Terra da Inovação Vinícola
Atualmente é o 6º maior produtor de vinhos do planeta e o 4º maior exportador, com cerca de 760 milhões de litros/ano, o que contribui com respeitáveis 5,5 bilhões de dólares na sua economia. Nada mau para um país cuja primeira tentativa nesta área foi um redundante fracasso. As primeiras mudas foram trazidas da África do Sul, em 1778, para a colônia penal de Nova Gales do Sul, por ordens do Governador Arthur Phillip.
Apesar do insucesso inicial, alguns colonos insistiram e acabaram produzindo vinhos para consumo doméstico por volta de 1820. Pouco a pouco foram sendo introduzidas novas variedades viníferas buscando melhorar a qualidade do produto final.
Em 1873, durante a exposição de Viena, um produto australiano foi degustado às cegas, por juízes franceses, que o elogiaram. Infelizmente, quando foi revelada a sua procedência, rapidamente declararam que haviam se enganado: nunca (naquela época) poderia haver um vinho melhor que os franceses. Mais tarde, em outros concursos, foram comparados com os melhores bordaleses e, seguidas vezes, considerados iguais ou superiores.
Pouco depois, no ano de 1875, a Filoxera devastou os vinhedos e a produção vinícola praticamente terminou. Nas décadas seguintes, até o final de 1970, era produzido basicamente um tipo de vinho doce fortificado, muito ao gosto do consumidor local. Pouco a pouco a indústria foi se aprimorando, sofisticando e ganhando respeito internacional. As principais castas viníferas foram replantadas, novas áreas exploradas e com muita pesquisa e experimentação, resultou no quadro atual: a Austrália é um importante produtor. Seus vitivinicultores são considerados os grandes inovadores neste setor, sendo pioneiros em diversos aspectos da vinificação e da comercialização: tampas de rosca e embalagens descartáveis são marcas registradas.
Curiosidade: não existiam uvas nativas no país. Todas as variedades viníferas foram importadas e aclimatadas. A uva Syrah, localmente denominada Shiraz é a grande estrela.
Regiões Vinícolas
O mapa acima mostra as principais regiões produtoras. Destacam-se o sul da Austrália (SA) e Nova Gales do Sul (NSW). As subr-regiões mais famosas são Barossa Valley, Adelaide Hills, McLaren Vale e Coonawarra, denominações que devem constar dos rótulos, em consonância com a legislação simples e objetiva que rege a produção vinícola.
Introduzido em 1994, o sistema de indicações geográficas distingue as fronteiras estaduais e regionais. São os GI que devem seguir uma regra denominada “85%”, ou seja, se um rótulo lista uma safra, região ou cepa, ele deve conter 85% do que é declarado. As divisões atuais são:
SEA – abreviatura de South East Austrália (Sudoeste), abrangendo quase todos os estados produtores;
State – indica o Estado em que o vinho é produzido (WA, As, NSW, etc.);
Zone – área produtora;
Region – subzona que abrange uma área mínima de 5 vinhedos com 5ha, de diferentes proprietários, com produção em torno de 500 toneladas de uvas.
Principais Produtores
Um importante traço cultural divide os produtores em dois grupos. O mais importante, do ponto de vista comercial, é formado pelos cinco grandes: Southcorp Wines, Beringer Blass, McGuigan Simeon Wines, Hardy Wine Company e Orlando Wynddham. Respondem por 50% do mercado australiano e produzem de tudo, até mesmo os melhores vinhos do país. São considerados como grandes corporações e tem ambições compatíveis com esta posição.
O segundo grupo é composto pelas vinícolas de médio porte e familiares. É o alvo predileto, para aquisições, do grupo anterior. Mas há grandes joias por aqui!
A marca mais importante do país, Penfolds, pertence à Beringer Blass. Não há, no mundo, uma vinícola como ela. Produz desde vinhos baratíssimos como o Rawson Retreat até o maior ícone da vinicultura local o famoso Grange, que será apresentado a seguir.
Muito interessante é a origem desta poderosa empresa, que começou familiar pelas mãos do médico Dr. Christopher Rawson Penfold, por volta de 1844. Plantou, com fins medicinais, a uva Grenache no sítio de sua família o “The Grange”. Acreditava no valor terapêutico do vinho e o receitava como tônico a seus pacientes. Após sua morte, seus descendentes deram continuidade às suas ideias, ampliando os vinhedos e construindo uma vinícola em 1911.
Até 1989 agregava-se a palavra Hermitage ao seu nome para que fosse identificado com os vinhos franceses homônimos. Vinificado desde 1951 é considerado como o mais importante vinho australiano. Obtido a partir da casta Shiraz, pode receber, eventualmente uma pequena parcela de Cabernet Sauvignon. Embora a ideia original fosse criar um vinho que se comparasse em qualidade e longevidade ao Bordalês, por força de sua principal uva, é mais próximo aos vinhos da região do Rhone.
A excepcional safra de 1955 ganhou mais de 50 medalhas de ouro em diversos concursos internacionais. A de 1971 venceu a Olimpíada do Vinho; o de 1990 foi eleito o melhor vinho da ano pela respeitada Wine Spectator. Uma nova análise em 1998, da mesma safra, obteve 99 pontos dos críticos.
Seu método de produção é o oposto da maioria dos grandes vinhos: as uvas são colhidas em vários pontos e não existem duas safras com a mesma composição. A quantidade produzida varia ano a ano, mesmo assim, tem um estilo próprio e facilmente identificável.
Notas de Degustação safra 1971: envelhecido por 18 meses em carvalho americano, apresenta aromas de frutas e terrosos. Seus taninos são suaves e se mantém firmes ao longo dos anos. Um final de boca surpreendente para um vinho de mais de 35 anos.
Dica da Semana:
Diamond Shiraz 2008
Produtor: Rosemount
País: Austrália / McLaren Vale
Uva: 100% Shiraz
Vinho típico australiano, mostra muita fruta madura com incrível maciez e um elegante toque de madeira. Elaborado com 100% da variedade Syrah do Rhône, que se adaptou estupendamente na Austrália. É um vinho muito prazeroso e que agrada a praticamente todos os paladares.
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