Ùltima etapa nesta viagem

A vinícola Rust en Vrede só elabora tintos. Além do Shiraz apresentado, produz uma série de grandes vinhos, como o Estate ou o 1694 Classification. Dependendo da safra são considerados superiores, com várias premiações. 
A vinícola Glen Carlou é outra empresa que produz grandes rótulos, incluindo em sua linha alguns premiados vinhos brancos a partir das castas Chardonnay, Sauvignon Blanc, Viognier e Chenin Blanc. Um de seus ícones é um premiadíssimo Chardonnay. Nos tintos, trabalha com as castas Cabernet Sauvignon, Shiraz, Pinot Noir, Merlot e Zinfadel. 
Podemos citar mais vinícolas de primeira linha, por exemplo: a 4G Wines cuja 1ª safra em 2010 superou todas as expectativas tornando-se um clássico instantaneamente; a Cape Point Vineyards com seu espetacular corte de Sauvignon Blanc e Sémillon; a tradicional De Trafford ou a vinícola do campeoníssimo golfista Ernie Els. A lista é quase infinita. 
Mas há uma curiosidade: existe uma casta emblemática da África do Sul, a Pinotage. Nenhuma das vinícolas citadas tem um vinho emblemático com esta varietal. Vamos conhecer um pouco mais estas curiosa uva. 
Seu nome indica sua origem, um cruzamento feito com as europeias Pinot Noir e Cinsault, que era conhecida como Hermitage, uma região da França onde se fazem bons vinhos com ela. Tudo começa em 1925 quando Abraham Izak Perold, o primeiro professor de vinicultura da Universidade de Stellenbosch, tentou combinar a robustez da Hermitage com as qualidades vinícolas da temperamental Pinot. 

Plantou algumas sementes híbridas no jardim de sua casa, sem muitas preocupações. Em 1927, deixou a Universidade, mudando-se para Paarl e devolvendo a residência para a escola. O jardim ficou algum tempo sem manutenção. A experiência simplesmente fora esquecida. Para que a casa pudesse ser novamente ocupada, uma equipe de manutenção foi enviada com instrução de refazer o jardim. Acidentalmente, passava pelo local o Professor Charlie Niehaus que recolhe as parreiras já adultas e as replanta no Colégio Agrícola de Elsenburg, sob a orientação do substituto de Perold, o Prof. CJ Theron. Este as enxertaria em raízes resistentes, propagando a que melhor resultado obteve. Foi batizada como Pinotage, com as bênçãos de Perold que voltara a acompanhar o projeto. 

As primeiras plantações em larga escala foram na região de Myrtle Grove, próxima à Cidade do Cabo. O primeiro vinho seria produzido em 1941, em Elsenburg. O reconhecimento só aconteceria em 1959, quando um Pinotage da Bellevue recebeu o prêmio de melhor vinho do Cape Wine Show (Feira de Vinhos do Cabo). 

Apesar da fama, os vinhos produzidos têm a tendência de apresentar um desagradável aroma de tinta, atribuído à presença de um composto químico (acetato de isoamila), comum em vinificações sem muito cuidado. Este é um forte indício que esta casta é tão problemática para produzir quanto à Pinot que lhe originou. Vários produtores importantes da RSA nem consideram esta uva como uma possibilidade. Apesar das críticas, Brasil, Canadá, Israel, Nova Zelândia, Estados Unidos e Zimbabue estão experimentando com ela. 
O Melhor Pinotage 

A vinícola Kanonkop, que significa morro do canhão, foi uma pioneira na plantação da Pinotage iniciando seus vinhedos em 1941. Está na 4ª geração da família proprietária, continuando o trabalho de excelência que sempre norteou este empreendimento. Hoje é uma das vinícolas mais modernas e bem equipadas do país. Entre seus diversos vinhos, destacamos o premiado Pinotage. 

Um tinto poderoso e encorpado obtido a partir de vinhedos próprios situados nas encostas da colina Simonsberg, no distrito de Stellenbosch, a mais reputada região do país para tintos. Fermentado em cubas abertas, com temperatura mantida a 29ºC, com 3 a 5 dias de maceração com as cascas. A maturação dura 15 meses em barricas de carvalho francês de Nevers, sendo 90% novas e 10% de 2º uso. 
Harmonizações: carnes grelhadas, churrasco e ensopados. 
Pode ser guardado por cerca de 5 anos em condições ideais. A Kanonkop é o melhor e mais premiado produtor de Pinotage do país, verdadeira referência. 
Prêmios: Wine Spectator: 91 pontos (safra 08); Vencedor do Troféu de ouro da Decanter para vinhos tintos sul-africanos em 2009 (safra 05) 

No Brasil é importado pela Mistral (www.mistral.com.br) com um palatável preço de catálogo de R$ 150,00. (preço de 2012)

Dica da Semana: um bom Pinotage com ótima relação custo x benefício. 

Danie de Wet Pinotage Bio 
Produtor: De Wetshof País: 
África do Sul / Região: Robertson Valley 
Safra: 2010 
Pouco tempo após seu lançamento, o Pinotage Bio já é apontado como o Pinotage de melhor relação qualidade/preço do mercado. Elaborado com uvas de cultivo biológico, é macio e sedoso, mostra o caráter varietal da emblemática casta sul-africana sem os aromas desagradáveis encontrados nos exemplos mais comerciais. Uma ótima introdução a esta casta.