Qualquer dicionário vai explicar que Enófilo é quem aprecia e estuda vinhos. Mais que um apreciador comum, é alguém que tem por hábito, entre outras coisas, anotar o que degusta, pesquisar vinhos que melhor se adequam a uma estação do ano ou a um determinado prato ou alimento. Um aficionado em todos os sentidos.
Não existe uma formação obrigatória para ser reconhecido como Enófilo, mas algumas características se impõem:
– Aroma e paladar treinados;
– Sólidos conhecimentos sobre regiões, castas e vinhos;
– Compreender a importância das safras (para grandes vinhos);
– Noções de harmonização;
– Dominar, com confiança e habilidade, o serviço do vinho.
Mais poderia ser dito, mas estaríamos enveredando por adegas, garrafas míticas, cadastros em lojas especializadas e vasta biblioteca. O que importa, entretanto, é entender a diferença entre alguém que pede um vinho para acompanhar sua refeição e a mesma situação vivida pelo Enófilo.
Para estes, não basta gostar do vinho, é preciso ter mais informações para poder apreciar completamente o seu potencial: procedência, como foi elaborado, safra, castas e qualquer outra informação, mesmo que pareça irrelevante, pode contribuir para que se alcance o que é denominado como “toda a extensão do paladar”. Este passo, a mais, faz toda a diferença.
Entramos num terreno quase mítico. Será verdade que o vinho elaborado por um determinado produtor é tão melhor que qualquer um outro? Ou que esta casta produz vinhos mais fáceis de beber?
Uma resposta simples seria “mais mitos que verdades”, mas há muito mais por trás disto.
Cada pessoa que provar um vinho vai ter uma experiência diferente. Há uma razão muito simples para isto: não somos iguais. Cada degustador passou, ao longo de sua vida, por diferentes experiências na formação de seus gostos pessoais, o que inclui aromas e sabores.
Isto posto, como será possível, por exemplo, identificar, ao degustar um vinho, um aroma ou sabor que não conhecemos?
Duas correntes são aceitas, os que ignoram aquilo que não conhecem e os que buscam saber do que se trata. Esta é a atitude que separa um Enófilo do degustador comum.
Há uma satisfação, toda especial, em associar uma gama de conhecimentos, prazerosamente adquiridos anteriormente, com um determinado vinho. Seja pela coloração, aroma, sabor ou pela informação irrelevante. Isto leva tempo para acontecer.
A citação é de Fabricio Portelli, um dos mais importantes conhecedores de vinhos da Argentina:
“Os bons vinhos são possíveis por serem elaborados por pessoas e castas que provêm de lugares específicos, sob um conceito e perseguindo um objetivo preciso. Caso contrário, não existiriam. Entretanto, o seu êxito estará em conseguir agradar”.
O pensamento termina com mais uma frase de difícil tradução literal. Para podermos compreender, foi feita uma adaptação:
“Quando se degusta um vinho, não é qualquer vinho”.
Esta é a chave para entendermos como funciona a cabeça de um Enófilo.
Eles não fazem vinhos, função do Enólogo; não coordenam cartas de restaurantes ou lojas especializadas em bebidas, função do Sommelier; mas são os que melhor sabem consumir a bebida de Baco.
Tiram prazer em cada gota.
Saúde e bons vinhos!
Vinho da Semana: um Syrah chileno cheio de coisas para descobrir
Ventisquero Queulat Gran Reserva Syrah
De cor vermelha escura, o vinho possui aromas que mescla frutas silvestres escuras, pimenta, couro, tostado, café, tabaco e chocolate.
Na boca tem taninos firmes e elegantes, com final de boca macio e elegante.
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