Um termo muito usado no mundo do vinho é “terroir”, palavra francesa que significa terreno, mas que esconde todo um significado enológico que é considerado primordial: entender a relação do local onde as uvas foram plantadas, e o vinho produzido, com suas características organolépticas. Um conceito complexo e nada fácil de compreender. Estão envolvidos: tipo do solo, condições climáticas, orientação do parreiral, etc..
Podemos perceber melhor esta ideia através de degustações que envolvam vinhos de diferentes regiões ou países produtores. Uma experiência interessante e esclarecedora seria compararmos um Cabernet, produzido na Califórnia, com seus irmãos Australianos, Chilenos, Argentinos e Brasileiros. As cepas internacionais como, Merlot, Syrah e Pinot Noir, são outras boas opções. Entre os brancos, Chardonnay e Sauvignon Blanc. Podemos usar vinhos de um único país desde que haja diferentes regiões produtoras, e que trabalhem as mesmas uvas.
Depois de adquirimos alguma experiência, nestes tipos de provas apresentadas, passamos para uma fase mais séria, mas não menos divertida. São as degustações clássicas: Horizontal e Vertical.
A primeira tem por objetivo compreender a influência de um determinado ano no vinho, comparando caldos de diversos produtores dentro de uma única safra. Mas temos que fixar uma diretriz, estabelecendo alguns parâmetros como a cepa, ou a região ou mesmo um determinado produtor. Para tirarmos algum proveito deste interessante exercício, devemos planejar bem a degustação, pois são tênues as nuances que farão a diferença entre um e outro produto.
Não podemos pensar em “tintos portugueses de 2009”, não teríamos meios de comparar o que vai ser apresentado. Mas “vinhos portugueses de Touriga Nacional, safra 2010”, seria uma prova interessante. A “horizontal” também é boa para compararmos vinhos de corte: diferentes produtores, mesma safra, mesmas cepas. Há uma enorme gama de possibilidades. Uma de suas variações é usada na apresentação dos vinhos de um produtor e pode incluir espumantes, brancos e tintos, num mesmo “flight”.
Na vertical, vamos comparar um mesmo vinho em diferentes anos. Muito importante, pois nos permite conhecer como a bebida evolui ao longo do tempo. Novamente, as varietais tradicionais sobressaem. Mas podemos usar e abusar dos vinhos de corte. Este tipo de prova se torna difícil em dois aspectos: obter garrafas das diferentes safras de um vinho; consegui-las sem pagar um preço absurdo.
Quase sempre organizadas por produtores ou grandes colecionadores, este tipo de degustação é muito valorizado. Em ambos os casos, é praticamente impossível conseguirmos um convite. Só para os “amigos do Rei”. Mas nada impede de realizarmos uma, guardando diferentes safras do nosso caldo predileto.
Se formos capazes de perceber e compreender todos estes detalhes, através das formas de degustação apresentadas, estaremos prontos para outra interessante aventura: uma degustação às cegas, onde os vinhos servidos só terão sua identidade revelada ao fim do evento. O objetivo é identificar o que estamos bebendo, uva, safra, origem, tipo (varietal ou corte), enfim, todas aquelas características que foram citadas anteriormente, sem nenhuma informação a priori, muitas vezes, nem a cor.
Algumas limitações se impõem. Não tem sentido fazer este tipo de comparação com vinhos escolhidos aleatoriamente. A melhor maneira é trabalharmos com temas, por exemplo, uma determinada uva, ou vinhos de uma região ou safra. Podemos “abrir” o tema ou apenas induzi-lo, seja com uma frase “são todos vinhos de uma única cepa”, seja usando o ambiente para passar esta informação, através de um jantar temático.
Este tipo de prova é a única que consegue desmascarar vinhos e degustadores: que tal experimentarmos com um vinho caro e outro barato…
O preparo de uma “às cegas” é importante. Nesta primeira imagem, temos as garrafas colocadas em embalagens numeradas. As fichas de degustação, importantíssimas neste caso, são identificadas por estes números.
Outra forma, um pouco mais restrita, é servirmos os vinhos em taças numeradas, eliminando-se o fator “garrafa”: tamanho, forma e peso podem ser pistas importantes.
Para radicalizarmos totalmente, a segunda imagem diz tudo: uma taça negra, totalmente opaca. Não saberemos nem a cor do vinho a ser provado.
Alguns conselhos finais:
1 – este último tipo de degustação pode ser feito até com um único vinho;
2 – mesmo entre degustadores experientes, o nível de acertos é baixo;
3 – em qualquer tipo de prova, começamos pelos vinhos mais jovens ou leves, subindo na escala;
4 – se houver diferentes tipos de vinhos, começamos pelo espumante, seguindo pelos brancos, rosés e tintos.
Quem vai encarar?
Dica da Semana I – Um vinho espanhol de excelente custo x benefício.
Sabor Real Joven 2008
Produtor: Bodegas Campinã, Castilla Leon, Espanha
Uva: Tempranillo (Tinta del Toro)
Sabor Real Joven foi produzido com videiras de mais de 70 anos de idade”. Cor Rubi escuro, oferece um maravilhoso bouquet de rochas moídas, especiarias, tabaco, lavanda, cereja e amoras. Na boca é um vinho encorpado, com boa fruta, apimentado e concentrado. Final longo e de caráter. Tem um potencial de guarda de 6 anos.
Robert Parker 90 pontos
Dica da Semana II – Jogo do Vinho
Um jogo de tabuleiro vem testar os conhecimentos dos enófilos e ensinar, de maneira descontraída, os iniciantes no universo do vinho. Idealizado por Celio Alzer, sommelier e professor da ABS (Associação Brasileira de Sommeliers) do Rio de Janeiro. Com sua experiência de mais de 20 anos na sala de aula, coletou durante todo esse tempo as mil perguntas que compõem o livro do jogo. “Entre os assuntos destacados estão curiosidades, dicas de harmonização, notas sobre personalidades do mundo do vinho e sugestões de drinques”. O jogo tem tiragem limitada. O jogo vem com um tabuleiro, um livro com mil perguntas e respostas, 30 cartas e quatro peões. O kit traz ainda quatro meias garrafas de tintos selecionadas: o italiano Chianti DOCG Fattoria di Basciano, o chileno Terranoble Cabernet Sauvignon e dois portugueses – Terras de Xisto e Convento da Vila.
Para saber onde encontrar o Jogo do Vinho ligue para (21) 2286-8838 ou (21) 2535-0070.
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