, que só existiria nos arredores da cidade de Montalcino, sub-região Brunello, na Toscana.

Tecnicamente o nome correto é Sangiovese Grosso, uma das 14 variedades de Sangiovese reconhecidas e aquela que (segundo eles) produz os melhores vinhos. A história não termina nisto: esta mesma casta existe em outras regiões, com novas denominações (Prugnolo Gentile; Sangiovese Lamole; etc) e produzem ótimos vinhos. Mas o marketing de Montalcino é forte, somente os vinhos de lá podem ser Brunellos…

A Fattoria dei Barbi é uma vinícola muito antiga (1352). Em 1790 foi comprada pela família Colombini que a administra até hoje. Stefano Cinelli Colombini é o atual enólogo e o responsável pela modernização da empresa. O processo de elaboração usado hoje em dia é muito sofisticado, recorrendo a macerações a frio (3º a 5º) em ambiente saturado de CO2 obtendo-se excelentes resultados.

Após a fermentação em temperaturas controladas por 15 dias, amadurece alguns meses em barricas novas de carvalho logo sendo trasfegado para os tradicionais tanques onde permanecerá por longos 2 anos. Somente é engarrafado 4 meses antes de partir para o mercado. Uma verdadeira joia!

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Resulta num vinho de coloração rubi profunda com aromas de frutas negras, notas balsâmicas e um pouco de tostado. No palato é bem equilibrado com acidez perfeita e taninos marcantes. Tem um final de boca interminável.

Estas características quase que obrigam uma harmonização altamente untuosa: é uma bebida que vai secar a nossa boca; para contrapor, precisamos ingerir alimentos que induzam uma boa salivação. As recomendações passam por carnes vermelhas grelhadas ou assadas com seu próprio molho, ossobuco com polenta, paleta de cordeiro, massas com molhos encorpados e queijos maduros.

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O ALMOÇO

A nossa garrafa estava quase na metade de sua vida, os Brunellos são longevos durando até 15 anos. Poderíamos ter esperado mais um pouco, mas quem poderia garantir que estaríamos por aqui ainda?

Para iniciar os trabalhos, encomendamos um antepasto de queijos, frios e pães artesanais, e um belo Prosecco, da casa, para preparar as papilas gustativas.

Na hora de encomendar os pratos principais aconteceram algumas surpresas:

1 – ‘B’ optou por um Curlugiones, uma massa fresca recheada com batatas, queijo pecorino e hortelã, servida com um encorpado molho pomodoro feito na casa;

2 – ‘G’, para surpresa geral, optou pelo peixe do dia, grelhado, com legumes cozidos;

3 – a minha escolha foi um Tortelloni recheado de ricota e ervas, cozido e servido no azeite.

Ninguém pediu uma carne…

De certa forma, a escolha do Sr. G foi a mais difícil de combinar. Mesmo assim ele achou positiva a experiência. Eu e o Sr. B nos esbaldamos, embora eu tenha sentido a falta de uma pedida mais encorpada ainda – a minha boca ainda estava mais para seca do que eu gostaria.

Mas o vinho era delicioso e só poderíamos imaginar o quanto mais ele poderia melhorar com o tempo.

Afinal concordamos que só havia um defeito:

Faltava uma segunda garrafa!

Dica da Semana: para celebrar o Dia do Malbec, 17 de abril.

Catena Malbec 2010

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Este grande Malbec argentino já se tornou um verdadeiro clássico, com uma elegância e um senso de proporção raramente encontrado em outros tintos de seu país. Já foi indicado como um dos “100 Melhores Vinhos do Mundo” pela Wine Spectator- um feito surpreendente para um vinho deste preço! Trata-se de um tinto encantador, com concentração e intensidade, mas também charme e muito caráter. Segundo Jancis Robinson, ele “tem a estrutura de um Bordeaux, oferece mais do que o esperado, e é tão bom!” 

Robert Parker: 91 pontos (safras 08, 09 e 10)

Stephen Tanzer: 90 pontos (safra 2010)

Wine Spectator: 90+ pontos (safra 08)

Serra Gaucha – Final

 Como naquele velho ditado, o melhor fica para o final, a última visita desta jornada, na Vinícola Salton, foi cheia de ótimas surpresas. Vamos conhecer um pouco desta história.
 
Foi constituída formalmente em 1910 por três irmãos que decidiram dar um cunho empresarial aos negócios de seu pai, Antonio Domenico Salton, um vinhateiro informal. A primeira sede era no centro de Bento Gonçalves e assim como a Cooperativa Aurora, viram a cidade crescer ao seu redor.
 
Desde o início das operações a Salton sempre teve um foco bem definido: produzir com qualidade. Sua extensa linha de produtos inclui suco de uva, vinhos, espumantes, vermutes e o conhecido Conhaque Presidente, um dos carros chefes da empresa, que é produzido exclusivamente na unidade de S. Paulo.
 
Hoje, mais de 100 anos depois, é reconhecida como uma das principais vinícolas deste país. Com as 3ª e 4ª gerações à frente dos negócios, continua sendo familiar e 100% brasileira. Em 2004 inauguraram a atual sede, no distrito de Tuiuty, encerrando as atividades na cidade de Bento Gonçalves.
 
A nova geração que dirige esta empresa trabalha para manter sua liderança no segmento dos espumantes além de se tornar a principal fornecedora de vinhos para restaurantes e similares. Pretende, até 2020, ser reconhecida como a melhor e mais respeitada indústria vinícola brasileira.
Posso assegurar que está preparada para isto.
 
 
A estrutura de turismo é a mais completa que conhecemos, com guias muito bem preparados. Por ser um Domingo, poucas atividades eram desenvolvidas na empresa. Mas o tour foi completo permitindo conhecer os equipamentos de ponta. Foram os primeiros tanques de fermentação horizontais que tive a oportunidade de observar.
 
Poucas vinícolas, no mundo, utilizam esta tecnologia. Moderníssimo.
 
 
O aspecto visual de toda a fábrica, 100% aço inoxidável, é impressionante. Passarelas preparadas para a visitação nos levam a todos os pontos, com estratégicas paradas onde o guia conta com suporte de áudio para suas explicações.
 
 
A visitação termina na sala das barricas, um espetáculo à parte.
 
 
Levados para a simpática sala de degustação, demos início aos ‘trabalhos’, 6 vinhos: 2 brancos, 2 tintos e 2 espumantes.
 
 
O primeiro vinho foi o Salton Intenso 2012, antiga linha Volpi, um corte de Sauvignon Blanc e Viognier. Seguiu o que consideramos o melhor branco provado nesta viagem, o Salton Virtude 2011, um Chardonnay muito classudo que passou brevemente por madeira.
 
Muito versátil e de paladar extremamente agradável.
 
 
O primeiro tinto era um produto exclusivo para o mercado externo o Intenso Export 2012, um varietal da uva Marsellan. O segundo, um vinho que homenageia os fundadores, foi o Paulo Salton Gerações, um bem elaborado corte Bordalês com 50% Cabernet Sauvignon, 40% Merlot e 10% Cabernet Franc.
 
Tem lugar seguro na minha adega embora ainda não esteja sendo comercializado, nem o rótulo foi definido ainda.
 
 
Na sequência foram servidos o Prosecco 2012 e o espumante Gerações Antonio Domenico Salton, um excelente brut nature com 50/50 de Chardonnay e Pinot Noir elaborado pelo método Champenoise.
 
A Chandon que se cuide…
 
 
Depois desta deliciosa prova só nos restou o bom almoço típico oferecido, acompanhado pelos honestos vinhos da linha Volpi e pelo espumante Salton Brut Reserva Ouro.
 
Despedimo-nos de Bento Gonçalves com uma certeza: voltaremos!
 
 
Dica da Semana: O melhor de todos!
 
 

st 0Salton Virtude Chardonnay 
Vinho com tonalidade amarelo claro. Possui aromas que lembram abacaxi , manteiga, maçã verde, melão e pronunciado aroma de mel, baunilha, coco, nozes e pão torrado, além de notas minerais. Seu sabor é equilibrado e estruturado, com acidez firme, deixando agradáveis sensações de frutas e especiarias na boca. Harmoniza com aves de caça, como perdiz, ema, avestruz, faisão e pato. Massas com molhos de base branca (béchamel) ou à base de ervas (pesto). Acompanha risotos e queijos como brie e camembert. Excelente opção para bacalhoada e cassoulet.

 

Serra Gaucha IV

2º dia, tarde
 
Após o espetacular almoço oferecido pela Chandon nos deslocamos para conhecer outra ‘peso pesado’ dos vinhos nacionais, a Vinícola Miolo, que desde 2006 adotou a denominação Miolo Wine Group e se tornou uma multinacional do vinho.
 
 
Focada exclusivamente em vinhos finos, tornou-se a maior produtora nacional deste segmento e também a maior exportadora de vinhos brasileiros, estando presente nos 5 continentes.
 
 
Uma potência, sem dúvida, que exigiu muito investimento e parcerias diversas para ampliar o seu leque de produtos com mais de 100 rótulos produzidos em diferentes regiões brasileiras. Conta, ainda, com a importante consultoria de renomados vinhateiros internacionais, entre eles, o conhecido Michel Rolland. O mapa abaixo mostra as operações da Miolo.
 
 
Aqui no Brasil trabalham com uvas de diferentes regiões, algumas em vinhedos próprios e outras sob a forma de parcerias com outros produtores. Elaboram seus vinhos com olho no mercado internacional, apostando que vai satisfazer ao paladar nacional. Uma estratégia ousada e algumas parcerias não muito simpáticas para uma determinada faixa de consumidores. Há um viés muito claro para o segmento de alto nível.
 
A visita foi conduzida por Gustavo Duarte, um dos muitos enólogos da casa. Para acessar a área de produção é necessário usar uma vestimenta adequada, fornecida pela vinícola. 
 
 
Devidamente paramentados, assistimos à chegada de uma partida de uvas que foi rapidamente separada dos engaços de forma automática.
 
 
Os grãos caem num coletor móvel que vai transportá-los até a boca do tanque de fermentação. Há um piso especialmente projetado para permitir esta operação. As fotos a seguir esclarecem o assunto. Notem as placas resfriadoras que são utilizadas, dentro do tanque, para manter as uvas em baixa temperatura até a carga completa, quando são removidas e fechado o recipiente. 
 
 
Ficou nítida a incansável busca pela alta qualidade na Miolo. Além dos equipamentos de ponta, há um grande investimento no preparo da mão de obra. Dali seguimos pela sala das barricas, muitas delas construídos pelo Sr. Mesacaza, até a luxuosa sala de degustação, coisa de 1º mundo. 
 
 
A degustação foi composta de 14 vinhos. A proposta do enólogo que nos guiava era apresentar os diferentes ‘terroirs’ da vinícola. Pela ordem foram servidos os seguintes rótulos:
 
Bueno Sauvignon Blanc 2012 (Campanha Gaúcha)
Cuvée Giuseppe Chardonnay 2012 (Vale dos Vinhedos)
RAR Viognier 2011 (Campos de Cima da Serra)
RAR Pinot Noir 2011 (idem)
Cuvée Giuseppe Tinto 2010 (Vale dos Vinhedos)
Gran Lovara 2008 (Serra Gaúcha)
Bueno Paralelo 31 2009 (Campanha)
Quinta do Seival Castas Portuguesas 2008 (Campanha)
Miolo Merlot Terroir 2009 (Vale dos Vinhedos)
Miolo Lote 43 2011 (idem)
Miolo Millésime 2009 (idem)
Bueno Cuvée Prestige 2009 (idem)
Terranova Moscatel (Vale do São Francisco)
 
Talvez preocupado com a importância do grupo, a degustação teve por tônica produtos que recém chegaram ao mercado. Resultou que alguns vinhos necessitavam de mais tempo em garrafa para demonstrar o seu potencial.
 
Entre os brancos, o que mais apreciei foi o RAR Viognier e, entre os espumantes, o Millésime. O capítulo dos tintos foi bem mais interessante, com um vinho que surpreendeu a todos: Quinta do Seival Castas Portuguesas, na minha opinião, o melhor do grupo apresentado. Mas não posso negar que o icônico Lote 43 e o Merlot Terroir são dois vinhos que teriam lugar na minha adega. O grande problema é o preço: (preços médios em 2013)
 
Lote 43 – R$ 100,00
Merlot Terroir – R$ 75,00
Castas Portuguesas – R$ 60,00
 
Infelizmente, por questões burocráticas, a concorrência oferece vinhos de melhor qualidade nesta mesma faixa de custos.
 
Para encerrar o dia, jantar na Osteria Mamma Miolo com um cardápio mais que tradicional:
 
Sopa de Capeletti (acompanha pão colonial e queijo ralado);
“Radicci” com bacon;
Polenta “brustolada”;
Galeto “al primo canto”;
“Pien” (uma pasta de carne de frango temperada e cozida num caldo);
“Crem” (pasta de raiz forte para acompanhar o Pien);
Carne “lessa” (cozida no caldo da sopa);
Salada mista;
Spaguetti da nona.
 
Para sobremesa o famoso Sagu ao molho de vinho tinto…
 
Tudo isto regado com bons vinhos da Miolo.
Dica da Semana: só poderia ser este.
 
Quinta do Seival Castas Portuguesas 2008 
Vinho tinto de cor vermelho rubi intenso, elaborado através do corte de uvas Touriga Nacional e Tinta Roriz origina um vinho de corpo generoso e macio, complexo e potente. Vinho de guarda, com estrutura para suportar muitos anos de envelhecimento.
Harmonização: Acompanha carnes vermelhas e grelhados, como pernil de cordeiro com ervas. Ótimo acompanhamento para lingüiças e pratos tipicamente portugueses como caldo verde com chouriço, leitão assado em forno a lenha ou arroz de Braga. Bom acompanhamento para queijos duros e maduros.
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