Padreco é o carinhoso apelido de um dos mais tradicionais colégios do Rio de Janeiro, o Padre Antônio Vieira. Fundado em 1940, formou muita gente boa nestes 75 anos de existência. Incialmente só para meninos tornou-se misto a partir de 1992. Continua sendo referência no ensino carioca.
Esta confraria foi organizada por um grupo de amigos que estudaram juntos desde o antigo primário. Haviam se dispersado quando cada um seguiu seu caminho profissional e, com o auxílio das modernas redes sociais, conseguiram se reunir novamente após um longo tempo.
Há três anos começaram a organizar os primeiros encontros, ainda um pouco tímidos e sem data certa para acontecer. Desde o ano passado as reuniões passaram a ser mensais. A Confraria do Padreco surgiu logo depois com o objetivo de experimentarem alguns bons vinhos.
Tive a honra de ser convidado para a reunião organizada por Mario Henrique Bretas (Lico): um jantar temático com estupendos vinhos argentinos. Seguindo a tradição vigente na época do colégio, “só para os meninos”, o que deixou algumas esposas muito aborrecidas.
A única dama presente. D. Lia, mãe de Mario Henrique, garantia o sucesso do jantar com uma organização impecável e cardápio “dos deuses” onde não faltaram nem mesmo as famosas empanadas, além de carnes diversas, massa e salada.
O capítulo dos vinhos foi um show à parte.
Quase todos levaram uma garrafa, mesmo os que não são apreciadores da nossa bebida predileta. Para estes, cervejas e destilados.
O clima de amizade e informalidade era reconfortante e até mesmo este escriba, um verdadeiro “peixe fora d’água” naquele grupo, se sentiu em casa.
As garrafas eram logo abertas e decantadas, se fosse o caso. Cada um podia fazer suas escolhas e comparar os diversos caldos, alguns muito famosos. Tudo sem frescuras ou formalidades.
Eis a lista dos vinhos degustados, acompanhada de alguns comentários:
Achaval Ferrer Finca Mirador safra 2010 – eleita a Vinícola do Ano de 2009 pela revista Wine & Spirits, elabora este verdadeiro tesouro a partir de um vinhedo de 5 hectares, em pé franco. A menor nota conferida por Robert Parker para este vinho foi 94 pontos.
Para muitos o melhor vinho da noite.
Angelica Zapata Malbec Alta 2009 – outro monstro de vinho da emblemática Catena Zapata. Um corte de diferentes vinhedos, de pequena produção e muito disputado no mercado argentino. Quase uma raridade. Perfeito com os pratos de carne.
Cheval des Andes 2002 – um vinho icônico que consta das eternas relações de vinhos que devem ser degustados (1001 vinhos para beber antes de morrer). A safra de 2002 foi descrita como “fora de série”.
O nome Cheval é uma referência ao seu irmão bordalês, o Cheval Blanc, um dos mais famosos do mundo.
Este vinho foi elaborado a quatro mãos: Pierre Lurton, representado a vinícola bordalesa e Roberto de La Motta, enólogo da Terraza de Los Andes. Um autêntico Bordeaux “made in Argentina”.
Espetacular, apesar de ser um veterano de 13 anos.
Terrazas de Los Andes Reserva Cabernet Sauvignon 2009 – outro magnífico vinho, da mesma vinícola, que pertence ao grupo LVMH. Muito elegante e de estilo clássico, sempre recebeu ótimas avaliações dos principais críticos. Perfeito com o cardápio que incluía carnes e massa.
Rutini Cabernet/Malbec 2009 – esta vinícola, tradicionalíssima na Argentina, foi recentemente adquirida por dois importantes vinhateiros, Nicolas Catena e José Benegas Lynch. Mantêm vivo o sonho de Don Felipe Rutini que fundou esta empresa em 1885. Sempre grandes vinhos e este é um deles.
Penedo Borges Gran Reserva Malbec 2009 – produzido por brasileiros, em Mendoza, ficou à altura dos outros grandes vinhos degustados neste evento. Boa opção.
Hedone Gran Reserva Syrah 2009 – quase um estranho no ninho no meio dos Cabernet e Malbec, este Syrah foi uma ótima surpresa. Sem pretender ser um vinho reverenciado por todos, acabou agradando por suas marcantes características e ótima relação custo benefício.
Perfeito na harmonização.
Participaram do evento: Luiz Henrique Leão Teixeira (Lula), Jose Graça Aranha, Manuel Muller (Maneco), Gilberto Martins (Gil), Flavio Berredo, Luís Octavio de Oliveira Castro, Fernando Maximiliano, Sergio Botafogo, João Mauricio Barros Barreto (Joca), Idel Halfen, Plínio de Barros Barreto.
Dica da Semana: direto desta formidável degustação.
Hedone Gran Reserva Syrah
Aromas marcantes e complexos devido à sua longa passagem em barricas de carvalho.
Na boca apresenta um final longo, equilibrado de taninos suaves.
Harmoniza com carnes grelhadas, massas com molhos fortes, ossobuco com polenta, risoto de cogumelos frescos e tábua de frios.
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