Autor: Tuty (Page 41 of 146)

Uma casta, um vinho – Pinot Noir

O mundo do vinho está repleto de reis, rainhas, príncipes e outros títulos nobiliárquicos. Estamos falando desde produtores, muitos deles autointitulados rei de alguma coisa, passando por regiões produtoras e estilos de vinhos, onde até podemos encontrar um “Rei dos vinhos” e um “Vinho dos Reis”, chegando até a raiz de tudo, nas castas, onde a disputa é feroz. Existe uma lista de “castas nobres”, amplamente dominada por varietais típicas da França.

A Pinot Noir é uma delas. Talvez seja a mais temperamental de todas, difícil de ser trabalhada, exigindo muita dedicação de seus produtores. Em compensação, produz alguns dos mais fantásticos, e caros, vinhos do planeta. Uma afirmação que ninguém questiona.

A origem desta videira é muito antiga. Estima-se que exista há mais de 600 anos. Muitas teorias sobre sua história ainda são discutidas. Vão desde a domesticação de uma videira silvestre até o surgimento por polinização cruzada entre duas outras espécies, hipótese não muito aceita. Acredita-se que o seu berço seja a região da Côte de Beaune, na Borgonha, especificamente em Chassagne-Montrachet. Os primeiros registros datam de 1383.

Até para explicar o seu nome há inúmeras versões. Pinot decorreria de “pin”, pinho em francês, devido à semelhança do cacho com uma pinha. Noir, negro em francês, se deve a escura coloração dos seus frutos. Há uma extensa lista de denominações regionais para esta uva.

Uma das discussões mais interessantes a este respeito tem origem em um dos seus mais antigos sinônimos: Morrillon. A etimologia dessa palavra pode sugerir muita coisa. Uma linha de pesquisa afirma que este termo deriva da palavra Mouro (Maures), o povo do norte da África, de pele escura. Outro grupo defende a teoria que o termo se originou das expressões francesas “mours” e “mouret” que significam “cereja negra”, numa alusão ao formato e cor das bagas da Pinot Noir. Há, ainda, um terceira linha de pesquisa que se debruça sobre uma palavra do Latim, “maurus”, significando marrom escuro.  No final das contas, historiadores admitem que Morrillon derivou do nome de um rio da região da Ile de France, La Morée, onde esta casta era abundantemente plantada. Um registro de 1375 informava que uma quantidade de vinho “Pinot vermeil” (feito com Morrillon) estava senda enviado para a Bélgica.

Vinicultores de todo o mundo replantaram esta casta obtendo vinhos bem diferentes entre si, cada um deles um belo retrato dos diferentes terroirs e métodos de elaboração. Não é um uva para os fracos, é preciso de muita dedicação, conhecimento e paciência para obter os bons resultados que tornaram esta casta uma unanimidade, indiscutível.

Alguns dos melhores Borgonhas levam 15 anos, ou mais, para chegar ao mercado!

Uma uva extremamente versátil que produz, em mãos competentes, desde sonhados tintos, como o conhecido Romanée-Conti, até os Champagnes – é uma das principais uvas. Entre suas estrelas borbulhantes, o Krug Clos d’Ambonnay Blanc de Noirs Brut, 100% Pinot Noir, pode atingir preços com 5 dígitos…

A família desta casta é extensa e muito importante no cenário vinícola. Além da Noir, vamos encontrar a Pinot Gris, a Pinot Blanc, a Pinot Meunier e outros clones menos importantes. O cruzamento espontâneo da Pinot (genérica) com a Goauis Blanc produziu uma extensa série de descendentes, entre elas a não menos famosa Chardonnay, companheira da Pinot Noir na Borgonha e em Champagne.

Os grandes Pinot borgonheses são facilmente identificados por sua coloração leve, quase um rosado, num curioso contraponto com a pele escura de seus frutos. No paladar apresenta-se muito frutado, com os “sabores do bosque”. São vinhos fáceis e beber, deliciosos e muito complexos, quando estão prontos. Vinhos jovens podem ser simplesmente intragáveis.

Por ser uma casta que se adapta às condições climáticas de cada local onde está sendo cultivada, o Pinot da Borgonha não consegue ser imitado. Cada região tem o seu estilo de vinho. Os da Califórnia ou do Oregon, por exemplo, são escuros e bem mais tânicos que os franceses.

A nossa escolha para representar esta fabulosa casta vem da Itália, um Pinot Nero.

Alois Lageder – Pinot Noir Alto Adige 2018

Elaborado com frutos plantados em altitude, tem boa tipicidade. Bela coloração vermelho rubi leve. Combina notas de frutas vermelhas, violeta, especiarias e de ervas com um toque defumado. Ótima persistência. Harmoniza com carnes grelhadas, carnes brancas, pato e queijos. Para ter sempre na adega, o preço é bem camarada.

Saúde e bons vinhos!

Foto de abertura:

“Pipers Brook Vineyard The Lyre Pinot Noir” por PBVmedia licenciada sob CC BY 2.0

Uma ótima notícia!

Um dos piores efeitos colaterais para os que foram contaminados com a COVID-19 é a perda do olfato e, consequentemente, do paladar. Profissionais que vão desde a perfumaria, enologia e gastronomia, até os que apenas apreciam bons vinhos, charutos ou cafés, todos perderam sua principal ferramenta de trabalho ou capacidade de continuar desfrutando de seus pequenos prazeres.

Vem de Portugal uma das inciativas pioneiras para ajudar na recuperação do olfato perdido por conta desta terrível epidemia. Uma associação entre o grupo SOGRAPE, que detém marcas como Sandeman, Mateus Rosé, Casa Ferreirinha (Barca Velha), entre outras, com a Universidade do Aveiro, desenvolveu uma solução eficaz para o tratamento de desvios olfativos.

Chamado de kit TOP COVID – Treino Olfativo Paciente COVID-19, é composto por um conjunto de cinco discos de aromas, obtidos a partir de matérias-primas 100% vegetais e sem qualquer tipo de conservante, como pó de alecrim, pó de casca de tangerina com pó de bagaço da uva Baga, pó de bagaço da casta Touriga Nacional com grãos de erva doce, pó de gengibre com pó de bagaço da uva Baga e folhas de oréganos.

Nesta primeira fase, foram produzidos 100 kits, entregues ao hospital do Baixo Vouga, Distrito de Aveiro, que irá conduzir um teste clínico para avaliar a eficácia no treino de estimulação e regeneração do epitélio olfativo. Há uma grande possibilidade que este kit passe a ser comercializado em larga escala, brevemente, dependendo do sucesso deste ensaio.

Excelente iniciativa!

Portugal é um dos países que valoriza muito um de seus mais importantes produtos, o vinho, bem como o enoturismo. A base instalada atualmente, que conta com belíssimas Quintas, paisagens deslumbrantes, vinhos únicos e exclusivos, alta gastronomia e boa rede de hotelaria, é considerada como uma das melhores do mundo.

Pena que no nosso país, onde o lema de nossa bandeira deveria ser reescrito como “Desordem e Retrocesso”, as inciativas vindas de nossos vinhateiros são as mais preocupantes possíveis, sempre de cunho protecionista, buscando beneficiar uns poucos apaniguados que preferem enxergar mitos e palhaços do que enfrentar a realidade onde os demais vivem.

Embora seja louvável a inciativa de reduzir impostos dos vinhos brasileiros, associam esse pedido a criação de uma “zona franca” exclusiva dos municípios gaúchos produtores de vinhos, fingindo que não existe vinificação fora daquele estado.

Um absurdo!

Que os excelentes produtores do Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Vale do São Francisco e outros locais, se posicionem contra mais esta aberração e defendam seus interesses.

Este tipo de atitude já vem de algum tempo com as frustradas tentativas de criar salvaguardas, cotas protecionistas e outros artifícios. São sempre os mesmos que estão à frente deste movimento: Argenta, Miolo, RAR…

Para refrescar a memória dos nossos leitores, acessem estas duas matérias:

1 – Enófilos Unidos jamais serão vencidos;

2 – Se não der certo, a gente tenta de novo.

Uma lástima que o cidadão brasileiro ainda não compreendeu que somos nós, consumidores, os reguladores do mercado. Com sutis mudanças nos nossos padrões de compras, somos capazes alterar toda a escala de produção. Podemos derrubar desde meios de comunicação até os grandes grupos industriais: basta não comprar o que nos é oferecido por eles. Sempre há opções à nossa volta. Um pouco de atenção e de força de vontade é tudo que precisamos.

Boicote neles!

Saúde e bons vinhos, de outros produtores, por favor.

Créditos: foto copiada do site da Universidade do Aveiro

Com um toque de classe

Acessórios como bolsas, sacolas ou maletas tem dupla função: a primeira é a sua utilidade para transportar objetos e a segunda é uma forma de caracterizar quem as usam. O exemplo mais clássico e fácil de ser entendido é a famosa, e muitas vezes temida, maleta do médico.

Na infância, carregávamos pastas e maletas também, uma para os livros e cadernos e outra para o lanche. Bons tempos…

Alguns desses acessórios se tornaram icônicos, como as “007”. Quem não tinha uma estava fora da moda.

Enófilos de classe valorizam muito suas wine bags. Cada modelo, desde os mais simples até os altamente sofisticadas, funciona como um verdadeiro cartão de visita, passando preciosas informações para um observador atento. Nada é mais estiloso do que chegar na reunião de sua confraria ou em uma comemoração, carregando seus preciosos vinhos elegantemente acondicionados.

Até bem pouco tempo atrás, o mercado nacional era muito fraco neste segmento. As bolsas de vinhos mais comuns eram brindes oferecidos por importadoras ou distribuidoras. Eventualmente eram usadas como embalagens mais resistente e que poderiam ser reutilizadas por um par de vezes, apenas.

Com a chegada dos Eco Bags, muito enófilos as adaptaram para o transporte de seus vinhos. São muito práticas podendo levar mais de uma garrafa, acessórios e até taças, desde que bem protegidas. Para os brancos ou espumantes, que precisam ficar gelados, bastava vesti-los com uma capa térmica. Rapidamente o mercado percebeu a tendência e passou a decorá-las com frases espirituosas ou imagens alusivas a este universo.

São descoladas, mas muito informais. Não caberiam numa ocasião que demandasse um pouco mais de circunstância.

Vinhos sérios pedem uma bolsa mais adequada, desenhada para esse fim, algo que não só cumpra a função de proteger as garrafas como também dignificar quem as estão transportando. Tem que haver uma identidade, uma harmonização. Plagiando um antigo professor, “o ambiente também traz uma série de valiosas informações”.

Atualmente não faltam opções, para todos os bolsos. A imagem a seguir apresenta algumas possibilidades de arrumação para um dos modelos mais sofisticados de porta vinhos.

Além de práticas e elegantes, esse tipo de bolsa tem revestimento interno térmico e divisórias para diminuir o atrito entre as garrafas ou taças. Pode-se incluir facilmente um saca rolhas e outros apetrechos.

Querem se destacar? Este acessório é imprescindível.

É um investimento que se paga em pouco tempo. E se vocês nunca passaram por este problema, com certeza vão enfrentá-lo, algum dia.

É melhor estar preparado desde já.

Lembrando que este Blog sobre vinhos é 100% independente, vamos apresentar, a título de utilidade pública, algumas sugestões e links onde bolsas, como estas, podem ser adquiridas. Não temos qualquer associação comercial com as empresas mencionadas:

1 – Pesquisem em sites de busca na Internet com as palavras “porta vinhos”; “wine bag” ou “bolsa para vinhos”;

2 – Momentus Winebags – https://www.momentus.com.br/

3 – Professional Chef – https://www.professionalcheff.com.br/wine-bag-bolsa-para-vinhos/p

4 – Pacco – https://www.paccoby.com.br/cat/63/bottle-bags

Para a turma que gosta de viajar e trazer vinhos, o link, abaixo, é um achado:

5 – https://maladevinho.com.br/

As melhores lojas de vinhos costumam oferecer boas opções de bolsas para vinhos. Procurem na opção “Acessórios”.

Saúde e bons vinhos, agora com toque de classe!

Foto de abertura:

“Safe” por DominiquePelletier.ca está licenciada sob CC BY-ND 2.0

– Demais fotos obtidas nos sites mencionados.

Vinho e Ciclismo – Tour de France

O Tour de France, disputado desde 1903, é a mais importante prova ciclística de estrada de todos os tempos. Uma competição tão famosa que seu ganhador é colocado no rol dos grandes esportistas, juntos com outras celebridades dos demais esportes. São 21 etapas englobando as principais modalidades deste pouco difundido esporte aqui no Brasil: escalada, velocidade e contrarrelógio.

O mapa que ilustra o início de texto nos dá uma ideia do percurso. Podemos assistir num dos muitos canais esportivos oferecidos nas TVs a cabo. É um show de imagens, um grande passeio virtual pela França que, no momento, supre a impossibilidade de viajarmos para assistir ao vivo.

Um dos aspectos mais divertidos de cada transmissão é a interação entre os espectadores e a dupla locutor e comentarista. Discute-se tudo, agilmente, num moderno diálogo proporcionado por redes como Twitter e Instagram. Dentre os divertidos participantes há um craque do mundo dos vinhos, Luiz Gastão Bolonhez, editor contribuinte da revista Prazeres da Mesa, que sempre faz uma sugestão de um bom vinho, típico de cada região por onde o Tour está passando. Já faz isso há algum tempo, inclusive nas duas outras grandes voltas, o Giro d’Italia e a Vuelta a España.

A ideia é fantástica e as suas indicações sempre nos levam a grandes vinhos. Duplo passeio, um esportivo e outro gastronômico. Neste 2021, o Tour se iniciou na região da Bretanha o que gerou uma certa dificuldade para indicar um vinho. Lá, as bebidas alcoólicas típicas são as Cidras e as cervejas artesanais.

Neste mapa, as regiões produtoras da França estão sombreadas com um leve tom de vinho. A Bretanha não é uma delas, mas nem sempre foi assim. Há cerca de 300 anos, uma série de decisões políticas erradicou a maior parte dos vinhedos. Não era uma região de fácil produção por conta de condições climáticas bem adversas. Sobreviveram, apenas, pequenos vinhedos que sempre existiram junto a Igrejas, com produções muito limitadas, em torno de 1500 garrafas por ano. Vinhos simples, para consumo próprio.

Desde 2016, a plantação de novos vinhedos na região foi incentivada, se antecipando a futuras mudanças climáticas. A aceitação foi boa e já existem vinhos desta nova fase. Um dos primeiros é um tinto obtido a partir da casta Rondo, uma uva hibrida de origem portuguesa. Dentre as castas brancas, Chenin Blanc, Treixadura, Chardonnay e Pinot Gris, são as mais promissoras.

A expectativa dos vinhateiros é que por volta de 2025 a Bretanha volte a ser reconhecida como uma área e produção digna de ser assinalada no mapa. Por enquanto, a cena está bem movimentada. Um dos principais produtores é a associação da Coteau du Braden. Só para não deixar em branco, a foto apresenta alguns de seus vinhos.

Saúde e bons vinhos!

CRÉDITOS:
– Mapa do Tour de France obtido no site oficial – https://www.letour.fr
“Carte des Vins de France “ por geraldineadams está licenciada sob CC BY-NC-ND 2.0

Chegou o inverno!

Isto muda tudo, pelo menos aqui no Rio de Janeiro onde está localizada a redação deste site. Poder degustar um belo tinto, encorpado, aromático, saboroso, acompanhado de iguarias que são atípicas para o dia a dia carioca é um prazer inigualável.

Conhecemos Enófilos que nem se preocupam com a época do ano, consumindo tintos, brancos e rosados, espumantes ou tranquilos, ao sabor do controle remoto do ar condicionado (e da conta de luz).

E daí? Perguntam muitos, aliás, pergunta da moda…

O vinho tem raízes históricas, é cheio de pequenos mistérios, de conceitos e regras não escritas e de disputas por certos títulos “nobiliárquicos” que podem ser definidos como esplêndidas formas de marketing, apenas. Mas há muitos fatos concretos e importantes que sendo observados vão elevar ao máximo as delícias de saborear um tinto.

Um desses mistérios, que é melhor definido como um conceito muito complexo de ser compreendido, o Terroir, é um ótimo ponto de partida para explicar as razões pelas quais não basta abrir a garrafa e degustar. Esta experiência deve ser mais abrangente. Assim como no Terroir, devemos levar em conta os diversos fatores que estarão envolvidos no ato de beber uma taça de vinho: o ambiente, a comida, as pessoas e sobretudo o clima.

Agora imaginem-se abrindo um Barca Velha, um dos grandes tintos de Portugal, aqui na areia da praia de Copacabana, sob um escaldante sol de 40º. Tem cabimento? Já no alto da serra, a coisa muda muito de figura.

Um belo tinto, mais pesado, bem vinificado, tem a cara do inverno. Algumas castas se identificam, naturalmente, com esta estação do ano: Cabernet, Syrah, Malbec, Merlot, Carménère, varietais ou em alguns dos mais famosos cortes como o bordalês e o GSM, onde vamos encontrar as uvas Grenache e Mourvedre, só para mencionar as mais conhecidas.

Vinhos tintos são icônicos por natureza. Não precisam ser de Bordeaux, da Borgonha ou do Rhône para imporem sua presença. Basta serem bons vinhos.

No capítulo dos acompanhamentos a variedade é quase tão extensa quantos a das uvas tintas. Começamos pelos mais diversos tipos de pães, passamos pelos embutidos, presuntos e outros frios, chegando aos queijos maturados com seus fortes sabores. Podemos comer sem culpa.

Não podemos nos esquecer dos caldos e sopas que tanto nos reconfortam nos dias frios. Fondues e Raclettes completam o quadro. Já os apreciadores de uma boa carne na brasa sabem o que significa a combinação do calor da churrasqueira com a taça de vinho e a fatia de picanha: é insuperável.

Para que esta degustação fique perfeita, não se esqueçam de deixar o vinho nas condições ideais de temperatura e aeração. Se não possuírem uma adega climatizada, retirem antecipadamente a garrafa do depósito para que chegue na temperatura ambiente, naturalmente. Tirem a rolha cerca de 1 hora antes de servir, permitindo que o vinho respire. Se tiverem um decantador, usem, este é o momento.

Taças imaculadamente limpas, não estraguem o primeiro prazer, observar a coloração e nem acrescentem aromas e sabores vindos sabe-se lá de onde…

Aproveitem, em alguns locais do Brasil isso só possível em umas poucas semanas do ano.

Saúde e bons vinhos!

Créditos: imagem de Mandy Fontana por Pixabay

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