Usando uma terminologia bem moderna, vinho e saúde é o hype do momento. Desde que se descobriu o paradoxo francês, que aconselhava pelo menos uma taça de tinto por dia, muito tem sido discutido em vários centros de pesquisa, mundo afora.
Recentemente publicamos algumas “verdades” sobre este tema (*). A conclusão de algumas pesquisas jogava o famoso balde de água fria sobre os reais benefícios do vinho, contrariando a ideia que fosse uma panaceia universal: a quantidade a ser consumida para ser obter o propalado benefício era de tal monta que o destino certo de quem tentasse esta proeza era se associar ao AA.
Nada como um pouco de bom senso para recolocar esta discussão no rumo certo.
Algumas características de nossa bebida favorita são efetivamente mais benéficas do outras, então, porque não nos aproveitarmos deste conhecimento para escolher o melhor vinho para a nossa saúde?
1ª regra: Baixo teor alcoólico.
Um estudo ainda experimental já sugere que efeitos colaterais dos polifenóis encontrados nos vinhos tintos, sem álcool, ajudariam a diminuir a pressão arterial. Os efeitos dos polifenóis decorrentes do etanol ainda não foram corretamente avaliados.
Para que fique claro, o vinho utilizado neste estudo foi elaborado normalmente, passando posteriormente por um processo de desalcoolização por nanofiltração.
Não é um suco de uva.
Conclusão: vinhos de menor teor alcoólico são melhores para o nosso organismo.
2ª regra: Quanto mais escura a cor, melhor.
A chave para entender este ponto são as Antocianinas, um antioxidante que é o responsável pela coloração do vinho. É encontrada em diversas frutas e plantas, a uva sendo uma delas. Mas cada variedade apresenta diferentes intensidades:
As castas que apresentam os mais altos teores são:
– Petite Sirah
– Tannat
– Sagrantino
– Touriga Nacional
– Aglianico
Não significa, entretanto, que devemos optar só por estas uvas.
3ª regra: Prefira vinhos mais tânicos.
Que me perdoem os amantes dos vinhozinhos suaves e adamados, mas tanino é fundamental.
É um Flavonoide e antioxidante presente no vinho. Faz ótima dobradinha com as Antocianinas. Está presente na casca e nas sementes da uva e nos barris de carvalho.
Mas nada de exageros, não precisa ser daquelas bebidas que enrugam a língua.
4ª regra: Vinhos secos, com pouco carboidrato.
Esta nem precisa explicar. Se puder escolher, deixe os vinhos de sobremesa na prateleira da loja.
5ª regra: Vinhos jovens são mais benéficos que os envelhecidos.
Pode parecer surpreendente, mas os vinhos elaborados para rápido consumo têm uma carga de antioxidantes maior que os amadurecidos.
Um estudo feito na China descobriu que em poucos meses de maturação um vinho chega a perder 90% dos seus antioxidantes.
Um bom efeito colateral desta regra: vinhos jovens são mais em conta.
6ª regra: Alta acidez.
Esta descoberta foi feita aqui no Brasil. Pesquisadores analisando os nossos Cabernet Sauvignon notaram que quanto mais baixo o Ph do vinho (ácido), mais estabilizados ficavam os famosos antioxidantes.
Infelizmente o melhor Ph seria em torno de 3.2, o que é muito ácido para um tinto.
Conclusão: é melhor voltarmos ao início desta coluna – bom senso acima de tudo.
Não tentem encontrar um vinho que reúna todas estas características.
Não será agradável consumi-lo: azedo, amargo, muito ácido e com pouco álcool.
Em nossa opinião, o melhor vinho para a nossa saúde é aquele nos faz feliz, afinal, não é só do corpo que precisamos cuidar: o andar de cima é muito importante.
Saúde e bons tragos!
Dica da Semana: um ótimo representante de Portugal, que nos traz um corte de Touriga Nacional. Ótimo em vários aspectos.
Lavradores de Feitoria Douro tinto 2010
Um dos grandes Best Buys de Portugal, o Lavradores de Feitoria Tinto combina as uvas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca de algumas das melhores Quintas do Douro.
Trata-se de um vinho moderno e saboroso, com nítidas notas de fruta vermelha madura e invejável equilíbrio.
Deixe um comentário