Gewüztraminer
A grafia logo acima é como deve ser escrito o nome desta varietal, com um trema sobre a letra “u”. Um nome de origem germânica, ou como já se pronunciaram alguns leitores, um palavrão de difícil pronúncia. Como pedir um vinho desta casta?
Separamos em três partes, ge-würz-traminer e pronunciamos assim:
Ge = “gue”
würz = “vúrz”
traminer = “tramíner”
Agora é só juntar tudo numa única palavra – “guevúrztramíner” e nunca mais usar a desculpa de não saber como pedir.
Neste simpático vídeo são apresentadas diversas expressões em alemão relativas ao vinho. Por volta do 1:06 minuto está a pronúncia original. Divirtam-se:
http://www.youtube.com/watch?v=c9yyzkx5g78
A Gewürz é única, não há outra parecida com ela e os vinhos obtidos não são para qualquer um: ficam na categoria do ame-o ou deixe-o. Traduzindo, poderíamos chamá-la de Traminer temperada ou Traminer perfumada. Esta família é uma das mais complexas do mundo do vinho, com um genoma de múltiplas ramificações. Teria sua origem ligada à vila de Tramin, na parte do Tirol que hoje pertence à Itália. A casta denominada Traminer teria características ampelográficas semelhantes à uva Savagnin Blanc (não confundir com Sauvignon Blanc) usada nos Vin Jaune da região francesa do Jura.
Em algum momento da história, ou a Traminer ou a Savagnin sofre uma mutação surgindo a Traminer Rose ou Savagnin Rose. A epidemia de filoxera desencadearia mais uma evolução, esta com características almiscaradas, dando origem à Gewürztraminer. Especula-se que a versão atual tenha surgido por meio de enxertia. Do Tirol a uva se espalhou pela região do Reno chegando à Alsácia através do Palatinado.

Interessante notar que as características dos vinhos produzidos nas diversas regiões onde está plantada, são muito diferentes entre si, principalmente Alemanha e Alsácia. Admite-se que existe, até hoje, uma confusão com todos os nomes pela qual é conhecida: Frankisch na Áustria, Gringet na Savoia, Heida na Suíça, Formentin na Hungria e Grumin na Bohemia. Apesar de serem sinônimos, podem não se referir ao mesmo tipo de uva. Os alsacianos reduziram o nome para Gewurz, sem o trema, em 1973, exceto para a região de Heiligenstein, deixando bem claro que sua uva não é mais da família “Traminer” e sim uma varietal única em seu território.

Diversos países plantaram esta varietal além de França e Alemanha: Austrália, Canadá, Itália, EUA, Chile, Argentina e até no Brasil, onde se produz alguns vinhos bem interessantes. Mas nada chega perto da qualidade dos alsacianos, um espetáculo à parte.
Para os vinicultores ele é uma “dama de difícil trato”. São necessários solo e clima compatíveis, o que explicaria a perfeita adaptação na Alsácia. Não gosta de solos calcários e tem uma forte tendência a pragas e doenças, principalmente por sua floração precoce. Embora necessite de verões quentes e secos, amadurece de forma irregular e tardia. Naturalmente muito doce, é pouco ácida o que dificulta enormemente a elaboração dos vinhos. Por esta razão, brilha intensamente nos “late harvest”.

Os vinhos são vigorosos, intensos e às vezes rudes, mas sempre maravilhosos. Lichia é a principal assinatura nos aromas e sabores que incluem, de forma bem clara, Rosa, Maracujá, e Manga. Exótico e Inconfundível!

Semana que vem vamos conhecer um pouco mais sobre esta região e seus grandes vinhos. 
Dica da Semana: de uma das melhores vinícolas chilenas uma ótima relação custo x benefício

 

ADOBE GEWURZTRAMINER
Produtor: Vinhedos Emiliana – produção orgânica certificada

País: Chile/Vale do Cachapoal

Apresenta coloração amarelo pálido, limpo de transparente. Os aromas apresentam notas florais de jasmim e rosas, mesclando com notas suaves de ervas e frutas tropicais. Em boca, novamente aparecem notas florais e frutadas, deixando uma sensação doce, com uma delicada acidez. Saboroso, longo e persistente.
Harmonização: pratos temperados ou picantes, culinária oriental.