Retomando nosso passeio pelos países produtores, vamos conhecer os deliciosos vinhos uruguaios. Quarto maior produtor sul americano, vinificam desde 1870 quando o imigrante basco, Don Pascual Harriague, plantou as primeiras mudas. Durante muitos anos, o principal produto eram os vinhos simples obtidos a partir da uva Isabel, não vinífera, vendidos em garrafões. 

A partir de 1980 começou uma grande revolução neste setor que mudaria o perfil do vinho uruguaio: grandes vinícolas iniciam a produção de vinhos finos, de alta qualidade. Vale a pena conhecer este processo que, na verdade, aproveitou uma boa base instalada como a Escola de Agronomia (1906), a Escola Industrial de Enologia (1940), e o Sistema de Controle de Pragas (1957) – ao contrário de Chile e Argentina, a Filoxera fez grandes estragos no país. 
O passo decisivo foi a criação, em 1987, do Instituto de Vinhos do Uruguai, com objetivos simples e metas que todos os produtores podiam alcançar: 
a) difusão e promoção dos vinhos no exterior; 
b) aumento da produção de vinhos de qualidade; 
c) promoção do turismo enológico. 
Criou um sistema de classificação muito simples e extremamente efetivo, sendo considerado, por muitos, uma dos mais perfeitos: duas categorias apenas: 

  • Vino de calidad preferente (VCP) – deve ser obtido obrigatoriamente a partir de uvas viníferas e só podem ser comercializados em garrafas de 750 ml ou menores; 
  • Vino común (VC), ou tradicional vinho de mesa vendido em garrafões, tetra pack e embalagens similares. Em geral um vinho rosado. Os vinhos não podem receber nomes estrangeiros. 

Com estas regras simples, a produção vinícola cresceu de forma segura atingindo as metas propostas. São mais de 100.000 hectares de vinhedos plantados com Tannat (36%), Merlot (10%), Chardonnay (7%), Cabernet Sauvignon (6%), Sauvignon Blanc (6%), Cabernet Franc (4%) além das variedades não viníferas para produção do vinho comum. Existem 270 vinícolas, muitas já se destacando no cenário internacional. Todas com uma excelente relação qualidade x preço nos seus produtos. 
Refletindo sua própria história de lutas e conquistas para se tornarem um país independente, os produtores uruguaios enfrentaram uma série de fatores adversos para atingirem o nível de qualidade de hoje. Uma pergunta comum é saber o que os diferenciam da Argentina e do Chile: o clima é semelhante, geograficamente estão no mesmo paralelo de outras regiões produtoras, a cultura de consumo de vinho se equivale. Perdem, apenas, as defesas naturais proporcionadas pelos Andes, mas compensam com trabalho sério e dedicado, o que chamou a atenção dos principais consultores internacionais que já estão atuando na região. 

As principais empresas e seus vinhos de ponta 
Os vinhos do Uruguai têm personalidade própria, não pretendendo ser isto ou aquilo, o que os tornam únicos. Quase sempre baseados na uva Tannat, conhecida localmente como Harriague, de origem europeia e perfeitamente adaptada ao terroir local. Muito tânica e de complexa vinificação, produz vinhos de cor intensa e muito encorpados, com aromas herbais e frutas negras. Bem vinificado, seus taninos são aveludados e se presta a cortes com outras uvas como Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc e Syrah. 

Destacam-se as vinícolas Pisano, Bouza, Juanicó, Filgueira e J. Carrau, que é considerada a primeira a produzir vinhos finos. Estabelecida desde 1930, quando plantaram seus primeiros vinhedos, passou por várias fases, tendo inclusive produzido bons vinhos no Brasil, entre eles o conhecido Chateau La Cave. Em 1976 iniciaram um projeto de vinhos de alto nível capazes de competir com os melhores do mundo. Fundaram a Vinos Finos Juan Carrau, plantando novos vinhedos na região de Rivera, junto à fronteira com o Brasil, além das plantações existentes em Canelones, próximo à capital Montevidéu. 

Um dos seus vinhos mais conhecidos é o AMAT, elaborado com 100% de Tannat dos vinhedos em Cerro Chapéu, Rivera. Colhidas e selecionadas manualmente, o mosto é fermentado em tanques abertos com remonta manual evitando-se qualquer tipo de bombeamento mecânico. Amadurecido por 20 meses em barris novos de carvalho francês e americano (50% e 50%) é engarrafado sem filtração e descansa por 1 ano antes da comercialização. 

Notas de Degustação:coloração intensa e muito encorpado. Aromas concentrados de frutas vermelhas, ameixa seca e alcaçuz. A madeira aparece em discretas notas de coco e tabaco, domando os taninos que são finos e aveludados o que se traduz em grande elegância e longevidade. Um vinho para ser guardado e apreciado no futuro. Potente, é ideal para acompanhar assados, queijos fortes, embutidos, etc. Recebeu diversos prêmios internacionais. O mais importante foi a medalha de prata na difícil competição International Wine Challenge de 2003, com a safra 1999. 

Como se isto tudo não bastasse, tem uma excelente relação custo x benefício. Na Zahil, seu importador exclusivo:http://www.zahilrj.com.br/vinhos/uruguai/678.aspx Custa menos de R$ 150,00 (dados de 2012). Vale cada centavo! 

Dica da Semana: Para começar a gostar e entender os segredos destes deliciosos vinhos. 

Las Brujas Tannat Reserva 
Safra: 2009 
Produtor: Gimenez Mendez 
Região: Las Brujas, Canelones. 
Uva: 100% Tannat 
Envelhecimento: 3 meses em carvalho americano 
Vinho tinto uruguaio. Excelente equilíbrio entre a acidez, a fruta e os taninos. Sua coloração é vermelha escura com reflexos pretos. Um vinho com estilo, equilibrado e estruturado. Sabores que lembram marmelada, ameixas pretas e que preenchem o paladar. Ótimo acompanhamento para carnes de caça e carnes vermelhas bastante condimentadas.